sexta-feira, 11 de julho de 2025

Marcelo Zero: O capítulo mais vergonhoso da nossa história

Dante Alighieri, em sua Divina Comédia, coloca os traidores no último e mais profundo círculo do inferno, o que fica no rio de gelo Cócito, onde reside o próprio Lúcifer, o mais asqueroso dos traidores. Na Esfera da Antenora, a pouca distância de Lúcifer, são punidos os traidores de sua pátria. Suas almas ficam submersas ao nível do pescoço, com apenas suas cabeças fora do gelo.

Pois bem, todos aqueles que apoiam Trump e estimularam sua ação contra o Brasil estarão lá, imersos no gelo do Cócito por toda a eternidade, tendo como companhia o Príncipe das Trevas, aquele traidor maior, que traiu o próprio Deus.

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Esses traidores do Brasil, gente canalha e mafiosa, como ressalta o próprio Estadão, merecem o castigo e, sobretudo, a companhia constante e próxima de Lúcifer, que tanto os inspira.

Com efeito, não há canalhice maior que a do traidor da pátria, que visa prejudicar seu próprio país, seu povo e sua democracia.

Mas, evidentemente, Trump, em todo esse imbróglio, tem interesses maiores que a simples defesa de Bolsonaro, um anão político, que ele mesmo despreza, apesar dos elogios da inacreditável carta a Lula.

Há, de fato, interesses maiores em jogo. Interesses geopolíticos. 

A liderança regional do Brasil, embora justamente centrada na relativa autonomia da América Latina, na recusa a alinhamentos automáticos com quaisquer potências extrarregionais, e avessa à adesão descabida à nova “Guerra Fria” é, do nosso ponto de vista, o obstáculo mais significativo à efetivação da nova e crua Doutrina Monroe, que Trump sonha implementar em nossa região. Como Pete Hegseth, o Secretário de Defesa de Trump, afirmou: “precisamos recuperar nosso quintal”.

E Lula, sabem eles, é uma formidável barreira a essa pretensão imperialista crua e vergonhosa.

O Brasil de Lula é, na América Latina, a vanguarda da aliança do Sul Global com o BRICS e da construção de uma ordem global “anti-imperialista”, fundada na multipolaridade e na reconstrução do multilateralismo. O Brasil, gostem ou não os “vira-latas” de sempre, é uma peça estratégica no tabuleiro mundial do xadrez geopolítico.

Estamos “na mira”, por certo, como ficou evidenciado ontem, com essa absurda taxação de 50%, a maior até agora.

Não é à toa que essa decisão de Trump vem logo após a reunião do BRICS, no Rio de Janeiro.

Destacamos que tal medida, brutal e absurda, não possui quaisquer justificativas técnicas, pois o Brasil, desde 2009, apresenta, sistematicamente, déficit comercial com os EUA, tanto em comércio de bens quanto em comércio de serviços, o que ocasionou um prejuízo acumulado ao Brasil de cerca de US$ 88, 8 bilhões, apenas no comércio de bens.

Salientamos, ademais, que tal medida, violenta e unilateral, contraria frontalmente os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), entre os quais destacamos os da “não discriminação”, o da “previsibilidade”, e o da “concorrência leal”.

Tal medida, se mantida, poderá afetar os interesses de cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os EUA e o emprego de milhões de brasileiros, principalmente nos setores que produzem aviões, peças de carros, suco de laranja, carnes, aços e outros produtos estratégicos. 

Trump sabe para onde atira.

Para os interesses de Trump e do MAGA, o ideal, é óbvio, seria substituir o governo Lula por um governo de extrema-direita e submisso, ainda que com algum verniz de “civilização”. 

O governo Trump está se transformando rapidamente num sistema fortemente autoritário, que deverá comprometer a democracia dos EUA e procurará comprometer as democracias no mundo inteiro, especialmente em suas áreas de influência próximas e decisivas.

Trump não quer aliados; quer vassalos. Quer sabujos. Gente que esteja disposta a trair e vender o Brasil. Ele sabe quem são. Sabe que pode encontrá-los no rio Cócito. Estão lá, com a cabeça de fora do gelo, usando o boné do MAGA. 

Com o apoio de Trump, vão querer transformar “o Brasil inteiro num puteiro,” como diria o finado Cazuza. Imaginem as negociatas que poderiam vir! 

Trump declarou guerra ao Brasil, ao seu povo e à sua democracia. E os companheiros de Lúcifer salivam, latem e abanam os rabos malcheirosos.

É, talvez, o capítulo mais vergonhoso da nossa História.

¨      Após decisão de Trump, Eduardo Bolsonaro ataca Moraes e pede anistia a Jair, réu no inquérito da trama golpista

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta quarta-feira (9) que as tarifas de 50% anunciadas pelo governo Donald Trump (EUA) contra o Brasil são resultado da atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O parlamentar aproveitou para pedir anistia a Jair Bolsonaro (PL), réu no inquérito da trama golpista. Na avaliação feita pelo deputado licenciado, o Brasil se afastou dos “valores do mundo livre”, entre eles o respeito à liberdade de expressão, e ao devido processo legal. O ministro Alexandre de Moraes é um dos principais alvos dos ataques da extrema-direita bolsonarista. O motivo são as atuações de Moraes em investigações como trama golpista, em que Jair Bolsonaro é réu, e milícias digitais.

“Uma hora a conta chega”, afirmou Eduardo. “A carta do presidente Donald J. Trump ao presidente brasileiro é clara, direta e inequívoca. E reflete aquilo que nós, há muito tempo, temos denunciado: o Brasil está se afastando, de forma deliberada, dos valores e compromissos que compartilha com o mundo livre”.

O deputado do PL fez um apelo ao Congresso Nacional para implementar uma “saída institucional”, que passaria por anistia aos envolvidos em investigações sobre o plano golpista.

¨      Ou você está com Lula ou está com Trump, o agressor do Brasil. Faça sua escolha. Por Leonardo Attuch

A história costuma oferecer momentos em que não há lugar para ambiguidades. O dia de ontem, 9 de julho de 2025, é um divisor de águas e  entra para essa galeria ao expor uma escolha inadiável: ou se está com a defesa da soberania nacional representada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou se está com o agressor imperialista Donald Trump, que, num gesto inédito de hostilidade, atacou o Brasil com uma carta ameaçadora e impôs um tarifaço de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto para tentar evitar a prisão de Jair Bolsonaro, que está prestes a ser condenado por tentativa de golpe de estado.

Não há meio-termo. O que se coloca hoje diante dos brasileiros é uma opção entre o projeto nacional e soberano, que busca integração regional e autonomia estratégica — como se viu recentemente na bem-sucedida cúpula do BRICS no Rio de Janeiro — e o velho entreguismo colonial, agora reciclado pela extrema-direita que, de forma clandestina, articula com potências estrangeiras formas de minar o processo democrático brasileiro.

A carta de Trump é um ato hostil que não pode ser dissociado da tentativa de tutela externa sobre as instituições nacionais. Ao atacar diretamente o Supremo Tribunal Federal e ameaçar o Brasil com sanções econômicas, Trump ultrapassou qualquer limite aceitável nas relações diplomáticas. A resposta do governo brasileiro foi firme e precisa: “não aceitaremos ser tutelados por ninguém”.

Mas não se trata apenas de mais uma bravata ao estilo mafioso do presidente estadunidense. Há indícios cada vez mais claros de que esse gesto foi articulado com o clã Bolsonaro, em especial com o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que atua desde março nos Estados Unidos com o único propósito de conspirar contra o STF, contra o presidente Lula e contra o Brasil. A ação do Grupo Prerrogativas para investigar essa atuação é mais do que necessária. Estamos diante de uma possível articulação golpista transnacional.

<><> A questão central é: o que foi prometido a Trump?

Se Trump aceitou negociar com o bolsonarismo, como indica o gesto de agressão explícita ao Brasil, a pergunta inevitável é: o que o clã Bolsonaro ofereceu em troca? O mais provável é que tenha sido uma promessa de retirar o Brasil do BRICS em caso de vitória eleitoral da extrema-direita em 2026 — uma medida que teria enorme impacto geopolítico, ao enfraquecer o bloco que hoje representa o maior contraponto à hegemonia estadunidense.

Mas não se deve descartar outros “presentes” prometidos: a entrega das riquezas nacionais — petróleo, estatais, terras raras, biodiversidade e até mesmo a Amazônia. Trata-se de uma lógica colonial empacotada no discurso pseudonacionalista que há muito tempo não engana mais ninguém. São políticos vira-latas, dispostos a vender o país em troca de proteção ou apoio internacional.

O agravante, neste momento, é o desespero do clã Bolsonaro, especialmente de Jair Bolsonaro, que se aproxima rapidamente da cadeia por seus crimes contra a democracia. A carta de Trump pode ser lida como uma tentativa desesperada de evitar esse destino, pressionando o Brasil e suas instituições. Mas, ironicamente, o gesto serviu para isolar ainda mais os que flertam com o autoritarismo.

Chegou a hora de todos os brasileiros fazerem uma escolha clara: ou se está ao lado de Lula e da soberania nacional, ou se está ao lado de Trump e da submissão colonial. Não há terceira via. A história julgará cada cidadão e cidadã.

¨      O bode de Trump. Florestan Fernandes Jr

Está clara a estratégia da extrema-direita em relação à taxação exorbitante imposta por Donald Trump ao Brasil. O presidente dos EUA, entre tantas inverdades escritas na carta enviada a Lula, não apresentou nenhuma prova concreta para sustentar a afirmação de que “precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco". Uma mentira descomunal.

Na realidade, a balança comercial entre os dois países é favorável aos EUA. Desde 2009, o Brasil tem importado mais do que exporta. Mas o que realmente interessa aos lesa-pátria Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, nas articulações para que Trump atacasse a soberania brasileira, é responsabilizar o presidente Lula pela retaliação.

Como diz o ditado popular, colocaram o bode na sala. E quem vai tirá-lo de lá serão os próprios senhores da extrema-direita bolsonarista, que hoje governam os principais estados do país.

Isso ficou evidente nas manifestações dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas; de Minas Gerais, Romeu Zema; e de Goiás, Ronaldo Caiado, sobre a absurda taxação imposta por Trump. Os três seguiram o mesmo roteiro: responsabilizaram o presidente Lula pela crise comercial com os EUA. Coube a Tarcísio descredenciar Lula como chefe de Estado. Disse o governador paulista: “Lula colocou sua ideologia acima da economia. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto do Brasil... A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema".

Já o governador Ronaldo Caiado tocou no ponto central da minha suspeita ao propor a criação de uma comissão de parlamentares para negociar, sem a participação do presidente Lula, a redução da taxação com o governo Trump. Bingo! O plano está em andamento. A crise será alimentada até o ponto de tensão máxima. Só então Trump deve começar a negociar, caso a caso, a redução das tarifas com os governadores bolsonaristas.

Ou seja, a extrema-direita colocou o bode na sala e será ela mesma que irá retirá-lo, faturando os dividendos eleitorais.

É certo que esses acordos não serão feitos com os governadores aliados ao governo Lula.

Você deve estar se perguntando: e a cobrança feita por Trump para deixarem Bolsonaro em paz? Para que a Justiça brasileira cesse imediatamente o julgamento que Bolsonaro responde no STF?

Esse trecho da carta serve para reforçar o discurso vitimista de Jair Bolsonaro, fortalecendo, dentro do Congresso Nacional, uma possível aprovação de anistia ao ex-presidente.

Acredito que o presidente Lula deveria, com urgência, se dirigir à Nação em rede de rádio e televisão. Precisa expor com clareza a farsa em curso, explicar aos brasileiros que a extrema-direita está tentando transformar uma retaliação econômica injusta em palanque político. É fundamental desmontar essa armadilha antes que ela se consolide como verdade. O que está em jogo não é apenas uma disputa comercial, mas a soberania do país, a integridade das instituições democráticas e o futuro da economia brasileira. Não se trata mais de uma divergência ideológica; é um plano coordenado de sabotagem. Se o governo não reagir à altura, os mesmos que tentaram tomar o poder pela força podem acabar vencendo pelo desgaste. E isso o Brasil não pode permitir.

Fonte: Brasil 247

 

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