“Família
Bolsonaro pratica traição à pátria”, diz empresário Lawrence Pih
Lawrence
Pih figura entre os empresários mais respeitados do país. Por cinco décadas
comandou o principal moinho brasileiro e se tornou uma voz progressista na
relação entre capital e trabalho. Atualmente, se dedica a pesquisar a
geopolítica e a macroeconomia internacional, focando principalmente as relações
entre o Brasil, Estados Unidos e China.
Em
entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marco Piva, da Fórum, ele critica
o “tarifaço” de Trump contra o Brasil, elogia a resposta de Lula e pede ao
governo mais firmeza para desmascarar o Centrão, que considera o que de pior
existe na política nacional.
LEIA A
ENTREVISTA:
• Como o senhor avalia a decisão do
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em até 50% os produtos
brasileiros e criticar a democracia brasileira por uma suposta perseguição
política a Jair Bolsonaro?
Lawrence
Pih - A decisão do presidente Trump foi estimulada e arquitetada por Jair
Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro que, dessa forma, praticam alta traição à pátria.
Trump é alinhado ideologicamente com a ultradireita fascista do bolsonarismo. A
imposição de tarifas de 50% sobre toda a exportação brasileira aos Estados
Unidos com justificativas espúrias e intromissão em assuntos domésticos do
Brasil é um novo rebaixamento nas relações internacionais entre países
democráticos.
O
presidente Trump não só diz que Jair Bolsonaro está sendo perseguido como quer
mandar o Brasil parar de perseguí-lo. O Brasil é um país soberano que tem o
dever e a obrigação de traçar o seu próprio destino. O que a gente pode ver é a
similaridade entre Trump e Bolsonaro. Ambos não são democratas e pertencem à
ultradireita. Então, há uma convergência ideológica e de postura. Eu me admiro
porque os Estados Unidos têm tantos problemas internos para resolver e o
presidente norte-americano insiste em interferir em assuntos de outros países.
Talvez Trump queira que o Brasil seja uma Argentina.
• A resposta do presidente Lula esteve à
altura dessa intromissão ou a manifestação do Trump pode fortalecer o
sentimento da parcela da população que é a favor de Bolsonaro?
LP – O
presidente Lula deu uma resposta adequada, embora pudesse ter sido mais firme e
mais agressivo. Mas, eu entendo a sua posição de presidente de um país
importante e, por esse motivo, ele deve sempre usar mais da diplomacia. Agora,
ao invés de fortalecer o Bolsonaro, acredito que o povo brasileiro está
consciente de que houve uma interferência dos Estados Unidos nos assuntos
internos do Brasil. Então, eu não acho que essa manifestação do Trump foi
favorável ao Bolsonaro. Pelo contrário, acho que favorece o governo brasileiro.
• Congresso e governo iniciaram uma
disputa que foi parar no STF. O ministro Alexandre de Moraes, por sua vez,
propôs uma audiência entre as partes na busca de um acordo amigável. O
casamento entre Executivo e Legislativo acabou em divórcio ou ainda existe uma
chance de reconciliação?
LP -
Primeiro, nós temos que olhar um pouco o histórico do Hugo Motta e da sua
família. Ele é natural da Paraíba e a família dele está na política há décadas.
Essa família tem enfrentado vários problemas com a justiça. A mãe é acusada de
desvio de milhões de reais da cidade onde foi prefeita, o pai foi afastado da
vida pública por corrupção e até a avó enfrenta processos por desvio de
dinheiro público. Então, com esse histórico, não me surpreende o que Hugo Motta
fez e como age. O interessante é que ele foi eleito presidente da Câmara também
com o voto do PT e dos partidos da base do governo. Então, se trata de uma
pessoa que não tem compromisso com qualquer acordo. E sendo do Centrão, a gente
não deve esperar muita coisa.
Quando
a gente fala em questão fiscal, por exemplo, temos que lembrar dos 800 bilhões
de reais de desoneração, que é uma isenção incompreensível dada para alguns
setores da economia. Nisso o Congresso não quer mexer. Então, seria também
importante perguntar para os senhores Hugo Motta e David Alcolumbre por qual
motivo eles não colocam esse tema na pauta? Porque o Centrão não apoia. Seria
bom o governo perguntar para eles em público.
Por
isso digo que a questão fiscal tem solução e não é uma só. Não vejo, por outro
lado, a situação fiscal tão grave assim. É realmente a política e o palanque
funcionando nesse tema porque o Brasil não está numa situação desesperadora,
mas a oposição quer fazer parecer isso promovendo uma narrativa falsa, sem
lógica, sem sustentação nos fatos.
Agora,
o problema é que o governo tem que formar maioria nas matérias de seu
interesse, inclusive dependendo do apoio dos partidos que não se alinham nem
moral e nem ideologicamente com o pensamento programático de Lula. Com menos da
metade do mandato pela frente e uma popularidade de Lula ainda incerta, o
Centrão sente o cheiro de sangue e vai para cima do governo para dar punhaladas
nas costas. Mas, não acho que haverá divórcio porque existe a moeda de troca
dos ministérios e vários cargos. Na prática, o Centrão é o que de pior existe
na política brasileira.
• Nas idas e vindas do processo
democrático brasileiro, um novo ator surgiu nos últimos tempos, especialmente
durante o governo de Bolsonaro. Falo aqui do Judiciário e, em especial, do STF.
Em qual ponto da fervura se encontra a judicialização da política? O Judiciário
avançou mesmo sobre o papel do Legislativo?
Judicialização
é uma coisa complicada. O Supremo Tribunal Federal é chamado a interpretar a
Constituição. Então, se um partido ou um grupo social se sentir prejudicado,
pode recorrer ao STF. A Constituição é a palavra final do país e por isso é um
equívoco falar em judicialização. Basta que o Judiciário seja um intérprete
correto da lei. O que está ocorrendo é que existem demandas excessivas ao
Supremo, algumas são até questões menores. Isso potencializa o seu papel na
democracia. O fato da Constituição de 1988 ser um pouco vaga em algumas
questões complica as coisas. Mas, no final, caberá ao STF tomar as decisões de
uma forma ou de outra.
• Essa demanda excessiva sobre o
Judiciário, em especial sobre o STF, alimenta a ideia de interferência indevida
no Legislativo do país e até mesmo de uma suposta perseguição política a
determinadas lideranças? Aliás, até o presidente Donald Trump tem acenado com
essa tese.
LP - Os
ministros do STF podem sofrer impeachment do Senado. Então, toda decisão mais
polêmica acaba repercutindo politicamente no Congresso. Mas, não creio num
divórcio entre os poderes porque cada um sabe da sua responsabilidade e até
onde pode ir. Infelizmente, do jeito que as coisas vão, estou vendo os ânimos
se acirrarem. Ainda existirão muitos embates entre o Judiciário e o
Legislativo.
• O senhor mencionou que o Centrão está
sentindo cheiro de sangue diante da popularidade instável do presidente Lula e
está indo “pra cima” do governo. Faltando pouco menos de um ano e meio para as
eleições de 2026, o senhor acha que existe tempo suficiente para a recuperação
do presidente Lula, que postula a reeleição?
LP – Um
ano e meio é muito tempo em política. É tempo suficiente para reverter a
situação. Hoje, o importante é que o governo mande uma mensagem clara para a
população e a comunicação é fundamental nesse sentido. Veja que a economia do
país está melhor e indo bem. No ano passado, tivemos um crescimento de 3,4% e
neste ano devemos fechar em 2,5%. O nível de desemprego é o mais baixo das
médias históricas. A agricultura cresce e o Brasil vai ter este ano um recorde
na produção de grãos. O superávit comercial está ao redor de 60 bilhões de
dólares e recebendo investimentos externos que devem alcançar 70 bilhões de
dólares até final do ano. O poder aquisitivo do povo mais carente teve um
acréscimo importante. Todos esses indicadores mostram uma economia em crescimento.
Então, está faltando mandar a mensagem correta.
Para
isso é importante não existir conflitos internos, o chamado “fogo amigo”.
Muitas lideranças importantes do PT criticam publicamente o governo e uma das
vítimas é o Fernando Haddad, que tem um trabalho muito difícil para administrar
que é reger a economia. É uma grande responsabilidade para um país tão complexo
e desigual como o Brasil. O cobertor é curto e, por isso, acho que o Lula deve
enquadrar todo mundo e evitar críticas públicas de gente do próprio governo. Se
tiver crítica, que seja feita a portas fechadas. Agora, o que pode estar por
trás desse “fogo amigo” é uma disputa dentro do próprio PT para saber quem
poderá vir a ser o substituto de Lula, caso ele não venha a ser candidato.
Então, se o partido não caminhar junto, a situação fica mais difícil. A eleição
de Edinho Silva para a presidência do PT é um bom indicativo.
Mas,
insisto, sobre a questão da mensagem à população. Ela tem que ser clara e
direta como vem fazendo agora sobre a questão da taxação dos mais ricos. Ficou
claro que não adianta apaziguar. O governo tem que reagir e mostrar a que veio
e o que já fez. Somente assim vai poder recuperar popularidade, o que, aliás,
já está acontecendo. Em vez de só ser saco de pancada, tem que bater também.
• Esclarecer é importante, especialmente
quando o assunto que está em pauta é uma taxação. Só que a gente sabe que
quando se fala em taxação a ideia remete a imposto, o que é uma preocupação da
sociedade. Agora, do jeito que essa disputa está acontecendo, o senhor acha que
será possível que a população entenda o que está em jogo?
LP – Eu
acho que sim porque se você vê que o Brasil é um dos países mais desiguais do
mundo, certamente a distribuição de renda é algo que o governo tem que prestar
atenção e tentar amenizar essa disparidade social. E olha só que coisa
interessante o que está acontecendo na disputa pela prefeitura de Nova York. O
candidato democrata socialista Zohran Mandami vai disputar contra o atual
prefeito Eric Adams, que migrou do Partido Democrata para ser independente e
assim ter liberdade de apoiar as políticas de Donald Trump, que o perdoou pela
prática de corrupção. Caso Mandami ganhar será uma mensagem importante para o
próprio país. Ele já declarou que a desigualdade de renda tem que parar, que
não pode existir pouca gente tão bilionária enquanto milhões passam
necessidades básicas. Então, a narrativa do “nós contra eles” está acontecendo
até no coração do capitalismo. Uma nova visão sobre como deve se conduzir uma
nação começa a ganhar força no país mais capitalista do mundo e isso se reflete
no mundo inteiro.
No
Brasil, quando se fala em “nós contra eles” se trata simplesmente de ter uma
política de distribuição mais equitativa dos recursos que, no final das contas,
são de todos os brasileiros. É a riqueza e o futuro do país que estão em jogo.
Este é o ponto que temos que enfocar.
• O senhor mencionou que a economia
brasileira apresenta aspectos positivos como baixo nível de desemprego, aumento
do investimento estrangeiro e maior produção agrícola entre outros. Diante de
um cenário tão positivo como sair da armadilha do déficit fiscal e da alta taxa
de juros?
LP – O
déficit fiscal é algo que sempre preocupa. Mas, se você olhar com cuidado, o
importante é o déficit líquido, que está ao redor de 66%. Isso é o mais
importante e não tem nada de assustador porque o Brasil possui 340 bilhões de
dólares de reservas externas e este número não é computado quando se fala em
déficit fiscal. Mas, são recursos do governo. É um equívoco analisar o déficit
fiscal sem considerar o déficit líquido. Com a quantidade de moeda estrangeira
que possuímos, não corremos os riscos que outros países em desenvolvimento têm.
É
preciso somente prestar atenção nas tentativas de ataques especulativos.
Tentaram fazer isso na virada de 2024 para 2025 quando o câmbio chegou a ficar
acima dos seis reais por dólar. Agora, a realidade é de R$ 5,50 com
probabilidade de chegar perto dos cinco reais. Estes ataques especulativos
conturbam a economia. Mas, como o Brasil tem essa reserva externa estratégica,
ele se defende muito melhor. Por isso, o Brasil tem condições de ter um déficit
maior do que outros países em desenvolvimento. Então, eu não vejo o déficit
fiscal como um problema muito sério.
Já os
juros flutuam em função da inflação. Depois da COVID 19 a inflação subiu de
forma dramática e aos poucos foi necessário elevar a taxa de juros para não
aquecer demais a economia. Se você aumenta demais os juros pode ter o risco de
uma recessão. Entretanto, se o país está crescendo, a economia não está
esfriando, ou seja, a pressão sobre a inflação continua. Cabe ao Banco Central
manter o centro da meta ou pelo menos evitar que estoure o teto máximo que o
próprio governo estabeleceu.
Agora a
taxa de juros é alta, mas vai cair. Tenho certeza de que em 2026 os juros
começarão a cair. É importante que caiam porque o crescimento do ano que vem
vai ser menor do que este ano, com toda essa turbulência política externa que o
governo norte-americano desencadeou.
• Não existe aí uma contradição se
olharmos que a taxa de juros hoje está mais alta sob a presidência de Galípolo
do que quando Roberto Campos Neto comandava o Banco Central? Qual é a diferença
entre a gestão do Roberto Campos e a do Galípolo?
LP – Eu
já vinha dizendo faz tempo de que o Roberto Campos Neto colocou um boné
político quando manteve os juros muito baixos durante a campanha eleitoral de
2022. Era um equívoco pensado porque qualquer idiota saberia que depois os
juros teriam que aumentar a um nível bem mais alto do que teria sido caso ele
não tivesse mantido os juros baixos por uma estratégia política. O que Roberto
Campos Neto fez foi deixar uma bomba relógio para o Lula e para o Galípolo. Por
isso, exatamente no último período da gestão dele, os juros começaram a subir.
Ou seja, ele é responsável por subir os juros porque baixou demais quando não
poderia ter feito isso. Galípolo tem que consertar o estrago que Campos Neto
fez. E é exatamente isso o que ele está fazendo agora. Até um ponto em que a
tendência da inflação venha a se estabelecer dentro da banda que o governo
mesmo estipulou. Por isso afirmo com certeza que os juros vão cair o ano que
vem e que a economia continue crescendo, menos do que esse ano, mas numa
situação bem melhor do que vimos na época do governo Bolsonaro.
• Uma das promessas do presidente Lula
quando venceu as eleições em 2022 foi a de trazer o Brasil de volta ao cenário
internacional depois do obscurantismo diplomático do governo Bolsonaro. Lula
tem feito muitas viagens, participado de encontros importantes como o do G7 e o
do G20, além de atualmente presidir o BRICS, agora ampliado, e o Mercosul. Essa
agenda internacional anima a oposição a dizer que o presidente gasta muito mais
tempo com as questões externas do que com os assuntos domésticos. Como o senhor
avalia a política externa brasileira?
LP – Se
a oposição critica as viagens do Lula, é bom dizer que, pelo menos na reunião
do BRICS, ele não viajou porque aconteceu aqui mesmo no Brasil. Agora, o mais
importante é que no governo Bolsonaro nosso país se transformou num pária
internacional. O Lula está tratando de consertar isso e resgatar a importância
do Brasil no contexto mundial. Ele é muito bem recebido em todos os lugares que
visita e isso já demonstra que as viagens não são inúteis. Vale destacar as
viagens para os países asiáticos, principalmente para a China, nosso principal
parceiro comercial. Reabrir as portas que haviam se fechado e abrir novas
portas é fundamental para o nosso desenvolvimento e o presidente Lula tem
envergadura e legitimidade para fazer isso. A mudança foi da água para o vinho.
Não há nem o que discutir em relação ao pequeno Bolsonaro.
• Um aspecto importante da política
externa considerando todos esses movimentos do Lula tem sido sua manifestação
de forma bastante veemente contra o que está ocorrendo atualmente na Faixa de
Gaza. A oposição bolsonarista acaba reverberando as posições da Federação
Israelita de São Paulo e da Confederação Israelita do Brasil quando insiste que
o governo está defendendo terroristas. Esse é um ponto. O segundo é em relação
ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Alguns analistas das relações
internacionais dizem que o Brasil está sendo tíbio ao não condenar
explicitamente a Rússia pela invasão da Ucrânia. Como o senhor vê essas
críticas e até onde o governo está acertando no tom e contribuindo efetivamente
para a solução desses conflitos?
LP –
Primeiro, vamos abordar a questão da Ucrânia. Quem critica a ação da Rússia
nesse país tem pouco conhecimento de História. Com a dissolução da União
Soviética, o então secretário de Estado norte-americano, James Baker, no
governo George Bush pai, disse que a OTAN não avançaria uma polegada a leste.
Então, foi feito um acordo. Em troca, a Rússia retiraria suas tropas da
Alemanha Oriental permitindo a reunificação alemã. Na época, a OTAN tinha 14
países. Hoje, são 32.
Por
isso, a guerra estava precificada, principalmente depois que a CIA promoveu uma
insurreição popular para a derrubada do presidente ucraniano Yanukovitch. Em
seguida, os Estados Unidos apoiaram a ascensão de Poroshenko, um vassalo da
OTAN e dos norte-americanos. É por aí que a questão da Ucrânia tem que ser
entendida.
O
Brasil e a Rússia têm fortes relações comerciais na questão dos fertilizantes e
do petróleo. A gente sente muito pelo que está acontecendo na Ucrânia, mas nós
temos pouco relacionamento com esse país sob o aspecto geopolítico. Então,
interessa muito mais ao Brasil não ter uma relação antagônica com a Rússia.
O problema
de Gaza é muito antigo. Os britânicos que dominavam a região permitiram a
criação do estado de Israel em 1948 expulsando os palestinos que ocupavam
aquela área há mais de 700 anos. O estado de Israel sempre teve o objetivo de
crescer territorialmente ganhando sucessivas guerras contra os povos da região.
De uma região pequena avançou para a Cisjordânia, colinas de Golã na Síria,
Gaza e assim por diante. Trata-se de um problema que não tem solução a curto
prazo. Some-se a isso que existe também uma questão religiosa, especialmente
sobre Jerusalém, que é a terceira cidade mais sagrada para os muçulmanos depois
de Meca e Medina.
O que
está acontecendo em Gaza é um extermínio da população palestina. Israel impede
o acesso a água, alimentos e remédios. Bombardeia escolas e hospitais numa
batalha completamente desproporcional. Então, é uma coisa simplesmente
inaceitável. Humanamente é difícil de compreender como o povo judeu, que passou
por um genocídio na Segunda Guerra Mundial, não tenha aprendido a lição ao
infringir esse tipo de sofrimento a outro povo.
Mas,
infelizmente isso não vai parar por causa do apoio que o governo e os políticos
dos Estados Unidos dão ao governo israelense. Se você tem um lobby forte que
influencia as eleições, se um político criticar Israel ele pode dar adeus à sua
carreira. Não falo aqui do povo norte-americano porque tenho muitos amigos lá
que acham inaceitável a ação de Israel contra os palestinos. No fundo, a
verdade é que se trata de uma questão financeira e econômica que joga com a
vida de seres humanos indefesos. Quando existe um sistema que compra influência
política com recursos milionários sem limite, a corrupção é legalizada e tudo
fica mais difícil de resolver.
• Ainda na questão internacional, qual é a
força que o Brasil tem para intervir efetivamente na solução desses conflitos?
LP -
Muito pouco o Brasil pode fazer. Hoje, a ONU é uma instituição internacional
disfuncional. Os Estados Unidos reduziram ao mínimo a sua participação
financeira, se retiraram da Organização Mundial da Saúde, sabotaram a
Organização Mundial do Comércio, deixaram o Acordo de Paris e por aí vai. Isso
desajusta o sistema multilateral das nações.
Veja a
questão climática. Com uma COP 30 para acontecer e o que vemos é um
distanciamento total do governo norte-americano. Nesse cenário, é muito difícil
o Brasil ser um ator diplomático com força suficiente para ajudar na resolução
de conflitos.
Fonte:
Fórum

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