Irã
suspende cooperação com Agência Internacional de Energia Atômica
O
presidente iraniano Masoud Pezeshkian ordenou nesta quarta-feira (02/07) a
aplicação da lei que suspende a cooperação do Irã com a Agência Internacional
de Energia Atômica (AIEA). A medida segue a orientação do Parlamento iraniano,
que aprovou a suspensão em 25 de junho, em resposta a um relatório da AIEA
considerado tendencioso pelo governo iraniano.
O
relatório da AIEA, assinado por seu diretor-geral Rafael Grossi, teria aberto
caminho para uma resolução crítica do Conselho de Governadores da agência.
Autoridades iranianas alegam que a postura da agência encorajou o ataque
coordenado de Israel e EUA contra três instalações nucleares do país em 22 de
junho – incluindo as bases de Natanz, Fordow
e Isfahan.
A lei foi ratificada, em tempo recorde, pelo Conselho Constitucional do Irã.
Em
coletiva na terça-feira (01/07), a porta-voz do governo Fatemeh
Mohajerani afirmou que os ataques causaram “danos graves” às estruturas
nucleares iranianas. Ela
reforçou a tese de que os bombardeios foram “planejados em conjunto” por
Washington e Tel Aviv.
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Presidente iraniano critica os padrões duplos da AIEA
Em
conversa com Emmanuel Macron por telefone na noite de domingo (29/06),
Pezeshkian pediu à agência nuclear da ONU que “evite
padrões duplos e defenda os direitos de todos os membros sem discriminação”.
“A
questão é por que o regime sionista criminoso, que não é membro do TNP e violou
todas as regras internacionais nos últimos anos, deveria se tornar uma base e
referência para os relatórios da AIEA”, disse o presidente iraniano ao
seu homólogo francês.
Pezeshkian
criticou o chefe nuclear da ONU por fazer relatórios incorretos sobre as
atividades nucleares do Irã e por se recusar a condenar os ataques militares
norte-americanos e israelenses às instalações nucleares do país. O líder
persa descreveu a conduta de Grossi como uma “fonte de preocupação e criação de
sérios desafios que corroem a confiança da nação iraniana”.
O
regime sionista travou uma guerra de agressão contra o Irã em 13 de junho e
atingiu áreas militares, nucleares e residenciais do Irã por 12 dias. Um cessar-fogo que entrou em vigor em
24 de junho.
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Líder supremo do Irã rejeita proposta de Trump sobre
acordo nuclear: 'não é assunto dos EUA'
O líder
supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou nesta quarta-feira (04/06) que o
país não abandonará seu processo de enriquecimento de urânio em contraponto à
recente proposta
norte-americana sobre o programa nuclear iraniano, e disse que a
questão não é assunto dos Estados Unidos.
“A
primeira palavra que os EUA dizem é que o Irã não deve ter uma indústria
nuclear e deve ser dependente dos Estados Unidos. Nossa resposta para a falta
de noção norte-americana é clara: eles não podem fazer nada quanto a essa
questão”, disse.
O
discurso foi realizado no complexo de Haram Motahhar, na capital Teerã, por
ocasião do 36º aniversário do falecimento do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder
da Revolução Iraniana. A reportagem de Opera Mundi acompanhou a fala
in loco. Dezenas de milhares de muçulmanos do país e de diversas partes do
mundo entrecortavam o discurso do líder supremo entoando gritos de “abaixo os
EUA” e “abaixo Israel” de dentro do
complexo, que abriga o mausoléu de Khomeini.
A
exposição do líder supremo Ali Khamenei é uma resposta à demanda
da administração Trump de que o Irã não seja capaz de enriquecer urânio
como parte de um novo acordo nuclear. Para o aiatolá, que citou as aplicações
medicinais e científicas da indústria nuclear, para além do uso energético, os
“inimigos do Irã” buscam somente privar o país de uma indústria fundamental.
“O enriquecimento de
urânio é
a questão-chave no setor nuclear, e é exatamente nisso que nossos adversários
têm se concentrado. A ideia fundamental dos EUA é que não haja indústria
nuclear, que dependamos deles para radiofármacos, energia, usinas de
dessalinização e dezenas de outros campos importantes” disse Khamenei.
“Vocês,
norte-americanos, têm bombas atômicas. O que lhes importa se o povo iraniano
tem capacidade de enriquecimento ou não? O que lhes importa se o Irã tem uma
indústria nuclear ou não?”, acrescentou.
Desde
sua volta à Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos reviveu sua campanha
de “pressão máxima” contra o Irã, aumentando as sanções e ameaçando bombardear
o país caso Teerã não se disponha a negociações quanto à questão nuclear. Por
um lado, Washington busca impedir que os iranianos sejam capazes de produzir
armas nucleares. Os iranianos, por sua vez, desejam o fim das sanções.
Durante
seu primeiro mandato, em 2018, Trump foi responsável por descartar o
acordo nuclear iraniano e reimpôs sanções contra o país, que respondeu
aumentando sua capacidade de enriquecimento de urânio.
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Gaza
Ao
longo de seu discurso, o líder iraniano mencionou também o genocídio israelense
em Gaza.
“[Os países ocidentais] não param de falar de paz, não param de falar em
direitos humanos, mas frente a matança de milhares de crianças inocentes, sem
mencionar os que não são crianças, silêncio. Em Gaza foram martirizadas, em um
curto período, milhares de crianças – de fato, mais de 20 mil crianças – e
esses que tanto falam de direitos humanos não só não
impediram isso, como ajudaram o opressor”, disse o aiatolá, que classificou as
ações israelenses como crimes contra a humanidade.
Ali
Khamenei também reforçou ao longo de seu discurso que os EUA são cúmplices de
Israel e deveriam ser retirados da região, fazendo um chamado para que as
nações islâmicas abandonem a neutralidade e tomem ações decisivas em defesa da
Palestina.
“Silêncio e cautela
diplomática não
são mais opções viáveis”, afirmou ele, que apontou também que a proximidade de
nações da região com Israel não é garantia de segurança.
¨ Cuba diz que EUA
querem ‘calar à força’ críticas ao genocídio palestino
O ministro das Relações Exteriores de
Cuba, Bruno Rodríguez,
criticou na segunda-feira (09/06) a decisão do governo dos Estados Unidos de
suspender os vistos de estudantes estrangeiros das universidades do país. O
diplomata afirmou que querem “calar à força” quem está denunciando o genocídio
de Israel na Faixa de Gaza.
Em sua conta no X, o chanceler cubano
se posicionou:
“ao eliminar vistos para estudantes estrangeiros em prestigiosas universidades
norte-americanas, o governo dos Estados Unidos pretende silenciar à força as
vozes dentro daquele país que denunciam a cumplicidade dos EUA no genocídio
israelense em Gaza”. Rodríguez acrescentou ainda que “a verdade não será
silenciada”.
A
denúncia do chanceler vem após a suspensão de seis meses da concessão de vistos
para novos estudantes em Harvard. Medida realizada em 5 de junho evidenciando
as políticas imigratórias do presidente norte-americano, Donald Trump.
O Departamento de Estado
norte-americano também solicitou às embaixadas a suspensão de novas datas
para a solicitação de visto de estudante, enquanto organizam um guia para
analisar a “avaliação e verificação” dos candidatos.
De
acordo com a emissora latina Telesur, o consulado de Havana
interpretou esses posicionamentos como uma forma “clara de silenciar a
dissidência e a crítica dentro do próprio território norte-americano,
especialmente diante do crescente movimento em solidariedade com a Palestina”.
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Revogação de vistos
A
Suprema Corte dos Estados Unidos considerou constitucionalmente válido o decreto de retirar o status legal
temporário de 532 mil imigrantes, em 30 de maio.
Durante
o julgamento, o Departamento de Justiça norte-americano definiu o decreto de
Trump como “uma política migratória cuidadosamente
calibrada para
impedir a entrada ilegal (de imigrantes)”, e que “esta é uma medida
democraticamente aprovada pela maioria dos cidadãos nas eleições de novembro
(de 2024)”.
O estudante brasileiro Marcelo Gomes da
Silva, de 18 anos, foi detido em 31 de maio por agentes da polícia de
imigração dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês). O jovem que estava a
caminho do treino de vôlei foi alvo da política imigratória do governo
republicano.
A
governadora de Massachusetts – local onde está detido – Maura Healey chegou a publicar um
vídeo solicitando a libertação do brasileiro, que foi solto após repercussão do
caso.
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Cuba rechaça Memorando de Trump e denuncia coerção econômica contra o país
O
Ministério das Relações Exteriores de Cuba (Minrex) rejeitou nesta terça-feira,
por meio de um comunicado oficial, o Memorando
Presidencial do governo dos Estados Unidos emitido em 30 de junho de 2025. O
documento representa uma reedição e emenda do Memorando Presidencial de
Segurança Nacional nº 5, originalmente publicado em 16 de junho de 2017, no
início do primeiro mandato de Donald Trump.
“Rejeitamos
os infames documentos do governo dos EUA que intensificam ainda mais o cerco e
a guerra econômica contra Cuba, e que servem unicamente aos interesses daqueles
que lucram com a dor, o sofrimento e as carências do nosso povo”, declarou o presidente cubano, Miguel
Díaz-Canel Bermúdez,
na rede social X.
O
comunicado acrescenta que a decisão revela “a conduta agressiva e os propósitos
hegemônicos daquele país”, e que tanto o texto original quanto sua nova versão
contêm um conjunto de medidas voltadas a fortalecer ainda mais o bloqueio
econômico e a provocar maiores privações ao povo cubano.
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A
chancelaria cubana também denunciou a imposição de pressões sobre entidades
comerciais e financeiras em qualquer parte do mundo, com o objetivo de
impedir seus vínculos com Cuba. “A mesma política que incentiva ações judiciais
nos tribunais dos Estados Unidos contra investidores em nosso país, que
determinou a caluniosa inclusão da ilha na lista de Estados supostamente
patrocinadores do terrorismo, com suas nefastas consequências para a economia
nacional”, destacou o comunicado.
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Política hostil
Nesse
contexto, Cuba denunciou que “a política hostil assim definida viola o Direito
Internacional e numerosas resoluções da ONU”.
Além
disso, o governo cubano classificou como agressão o uso da coerção econômica
para pressionar uma nação soberana, com o objetivo de “quebrar a vontade
política de toda a nação e submetê-la à ditadura hegemonista dos Estados
Unidos”.
“Não é
por acaso nem por capricho que, desde 1992, a Assembleia Geral da ONU exige
quase unanimemente o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro”,
reforça o texto.
O
Ministério das Relações Exteriores também apontou que os Estados Unidos, ao
justificar tanto o memorando original quanto sua reedição, utilizam termos como
“democracia, direitos humanos, liberdade religiosa e outros”.
No
entanto, a nota afirma que os argumentos apresentados pelos EUA são
“incompatíveis com a conduta histórica abusiva e transgressora do governo
norte-americano”. E denuncia o esforço contínuo para “destruir o socialismo e
converter a economia cubana ao capitalismo”.
“Cuba é
um país pacífico, estável, solidário e com relações amistosas com praticamente
o mundo inteiro. A política que os EUA aplicam responde aos interesses
estreitos de uma camarilha anticubana e corrupta que fez da agressão ao vizinho
um modo de vida e um negócio altamente lucrativo”, conclui o comunicado.
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Breno Altman: BRICS precisa se fortalecer após ataques
contra Irã
“O
BRICS não vai ruir, mas está sendo colocado à prova, já que um dos seus membros [Irã] foi
atacado”,
afirmou o jornalista Breno Altman no programa 20 MINUTOS
ANÁLISE. Para o fundador de Opera Mundi, a debilidade do bloco em não
ter reagido ou emitido uma nota após os bombardeamentos de Israel e Estados
Unidos contra Teerã mostra uma fragilidade e não se posiciona como uma força
geopolítica.
“Em uma
situação como essa do ataque norte-americano e sionista contra o Irã, sendo o
Irã membro do BRICS, é nesse momento que vemos as debilidades e que não podemos
escondê-las. Eu concordo que o futuro é do BRICS,
mas isso não quer dizer que o presente já seja do BRICS”, disse.
Segundo
ele, o BRICS não é um bloco geopolítico no sentido pleno, é uma “articulação
econômica e um campo geopolítico em maturação”. E não pode ser comparado com
o G7, por exemplo, ou uma aliança formal
entre os países, já que o agrupamento “ainda está em um grau baixo de
amadurecimento e por isso não se comporta como um bloco”.
Porém,
mesmo que aponte uma vulnerabilidade do BRICS, Altman não vê a organização
“ruindo”.
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Influência dos EUA
A
influência dos Estados Unidos nas “peças moles”, para Altman, confirma a
debilidade do BRICS em não se posicionar e se comportar como um bloco. O jornalista ainda afirmou que há
possibilidades do governo norte-americano tentar operar dentro do Brasil para tentar
impedi-lo de consolidar o agrupamento.
O
especialista decreta que o endurecimento será uma “luta que passará pelas
articulações internas de cada país e dentro do cenário internacional”.
Nesse
sentido, o fundador de Opera Mundi também apontou a aliança entre o governo indiano de
Narendra Modi com os Estados Unidos como reflexo dessa influência
norte-americana: “embora a Índia tente buscar a construção de menor
subalternidade no sistema capitalista, ainda segue sendo uma aliada ao governo
republicano. Apesar de ter uma relação próxima à Rússia, o Modi não é uma peça
de antagonismo com a liderança de Trump, já que possuem interesses geopolíticos
e ideológicos em comum”.
“O BRICS se consolidará se nos
estados que integram tiverem governos anti-imperialistas e da classe
trabalhadora. A
China é firme, justamente pela revolução que criou um Estado que não é
controlado pela burguesia. Ter um governo anti-imperialista conduz que os
países tenham atitudes firmes em rumo a consolidação do BRICS, sem ser afetado
pela pressão da força, economia e capacidade de amedrontamento dos Estados
Unidos”, complementou.
Fonte: Tasnim News Agency/Opera Mundi

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