Lula
dá aula de soberania e escancara falta de líderes globais que encarem Trump
O
Brasil aguarda, com apreensão, o dia 1º agosto, data marcada para entrar em
vigor a tarifa de 50% sobre produtos importados brasileiros, imposta pelo
presidente norte-americano Donald Trump.
No
entanto, para o cientista político Pedro Costa Jr., convidado do programa TVGGN
20H da última segunda-feira (28), apesar de um cenário desafiador para a
economia brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá uma aula de
soberania nacional ao lidar com a situação.
“Então,
o que o Trump faz? O Trump faz sanção e humilhação. A questão dele é jogar
sanções e depois o pessoal correr para a Casa Branca para ser humilhado
globalmente diante das câmeras. Foi assim que ele fez com o Zelensky
[presidente da Ucrânia], foi assim que ele fez com o presidente sul-africano,
foi assim que ele está fazendo agora com a Ursula von der Leyen, hoje a líder
da Comissão Europeia”, ressalta Costa Jr.
“E
aí ele joga as tarifas lá em 50%, 30%, 40%, depende do país, 35%. Depois joga
para 15%, como, por exemplo, o Japão, União Europeia, ele pede 35%, joga para
15%, e aí põe uma série de imposições esdrúxulas também e draconianas. O Japão,
por exemplo, vai ter que investir US$ 500 bi nos Estados Unidos. A União
Europeia, além de aceitar essa taxa que vai ter agora de sanções, tem de
investir 5% do seu PIB de cada país em armamentos para financiar a Otan. Então,
é uma violação brutal da soberania”, emenda o cientista político.
Ao
insistir em negociação, mas sem imposições, o presidente Lula exemplifica o
conceito de soberania nacional. Mas, mesmo aberto à negociação, o chefe de
Estado brasileiro ressaltou que não vai à Casa Branca para negociar as tarifas
a partir de imposições unilaterais dos EUA.
“O
vice-presidente Geraldo Alckmin está ligando lá todos os dias. Hoje, o nosso
chanceler, ministro das Relações Exteriores do Mauro Vieira, está lá para
negociar. O nosso plano A é negociar. Mas a gente tem um plano B, claro, e o
plano B é a defesa da nossa soberania”, continua Pedro Costa Jr.
A
postura de Lula chamou a atenção na mídia europeia. De acordo com o cientista
político, jornais franceses e alemães estão exaltando o chefe do Executivo, uma
vez que os europeus não enfrentaram Trump.
“Nós
temos duas questões. Primeiro, a crise de lideranças no sistema internacional.
Você olha para essas lideranças europeias, enfim, para as lideranças ao redor
do mundo, e não tem líderes. Não tem líderes para enfrentar o Trump. Quem
enfrenta o Trump, na verdade, é a China e a Rússia, que não aceitaram ir para
as negociações nos termos do Trump.”
Para o
cientista político, Lula e o Brasil criam a oportunidade de ser o primeiro país
do Sul Global que não é uma potência nuclear ou militar a fazer Donald Trump
retroceder.
“Se
o Trump não voltar atrás, pode ser que ele vá adiar em 30, 60, 90 dias a
imposição de tarifas, que é o método que ele tem usado, lá no último dia ele
vai e joga isso, e depois renegocia em outros termos”, aposta o também
apresentador do programa Observatório de Geopolítica.
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Lula não vai dizer “I love you” e abanar o rabo para
Trump, diz Haddad
O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as negociações com os Estados
Unidos sobre as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump devem acontecer com dignidade,
respeitando a soberania dos dois países. “Você não vai querer que o presidente
Lula se comporte como o Bolsonaro se comportava, abanando o rabo e falando ‘I
love you’, batendo continência”, disse.
De
acordo com ele, a oposição quer entregar o Brasil, mas é preciso fazer um
diálogo racional e com dignidade. “Isso não é arrogância, nós queremos respeito
com o Brasil”, explica.
Trump
anunciou que o governo americano vai sobretaxar produtos brasileiros em 50% a
partir do dia 1º de agosto. Desde o comunicado, autoridades brasileiras têm se
mobilizado para conseguir negociar com a Casa Branca.
Haddad
avaliou que ainda não está claro o que o governo americano está pedindo para
negociar com o Brasil. De acordo com ele, só é possível sentar à mesa quando se
entende o que os interlocutores estão pedindo.
Ele
afirmou, ainda, que existem mais assuntos sendo tratados para além do que foi
exposto na carta de Trump direcionada ao governo brasileiro. Dentre os
assuntos, está o Pix. Para ele, existe um incomodo sobre o Pix ser uma
tecnologia de Estado. Esse, porém, é um expediente do qual o governo não
pretende abrir mão, explicou o ministro, em entrevista à CNN Brasil nesta
terça-feira (29/7).
Plano
de contingência
Haddad
afirmou que o “cardápio” de medidas já foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não
pediu o desenvolvimento de novas propostas e recebeu bem o plano elaborado
pelas áreas técnicas do Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio (MDIC), Ministério da Casa
Civil e Ministério das Relações Exteriores (MRE).
O
ministro não quis antecipar nenhuma medida que foi apresentada a Lula. De
acordo com ele, é preciso esperar uma resposta dos EUA para saber como agir.
Por isso, foram apresentados diversos cenários e, para cada medida, uma lista
de prós e contras.
Questionado
sobre uma possível retaliação à taxação, Haddad disse não ser esse o termo, e
sim uma “proteção dos interesses nacionais”. O ministro ressaltou que é preciso
ter cautela ao adotar qualquer medida.
“Nós
temos que ter muito cuidado com isso. Assim como estou dizendo que Trump pode
estar dando um tiro no pé, nós não podemos cometer um erro simétrico. Esse tipo
de coisa, na mesma moeda, não está na ordem de considerações, porque fere o
povo brasileiro”, disse Haddad.
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Inflação
O
ministro também afirmou que as medidas de Trump podem causar aumento na
inflação americana. Para ele, a decisão penaliza o trabalhador norte-americano.
“São coisas que vão encarecer o custo do povo americano, vai encarecer o dia a
dia do trabalhador americano e pode diminuir os custos no Brasil”, disse.
Ele
avaliou que as tarifas punem quem exporta para os EUA e que a balança comercial
brasileira deveria buscar um equilíbrio, já que é deficitária para o Brasil.
Na
avaliação de Haddad, a inflação brasileira iria alcançar a meta
independentemente do tarifaço, mas é possível que exista uma surpresa na
inflação de alimentos, justamente naqueles que estão sendo alvo da taxação,
sobretudo carnes e frutas.
Ele
disse também que a expectativa é que os americanos revejam a decisão que foi
tomada. “Na minha opinião, o melhor que poderia acontecer, é nada, é manter a
relação como sempre foi”, disse.
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Começa a grande batalha nacional contra Trump, prevê Luís
Nassif
O
governo está montando um plano de contingência para enfrentar a tarifa de 50%
imposta por Donald Trump.
Trata-se
de uma jogada política de Trump, visando a desestabilização do governo. Nas
próximas semanas haverá um aumento ainda maior da vira-latice nacional, através
de mensagens nas redes sociais criticando a suposta intransigência do governo
Lula.
Daí a
importância do governo manter a nação mobilizada para enfrentar a primeira
etapa da crise e as que virão em seguida.
Um
plano de contingência é dividido em temas e já devem estar trabalhando:
- Grupo de Análise
e Inteligência Comercial, para monitorar de perto a política comercial dos
EUA, analisar declarações e ações do governo norte-americano e prever
possíveis cenários.
- Grupo de
Negociação e Diplomacia, identificando interlocutores-chave no governo e
em grupos de interesse dos EUA. E também articular as ações nas
embaixadas.
- Grupo de Impacto
Econômico e Setorial, com avaliação detalhada dos impactos das tarifas
sobre a economia nacional e os setores mais afetados, propondo medidas de
apoio.
- Grupo de
Estratégia Jurídica e Regulatória, analisando as implicações legais das
tarifas e buscando mecanismos de defesa no âmbito da Organização Mundial
do Comércio.
- Grupo de
diversificação de Mercados e Produtos, sob responsabilidade da Apex
(Agência de Promoção das Exportações).
- Grupo de
Comunicação Estratégica, o grupo síntese de todos os demais, definindo a
estratégia de comunicação para o público interno e externo.
Esse é
o ponto central, a opinião pública sendo informada de cada passo, das
consequências, dos avanços, dos retrocessos, de cada pequena vitória,
diversificação de mercado etc.
Aliás,
houvesse mais atrevimento, esse grupo deveria se articular com grupos de
interesse nos Estados Unidos, afetados pela truculência de Trump, e organizar
manifestações nas redes sociais norte-americanas, recorrendo a artistas e
influenciadores simpáticos à causa do multilateralismo e da tolerância. E
divulgando o soft power brasileiro, a busca do entendimento, em oposição ao
individualismo selvagem de Trump.
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Indústria automobilística
Espera-se
que a bem vinda aproximação com a China não leve o governo Lula à loucura de
isentar de imposto de importação as peças que virão da China para a montagem,
em SKD, dos automóveis da BYD no Brasil. Empresa amiga mesmo é aquela que
investe na fabricação de veículos no país e privilegia a formação de uma cadeia
de autopeças com empresas brasileiras. É o que a BYD está prometendo.
Aliás,
o que o governo deveria fazer seria criar incentivos fiscais progressivos,
amarrados à formação de uma nova indústria de autopeças nacional.
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Trump recua e secretário já fala em tarifa zero para
produtos como café
A três
dias do prazo anunciado para impor a taxação de 50% sobre produtos brasileiros,
o governo Donald Trump sinalizou um recuo que pode impactar diretamente as
relações comerciais com o Brasil, de Lula.
Em
entrevista nesta terça-feira (29) à rede de TV CNBC, o secretário do Comércio
dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que produtos que não produzidos
pelo país não devem ser taxados.
Como
exemplo, Lutnick citou manga e café, dois produtos que o Brasil exporta para os
EUA. No caso do café, especificamente, é impossível achar um substituto, visto
que o clima estadunidense não é propício para o plantio do grão, o que obriga a
importação, especialmente dos produtores brasileiros.
“Os
Estados Unidos não produzem esses produtos. Então, poderiam entrar com tarifa
zero”, afirmou o secretário.
A
declaração acontece no segundo dia de negociações com a China, que já se dispôs
a abrir canais de negociação com o Brasil para absorver os produtos que
brasileiros que podem perder a competitividade com a bolsotaxa determinada por
Trump.
Em
entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta terça-feira (29), o presidente da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, confirmou
que a Embaixada da China já se ofereceu para negociar com um grupo de
empresários brasileiros que serão afetados pela guerra comercial, articulada
por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com Donald Trump contra o Brasil.
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Simone Tebet revela o que está por trás do tarifaço de
Trump
A
ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, declarou durante entrevista
nesta terça-feira (29) que o presidente dos EUA, Donald Trump, "está sendo
induzido ao erro pela família Bolsonaro".
Simone
Tebet também reiterou que, para acontecer um telefonema entre o presidente Lula
(PT) e Donald Trump, é necessário um preparo e que o presidente dos EUA seja
assessorado com informações verdadeiras.
"Nós
estamos numa situação sem precedentes, o que dificulta muito para a diplomacia
brasileira, que é considerada uma das melhores do mundo. Alguns fatos precisam
ser colocados como preliminares na mesa de forma muito objetiva em relação a
esse assunto [...] Ao meu ver, o governo Trump está sendo induzido ao erro por
mentiras da família Bolsonaro", afirmou Simone Tebet durante entrevista à
GloboNews.
Tebet
revela que o presidente Lula pensou se tratar de uma fake news: "Diante
desse cenário, o Brasil tem ainda a dificuldade de conviver com o fator
político e ideológico no meio de uma transação que envolve balança comercial. A
primeira carta causou absoluta perplexidade ao governo. O presidente Lula olhou
para aquilo e falou: 'é fake news?', porque a diplomacia brasileira nunca tinha
convivido com uma situação dessas em relação aos EUA. E depois veio uma certa
indignação do governo: o que está na carta não condiz com a realidade. O Brasil
tem uma democracia, quem tentou o golpe foram eles. O Brasil tem uma democracia
forte, onde as instituições funcionam, um poder Judiciário independente e o
poder Executivo não tem poder de decisão em cima de uma decisão judicial de um
ministro do Supremo Tribunal Federal."
A
ministra também criticou a abertura de investigação contra possíveis
"práticas comerciais desleais" e afirmou que, no processo do governo
Trump, "tem tudo, menos questões econômicas".
"O
governo do presidente Lula não saiu da mesa de negociação porque não conseguiu
sequer sentar à mesa. Nós não temos com quem dialogar. Nós temos hoje a
constatação de que vamos ter que esperar 1º de agosto, com tudo pronto,
obviamente. Todas as medidas estão na mesa do presidente", explicou Simone
Tebet.
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China está à disposição para escoar produtos que iriam
para EUA, diz Ricardo Cappelli
O
presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, esteve no Fórum Onze e Meia desta terça-feira (29) para comentar
sobre o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump,
contra o Brasil. Ele avaliou os impactos da medida e as alternativas que o
país pode encontrar para contornar esse cenário, como reforçar o comércio
com a China.
Para o
presidente da ABDI, a postura do governo brasileiro, tanto do presidente Lula (PT) quanto do
vice, Geraldo
Alckmin (PSB),
têm sido positivas, "reafirmando a soberania nacional e agindo com
absoluta prudência, pragmatismo e equilíbrio". Cappelli ressaltou que
Trump é um "jogador muito agressivo" que tem blefado, muitas vezes,
para forçar negociações. Diante disso, o Brasil precisa continuar agindo com
muita prudência antes da confirmação da tarifa de 50%, que deve entrar em vigor
no dia 1º de agosto, caso o governo brasileiro não consiga negociar com os
EUA.
Cappelli
também destacou que o impacto da tarifa é importante, mas que não é estrutural
na economia brasileira. "A gente está falando aí de 0.3 do PIB do país.
"É um impacto importante, mas não é nada que gere uma desestruturação da
economia brasileira, que tem uma balança comercial muito diversificada",
afirmou o presidente da ABDI.
Ele
ainda ressaltou que, se a tarifa for confirmada, com certeza boa parte das
exportações vai passar a ser acomodada nas relações com outros
países. Cappelli, então, contou que recebeu, nesta segunda-feira (28), um
conjunto de empresários brasileiros que relataram que já foram procurados pela
embaixada da China, que se colocou à disposição para realinhar as exportações
que iam para os Estados Unidos.
"Claro
que esse realinhamento não se dá de uma hora para outra e a gente espera que
essas tarifas não se confirmem, porque os Estados Unidos são um parceiro
comercial importante do Brasil, mas o Brasil tem que estar preparado para tudo,
inclusive para o realinhamento", disse Cappelli.
O
presidente da ABDI apontou, ainda, que não pode dar mais detalhes sobre essa
alternativa, mas reforçou que "o Brasil não é um país qualquer, o
Brasil é um país forte, poderoso, é um líder regional importante no
mundo". "Então, quando ele é atacado por uma nação estrangeira, é
claro que outras nações observam nesse nesse evento uma oportunidade de ampliar
as relações com o Brasil", acrescentou Cappelli.
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Tarifaço de Trump: a fala de Alckmin sobre o atual
estágio das negociações
O
vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
do governo Lula, Geraldo Alckmin, falou no início da noite desta
segunda-feira (28) sobre as negociações para evitar a implementação do tarifaço
anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos
brasileiros.
"Nós
estamos permanentemente no diálogo, nós estamos dialogando neste momento pelos
canais institucionais e pela reserva", explicou, segundo o jornal O Globo. "Esse diálogo
começou em março. Boa conversa e em decorrência dela se instaurou um grupo de
trabalho. Em maio nos foi solicitado uma carta e nós a remetemos, mas não
tivemos uma resposta. Estamos conversando, estamos dialogando."
Em
vista da iminência da entrada em vigor das tarifas, prometidas para 1º de
agosto, Alckmin falou que o governo também preparou medidas para lidar com o
cenário. “O plano de contingência está sendo elaborado, bastante completo
e bem feito, mas todo empenho nesta semana é para buscarmos resolver o
problema”, disse.
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Acredita Exportação
A fala
de Alckmin ocorreu após a sanção do projeto de lei que cria o Acredita
Exportação, iniciativa do governo federal para estimular as vendas externas.
O
programa prevê a devolução de tributos federais pagos ao longo da cadeia
produtiva de bens industriais destinados à exportação, antecipando os efeitos
da reforma tributária e reduzindo custos para essas empresas.
Essas
empresas, inclusive as optantes pelo Simples Nacional, poderão receber o
equivalente a 3% de suas receitas com exportações por meio de compensação
com tributos federais ou ressarcimento direto. Um decreto presidencial
regulamentará o programa, que começa a funcionar a partir de 1º de agosto.
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Relação Brasil-EUA
Nesta
segunda, durante participação na cerimônia de inauguração da Usina Termelétrica
GNA II, no Porto do Açú, em São João da Barra, no Rio de Janeiro, o presidente
Lula mencionou os dois séculos de parceria entre Brasil e EUA, se
mostrando favorável a negociar com parceiros internacionais, ponderando
que a conversa seria a melhor forma de resolver o impasse.
"A
relação do Brasil com os Estados Unidos é uma relação muito séria. São 201 anos
de relação diplomática. Já me dei com Clinton, com Obama, com Bush, Hillary
Clinton, com Biden...", disse Lula. "Eu espero que o presidente dos
EUA reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo
civilizado a gente faz: tem divergência, senta em uma mesa, coloca a
divergência de lado e tenta resolver", pontuou, segundo a Agência Brasil.
Fonte:
Jornal GGN/Fórum

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