sexta-feira, 11 de julho de 2025

Oposição admite que tarifaço de Trump foi “tiro no pé”: “erro gravíssimo”

Uma reunião de emergência entre líderes da oposição marcou a noite de quarta-feira (9), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. O impacto da medida gerou reações intensas entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se viram pressionados a explicar os danos políticos e econômicos da decisão americana. As informações são do g1.

"Foi um tiro no pé. Quem é que vai ser a favor disso? Quem é que vai ficar contra o país?", desabafou um líder do Senado presente na reunião. O encontro terminou com a constatação de que a situação da oposição ficou ainda mais delicada diante do contexto criado pela própria família Bolsonaro.

Trump vinculou diretamente o nome de Bolsonaro ao anúncio tarifário, mencionando o ex-presidente já no primeiro parágrafo da nota oficial. Pior: condicionou publicamente a abertura de negociações com o Brasil à interrupção do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), o que foi visto como ingerência inaceitável no sistema judiciário brasileiro.

A crise se agravou com um vídeo publicado por Eduardo Bolsonaro, no qual o deputado assume a responsabilidade pelo tarifaço, em nome da família. Na gravação, ele ainda endossa ataques ao ministro Alexandre de Moraes e ao STF. A reação foi imediata e negativa entre ministros da Corte, que já investigam Eduardo por obstrução de Justiça.

"Erro grosseiro, erro gravíssimo. Vai ter um custo isso para a imagem", avaliou um aliado da família Bolsonaro. Nos bastidores do Supremo, a avaliação é de que Eduardo, ao divulgar o vídeo, reforçou os indícios do crime pelo qual já é investigado.

Setores mais moderados da direita tentaram transferir a responsabilidade pelo tarifaço ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, liderou esse movimento. No entanto, mesmo entre esses aliados, há a percepção de que a narrativa não se sustenta, já que foram os próprios bolsonaristas que incentivaram a pressão americana contra Moraes nos últimos meses.

Esses setores vislumbram, inclusive, uma oportunidade para que Lula se projete como defensor da soberania nacional, contrapondo-se à família Bolsonaro, agora rotulada como “traidora da pátria”. "Isso vai ampliar a pressão para que o nome da direita não venha da família. É gás para o nome de Tarcísio", avaliou um interlocutor próximo ao ex-presidente.

¨      O patriotismo de Bolsonaro caiu por terra e direita teme desgaste eleitoral. Por Rachel Vargas

A decisão política do presidente Donald Trump de impor tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil preocupa lideranças da direita. Logo que o norte-americano anunciou a medida, importantes nomes se sentaram à mesa para avaliar o potencial impacto do anúncio. No campo eleitoral, o diagnóstico é que a taxação pode prejudicar a imagem da família Bolsonaro e, de quebra, favorecer o presidente Lula, que, segundo uma importante liderança, “pode fazer do limão, uma limonada”.

A preocupação é de que Lula consiga associar à família do ex-presidente a responsabilidade sobre a taxação que impactará negócios de diversos setores nacionais e, com isso, recupere a popularidade e capitalize apoio eleitoral para 2026. Trump foi motivado pelo que considera injustiça em relação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, a atuação de Eduardo Bolsonaro, que tem atuado para influenciar sanções contrárias às autoridades brasileiras e, consequentemente, ao Brasil, também pode refletir na imagem da família. 

Por outro lado, enxergam que essa seria uma oportunidade para viabilizar Tarcísio de Freitas como o candidato da direita e tirar de vez Bolsonaro do caminho.

¨      Amoêdo critica Tarcísio: ‘acha normal e aceitável que o Brasil seja colônia dos EUA’

O empresário João Amoêdo criticou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por ter emitido uma posição favorável à tentativa de intervenção do governo Donald Trump no Brasil. A gestão do presidente norte-americano também defende a anulação do processo contra Jair Bolsonaro (PL), réu no inquérito da trama golpista, e mencionou a ação judicial envolvendo o ex-mandatário para justificar o tarifaço de 50% contra as exportações brasileiras. 

“O principal candidato da oposição à Presidência da República, governador Tarcísio de Freitas, considera aceitável e normal que o Brasil se coloque como uma colônia dos EUA, e não como uma nação soberana”, escreveu Amoêdo na rede social X. 

Em postagem no Instagram esta semana, o governador Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro, citou Donald Trump e defendeu o ex-mandatário brasileiro. “Com a palavra, presidente Trump. Jair Messias Bolsonaro deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições. Força, presidente!”, publicou o chefe do Executivo paulista.

Atualmente, o político da extrema-direita brasileira é acusado de cinco crimes na investigação sobre o plano de ruptura institucional - golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, deterioração de patrimônio tombado, e dano qualificado pela violência contra o patrimônio da União.

O presidente Trump anuncia a tarifa e defendeu Bolsonaro em carta endereçada ao presidente Lula. Além do processo contra o ex-mandatário, outro motivo para a tentativa de sanção ao Brasil e não citado no documento é o crescimento do BRICS, que também discute meios próprios de pagamentos, para reduzir a dependência do dólar. O grupo é uma das principais frentes de resistência ao unilateralismo norte-americano.

Ainda em sua postagem no X, o empresário João Amoêdo escreveu “alguns pontos sobre a tarifa de 50% imposta por Trump ao Brasil”. “A família Bolsonaro, que passou a vida toda vivendo às custas do erário, sem nada produzir, agora vai além: trabalha para destruir o valor das empresas e do cidadão brasileiro”, continuou.

“Não há negociação possível quando o argumento técnico é um superávit comercial do Brasil com os EUA, que não existe, e a exigência é uma intervenção em instituições do Estado brasileiro”, acrescentou Amoêdo.

¨      Brasil sobrevive sem EUA, não abre mão da reciprocidade e vai tentar negociar, diz Lula em resposta a Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (10) que o Brasil conseguirá sobreviver sem o fluxo atual de comércio com os Estados Unidos, não abrirá mão da reciprocidade econômica e tentará negociar com os EUA diplomaticamente. 

As declarações foram divulgadas pela Agência Gov e se baseiam na entrevista concedida por Lula à emissora Record, nesta quinta. A reação surge após, em carta a Lula publicada em sua rede social, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar que adotará uma tarifa comercial unilateral de 50% sobre as importações de todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

A guerra tarifária dos EUA contra o Brasil é uma tentativa de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e livrar Jair Bolsonaro do julgamento pela tentativa de golpe de Estado. 

<><> Brasil cobrará os mesmos 50% dos EUA se Trump impuser tarifa contra o país, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à TV Record nesta quinta-feira que seu governo irá adotar as mesmas tarifas comerciais sobre os Estados Unidos que o presidente dos EUA, Donald Trump, impuser sobre o Brasil.

"Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele", disse Lula, segundo trecho da entrevista publicado pelo portal R7, da Record. A íntegra está programada para ser veiculada nesta noite.

Na véspera, em carta a Lula publicada em sua rede social, Trump disse que os EUA adotarão tarifa comercial de 50% sobre as importações de todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, citando decisões judiciais brasileiras que considera injustas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra gigantes de tecnologia sediadas nos Estados Unidos.

Na entrevista, segundo o R7, Lula disse ainda que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas de Trump.

"Temos vários caminhos. Podemos recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio), propor investigações internacionais, cobrar explicações. Mas o principal é a Lei da Reciprocidade, aprovada no Congresso", disse Lula, segundo o portal.

¨      Alcolumbre e Motta reagem a Trump e defendem resposta baseada no "diálogo"

Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, divulgaram nesta quinta-feira (10) nota à imprensa em que defendem uma resposta "com diálogo nos campos diplomático e comercial" às tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos contra o Brasil.

A reação surge após, em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicada em sua rede social, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar que adotará uma tarifa comercial unilateral de 50% sobre as importações de todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A guerra tarifária dos EUA contra o Brasil é uma tentativa de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e livrar Jair Bolsonaro do julgamento pela tentativa de golpe de Estado.

A nota diz ainda que "com muita responsabilidade, este Parlamento aprovou a Lei de Reciprocidade Econômica", e classifica a legislação como um instrumento de proteção à "soberania" do Brasil.

Mais cedo, em entrevista à emissora Record, o presidente Lula afirmou que o Brasil não abrirá mão da reciprocidade.

A nota dos chefes do Congresso conclui: "Estaremos prontos para agir com equilíbrio e firmeza em defesa da nossa economia, do nosso setor produtivo e da proteção dos empregos brasileiros".

¨      Deputada dos EUA condena tarifas contra o Brasil e diz que Trump cometeu ato de corrupção ao tentar ajudar Bolsonaro

A deputada norte-americana Linda T. Sanchez, líder democrata no Subcomitê de Comércio da Comissão de Meios e Recursos da Câmara dos EUA, divulgou a seguinte nota, em resposta ao anúncio do presidente Donald Trump sobre a imposição de uma tarifa de 50% contra o Brasil, em razão do processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro:

“A ameaça do presidente Trump de impor uma tarifa de 50% ao Brasil é um claro abuso de poder e o mais recente exemplo de como ele tem usado as políticas comerciais do nosso país como arma para servir aos seus próprios interesses. Está claro que ele não está utilizando tarifas para combater práticas comerciais desleais — ele as está distorcendo para acertar contas políticas e recompensar aqueles que o apoiam ou o beneficiam. Neste caso, está promovendo uma guerra comercial para proteger seu aliado político, Bolsonaro, que está sendo investigado por supostamente tentar reverter os resultados da eleição presidencial de 2022. Isso não é apenas antidemocrático, é também corrupto". 

Em carta a Lula publicada em sua rede social, Trump disse que os EUA adotarão tarifa comercial de 50% sobre as importações de todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, citando decisões judiciais brasileiras que considera injustas. 

A guerra tarifária dos EUA contra o Brasil é uma tentativa de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e livrar Jair Bolsonaro do julgamento pela tentativa de golpe de Estado. 

¨      Steve Bannon faz chantagem: "derrubem o processo contra Bolsonaro, e derrubamos as tarifas"

O estrategista Steve Bannon afirmou nesta quinta-feira (10) que o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, pode anular as tarifas de 50% contra produtos brasileiros, caso seja anulado o processo judicial envolvendo Jair Bolsonaro na trama golpista.

De acordo com o estrategista, os brasileiros podem esperar "mais ações" do governo americano. "Derrubem o caso, derrubamos as tarifas", disse Bannon em entrevista à coluna de Mariana Sanches.

Bolsonaro é um dos 31 réus e está sendo acusado de cinco crimes - golpe de Estado, organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela violência contra o patrimônio da união, e deterioração de patrimônio tombado.

Atacado pelas extremas-direitas brasileira e norte-americana, o ministro Alexandre de Moraes é relator do inquérito sobre o plano golpista. Antes dessa investigação, o magistrado já vinha sendo alvo de ataques por sua atuação em inquéritos como o de milícias digitais, que tem como uma de suas funções a de evitar discurso de ódio e fake news nas redes sociais.

Estrategista norte-americano, Bannon é conhecido dentro e fora dos EUA por ter atuado em favor de Trump e da direita global nos últimos 15 anos. Uma dessas táticas é culpar o Judiciário por problemas de governabilidade e acusar, sem provas, a Justiça Eleitoral de não ter segurança contra fraudes.

No Brasil, o governo Bolsonaro chegou a defender a participação das Forças Armadas na apuração do resultado da eleição presidencial de 2022. Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral tornou o ex-mandatário inelegível por fake news no ano anterior, quando ele afirmou a embaixadores, em Brasília (DF), que o sistema eleitoral brasileiro não tem segurança contra fraudes.

Com sucessivas derrotas judiciais no Brasil, a família Bolsonaro voltou a recorrer aos EUA, para tentar investir contra o juiz do STF. Mas, em fevereiro de 2025, a Justiça dos Estados Unidos rejeitou um pedido de liminar apresentado pela plataforma de vídeos Rumble e pela Trump Media & Technology Group contra o magistrado.

No processo, as empresas norte-americanas buscavam uma decisão que as isentasse de cumprir ordens anunciadas por Moraes que incluíam a remoção de contas de um apoiador de Bolsonaro de suas plataformas.

 

Fonte: Brasil 247/Reuters

 

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