quarta-feira, 30 de julho de 2025

Policia italiana prende deputada fugitiva Carla Zambelli

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na Itália nesta terça-feira (29), afirmou o Ministério da Justiça.

Agentes da polícia foram até o apartamento que ela estava ocupando e fizeram a prisão.

Ela tinha fugido para a Itália depois de ter sido condenada pelo Supremo Tribunal Federal a 10 anos de prisão no caso da invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Antes, passou pelos Estados Unidos.

O deputado italiano Angelo Bonelli contou em sua conta no X que ele deu o endereço de Zambelli para a polícia italiana.

“Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento, a polícia está identificando Zambelli”, escreveu o parlamentar.

O Ministério da Justiça brasileiro já havia solicitado oficialmente a extradição da deputada. Foragida, o nome dela estava na lista da Interpol.

Ainda não há data para a vinda dela para o Brasil.

O que acontece agora é que, em até 48h, haverá a validação e a definição da audiência para decidir sobre a extradição.

O processo de extradição depende do governo italiano e pode levar anos.

Após a prisão, Zambelli disse que quer ser julgada pela Justiça italiana e que ela vai provar que não tem envolvimento na invasão do sistema do CNJ.

Segundo a deputada, a condenação dela foi baseada em depoimento do hacker Walter Delgatti, a quem chamou de mentiroso.

<><> Relembre o caso

O Ministério da Justiça brasileiro já havia solicitado oficialmente a extradição da ex-deputada, que é considerada foragida após ter sido condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A Corte também determinou a perda do mandato, o que ainda será analisado pela Câmara.

A decisão do STF foi tomada após Zambelli ser acusada de invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro de 2023, em parceria com o hacker Walter Delgatti, que também está preso.

Desde maio, a parlamentar deixou o Brasil, passou pelos Estados Unidos e se mudou para a Itália. A deputada tem cidadania italiana.

Octávio Guedes: Carla Zambelli foi presa por ‘molecagem criminosa’, não por perseguição política

Deputada invadiu o sistema da Justiça brasileira com ajuda de um hacker para cometer falsidade ideológica

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Presa na Itália na tarde desta terça-feira (29), a deputada federal Carla Zambelli foi presa por uma 'molecagem criminosa'. Ela espera a decisão da Justiça italiana para aber qual será o seu futuro, mas não há nada de perseguição política em sua prisão.

Desde que saiu do Brasil, são dois os discursos usados por ela: ora diz que saiu para tratar da sua saúde e, depois, diz que é uma perseguida política. Ou está em tratamento e volta ao Brasil ou é perseguida.

O crime pelo qual Zambelli foi condenada não tem nada de perseguição política, é uma molecagem que, se não estivesse no código penal, não daria nada.

Por que molecagem? Ela se uniu a um hacker, o hacker de Araraquara, para forjar um mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes assinado pelo próprio Alexandre de Moraes.

O texto começava da seguinte forma: "eu, o todo poderoso Alexandre de Moraes". É molecagem. Não é perseguição política, um ato político, é falsidade ideológica.

Outro processo contra ela, no qual Zambelli ainda não foi julgada, também não tem nada de crime político. Às vésperas da eleição de 2022, a deputada sacou uma arma e saiu correndo atrás de um cidadão por ter se sentido ofendida por ele. Não tem nada de crime político nisso.

A argumentação dela de ser uma perseguida política não tem equivalência com os crimes pelos quais ela já foi condenada ou pelos quais responde na Justiça.

Vale lembrar: a Itália não agiu como o Brasil, que não extraditou Cesare Battisti, um homicida, alegando perseguição política na Itália. Um comportamento bem diferente do que foi adotado por aqui.

¨      Visitas de parentes e outros brasileiros em apartamento ajudaram na localização de Carla Zambelli em Roma, diz PF

A visita de parentes e de outros brasileiros no apartamento onde Carla Zambelli foi presa em Roma, na Itália, ajudou a Polícia Federal (PF) brasileira a localizar a deputada e a prendê-la nesta terça-feira (29).

Zambelli foi localizada em um prédio residencial no bairro de Aurélio, na capital italiana, após ter passado por outros endereços desde que chegou ao país. Policiais federais brasileiros, destacados na Europa, foram responsáveis pela investigação que levou ao paradeiro da parlamentar e repassaram os dados e o endereço às autoridades italianas.

Segundo o advogado de Zambelli, Fabio Pagnozzi, ela teria se entregado às autoridades, o que a Polícia Federal nega. Segundo ele, o objetivo dela foi a colaboração com a polícia e que ela busca não ser extraditada.

A deputada foi encaminhada à Divisão de Capturas do Setor de Cooperação Internacional da polícia italiana, órgão ligado diretamente ao Ministério do Interior e que atua em parceria com a Interpol.

No momento da abordagem, Zambelli não ofereceu resistência. Estava tranquila, de acordo com relatos feitos por policiais italianos aos colegas brasileiros. Ela foi informada da ordem de prisão com base na difusão vermelha da Interpol, expedida a partir do mandado do Supremo Tribunal Federal (STF).

Antes de ser levada, a deputada telefonou para seu advogado. Documentos foram apreendidos no local.

O deputado italiano Angelo Bonelli afirmou em uma rede social que foi responsável por informar à polícia o endereço onde estava Carla Zambelli.

"Eu liguei para a Polícia Nacional para informar o endereço onde estava Carla Zambelli. Duas horas e meia depois, a polícia confirmou que ela estava no apartamento. Consequentemente foi aplicado o pedido da Interpol", afirmou.

Em 14 de maio, Zambelli foi condenada por unanimidade pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica.

De acordo com a denúncia, a deputada orientou o hacker Walter Delgatti Neto a invadir o sistema para inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Zambelli deixou o país pela fronteira com a Argentina e estava na Itália -- a parlamentar tem cidadania italiana. Em junho, ela teve o nome inserido na lista de procurados da Interpol e teve condenação mantida pela 1ª turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

<><> Investigações

Zambelli também é investigada em dois inquéritos sigilosos no STF. Um deles, é o chamado “inquérito das fake news”, que apura a disseminação de notícias falsas e ataques a ministros do Supremo.

O outro, o inquérito das milícias digitais, investiga a suposta participação da deputada em articulações golpistas após o resultado das eleições de 2022.

¨      Zambelli estava lavando o cabelo quando foi presa na Itália, diz advogado

Carla Zambelli estava em seu apartamento em Roma, pintando e lavando o cabelo, quando a polícia italiana chegou para efetuar a prisão nesta terça-feira (29), segundo o advogado da deputada federal, Fabio Pagnozzi. Em seguida, ela pegou seus remédios e foi levada para a delegacia.

Segundo Pagnozzi, ela teria se entregado às autoridades, o que a Polícia Federal nega. Segundo ele, o objetivo dela foi a colaboração com a polícia e que ela busca não ser extraditada.

Em vídeo publicado no Instagram de Pagnozzi, Zambelli afirma que quer ser julgada na Itália e que, caso tenha que cumprir pena, que será no país.

Zambelli foi presa pela polícia italiana e, segundo a PF, houve intensa colaboração entre as corporações do Brasil e da Itália para efetuar a prisão.

Segundo a PF, Zambelli foi levada para uma delegacia italiana, e as autoridades locais têm 48 horas para decidir sobre validação da prisão e, segundo a PF, só depois definirá audiência para discutir extradição.

"Agora ouvirão a Autoridade Judiciária que vai dar encaminhamento em 48 horas. Pode ser prisão domiciliar, soltar ou encaminhar processo de extradição”, afirmou o diretor da PF, Andrei Rodrigues, ao blog.

O deputado italiano Angelo Bonelli afirmou em uma rede social que foi responsável por informar à polícia o endereço onde estava Carla Zambelli.

"Eu liguei para a Polícia Nacional para informar o endereço onde estava Carla Zambelli. Duas horas e meia depois, a polícia confirmou que ela estava no apartamento. Consequentemente foi aplicado o pedido da Interpol", afirmou.

Em 14 de maio, Zambelli foi condenada por unanimidade pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica.

¨      Deputado italiano diz que foi responsável por entregar endereço à polícia

O deputado italiano Angelo Bonelli afirmou em uma rede social que foi responsável por informar à polícia o endereço onde estava Carla Zambelli. A parlamentar brasileira foi detida nesta terça-feira (29) em Roma, segundo o Ministério da Justiça.

À GloboNews, Bonelli contou que recebeu a informação de que Zambelli havia sido vista no bairro Aurelio, na capital italiana, e então decidiu acionar a Polícia Nacional.

"Eu liguei para a Polícia Nacional para informar o endereço onde estava Carla Zambelli. Duas horas e meia depois, a polícia confirmou que ela estava no apartamento. Consequentemente foi aplicado o pedido da Interpol", afirmou.

Bonelli disse que havia se incomodado com o fato de Zambelli ter afirmado que era "intocável" por ter cidadania italiana. Em junho, o deputado italiano apresentou um ofício formal de interpelação ao governo solicitando que a brasileira não recebesse refúgio no país e fosse extraditada.

O deputado italiano é uma das lideranças do Aliança Verde-Esquerda, uma coligação de esquerda que faz oposição ao governo da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.

A Polícia Federal informou ao blog da Andreia Sadi que a deputada foi encaminhada a uma delegacia da polícia italiana. A autoridade judicial da Itália deve decidir nas próximas 48 horas sobre a prisão. Somente após esse prazo, será avaliado o início de um possível processo extradição.

O Ministério da Justiça brasileiro já havia solicitado oficialmente a extradição.

<><> Foragida

Zambelli foi condenada em maio pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 8 meses de prisão por envolvimento em um esquema que inseriu mandados de prisão falsos contra autoridades no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Segundo a investigação, a deputada agiu em parceria com o hacker Walter Delgatti, que também está preso.

O STF também determinou a perda do mandato da parlamentar. No entanto, a decisão ainda precisa ser analisada pela Câmara.

Após a condenação, Zambelli deixou o Brasil e viajou para os Estados Unidos. Mais tarde, se mudou para a Itália.

Atualmente, a deputada também é alvo de dois inquéritos sigilosos em tramitação no STF:

  • Inquérito das fake news: investigação sobre a divulgação de notícias falsas e ataques a ministros da Corte.
  • Inquérito das milícias digitais: apuração sobre suposta participação da parlamentar em articulações golpistas após o resultado das eleições presidenciais de 2022.

De acordo com a denúncia, a deputada orientou o hacker Walter Delgatti Neto a invadir o sistema para inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Zambelli deixou o país pela fronteira com a Argentina e estava na Itália -- a parlamentar tem cidadania italiana. Em junho, ela teve o nome inserido na lista de procurados da Interpol e teve condenação mantida pela 1ª turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

¨      Quem é Angelo Bonelli, deputado italiano que diz ter dado endereço de Carla Zambelli à polícia

O deputado italiano Angelo Bonelli, do grupo Alleanza Verdi e Sinistra, afirmou em publicação no X que foi ele quem forneceu à polícia o endereço onde Carla Zambelli (PL-SP) estava hospedada em Roma. A deputada federal brasileira foi presa na capital italiana na tarde desta terça-feira (29).

Segundo a polícia, Zambelli foi levada a uma delegacia local e, a partir de agora, as autoridades italianas têm até 48 horas para definir sobre sua soltura, extradição ou prisão domiciliar.

Em junho, Angelo Bonelli protocolou uma interpelação formal aos ministros das Relações Exteriores, da Justiça e do Interior da Itália cobrando uma posição do governo italiano sobre o caso. No documento, Bonelli pedia que o governo italiano esclareça se pretende colaborar com o Brasil, inclusive via Interpol, para garantir o cumprimento da Lei nº 144/1991 — que rege o tratado de extradição entre os dois países (relembre no vídeo acima).

Em 16 de julho de 2025, ele fez um discurso no parlamento italiano questionando a permanência de Zambelli na Itália (veja no vídeo acima).

"O governo continua em silêncio sobre o caso Zambelli. Por que uma pessoa procurada e condenada no Brasil pode viver tranquilamente na Itália sem ser presa?", escreveu o deputado em publicação compartilhada em seu Instagram.

<><> Quem é Angelo Bonelli

Angelo Bonelli, 62, é um deputado italiano e uma das lideranças do Aliança Verde-Esquerda, uma coligação de esquerda que faz oposição ao governo da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.

Foi eleito na XIX legislatura em 2022 pelo distrito de Imola, na Emília-Romagna, e atua como secretário da Comissão de Meio Ambiente.

À GloboNews, o deputado disse que chamou a polícia após receber a informação que Zambelli havia sido vista em um bairro chamado Aurelio. Os agentes foram ao local cerca de duas horas depois e encontraram a parlamentar em um apartamento.

Em suas rede sociais, Angelo Bonelli faz posts em defesa da Palestina e contra os líderes da extrema-direita italiana. Ele também faz várias postagens em defesa da preservação da Amazônia e, em alguns destes conteúdos, fala sobre o Brasil.

Em 9 outubro de 2022, entre o 1º e 2º turno da eleição brasileira, ele postou uma foto ao lado de Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente, e em apoio ao então candidato Lula.

"Com @marinasilva em #SãoPaulo em apoio a @lulaoficial. Marina, deputada federal, é uma liderança ecologista de renome mundial. Amiga de Chico #Mendes, assassinado por pistoleiros da Amazônia. Defender o meio ambiente, os direitos humanos e sociais: trabalharemos juntos por isso", ele escreveu

<><> Veja o discurso de Angelo Bonelli sobre Zambelli

No dia 16 de julho, Angelo Bonelli compartilhou em seu Instagram um trecho do discurso que fez no Parlamento italiano no qual questiona as autoridades do país sobre o caso Zambelli.

>>> Veja a íntegra abaixo:

"Senhor ministro, você foi informado por este que vos fala muito antes da chegada de Carla Zambelli à Itália. Já era de conhecimento público sua intenção de vir para cá pois ela mesma afirmou, com todas as letras: 'sou cidadã italiana, portanto sou intocável'. Francamente, considero inadmissível que se use a cidadania italiana para se declarar intocável. Inadmissível. Isso vale para qualquer cidadão italiano, não somente para aquele que cometeu crimes graves em seu país de origem. Mas o que considero ainda mais grave é o fato de que essa pessoa utiliza perfis no Instagram, divulga vídeos e, mesmo com contas bancárias bloqueadas, vive tranquilamente na Itália. O que levanta a evidente suspeita de que alguém esteja oferecendo apoio logístico e político. Quero chamar a atenção para um ponto relevante porque não pretendo me substituir ao Ministério do Interior, senhor ministro. O advogado de Carla Zambelli, Fabio Pagnozzi, declarou publicamente que está em contato com as autoridades italianas. Portanto, há uma questão: existe algo que o governo não quer revelar ao país sobre esses contatos em andamento? Então, caso isso não seja verdade, que fosse desmentido porque a questão é delicada. Em todas as agências e jornais, o advogado Pagnozzi afirmou estar em contato com autoridades italianas. Também afirmou que está em contato com algumas forças políticas em vista de uma eventual candidatura de Zambelli nas próximas eleições. Então, o que está acontecendo senhor ministro? Como explicar que com toda a competência das forças policiais italianas ninguém seja capaz de localizar essa pessoa? Isso nos leva inevitavelmente a pensar que ela conta com uma proteção política neste país e isso, francamente, seria um fato extremamente grave."

 

Fonte: g1

 

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