quarta-feira, 30 de julho de 2025

Lula dá aula de soberania e escancara falta de líderes globais que encarem Trump

O Brasil aguarda, com apreensão, o dia 1º agosto, data marcada para entrar em vigor a tarifa de 50% sobre produtos importados brasileiros, imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump. 

No entanto, para o cientista político Pedro Costa Jr., convidado do programa TVGGN 20H da última segunda-feira (28), apesar de um cenário desafiador para a economia brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá uma aula de soberania nacional ao lidar com a situação.

“Então, o que o Trump faz? O Trump faz sanção e humilhação. A questão dele é jogar sanções e depois o pessoal correr para a Casa Branca para ser humilhado globalmente diante das câmeras. Foi assim que ele fez com o Zelensky [presidente da Ucrânia], foi assim que ele fez com o presidente sul-africano, foi assim que ele está fazendo agora com a Ursula von der Leyen, hoje a líder da Comissão Europeia”, ressalta Costa Jr.

“E aí ele joga as tarifas lá em 50%, 30%, 40%, depende do país, 35%. Depois joga para 15%, como, por exemplo, o Japão, União Europeia, ele pede 35%, joga para 15%, e aí põe uma série de imposições esdrúxulas também e draconianas. O Japão, por exemplo, vai ter que investir US$ 500 bi nos Estados Unidos. A União Europeia, além de aceitar essa taxa que vai ter agora de sanções, tem de investir 5% do seu PIB de cada país em armamentos para financiar a Otan. Então, é uma violação brutal da soberania”, emenda o cientista político.

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Ao insistir em negociação, mas sem imposições, o presidente Lula exemplifica o conceito de soberania nacional. Mas, mesmo aberto à negociação, o chefe de Estado brasileiro ressaltou que não vai à Casa Branca para negociar as tarifas a partir de imposições unilaterais dos EUA.

“O vice-presidente Geraldo Alckmin está ligando lá todos os dias. Hoje, o nosso chanceler, ministro das Relações Exteriores do Mauro Vieira, está lá para negociar. O nosso plano A é negociar. Mas a gente tem um plano B, claro, e o plano B é a defesa da nossa soberania”, continua Pedro Costa Jr.

A postura de Lula chamou a atenção na mídia europeia. De acordo com o cientista político, jornais franceses e alemães estão exaltando o chefe do Executivo, uma vez que os europeus não enfrentaram Trump.

“Nós temos duas questões. Primeiro, a crise de lideranças no sistema internacional. Você olha para essas lideranças europeias, enfim, para as lideranças ao redor do mundo, e não tem líderes. Não tem líderes para enfrentar o Trump. Quem enfrenta o Trump, na verdade, é a China e a Rússia, que não aceitaram ir para as negociações nos termos do Trump.”

Para o cientista político, Lula e o Brasil criam a oportunidade de ser o primeiro país do Sul Global que não é uma potência nuclear ou militar a fazer Donald Trump retroceder. 

“Se o Trump não voltar atrás, pode ser que ele vá adiar em 30, 60, 90 dias a imposição de tarifas, que é o método que ele tem usado, lá no último dia ele vai e joga isso, e depois renegocia em outros termos”, aposta o também apresentador do programa Observatório de Geopolítica.

¨      Lula não vai dizer “I love you” e abanar o rabo para Trump, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as negociações com os Estados Unidos sobre as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump devem acontecer com dignidade, respeitando a soberania dos dois países. “Você não vai querer que o presidente Lula se comporte como o Bolsonaro se comportava, abanando o rabo e falando ‘I love you’, batendo continência”, disse.

De acordo com ele, a oposição quer entregar o Brasil, mas é preciso fazer um diálogo racional e com dignidade. “Isso não é arrogância, nós queremos respeito com o Brasil”, explica.

Trump anunciou que o governo americano vai sobretaxar produtos brasileiros em 50% a partir do dia 1º de agosto. Desde o comunicado, autoridades brasileiras têm se mobilizado para conseguir negociar com a Casa Branca.

Haddad avaliou que ainda não está claro o que o governo americano está pedindo para negociar com o Brasil. De acordo com ele, só é possível sentar à mesa quando se entende o que os interlocutores estão pedindo.

Ele afirmou, ainda, que existem mais assuntos sendo tratados para além do que foi exposto na carta de Trump direcionada ao governo brasileiro. Dentre os assuntos, está o Pix. Para ele, existe um incomodo sobre o Pix ser uma tecnologia de Estado. Esse, porém, é um expediente do qual o governo não pretende abrir mão, explicou o ministro, em entrevista à CNN Brasil nesta terça-feira (29/7).

Plano de contingência

Haddad afirmou que o “cardápio” de medidas já foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não pediu o desenvolvimento de novas propostas e recebeu bem o plano elaborado pelas áreas técnicas do Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Ministério da Casa Civil e Ministério das Relações Exteriores (MRE).

O ministro não quis antecipar nenhuma medida que foi apresentada a Lula. De acordo com ele, é preciso esperar uma resposta dos EUA para saber como agir. Por isso, foram apresentados diversos cenários e, para cada medida, uma lista de prós e contras.

Questionado sobre uma possível retaliação à taxação, Haddad disse não ser esse o termo, e sim uma “proteção dos interesses nacionais”. O ministro ressaltou que é preciso ter cautela ao adotar qualquer medida.

“Nós temos que ter muito cuidado com isso. Assim como estou dizendo que Trump pode estar dando um tiro no pé, nós não podemos cometer um erro simétrico. Esse tipo de coisa, na mesma moeda, não está na ordem de considerações, porque fere o povo brasileiro”, disse Haddad.

<><> Inflação

O ministro também afirmou que as medidas de Trump podem causar aumento na inflação americana. Para ele, a decisão penaliza o trabalhador norte-americano. “São coisas que vão encarecer o custo do povo americano, vai encarecer o dia a dia do trabalhador americano e pode diminuir os custos no Brasil”, disse.

Ele avaliou que as tarifas punem quem exporta para os EUA e que a balança comercial brasileira deveria buscar um equilíbrio, já que é deficitária para o Brasil.

Na avaliação de Haddad, a inflação brasileira iria alcançar a meta independentemente do tarifaço, mas é possível que exista uma surpresa na inflação de alimentos, justamente naqueles que estão sendo alvo da taxação, sobretudo carnes e frutas.

Ele disse também que a expectativa é que os americanos revejam a decisão que foi tomada. “Na minha opinião, o melhor que poderia acontecer, é nada, é manter a relação como sempre foi”, disse.

¨      Começa a grande batalha nacional contra Trump, prevê Luís Nassif

O governo está montando um plano de contingência para enfrentar a tarifa de 50% imposta por Donald Trump.

Trata-se de uma jogada política de Trump, visando a desestabilização do governo. Nas próximas semanas haverá um aumento ainda maior da vira-latice nacional, através de mensagens nas redes sociais criticando a suposta intransigência do governo Lula.

Daí a importância do governo manter a nação mobilizada para enfrentar a primeira etapa da crise e as que virão em seguida. 

Um plano de contingência é dividido em temas e já devem estar trabalhando:

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  1. Grupo de Análise e Inteligência Comercial, para monitorar de perto a política comercial dos EUA, analisar declarações e ações do governo norte-americano e prever possíveis cenários.
  2. Grupo de Negociação e Diplomacia, identificando interlocutores-chave no governo e em grupos de interesse dos EUA. E também articular as ações nas embaixadas.
  3. Grupo de Impacto Econômico e Setorial, com avaliação detalhada dos impactos das tarifas sobre a economia nacional e os setores mais afetados, propondo medidas de apoio.
  4. Grupo de Estratégia Jurídica e Regulatória, analisando as implicações legais das tarifas e buscando mecanismos de defesa no âmbito da Organização Mundial do Comércio.
  5. Grupo de diversificação de Mercados e Produtos, sob responsabilidade da Apex (Agência de Promoção das Exportações).
  6. Grupo de Comunicação Estratégica, o grupo síntese de todos os demais, definindo a estratégia de comunicação para o público interno e externo.

Esse é o ponto central, a opinião pública sendo informada de cada passo, das consequências, dos avanços, dos retrocessos, de cada pequena vitória, diversificação de mercado etc.

Aliás, houvesse mais atrevimento, esse grupo deveria se articular com grupos de interesse nos Estados Unidos, afetados pela truculência de Trump, e organizar manifestações nas redes sociais norte-americanas, recorrendo a artistas e influenciadores simpáticos à causa do multilateralismo e da tolerância. E divulgando o soft power brasileiro, a busca do entendimento, em oposição ao individualismo selvagem de Trump.

<><> Indústria automobilística

Espera-se que a bem vinda aproximação com a China não leve o governo Lula à loucura de isentar de imposto de importação as peças que virão da China para a montagem, em SKD, dos automóveis da BYD no Brasil. Empresa amiga mesmo é aquela que investe na fabricação de veículos no país e privilegia a formação de uma cadeia de autopeças com empresas brasileiras. É o que a BYD está prometendo.

Aliás, o que o governo deveria fazer seria criar incentivos fiscais progressivos, amarrados à formação de uma nova indústria de autopeças nacional.

¨      Trump recua e secretário já fala em tarifa zero para produtos como café

A três dias do prazo anunciado para impor a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, o governo Donald Trump sinalizou um recuo que pode impactar diretamente as relações comerciais com o Brasil, de Lula.

Em entrevista nesta terça-feira (29) à rede de TV CNBC, o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que produtos que não produzidos pelo país não devem ser taxados.

Como exemplo, Lutnick citou manga e café, dois produtos que o Brasil exporta para os EUA. No caso do café, especificamente, é impossível achar um substituto, visto que o clima estadunidense não é propício para o plantio do grão, o que obriga a importação, especialmente dos produtores brasileiros.

“Os Estados Unidos não produzem esses produtos. Então, poderiam entrar com tarifa zero”, afirmou o secretário.

A declaração acontece no segundo dia de negociações com a China, que já se dispôs a abrir canais de negociação com o Brasil para absorver os produtos que brasileiros que podem perder a competitividade com a bolsotaxa determinada por Trump.

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta terça-feira (29), o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, confirmou que a Embaixada da China já se ofereceu para negociar com um grupo de empresários brasileiros que serão afetados pela guerra comercial, articulada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com Donald Trump contra o Brasil.

¨      Simone Tebet revela o que está por trás do tarifaço de Trump

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, declarou durante entrevista nesta terça-feira (29) que o presidente dos EUA, Donald Trump, "está sendo induzido ao erro pela família Bolsonaro".

Simone Tebet também reiterou que, para acontecer um telefonema entre o presidente Lula (PT) e Donald Trump, é necessário um preparo e que o presidente dos EUA seja assessorado com informações verdadeiras.

"Nós estamos numa situação sem precedentes, o que dificulta muito para a diplomacia brasileira, que é considerada uma das melhores do mundo. Alguns fatos precisam ser colocados como preliminares na mesa de forma muito objetiva em relação a esse assunto [...] Ao meu ver, o governo Trump está sendo induzido ao erro por mentiras da família Bolsonaro", afirmou Simone Tebet durante entrevista à GloboNews.

Tebet revela que o presidente Lula pensou se tratar de uma fake news: "Diante desse cenário, o Brasil tem ainda a dificuldade de conviver com o fator político e ideológico no meio de uma transação que envolve balança comercial. A primeira carta causou absoluta perplexidade ao governo. O presidente Lula olhou para aquilo e falou: 'é fake news?', porque a diplomacia brasileira nunca tinha convivido com uma situação dessas em relação aos EUA. E depois veio uma certa indignação do governo: o que está na carta não condiz com a realidade. O Brasil tem uma democracia, quem tentou o golpe foram eles. O Brasil tem uma democracia forte, onde as instituições funcionam, um poder Judiciário independente e o poder Executivo não tem poder de decisão em cima de uma decisão judicial de um ministro do Supremo Tribunal Federal."

A ministra também criticou a abertura de investigação contra possíveis "práticas comerciais desleais" e afirmou que, no processo do governo Trump, "tem tudo, menos questões econômicas".

"O governo do presidente Lula não saiu da mesa de negociação porque não conseguiu sequer sentar à mesa. Nós não temos com quem dialogar. Nós temos hoje a constatação de que vamos ter que esperar 1º de agosto, com tudo pronto, obviamente. Todas as medidas estão na mesa do presidente", explicou Simone Tebet.

¨      China está à disposição para escoar produtos que iriam para EUA, diz Ricardo Cappelli

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, esteve no Fórum Onze e Meia desta terça-feira (29) para comentar sobre o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. Ele avaliou os impactos da medida e as alternativas que o país pode encontrar para contornar esse cenário, como reforçar o comércio com a China. 

Para o presidente da ABDI, a postura do governo brasileiro, tanto do presidente Lula (PT) quanto do vice, Geraldo Alckmin (PSB), têm sido positivas, "reafirmando a soberania nacional e agindo com absoluta prudência, pragmatismo e equilíbrio". Cappelli ressaltou que Trump é um "jogador muito agressivo" que tem blefado, muitas vezes, para forçar negociações. Diante disso, o Brasil precisa continuar agindo com muita prudência antes da confirmação da tarifa de 50%, que deve entrar em vigor no dia 1º de agosto, caso o governo brasileiro não consiga negociar com os EUA. 

Cappelli também destacou que o impacto da tarifa é importante, mas que não é estrutural na economia brasileira. "A gente está falando aí de 0.3 do PIB do país. "É um impacto importante, mas não é nada que gere uma desestruturação da economia brasileira, que tem uma balança comercial muito diversificada", afirmou o presidente da ABDI. 

Ele ainda ressaltou que, se a tarifa for confirmada, com certeza boa parte das exportações vai passar a ser acomodada nas relações com outros países. Cappelli, então, contou que recebeu, nesta segunda-feira (28), um conjunto de empresários brasileiros que relataram que já foram procurados pela embaixada da China, que se colocou à disposição para realinhar as exportações que iam para os Estados Unidos.

"Claro que esse realinhamento não se dá de uma hora para outra e a gente espera que essas tarifas não se confirmem, porque os Estados Unidos são um parceiro comercial importante do Brasil, mas o Brasil tem que estar preparado para tudo, inclusive para o realinhamento", disse Cappelli. 

O presidente da ABDI apontou, ainda, que não pode dar mais detalhes sobre essa alternativa, mas reforçou que "o Brasil não é um país qualquer, o Brasil é um país forte, poderoso, é um líder regional importante no mundo". "Então, quando ele é atacado por uma nação estrangeira, é claro que outras nações observam nesse nesse evento uma oportunidade de ampliar as relações com o Brasil", acrescentou Cappelli.

¨      Tarifaço de Trump: a fala de Alckmin sobre o atual estágio das negociações

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do governo Lula, Geraldo Alckmin, falou no início da noite desta segunda-feira (28) sobre as negociações para evitar a implementação do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. 

"Nós estamos permanentemente no diálogo, nós estamos dialogando neste momento pelos canais institucionais e pela reserva", explicou, segundo o jornal O Globo. "Esse diálogo começou em março. Boa conversa e em decorrência dela se instaurou um grupo de trabalho. Em maio nos foi solicitado uma carta e nós a remetemos, mas não tivemos uma resposta. Estamos conversando, estamos dialogando."

Em vista da iminência da entrada em vigor das tarifas, prometidas para 1º de agosto, Alckmin falou que o governo também preparou medidas para lidar com o cenário. “O plano de contingência está sendo elaborado, bastante completo e bem feito, mas todo empenho nesta semana é para buscarmos resolver o problema”, disse.

<><> Acredita Exportação

A fala de Alckmin ocorreu após a sanção do projeto de lei que cria o Acredita Exportação, iniciativa do governo federal para estimular as vendas externas.

O programa prevê a devolução de tributos federais pagos ao longo da cadeia produtiva de bens industriais destinados à exportação, antecipando os efeitos da reforma tributária e reduzindo custos para essas empresas.

Essas empresas, inclusive as optantes pelo Simples Nacional, poderão receber o equivalente a 3% de suas receitas com exportações por meio de compensação com tributos federais ou ressarcimento direto. Um decreto presidencial regulamentará o programa, que começa a funcionar a partir de 1º de agosto.

<><> Relação Brasil-EUA

Nesta segunda, durante participação na cerimônia de inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açú, em São João da Barra, no Rio de Janeiro, o presidente Lula mencionou os dois séculos de parceria entre Brasil e EUA, se mostrando favorável a negociar com parceiros internacionais, ponderando que a conversa seria a melhor forma de resolver o impasse.

"A relação do Brasil com os Estados Unidos é uma relação muito séria. São 201 anos de relação diplomática. Já me dei com Clinton, com Obama, com Bush, Hillary Clinton, com Biden...", disse Lula. "Eu espero que o presidente dos EUA reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz: tem divergência, senta em uma mesa, coloca a divergência de lado e tenta resolver", pontuou, segundo a Agência Brasil.

 

Fonte: Jornal GGN/Fórum

 

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