Frio
e terceira idade: 4 cuidados para proteger os idosos no inverno
O
inverno, que começa em 21 de junho, é a estação mais fria do ano. Para
enfrentar as baixas temperaturas, os idosos precisam de cuidados especiais para
se manterem saudáveis, recomenda a Vera Bellinazzi, geriatra da 3i Residencial
Sênior, referência em atendimento humanizado e residenciais sênior para idosos
lúcidos e não-lúcidos.
“Com a
chegada dos dias mais frios, a terceira idade, que é um grupo mais vulnerável,
enfrenta riscos maiores à saúde como hipotermia, doenças respiratórias, como
gripes e pneumonias, e o aumento das dores crônicas como artrites e artroses.
Por isso, nessa época é fundamental redobrar a atenção em cuidados básicos do
dia a dia que envolvem a alimentação, vestuário, vacinas, remédios, entre
outros”, comenta.
De
acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe)
do Ministério da Saúde, no Brasil, um a cada cinco idosos internados por gripe
não resistiu em 2024. Vera reforça a importância da imunização para a proteção
dos idosos nessa época do ano. “A vacina desempenha um papel fundamental na
proteção dos idosos durante o inverno. É importante que eles estejam com a
caderneta de vacinação em dia. Outros cuidados também são fundamentais na
prevenção da gripe, como tomar banho em horários e temperaturas adequadas,
vestir-se bem para o frio e manter uma alimentação saudável, entre outros
hábitos importantes”, reforça.
O
inverno, assim como as demais estações, tem duração de três meses. Para
enfrentar os dias mais frios de forma saudável, Vera Bellinazzi preparou uma
lista de cuidados essenciais para os idosos, confira:
1.
Mantenha-os aquecidos
Seja
dentro de casa ou em ambientes ao ar livre, os idosos precisam estar bem
agasalhados com roupas próprias para o frio. “Invista em toucas, gorros, luvas
e meias também. Esses itens ajudam na retenção do calor corporal e protegem as
extremidades do corpo”, aconselha.
2.
Líquidos são indispensáveis
Durante
as baixas temperaturas, os idosos podem sentir menos sede e, consequentemente,
beber menos água. Por isso, é imprescindível oferecer líquido a cada hora e
deixá-lo acompanhado de uma garrafa d’água. “Para enfrentar os dias mais frios
e manter a hidratação em dia, vale também oferecer chás naturais, chocolate
quente, caldos e sopas. O importante é incentivar a ingestão de líquidos para
manter o bom funcionamento do organismo”, indica Bellinazzi.
3. Hora
do banho
Recomenda-se
que o banho seja tomado no período da tarde, já que a temperatura ambiente
costuma ser mais elevada e, dessa forma, o idoso não ficará exposto ao frio
intenso. “Os banhos precisam ser mais rápidos e em temperaturas amenas. Além
disso, o inverno costuma causar ressecamento de pele, por isso, após o banho,
usar um hidratante corporal fará toda a diferença”, esclarece a geriatra.
4.
Inclua atividades físicas e sociais na rotina
É comum
que, no inverno, haja uma resistência a realizar exercícios, mas eles não devem
ser deixados de lado. “Os idosos precisam manter o corpo em movimento nos dias
frios para fortalecer a musculatura e melhorar a circulação. Para
incentivá-los, aposte em atividades ao ar livre e em grupo, que também ajudam a
combater a ansiedade durante a estação e contribuem na reposição da vitamina D.
Existem diversas opções que podem ser praticadas no dia a dia, entre elas:
dança, artesanato, caminhada, culinária e bingo”, recomenda.
• Combate ao etarismo: entenda como o
preconceito contra idosos afeta a saúde mental
A
velhice costuma chegar de mansinho: um fio de cabelo branco, um passo mais
lento, uma memória que falha de leve. Ela não deveria ser temida, mas celebrada
como parte do ciclo da vida. Ainda assim, em muitas conversas, manchetes e
decisões, ela é tratada como um peso. E é aí que nasce o etarismo o preconceito
contra pessoas por causa da idade.
Mesmo
sem saber o nome, você provavelmente já viu esse tipo de discriminação. Está na
impaciência diante de alguém que fala devagar. Está no riso fácil quando um
idoso se confunde com um celular. Está no atendimento frio no posto de saúde.
E, talvez mais triste, está no silêncio em volta da cadeira de quem já viveu
tanto, mas agora é pouco ouvido.
“Esse
preconceito silencioso adoece e deixa marcas profundas. Muitos idosos, ao
sentirem que não são mais valorizados, passam a acreditar que não têm mais
lugar ou importância. A saúde mental sofre. Surgem a depressão, o isolamento, o
medo de ser um incômodo. E, aos poucos, a vida se apaga antes da hora”, alerta
Bruno Leonel, Neuropsicólogo na INSELF Neuropsicologia Avançada, especialista
em Psicologia Hospitalar e Neuropsicologia pela USP.
Durante
a pandemia, essa sensação se agravou. Os mais velhos foram tratados, muitas
vezes, como descartáveis. Mas o que ficou invisível nos boletins de saúde foi a
dor emocional de quem se sentiu esquecido.
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Existem saídas e elas são feitas de afeto e escuta
Apesar
do cenário desafiador, muitas pessoas e instituições vêm desenhando caminhos
mais humanos. Caminhos que aproximam, que cuidam, que transformam.
Segundo
o neuropsicólogo, uma das estratégias mais eficazes tem sido olhar para a
formação de quem cuida. Profissionais de saúde, estudantes, cuidadores, todos
podem aprender a reconhecer e desconstruir seus próprios preconceitos. E quando
isso acontece, o cuidado muda. Fica mais paciente, mais respeitoso, mais atento
e muito mais humanizado.
Outra
abordagem potente são as experiências sensoriais: vestir roupas que simulam
limitações físicas da idade, usar óculos que reduzem a visão, calçar sapatos
que dificultam o andar. Jovens que participam dessas simulações dizem sair
diferentes passam a olhar os mais velhos não com pena, mas com admiração e
empatia.
A
tecnologia também pode ser uma aliada no resgate afetivo: experiências em
realidade virtual que colocam a pessoa no corpo de alguém com 80 anos. O
impacto é imediato. Quem vive essa imersão volta transformado e mais consciente
de como o mundo pode ser hostil com quem envelhece.
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Quando gerações se encontram, o preconceito perde força
Talvez
o mais bonito seja ver as pontes que se constroem quando jovens e idosos
convivem de verdade. Programas de mentoria reversa, por exemplo, colocam jovens
para aprender com os mais velhos, sobre vida, sobre escolhas, sobre o tempo. O
que nasce daí são relações sinceras, aprendizado mútuo, e o fim de muitos
estereótipos.
“Mudar
a forma como falamos sobre a velhice também faz diferença. Quando mostramos que
os idosos podem ser ativos, criativos, divertidos, amorosos e inspiradores,
mudamos o imaginário coletivo. E, mais importante: ajudamos quem já chegou lá a
se reconhecer com orgulho”, orienta o neuropsicólogo.
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O que podemos fazer?
Ainda
faltam políticas públicas que combatam o etarismo com firmeza. Mas há algo que
todos nós podemos fazer, hoje mesmo: prestar atenção.
Prestar
atenção na forma como falamos, na paciência que temos, nas piadas que contamos.
Prestar atenção em quem está à nossa volta e que, muitas vezes, só precisa ser
ouvido.
“O
combate ao etarismo começa dentro de nós. Começa quando olhamos para a velhice
com respeito e afeto. Quando entendemos que os mais velhos não são “os outros”
são o que, com sorte, um dia todos nós seremos. Envelhecer é continuar vivo. E
todos merecem viver com dignidade, em todas as fases da vida. Envelhecer é
viver!”, conclui Bruno Abreu.
Fonte:
Saúde & Bem Estar

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