segunda-feira, 14 de julho de 2025

Genocídio palestino: entenda dossiê que enfureceu Trump e o levou a sancionar relatora da ONU

Na última quarta-feira (09/07), dia em que o presidente Donald Trump elevou para 50% as tarifas de produtos brasileiros, os Estados Unidos também anunciaram sanções contra a jurista italiana Francesca Albanese, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados por Israel. Segundo Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, Albanese realiza “esforços ilegítimos e vergonhosos para pressionar” o Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia “a agir contra funcionários, empresas e executivos dos EUA e de Israel”. Com a decisão, qualquer bem, valor ou interesse que Albanese tenha no território norte-americano — ou que ingresse no país a partir de agora, mesmo que por meio de terceiros — deve ser bloqueado.

Em resposta, Albanese afirmou que as sanções dos EUA tentam minar seu trabalho e que continuará a denunciar o genocídio em Gaza.

<><> Economia do genocídio

Google, Microsoft e a Amazon são as principais empresas de tecnologia que lucram com o genocídio praticado por Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza, de acordo com o relatório. O documento de Albanese se propõe a destrinchar o “mecanismo corporativo que sustenta o projeto colonial israelense”.
Intitulado “Da economia de ocupação à economia de genocídio”, o texto aponta que essas empresas contribuem decisivamente para o deslocamento e o extermínio dos palestinos. Ao todo, 48 empresas são mencionadas como autoras de práticas que negam a autodeterminação do povo palestino e permitem “outras violações estruturais, incluindo ocupação, anexação e crimes de apartheid e genocídio”.

A jurista afirma que, antes mesmo de outubro de 2023, a parceria de Israel com as empresas mencionadas gerava lucros a partir da ocupação de Gaza. Porém, com o agravamento do genocídio, essa atuação “se metamorfoseou em infraestruturas econômicas, tecnológicas e políticas mobilizadas para infligir violência em massa e imensa destruição”.

Albanese nomeia este novo estágio de “economia do genocídio”. Para ela, o setor privado, incluindo seus executivos, precisa ser também responsabilizado pelas ações contra os palestinos.

<><> Armazenamento de dados, inteligência artificial e comércio eletrônico

O documento ressalta que as parcerias entre a Alphabet Inc., empresa-mãe do Google, e a Amazon para armazenamento de dados em nuvem pelo Ministério da Defesa de Israel, em especial no Projeto Nimbus, de 2021, destinaram cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,48 bilhões na cotação daquele ano). Segundo o relatório, o sistema Nimbus é utilizado por Tel Aviv no controle populacional. “Seus servidores localizados em Israel garantem a soberania dos dados e um escudo contra responsabilização, sob contratos favoráveis que oferecem restrições ou supervisão mínimas”, afirmou a ONU. Em Israel está o maior centro da Microsoft “fora dos Estados Unidos”, de acordo com o texto.

A Amazon, por sua vez, além de participar do Projeto Nimbus, é responsável direta pelas plataformas de comércio eletrônico nas colônias israelenses sediadas em territórios palestinos ocupados ilegalmente, “permitindo a expansão e participando do apartheid por meio da prestação de serviços discriminatórios”.

De acordo com capturas de tela de um memorando interno da Google publicado pelo jornal norte-americano Washington Post, o cofundador da empresa, Sergey Brin, chamou as Nações Unidas de “transparentemente antissemitas” num fórum de discussão interno da empresa. “Com todo o respeito, usar o termo genocídio em relação a Gaza é profundamente ofensivo para muitos judeus que sofreram com verdadeiros genocídios. E teria ainda cuidado ao citar organizações transparentemente antissemitas, como é a ONU, em relação a essas questões”, escreveu Brin nos materiais obtidos pelo periódico. Um porta-voz de Brin confirmou a veracidade da afirmação.

<><> Petroleiras e o esforço bélico de Israel

A brasileira Petrobras também foi mencionada no relatório da ONU como uma das empresas que sustentam a “economia do genocídio”. Outras empresas do ramo petroleiro também estão presentes no documento. Com maior destaque, são citadas a BP (British Petroleum, britânica) e a Chevron (norte-americana), além da norte-americana Drummond Company, da suíça Glencore PLC, e das israelenses Paz Retail and Energy e NewMed Energy. “Ao abastecer Israel com carvão, gás, petróleo e combustível, as empresas [de petróleo] estão contribuindo para as infraestruturas civis que Israel usa para consolidar a anexação permanente e que agora usa como arma na destruição da vida palestina em Gaza”, diz o relatório.

O documento de Albanese ainda afirma que essas empresas fornecem recursos que “têm servido às Forças Armadas israelenses e à sua obliteração de Gaza”, e que “a natureza ostensivamente civil de tal infraestrutura [fornecimento de combustível] não exime uma empresa de responsabilidade” sobre o genocídio em Gaza. “A BP e a Chevron também são os maiores contribuintes para as importações israelenses de petróleo bruto, como principais proprietários do estratégico oleoduto azeri Baku-Tbilisi-Ceyhan e do Kazakh Caspian Pipeline Consortium, respectivamente, e de seus campos de petróleo associados”, afirma a nota 59 do relatório. Segundo o estudo, “cada conglomerado forneceu efetivamente 8% do petróleo bruto israelense entre outubro de 2023 e julho de 2024, complementado por remessas de petróleo bruto de campos de petróleo brasileiros, nos quais a Petrobras detém as maiores participações, e combustível militar para jatos”. A nota 59 traz a única menção à petroleira brasileira do relatório.

anuário de 2025 da ANP aponta um incremento nas vendas de combustíveis do Brasil para Israel de 51% em 2024, quando comparadas com 2023, chegando a 2,98 milhões de barris. O número é bastante superior ao incremente das exportações gerais brasileiras de combustíveis, que foi de 9%.

<><> Federação Única dos Petroleiros pede rompimento de relações com Israel

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne sindicatos dos trabalhadores do setor de petróleo no Brasil, emitiu nota avaliando como correta a informação do relatório de Albanese que aponta a exportação de óleo bruto de poços brasileiros “operados em parceria com a Petrobras”.

Baseada em dados do Dieese, a FUP apontou que, em maio de 2025, o Brasil produziu, em média, 4,76 milhões de barris de petróleo e gás natural por dia. A Petrobras, como operadora, foi responsável por 4,25 milhões/dia (89% da produção nacional), dos quais aproximadamente 1,35 milhão de barris “foi apropriado pelas empresas parceiras nos consórcios que operam os campos petrolíferos” — entre elas, a BP e a Chevron.

Dados do sistema oficial do governo brasileiro para extração de estatísticas do comércio exterior (ComexStat), utilizados pela FUP, indicam que, entre janeiro e julho de 2024, o Brasil exportou para Israel mais de US$ 215 milhões (mais de R$ 1 bilhão) em “combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação; matérias betuminosas; ceras minerais”.

Contatada por Opera Mundi, a FUP defendeu que, diante dos fatos apontados no relatório de Albanese, “o governo brasileiro rompa relações comerciais com Israel, sobretudo no tema petróleo”.

<><> Petrobras diz que não exportou petróleo a Israel

Opera Mundi contatou a Petrobras sobre a menção no relatório da ONU. A empresa negou que realize exportações para Israel. Segundo a Petrobras, o documento da ONU “não afirma, em nenhum momento, que a Petrobras forneceu petróleo cru e nem que é fornecedora de combustível de aviação militar para Israel”.

Ainda segundo a empresa, “não é possível concluir que a Petrobras foi a fornecedora” de petróleo e combustível para o genocídio porque o documento apenas cita “petróleo bruto de campos petrolíferos brasileiros”.

Apesar de reconhecer que a companhia “detém as maiores participações em campos nacionais”, não seria possível concluir, “a partir disso”, que a companhia foi a fornecedora do petróleo bruto para Israel. “A Petrobras não é a única produtora e exportadora de petróleo do Brasil”, complementa a nota enviada pela assessoria de imprensa da estatal.

Em um segundo contato com a assessoria, foi reafirmado a Opera Mundi que a empresa não identificou exportações para Israel em nenhum poço de petróleo em que está associada. “A companhia respeita e promove os direitos humanos, conduzindo seus negócios de acordo com as leis e padrões internacionais, com destaque para o Pacto Global e os Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos, ambos da ONU”, finalizou a empresa.

¨      Netanyahu volta para casa sem um acordo de paz em Gaza, mas ainda mantém Trump ao seu lado. Por André Roth

Benjamin Netanyahu retornou a Israel na sexta-feira sem um cessar-fogo na guerra de Gaza, apesar das previsões otimistas de autoridades americanas e israelenses de que esta semana poderia proporcionar um avanço nas negociações. Mas ele não voltou para casa completamente de mãos vazias. A visita do primeiro-ministro israelense foi a terceira desde a posse de Donald Trump, com várias reuniões de alto nível na Casa Branca, uma indicação de Trump para receber o Prêmio Nobel da Paz e sugestões de Trump e do enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, de que a paz poderia ser alcançada em uma semana. Mas, com o fim da viagem de Netanyahu, nenhum resultado claro havia sido alcançado. Witkoff adiou uma viagem a Doha na terça-feira, pois ficou claro que as negociações não haviam chegado a um ponto em que pudessem resultar em um acordo de cessar-fogo.

Enquanto Netanyahu repetia o refrão de que um cessar-fogo poderia ser anunciado em poucos dias, um acordo para trazer paz a mais de 2 milhões de palestinos na Faixa de Gaza permanecia indefinido. “Espero que possamos concluí-lo em poucos dias”, disse Netanyahu durante uma aparição na Newsmax, uma rede de notícias conservadora e pró-Trump, na quarta-feira. “Provavelmente teremos um cessar-fogo de 60 dias. Retirem o primeiro lote [de reféns] e usem os 60 dias para tentar negociar um fim para isso.”

Na quinta-feira, ao comparecer a um culto em memória de dois funcionários da embaixada israelense mortos em Washington, Netanyahu afirmou que Israel não abriria mão de suas exigências para a dissolução do Hamas. "Estou promovendo uma medida que resultará em uma libertação significativa, mas apenas sob as condições que Israel exige: desarmamento do Hamas e desmilitarização de Gaza", disse ele. "Se não for alcançado por meio da diplomacia, será alcançado pela força."

Várias autoridades sugeriram durante a semana que restava apenas um ponto de discórdia entre os negociadores em Doha: a extensão da retirada das Forças de Defesa de Israel após a libertação de alguns dos reféns mantidos pelo Hamas. A Casa Branca havia rejeitado um mapa inicial que deixaria Israel com zonas significativas de controle em Gaza, o que Witkoff comparou a um "plano Smotrich", referindo-se ao ministro das Finanças israelense linha-dura, Bezalel Smotrich. Israel teria redesenhado esse mapa para torná-lo mais aceitável para o governo americano.

Mas o Hamas afirmou que havia outros desacordos, incluindo negociações sobre se o Fundo Humanitário de Gaza, um grupo logístico apoiado por Israel e pelos EUA, teria permissão para continuar a entregar alimentos ao território (a ONU informou na sexta-feira que 798 pessoas morreram tentando chegar aos locais do Fundo Humanitário de Gaza desde sua introdução em maio) e se Israel concordaria com uma trégua permanente, o que o Hamas afirmou que não faria. Mediadores americanos buscaram preencher a lacuna dizendo aos intermediários do Catar que garantiriam a continuação do cessar-fogo após 60 dias, enquanto as negociações prosseguissem.

O resultado é que, embora Netanyahu deixe os EUA sem um cessar-fogo, ele administrou seu relacionamento com Trump por meio de garantias de alto nível de que está buscando a paz em Gaza, ao mesmo tempo em que mantém um status quo que os membros de sua coalizão de direita, incluindo os ministros Smotrich e Itamar Ben-Gvir, disseram ser preferível a um acordo de paz. Para Netanyahu, a viagem produziu imagens que reforçaram as alegações israelenses de que "não havia luz do dia" entre ele e Trump, e ocorreu ao mesmo tempo em que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou a decisão de impor sanções a Francesca Albanese , especialista da ONU em territórios palestinos ocupados, por instar o tribunal penal internacional a investigar autoridades israelenses e empresas americanas sobre a guerra de Gaza. As frustrações de Trump com Netanyahu pareciam estar fervendo há mais de um mês, quando o presidente dos EUA tentava negociar uma trégua entre o Irã e Israel, que vinham trocando ataques aéreos e bombardeios de mísseis enquanto Israel tentava desmantelar o programa nuclear iraniano. "Não estou satisfeito com Israel", disse ele no gramado da Casa Branca. "Basicamente, temos dois países que lutam há tanto tempo e com tanta afinco que não sabem o que estão fazendo."

Isso lembrou comentários de Robert Gates, ex-secretário de defesa dos EUA, sobre as dificuldades de sucessivos governos da Casa Branca em administrar um aliado na região que também tinha considerável influência política nos EUA. “Todos os presidentes para quem trabalhei, em algum momento de sua presidência, ficavam tão irritados com os israelenses que não conseguiam falar”, disse Gates.

Mas uma ruptura total com os EUA teria sido desastrosa para Netanyahu, que administra sua própria e difícil coalizão e foi alvo de uma investigação interna de corrupção, que foi novamente adiada devido a suas viagens internacionais. E, após ataques conjuntos contra o Irã, o primeiro-ministro israelense fez questão de mostrar que os dois homens estavam em sintonia, ao mesmo tempo em que dava ao governo Trump a oportunidade de demonstrar que estava trabalhando em prol da paz em Gaza.

Elliott Abrams, pesquisador sênior de estudos do Oriente Médio no Conselho de Relações Exteriores em Washington, disse que o governo Trump tentou, como fez durante o primeiro cessar-fogo de curta duração, exercer "pressão direta sobre Israel" por meio de discussões com Netanyahu e seu principal tenente, Ron Dermer, e "tentando pressionar o Hamas principalmente por meio dos catarianos, quando há essas negociações em Doha". Ele acrescentou: “Não está claro se essa pressão é eficaz”.

Hamas esgotado concentra-se em novo objetivo desesperado: capturar um soldado israelense. Por Jason Burke

¨      Hamas esgotado concentra-se em novo objetivo desesperado: capturar um soldado israelense. Por Jason Burke

À medida que o Hamas intensifica sua campanha insurgente contra as forças israelenses em Gaza, ele se concentra em um novo objetivo: capturar um soldado israelense. Na semana passada, um sargento das Forças de Defesa de Israel (IDF) foi morto em Khan Younis, no sul de Gaza, em uma tentativa de sequestro. Militantes do Hamas também tentaram levar os restos mortais de Abraham Azulay, de 25 anos, mas desistiram ao serem atacados por outras forças israelenses.

A captura de um soldado ou de seus restos mortais ofereceria uma nova e significativa vantagem para o Hamas, à medida que as negociações indiretas sobre um acordo de cessar-fogo continuam, e teria um grande impacto na opinião pública em Israel. “Esta tentativa falhou. [Mas] não há dúvida de que o Hamas aumentará suas tentativas de fazer novos reféns, incluindo corpos de soldados e civis mortos”, disse Michael Milstein, chefe do fórum de estudos palestinos da Universidade de Tel Aviv.

O Hamas ainda mantém 50 dos 250 reféns capturados durante seu ataque surpresa em 7 de outubro de 2023, quando militantes mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e desencadearam o conflito em Gaza. Acredita-se que mais da metade esteja morta, e a libertação de 28 está sendo discutida nas negociações de cessar-fogo no Catar.

“O Hamas pode libertar prisioneiros para estabelecer um cessar-fogo, pelo menos por enquanto, mas também está tentando capturar mais... então está sinalizando que qualquer acordo não será um fim permanente para o conflito geral”, disse Abdeljawad Hamayel, um analista político baseado em Ramallah. O Hamas provou ser especialista em explorar o valor propagandístico de ataques bem-sucedidos, e seus canais de mídia transmitiram um vídeo da tentativa de sequestro na semana passada. Outras imagens mostraram militantes atacando veículos blindados e tratores israelenses.

Um analista palestino baseado no Catar, familiarizado com as discussões estratégicas do Hamas, afirmou: "Não se trata apenas de ganhar uma carta na manga nas negociações, mas sim de uma parte fundamental da batalha psicológica. O Hamas visa fortalecer seus próprios combatentes e desmoralizar tanto os soldados israelenses em Gaza quanto os civis em Israel."

Autoridades israelenses têm descrito repetidamente como o poderio militar do Hamas foi degradado, e poucos analistas duvidam das pesadas baixas sofridas em Gaza pela ala militar da organização. As Forças de Defesa de Israel (IDF) alegam ter matado até 23.000 militantes, de um total de cerca de 30.000 no início da guerra, sem apresentar provas. As perdas de liderança do Hamas são mais evidentes. A maioria dos comandantes de alto e médio escalão ativos em 2023 já morreram.

O analista baseado no Catar disse que o Hamas pode estar mobilizando apenas "algumas centenas" de combatentes em Gaza, mas que isso é suficiente para seus propósitos estratégicos. “O Hamas tem apenas algumas células aqui, mas é muito cuidadoso e preciso com seus recursos”, disseram.

Especialistas militares dizem que o Hamas fez uma "transformação militar" durante o conflito de 21 meses, de uma força quase convencional para uma adequada à guerra de guerrilha, e que sua nova estratégia é mais bem adaptada à devastação em Gaza, onde a ofensiva israelense matou 57.000 pessoas, a maioria civis, e reduziu vastas áreas a ruínas. Uma emboscada na semana passada matou cinco soldados e feriu nove no que resta de Beit Hanoun, outrora uma próspera cidade no norte de Gaza, reduzida a alvenaria destruída e metal retorcido por sucessivas ofensivas israelenses. Parte da extensa rede de túneis do Hamas também permanece intacta, oferecendo um meio de escapar do poder aéreo e das capacidades de vigilância de Israel.

Guy Aviad, ex-historiador militar das Forças de Defesa de Israel (IDF) e especialista no grupo, disse: “É um campo de batalha muito complexo para as IDF. O Hamas está se aproveitando de todos os escombros. Eles são especialistas em guerrilha e lutam contra Israel há 20 anos.” Os canais permanecem abertos entre os líderes militares em Gaza e a liderança política do Hamas no Catar e em Istambul, disseram especialistas. Apenas dois líderes políticos importantes – incluindo o então líder Ismail Haniyeh – foram mortos desde o início da guerra. A rede de enviados, autoridades, agentes clandestinos e simpatizantes do grupo em grande parte do mundo islâmico e em outros lugares também permanece praticamente intacta e continua a arrecadar fundos para a organização.

O Hamas governou Gaza desde 2007 e seus funcionários ainda comandam nominalmente ministérios, autoridades municipais e muito mais, embora seu domínio sobre o território esteja diminuindo à medida que outros atores, incluindo gangues criminosas, coalizões de líderes comunitários e novas milícias apoiadas por Israel, contestam sua autoridade remanescente. Trabalhadores humanitários no território afirmam que autoridades e agentes de segurança do Hamas estão menos presentes do que há seis meses.

As baixas continuam a aumentar no território. Centenas de civis foram mortos desde o início da última rodada de negociações de cessar-fogo, no domingo. Dez soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) foram mortos neste mês e 20 em julho. “Estamos vendo agora uma forma de guerra de desgaste que está colocando alguns limites ao poder de Israel e também está tendo algum efeito na opinião pública em todo o mundo”, disse Hamayel. Milstein disse que o Hamas ansiava por um cessar-fogo, mas não a qualquer custo. "Aqui em Israel, fizemos uma experiência com a ideia de que cada vez mais pressão sobre o Hamas significa que eles [eventualmente] desistirão. Bem, quanta pressão a mais você consegue imaginar?", disse ele. "Matamos seus líderes. Destruímos Gaza. Mas não mudamos as atitudes e demandas básicas do Hamas."

 

Fonte: The Guardian

 

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