Senado
argentino aprova aumento das aposentadorias e impõe derrota histórica a Milei
O
presidente argentino Javier Milei sofreu, nesta quinta-feira (10), uma das
maiores derrotas políticas de seu mandato. Em uma sessão tumultuada, o Senado
aprovou, por ampla maioria, o aumento de 7,2% nas aposentadorias e pensões,
além da elevação do bônus mínimo de 70 mil para 110 mil pesos — medidas que
desafiam diretamente sua rígida política de austeridade fiscal.
A
votação expôs não apenas a fragilidade da base governista, mas também as
fissuras internas na cúpula do poder. Milei, que se elegeu com o discurso de
cortar gastos e “enfrentar a casta política”, viu parte do Congresso se unir
para ampliar benefícios sociais, com 52 votos favoráveis, nenhuma rejeição e
apenas cinco abstenções.
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Sessão manual, apoio provincial e resistência judicial
A
sessão desta quinta ocorreu em clima anormal: com o sistema eletrônico de
votação fora do ar, cada senador teve de declarar seu voto oralmente. A manobra
da oposição peronista, articulada com partidos menores e respaldada por
governadores provinciais, conseguiu aprovar não só o reajuste das
aposentadorias, como reformas na distribuição dos Adiantamentos do Tesouro
Nacional e a coparticipação do Imposto sobre Combustíveis Líquidos.
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Milei promete veto e fala em judicialização
Diante
da derrota, Milei afirmou que vetará os projetos aprovados. “Vamos vetar. E, se
por acaso o veto cair, o que não acredito, vamos judicializar. Mesmo que a
Justiça fosse surpreendentemente rápida, o dano seria mínimo. Uma simples
mancha que reverteremos em dois meses”, declarou.
O chefe
de gabinete, Guillermo Francos, endossou a estratégia e anunciou que o governo
questionará a legalidade da sessão. Já a ministra da Segurança, Patricia
Bullrich, também criticou Villarruel por ter permitido o andamento da votação.
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Congresso na mira e campanha antecipada
Isolado
e em minoria no Legislativo, Milei intensifica o embate com o Congresso,
mirando as eleições de outubro. Seu plano é ampliar a representação da
coalizão La Libertad Avanza para garantir maior
governabilidade. Em mais um ataque retórico, o presidente se referiu ao
Parlamento como “ninho de ratos” e “covil imundo”.
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Milei chama vice de traidora após Senado argentino
aprovar aumento da aposentadoria
O
presidente da Argentina, Javier Milei, chamou a vice-presidente do país,
Victoria Villarruel, de traidora após projetos ampliam a aposentadoria no
país serem aprovados pelo Senado nesta quinta (10). Em discurso contrário às
medidas, o presidente alfinetou a mulher enquanto listava atos realizados no
seu governo.
“Fizemos
2.500 reformas estruturais. Não só tivemos um programa de estabilização mais
bem-sucedido que a convertibilidade, como também fizemos 25 vezes mais
reformas com apenas 15% da Câmara dos Deputados, sete senadores e uma
traidora [Victoria Villarruel]”.
Segundo
o jornal La Nación, o ataque ocorreu porque Villarruel estava presente durante
o debate das medidas. Na Argentina, a vice-presidente do país também acumula o
cargo de presidente do Senado.
Na
declaração, Milei também disse que vai vetar as iniciativas. O presidente
argentino considera que o pacote compromete o equilíbrio fiscal.
“Vamos
vetar. E, se por acaso o veto cair, o que não acredito, vamos judicializar.
Mesmo que a Justiça fosse surpreendentemente rápida, o dano seria mínimo. Uma
simples mancha que reverteremos em dois meses”, disse.
Os
projetos preveem o aumento de 7,2% na aposentadoria e a prorrogação da
moratória — que permite que as pessoas possam se aposentar sem ter cumprido os
anos de contribuição que a lei exige.
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Divergências não são novidade
Essa
não é a primeira vez que Milei expõe suas divergências com a vice. Em novembro
de 2024, o presidente argentino afirmou que Villarruel "não tem nenhuma
ingerência na tomada de decisões" de governo e que ela não participa de
reuniões de gabinete.
Ao
expor o racha com sua colega de chapa, Milei acusou Villarruel de estar
"próxima do círculo vermelho", como ele chama os supostos adversários
de esquerda, e da "casta", palavra que ele usa ao se referir a nomes
mais antigos na política do país.
Villarruel,
de 49 anos, tem como origem uma família formada por militares argentinos e
defende que a ditadura militar no país, que durou entre 1976 e 1983, foi uma
"guerra" contra o comunismo — a tese é contestada por historiadores
sérios.
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Um racha anunciado
O
atrito entre o presidente e a vice não é novo. Em novembro de 2024, Milei já
havia dito que Villarruel “não tem nenhuma ingerência na tomada de decisões” e
a acusou de estar próxima do que chama de “círculo vermelho”, uma expressão
usada para se referir aos setores tradicionais da política argentina.
Victoria
Villarruel tem um histórico polêmico. Vinda de uma família militar, é
considerada por grupos de direitos humanos uma “negacionista” dos crimes da
ditadura argentina (1976–1983). Fundadora do CELTYV, associação que
relativiza os crimes do regime militar, ela propôs rever indenizações às
vítimas do período, contrariando mais de mil condenações judiciais por crimes
contra a humanidade.
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'Negacionista' da ditadura militar argentina
Victoria
Villarruel é filha do tenente-coronel do Exército Eduardo Villarruel, veterano
da Guerra das Malvinas, contra o Reino Unido, em 1982. Aproximadamente 650
argentinos e 255 britânicos morreram. O Reino Unido saiu vencedor e hoje
controla as chamadas Ilhas Falkland.
Além do
pai integrante do Exército, o avô de Villarruel é o contra-almirante Laurio
Hedelvio Destéfani, da Marinha.
Villarruel
é fundadora e presidente da associação civil Centro de Estudos Legais sobre o
Terrorismo e suas Vítimas (da sigla em espanhol CELTYV), que equipara os crimes
praticados pelos governos militares durante a ditadura argentina com ações de
grupos armados contrários ao regime.
Em
setembro, a então candidata comandou uma homenagem ao que chamou no evento de
"outras vítimas" do terrorismo promovido por organizações
guerrilheiras antes do golpe militar de 1976.
Como
escreveu no g1 a colunista Sandra Cohen, grupos de direitos humanos da
Argentina qualificam Villarruel de "negacionista" dos crimes
protagonizados pela ditadura que vigorou no país até 1983 e deixou mais de 30
mil vítimas.
No
país, há historicamente manifestações com o nome Nunca Más (Nunca mais, em
português), para relembrar os crimes cometidos pela ditadura e homenagear as
vítimas do regime autoritário. O Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça
é realizado em 24 de março, aniversário do golpe de Estado de 1976.
A
posição da nova vice-presidente vai contra mais de mil condenações judiciais
por crime contra a Humanidade impostas a militares do período da ditadura.
Durante a campanha de Milei, Villarruel disse que tinha planos de lançar uma
auditoria para reverter as indenizações pagas pelo Estado argentino às vítimas
da ditadura militar.
"É
hora de reivindicar aqueles que lutaram contra os grupos terroristas que
tentaram instalar o comunismo na Argentina e que hoje estão presos injustamente
por uma Justiça enviesada e manipulada pela esquerda”, disse Villarruel, em um
evento em setembro de 2023.
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Peronistas marcham em apoio a Kirchner
Milhares
de argentinos se reuniram no Parque Lezama, em Buenos Aires, para apoiar
a ex-presidenta
Cristina Kirchner, que está cumprindo prisão domiciliar. O ato foi
realizado em meio às celebrações do Dia da Independência da Argentina. A líder
peronista enviou um discurso gravado e criticou a dívida do governo com o Fundo
Monetário Internacional.
De
acordo com Kirchner, a Argentina vive um nível de dependência que não foi visto
antes pela Casa Rosada, sede do governo do país. A ex-mandatária questionou
o governo se há uma real liberdade ou se o país está implementando políticas
impostas por organismos internacionais e aceitando as condições do FMI.
“Desde
1956, depois que Perón foi derrubado e levado ao Fundo Monetário Internacional,
nunca tivemos esse nível de dependência. Porque quando paramos para pensar no
que significou essa independência e a comparamos com a Argentina em que vivemos,
a pergunta inevitável que temos que nos fazer, como argentinos, é: somos
verdadeiramente livres ou independentes?”, afirmou.
Os
manifestantes marcharam do parque até o edifício onde Cristina está cumprindo
pena. Eles entoavam cantos de “Cristina eu te amo” e pediam justiça para o caso
da líder. Os peronistas afirmam que a prisão foi uma decisão política do
Judiciário argentino e que não foram apresentadas provas consistentes para a
prisão da ex-presidenta.
Kirchner
foi até a sacada da sua residência e saudou os manifestantes. O ato foi
convocado pela própria ex-presidenta e foi chamado de Festival Cultural pelo
Dia da Independência. O evento reuniu artistas independentes e exibiu, no palco
principal, a frase “Argentina com Cristina”.
E o
simbolismo não podia ser diferente. Os manifestantes carregavam bandeiras da
Argentina e camisetas da seleção para protestar e relembrar a Independência do
país.
Cristina
também falou sobre as dívidas que os próprios argentinos têm, que foram
comprimidas por medidas do atual governo. De acordo com ela, a maior parte das
dívidas das famílias argentinas dizem respeito ao uso de cartão de crédito,
serviços públicos, alimentação, compras parceladas, impostos, dívidas de
aluguel e até de remédios.
“Eles
querem consolidar um modelo em que tentam fechar os números macroeconômicos e
consolidar um país para os 30% mais ricos, enquanto o restante está condenado a
viver sem mobilidade social, sem dignidade e sem futuro. Já estamos vendo como
esse modelo funciona para as pessoas, onde não só o país está endividado, mas
as famílias também. 90% por cento das famílias têm dívidas e 12% das famílias
têm mais de três dívidas ao mesmo tempo”, afirmou.
Ela
enfatizou que a gestão do seu ex-marido e ex-presidente Néstor Kirchner
reestruturou a dívida de maneira significativa e pagou o FMI.
Segundo
institutos financeiros privados, a dívida da Argentina com o FMI hoje está em
torno de US$ 58,8 bilhões (R$ 328 bilhões). O último empréstimo foi de US$ 20
bilhões (R$ 111 bilhões) e foi contraído pelo governo de Milei em maio.
Para
Cristina, Milei não está conseguindo cumprir as metas que foram estipuladas
pelo fundo para condicionar os empréstimos. Ela citou em seu discurso um
problema estrutural do país que é a incapacidade de conseguir uma entrada de
dólares suficientes para pagar a dívida externa.
“Milei
já está falhando em cumprir as metas acordadas com o FMI. Na semana passada, o
porta-voz do FMI reconheceu isso, dizendo: o acúmulo de reservas na Argentina
se destaca por sua ausência. E, claro, a Argentina não produz dólares
suficientes para se desenvolver e, ao mesmo tempo, pagar a dívida serial,
compulsiva e passageira à qual os governos Macri e Milei nos submeteram”,
afirmou.
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Prisão de Cristina
Cristina
cumpre pena de seis anos. A sentença foi confirmada no último dia 10 de junho
pela Suprema Corte argentina, em um processo que sua defesa classifica como
perseguição política. Ela foi condenada a inabilitação perpétua para exercer
cargos públicos pelo caso conhecido como Causa Vialidad. A ex-presidenta é
acusada de favorecer o empresário Lázaro Báez em 51 projetos de estradas
públicas a partir de licitações públicas na província de Santa Cruz durante o
seu governo e de Néstor Kirchner entre 2003 e 2015.
A
prisão domiciliar imposta a Kirchner inclui uma série de restrições rigorosas.
Ela deverá permanecer no endereço fixado e só poderá sair com autorização
prévia do tribunal, salvo em casos devidamente justificados por razões de força
maior. A obrigação de se abster de “provocar distúrbios na convivência com a
vizinhança” é uma determinação que visa conter o grande fluxo de pessoas que,
nos últimos dias, têm se dirigido à região para apoiá-la.
O
primeiro líder internacional a visitá-la foi o presidente brasileiro Luiz
Inácio Lula da Silva, que recebeu autorização para um encontro com Kirchner na
semana passada, durante a cúpula do Mercosul realizada em Buenos Aires.
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Venezuela marcha para exigir libertação de crianças
detidas nos EUA
Milhares
de venezuelanos marcham nesta quinta-feira (10/07) em Caracas (capital) para
exigir a liberdade de crianças detidas nos
Estados Unidos e separadas de suas mães pelo governo.
Mães e
avós carregam cartazes com o rosto dos filhos e exigem que o governo dos EUA
devolva imediatamente todas as crianças detidas naquele país, bem
como a libertação dos 252 compatriotas sequestrados em El Salvador.
As mães
disseram ao canal de notícias multiplataforma teleSUR que muitas não
veem seus filhos há quase seis meses, desde que tiveram uma reunião com as
autoridades de imigração e tiveram que assinar suas ordens de deportação depois
que Donald Trump assumiu o cargo.
Por sua
vez, Camilla Fabri, coordenadora do Plano de Retorno à Pátria, disse à teleSUR que
existe a convicção de que ” todos retornarão, porque o amor nunca desiste. Aqui
há mães, uma avó e parentes que lutam por seus filhos, netos e outros
familiares”.
Ele
especificou que, no dia anterior, ao receber o voo 41 do Plano de Retorno à
Pátria, três mães procuraram as autoridades para relatar que seus filhos haviam
sido deixados para trás nos EUA. “Hoje, chegamos a 31 casos e estamos
trabalhando para resgatar todos eles. São 31 histórias, cada uma diferente da
outra, todas separadas à força de seus pais”.
Em
relação ao silêncio do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, Volker Türk, Fabri denunciou o fato de que “é inacreditável que a organização
internacional e alguns líderes mundiais não tenham se manifestado. Por que eles estão
em silêncio? Por que eles não se manifestaram? Eu perguntaria a eles: e se
fosse o seu filho? E se o seu filho fosse tirado de você?”.
Ele
também enfatizou que as famílias dos 252 venezuelanos sequestrados em El
Salvador também estão presentes na marcha.
Os
participantes carregam a sigla SOS acompanhada de imagens das crianças, muitas
das quais estão sob os cuidados de famílias adotivas nos EUA, depois que suas
mães foram abruptamente detidas e deportadas para a Venezuela como
parte da política de imigração de Donald Trump.
O
governo venezuelano denunciou formalmente o sequestro contínuo de menores pelos
Estados Unidos, que agora totaliza 31, após a recente atualização fornecida
pelas autoridades do país bolivariano.
Fonte:
g1/Opera Mundi

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