sexta-feira, 4 de julho de 2025

Frio e terceira idade: 4 cuidados para proteger os idosos no inverno

O inverno, que começa em 21 de junho, é a estação mais fria do ano. Para enfrentar as baixas temperaturas, os idosos precisam de cuidados especiais para se manterem saudáveis, recomenda a Vera Bellinazzi, geriatra da 3i Residencial Sênior, referência em atendimento humanizado e residenciais sênior para idosos lúcidos e não-lúcidos.

“Com a chegada dos dias mais frios, a terceira idade, que é um grupo mais vulnerável, enfrenta riscos maiores à saúde como hipotermia, doenças respiratórias, como gripes e pneumonias, e o aumento das dores crônicas como artrites e artroses. Por isso, nessa época é fundamental redobrar a atenção em cuidados básicos do dia a dia que envolvem a alimentação, vestuário, vacinas, remédios, entre outros”, comenta.

De acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) do Ministério da Saúde, no Brasil, um a cada cinco idosos internados por gripe não resistiu em 2024. Vera reforça a importância da imunização para a proteção dos idosos nessa época do ano. “A vacina desempenha um papel fundamental na proteção dos idosos durante o inverno. É importante que eles estejam com a caderneta de vacinação em dia. Outros cuidados também são fundamentais na prevenção da gripe, como tomar banho em horários e temperaturas adequadas, vestir-se bem para o frio e manter uma alimentação saudável, entre outros hábitos importantes”, reforça.

O inverno, assim como as demais estações, tem duração de três meses. Para enfrentar os dias mais frios de forma saudável, Vera Bellinazzi preparou uma lista de cuidados essenciais para os idosos, confira:

1. Mantenha-os aquecidos

Seja dentro de casa ou em ambientes ao ar livre, os idosos precisam estar bem agasalhados com roupas próprias para o frio. “Invista em toucas, gorros, luvas e meias também. Esses itens ajudam na retenção do calor corporal e protegem as extremidades do corpo”, aconselha.

2. Líquidos são indispensáveis

Durante as baixas temperaturas, os idosos podem sentir menos sede e, consequentemente, beber menos água. Por isso, é imprescindível oferecer líquido a cada hora e deixá-lo acompanhado de uma garrafa d’água. “Para enfrentar os dias mais frios e manter a hidratação em dia, vale também oferecer chás naturais, chocolate quente, caldos e sopas. O importante é incentivar a ingestão de líquidos para manter o bom funcionamento do organismo”, indica Bellinazzi.

3. Hora do banho

Recomenda-se que o banho seja tomado no período da tarde, já que a temperatura ambiente costuma ser mais elevada e, dessa forma, o idoso não ficará exposto ao frio intenso. “Os banhos precisam ser mais rápidos e em temperaturas amenas. Além disso, o inverno costuma causar ressecamento de pele, por isso, após o banho, usar um hidratante corporal fará toda a diferença”, esclarece a geriatra.

4. Inclua atividades físicas e sociais na rotina

É comum que, no inverno, haja uma resistência a realizar exercícios, mas eles não devem ser deixados de lado. “Os idosos precisam manter o corpo em movimento nos dias frios para fortalecer a musculatura e melhorar a circulação. Para incentivá-los, aposte em atividades ao ar livre e em grupo, que também ajudam a combater a ansiedade durante a estação e contribuem na reposição da vitamina D. Existem diversas opções que podem ser praticadas no dia a dia, entre elas: dança, artesanato, caminhada, culinária e bingo”, recomenda.

•        Combate ao etarismo: entenda como o preconceito contra idosos afeta a saúde mental

A velhice costuma chegar de mansinho: um fio de cabelo branco, um passo mais lento, uma memória que falha de leve. Ela não deveria ser temida, mas celebrada como parte do ciclo da vida. Ainda assim, em muitas conversas, manchetes e decisões, ela é tratada como um peso. E é aí que nasce o etarismo o preconceito contra pessoas por causa da idade.

Mesmo sem saber o nome, você provavelmente já viu esse tipo de discriminação. Está na impaciência diante de alguém que fala devagar. Está no riso fácil quando um idoso se confunde com um celular. Está no atendimento frio no posto de saúde. E, talvez mais triste, está no silêncio em volta da cadeira de quem já viveu tanto, mas agora é pouco ouvido.

“Esse preconceito silencioso adoece e deixa marcas profundas. Muitos idosos, ao sentirem que não são mais valorizados, passam a acreditar que não têm mais lugar ou importância. A saúde mental sofre. Surgem a depressão, o isolamento, o medo de ser um incômodo. E, aos poucos, a vida se apaga antes da hora”, alerta Bruno Leonel, Neuropsicólogo na INSELF Neuropsicologia Avançada, especialista em Psicologia Hospitalar e Neuropsicologia pela USP.

Durante a pandemia, essa sensação se agravou. Os mais velhos foram tratados, muitas vezes, como descartáveis. Mas o que ficou invisível nos boletins de saúde foi a dor emocional de quem se sentiu esquecido.

<><> Existem saídas e elas são feitas de afeto e escuta

Apesar do cenário desafiador, muitas pessoas e instituições vêm desenhando caminhos mais humanos. Caminhos que aproximam, que cuidam, que transformam.

Segundo o neuropsicólogo, uma das estratégias mais eficazes tem sido olhar para a formação de quem cuida. Profissionais de saúde, estudantes, cuidadores, todos podem aprender a reconhecer e desconstruir seus próprios preconceitos. E quando isso acontece, o cuidado muda. Fica mais paciente, mais respeitoso, mais atento e muito mais humanizado.

Outra abordagem potente são as experiências sensoriais: vestir roupas que simulam limitações físicas da idade, usar óculos que reduzem a visão, calçar sapatos que dificultam o andar. Jovens que participam dessas simulações dizem sair diferentes passam a olhar os mais velhos não com pena, mas com admiração e empatia.

A tecnologia também pode ser uma aliada no resgate afetivo: experiências em realidade virtual que colocam a pessoa no corpo de alguém com 80 anos. O impacto é imediato. Quem vive essa imersão volta transformado e mais consciente de como o mundo pode ser hostil com quem envelhece.

<><> Quando gerações se encontram, o preconceito perde força

Talvez o mais bonito seja ver as pontes que se constroem quando jovens e idosos convivem de verdade. Programas de mentoria reversa, por exemplo, colocam jovens para aprender com os mais velhos, sobre vida, sobre escolhas, sobre o tempo. O que nasce daí são relações sinceras, aprendizado mútuo, e o fim de muitos estereótipos.

“Mudar a forma como falamos sobre a velhice também faz diferença. Quando mostramos que os idosos podem ser ativos, criativos, divertidos, amorosos e inspiradores, mudamos o imaginário coletivo. E, mais importante: ajudamos quem já chegou lá a se reconhecer com orgulho”, orienta o neuropsicólogo.

<><> O que podemos fazer?

Ainda faltam políticas públicas que combatam o etarismo com firmeza. Mas há algo que todos nós podemos fazer, hoje mesmo: prestar atenção.

Prestar atenção na forma como falamos, na paciência que temos, nas piadas que contamos. Prestar atenção em quem está à nossa volta e que, muitas vezes, só precisa ser ouvido.

“O combate ao etarismo começa dentro de nós. Começa quando olhamos para a velhice com respeito e afeto. Quando entendemos que os mais velhos não são “os outros” são o que, com sorte, um dia todos nós seremos. Envelhecer é continuar vivo. E todos merecem viver com dignidade, em todas as fases da vida. Envelhecer é viver!”, conclui Bruno Abreu.

 

Fonte: Saúde & Bem Estar

 

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