Quais os possíveis desdobramentos após
morte do líder do Hamas
O Irã prometeu vingar
pela morte de Ismail Haniyeh, líder
político do Hamas, que foi morto em um ataque aéreo noturno em Teerã, segundo a imprensa iraniana.
O Hamas e seu
principal financiador, o Irã, acusam Israel de ser responsável pelo ataque.
A morte de Haniyeh,
ocorrida poucas horas após um ataque israelense contra um comandante do grupo
Hezbollah no Líbano, aumenta as preocupações de um possível conflito mais amplo
no Oriente Médio e pode atrasar os esforços para um cessar-fogo em Gaza, em cujas
negociações Haniyeh tinha um papel importante.
Em um pronunciamento
televisivo nesta quarta-feira (31/7), o primeiro ministro israelense Benjamin
Netanyahu não citou a morte de Haniyeh, mas afirmou que Isreal deu "golpes
esmagadores" no Hamas.
"Há ameaças
vindas de todas as direções. Estamos preparados para qualquer cenário e
permaneceremos unidos e determinados contra qualquer ameaça", afirmou
Netanyahu
Fim do Matérias
recomendadas
"Israel cobrará
um alto preço por qualquer agressão de qualquer arena", afirmou o
primeiro-ministro.
O Irã declarou três
dias de luto pela morte de Haniyeh. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian,
afirmou que Israel "se arrependerá" da morte "covarde" de
Haniyeh e disse que o Irã defenderá "sua integridade territorial e dignidade".
Pezeshkian descreveu
Haniyeh como um "líder corajoso", em uma declaração divulgada pela
agência de notícias AFP.
Haniyeh estava em
Teerã para a cerimônia de posse de Pezeshkian, apesar de viver no Catar sob
proteção intensa.
O líder supremo do
Irã, Ayatollah Ali Khamenei, afirmou que vingar a morte de Haniyeh é um
"dever de Teerã" e que Israel, ao não assumir a responsabilidade pelo
ataque, criou condições para uma "punição severa".
·
Potencial escalada do
conflito
Frank Gardner,
correspondente de segurança da BBC, alerta que este é um momento
"extremamente perigoso" para o Oriente Médio.
Ele lembra que, na
última vez que o Irã prometeu vingança, disparou centenas de mísseis e drones
contra Israel, que respondeu com um ataque de mísseis próximo às instalações
nucleares iranianas.
"Foi necessário
um frenético esforço diplomático para dissuadir Israel de retaliar com mais
intensidade", diz Gardner.
Kasra Naji,
correspondente especial da BBC Persa, expressa preocupação com a resposta do
Irã, que pode envolver ataques de grande escala contra Israel ou uma
intensificação dos ataques das milícias regionais, como o Hezbollah.
"É difícil prever
se isso levará a uma guerra total na região, mas é claro que ninguém deseja
esse desfecho no momento", observa Naji.
Mas Gardner também
lembra que nem todos os ataques semelhantes a esse levaram a uma escalada no
passado.
Ele cita o assassinato
do general iraniano Qasem Soleimani ordenado pelo ex-presidente dos EUA Donald
Trump em 2020, que provocou fortes apelos por vingança, mas resultou em uma
resposta relativamente contida.
Gardner também cita o
ataque aéreo ordenado pelo então presidente americano Ronald Reagan contra a
Líbia em 1986, que gerou temores de uma grande crise, mas acabou não resultando
em uma escalada significativa.
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Impacto nos esforços
de paz
A morte de Haniyeh
pode complicar ainda mais as negociações de paz entre Israel e o Hamas.
"Este último
ataque em Teerã pode dificultar a obtenção de um trégua, já que o Hamas agora
estará mais focado em encontrar um sucessor para Haniyeh, em um processo que
pode ser complicado e prolongado", diz Rushdi Abualouf, correspondente da
BBC em Gaza.
Ele lembra que, em
dezembro, o Hamas suspendeu brevemente as negociações de cessar-fogo com Israel
após o assassinato do vice de Haniyeh na capital libanesa, Beirute.
Paul Adams,
correspondente diplomático da BBC, acrescenta que é "extremamente
difícil" prever que haverá algum progresso nas negociações após a morte de
Haniyeh.
"Ismail Haniyeh
pode não ter sido responsável pelos eventos diários em Gaza — esse é o domínio
do comandante militar Yahya Sinwar — mas, como líder do Hamas no exílio, ele
era um interlocutor crítico nas negociações intermediadas pelo Catar, pelos EUA
e pelo Egito", assinala.
Declarações de países
árabes reforçam essas preocupações.
O Catar, que tem
mediado as negociações de cessar-fogo, indicou que a morte de Haniyeh pode
prejudicar essas conversações.
"O assassinato
político e o contínuo ataque a civis em Gaza enquanto as conversas continuam
nos levam a perguntar: como pode a mediação ter sucesso quando uma das partes
assassina o negociador do outro lado?", afirmou o primeiro-ministro do Catar,
Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani.
"A paz precisa de
parceiros sérios e de uma postura global contra o desrespeito pela vida
humana."
O Egito afirmou que o
ataque demonstra falta de vontade política de Israel para a desescalada, e o
Iraque chamou o ataque de uma "grave violação" que pode
desestabilizar a região.
A Turquia acusou o
primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de não ter "nenhuma
intenção de alcançar a paz".
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Funeral de Haniyeh
A cerimônia fúnebre
oficial de Ismail Haniyeh será realizada em Teerã nesta quinta-feira (1/8), e
depois seu corpo será trasladado para Doha, no Catar, onde ele viveu nos
últimos anos.
O funeral final está
marcado para 2 de agosto, em Lusail, no Catar.
Haniyeh, de 62 anos, é
o líder mais sênior morto desde os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro,
que resultaram em 1.200 mortes.
Israel respondeu com
uma operação militar na Faixa de Gaza, que matou pelo menos 39.400 pessoas,
segundo o ministério da saúde do Hamas.
¨ Líder supremo do Irã ordena ataque direto a Israel, diz jornal
O líder supremo
do Irã, o aiatolá Ali
Khamenei, ordenou um ataque direto a Israel nesta quarta-feira (31), segundo o jornal americano
"The New York Times".
O ataque seria uma
retaliação após um bombardeio israelense em Teerã ter matado o chefe do grupo
terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, durante a madrugada desta
quarta. O Hamas, com o qual Israel está em guerra na Faixa
de Gaza desde outubro de 2023, é aliado do
Irã.
Israel não assumiu a
autoria do assassinato de Haniyeh. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse
apenas que seu país deu "golpes esmagadores" em aliados do Irã,
mas não mencionou o chefe do Hamas.
Netanyahu disse ainda
em seu pronunciamento na TV nacional israelense que vai cobrar um preço
alto por qualquer agressão contra Israel. Um conflito aberto entre Israel e Irã pode ser a maior guerra no
Oriente Médio desde a 2ª Guerra Mundial, segundo
especialistas.
Mesmo sem que o
governo israelense tenha assumido autoria pela morte, Khamenei prometeu "punição severa" para Israel. O novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, criticou a
ação dentro do país. Ele afirmou que o Irã "defenderá sua integridade
territorial" e disse que "Israel se arrependerá pelo assassinato
covarde".
Khamenei deu a ordem
para o ataque direto a Israel durante uma reunião de emergência do Conselho
Supremo de Segurança Nacional do Irã na manhã desta quarta, logo após o país
anunciar a morte de Haniyeh, segundo três autoridades iranianas não
identificadas ouvidas pelo "New York Times", incluindo dois membros
da Guarda Revolucionária iraniana.
Fontes também disseram
ao jornal americano que o líder supremo iraniano instruiu membros da
Guarda Revolucionária e do Exército para preparar planos de ataque e de defesa
do país, caso uma guerra total contra Israel comece ou caso os EUA realizem ataques
no Irã.
Israel e Irã estão em
uma escalada de tensões nos últimos meses. Os israelenses travam batalhas com
grupos armados aliados do país, como Hamas, Hezbollah e a Guarda Revolucionária
iraniana. Em abril, os iranianos dispararam mais de 300 mísseis e drones em direção
ao território israelense em retaliação
ao assassinato por Israel de um comandante da Guarda na embaixada
iraniana na Síria.
O comandante da Força
Aérea de Israel, major-general Tomer Bar, disse que dezenas de aeronaves,
tripuladas e não tripuladas, estão "prontas e preparadas em questão de
minutos para qualquer cenário, em qualquer frente". "Agiremos contra
qualquer um que planeje causar danos aos cidadãos do Estado de Israel. Não há
lugar que seja longe demais para nós atingirmos”, afirmou Bar.
<><> Assassinato
de chefe do Hamas
Haniyeh, o principal
nome do braço político do grupo terrorista, foi assassinado na madrugada
desta quarta-feira durante uma visita a Teerã, no Irã, para a posse do novo
presidente iraniano, segundo o próprio Hamas confirmou em um comunicado.
O porta-voz do governo
israelense disse que "nós não faremos comentários sobre a morte de
Haniyeh", mas afirmou também estar em alerta máximo para possíveis
retaliações por parte do Irã. O ministro da Defesa israelense, Yoav
Gallant, declarou que "Israel não quer guerra, mas estamos preparados para
todas as possibilidades".
O governo do Irã
realizará um funeral do chefe do Hamas na quinta-feira (1º). No dia seguinte, o
corpo de Haniyeh será enterrado em Doha, no Catar, onde ele vivia.
Sobre a ameaça do
governo iraniano, o ministro disse que Israel está preparo e que vai cobrar um
"preço alto" por qualquer ataque.
<><> Greve
em territórios palestinos e reação de aliados
A Guarda
Revolucionária iraniana -- braço de elite das Forças Armadas que responde ao
líder supremo -- também declarou que "o Irã e a frente de resistência
responderão a esse crime". O braço armado do Hamas -- que planejou e
executou o ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, iniciando a guerra em Gaza
-- também disse que vingará o assassinato.
Os governos dos
territórios palestinos -- a Faixa de Gaza e a Cisjordânia -- anunciaram uma greve geral, e o governo iraniano
declarou luto de três dias por conta da morte de Haniyeh (leia mais
abaixo).
Segundo o embaixador
do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, informou nesta manhã, ainda não
havia manifestações nas ruas na Cisjordânia, mas o clima é de apreensão.
"Acompanhamos a
evolução da situação. Por enquanto, (há) greve geral, sem manifestações de rua.
Checkpoints de algumas cidades como Hebron estão fechados", disse Candeas.
"A comunidade brasileira está apreensiva, e teme-se o risco de escalada".
Egito e Turquia também
acusaram Israel pelo assassinato. O governo egípcio disse, em comunicado, que o
episódio "indica a falta de vontade política de Israel para frear os
conflitos regionais". A nota aponta também que o caso complica as
negociações por um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que o Egito
participa como negociador ao lado do Catar e dos Estados Unidos.
"Este assassinato
é uma perversividade que visa interromper a causa palestina, a nobre
resistência de Gaza e a luta legítima de nossos irmãos palestinos. No entanto,
assim como até hoje, a barbárie sionista não atingirá seus objetivos",
declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Lojas amanhecem
fechadas na Cisjordânia por conta de greve geral em protesto contra a morte do
líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em 31 de julho de 2024. — Foto: Mohammed
Torokman/ Reuters
<><> Morte
de Haniyeh
Na madrugada desta
quarta, o Hamas e a Guarda Revolucionária do Irã afirmaram que o principal
líder do Hamas, Ismail Haniehy, e um de seus guarda-costas foram assassinados.
"A residência de
Ismail Haniyeh, chefe do escritório político da Resistência Islâmica do Hamas,
foi atingida em Teerã, e como resultado deste incidente, ele e um de seus
guarda-costas foram martirizados," disse um comunicado da Guarda Revolucionária.
Segundo a TV estatal
iraniana, ele foi morto às 2h de quarta, horário de Teerã (20h de terça em
Brasília), enquanto estava numa residência de veteranos de guerra no norte da
capital iraniana.
Os comunicados não dão
detalhes sobre como o líder do Hamas foi morto e ninguém assumiu imediatamente
a responsabilidade pelo assassinato.
Israel não comentou
sobre o caso, porém, havia prometido matar Haniyeh e outros líderes do Hamas
após o ataque do grupo em 7 de outubro, que matou 1.200
pessoas e viu cerca de 250 serem feitas reféns.
Em comunicado, o Hamas
afirma que Haniyeh foi morto num "ataque aéreo traiçoeiro à sua residência
em Teerã". Ele estava no Irã para participar da cerimônia de posse do
presidente Masoud Pezeshkian.
"É um ato covarde
que não ficará impune", disse a TV Al-Aqsa, controlada pelo Hamas, citando
Moussa Abu Marzouk, alto funcionário do grupo.
Segundo canal de TV Al
Mayadin, sediado em Beirute, capital do Líbano, o líder supremo do Irã, Ali
Khamenei, disse que "é dever do Irã vingar o sangue de Haniyeh porque ele
foi martirizado em nosso solo".
¨ Analista iraniano alerta: resposta à morte de Haniya será mais
dura que ataque anterior a Israel
A retaliação do Irã a
Tel Aviv pela morte do líder do Hamas, Ismail Haniya, em Teerã "será mais
severa, mais dolorosa para o regime israelense do que o que Tel Aviv
experimentou depois que atacou o consulado iraniano em Damasco", disse o
analista Seyed Mohammad Marandi, à Sputnik.
O líder do Hamas,
Ismail Haniya, foi morto em um ataque israelense em Teerã. O Hamas e o Irã
culparam Israel e os EUA, prometendo retaliação ao ataque.
Marandi acredita que
"qualquer escalada simplesmente tornará as coisas piores para o regime em
Tel Aviv", prevendo que o Irã e outros membros do Eixo da Resistência
darão uma "grande resposta" às ações recentes de Israel. Marandi elabora
que "o regime israelense perdeu a guerra".
"Ele perdeu em
Gaza depois de dez meses, falhou em tomar este pequeno pedaço de terra. Ele
falhou em sua guerra com o Hezbollah depois de quase dez meses de conflito. O
regime israelense não conseguiu desalojar o Hezbollah da fronteira e pagou um
preço alto", diz ele.
Para o analista
político e professor da Universidade de Teerã, Seyed Mohammad Marandi, se os
EUA interviessem, eles "perderiam" e enfrentariam consequências
severas, incluindo serem expulsos do Iraque e verem suas bases na região do
golfo Pérsico destruídas.
Ao mesmo tempo,
Marandi argumenta que apenas os norte-americanos e os europeus são capazes de
impedir a guerra total na região.
"Eles são os que
estão apoiando este Holocausto. Eles são os que estão permitindo que o regime
em Tel Aviv continue estuprando prisioneiros e assassinando crianças. Esta é
uma guerra que eles endossam. Eles estão fornecendo o financiamento, a munição,
as armas, a cobertura política. Sem o apoio total do Ocidente, Tel Aviv não
seria capaz de continuar essa guerra por duas semanas. Então, todos nós sabemos
que a coleira está em Washington, então cabe aos norte-americanos tomar uma
decisão", ele diz.
Na quarta-feira (31),
o movimento palestino Hamas confirmou a morte de Haniya como resultado de um
ataque israelense em sua residência na capital iraniana após sua participação
na cerimônia de posse do novo presidente do Irã.
"A morte do herói
Ismail Haniya após sua participação na posse do presidente iraniano [Masoud
Pezeshkian] não afetará as decisões da liderança [Hamas] e suas estruturas.
Israel pagará o preço por esse crime e por todos os crimes contra nosso povo",
disse o representante do Hamas na Argélia, Youssef Hamdan, à Sputnik na
quarta-feira.
Mais tarde, o
Ministério das Relações Exteriores do Irã declarou que Teerã tem o direito
inalienável de responder apropriadamente ao assassinato do chefe do politburo
do Hamas.
No dia 13 de abril, o
Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) do Irã
lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel em seu primeiro ataque direto
em território israelense, disseram as Forças de Defesa de Israel (FDI). O ataque
ocorreu em resposta ao ataque aéreo de Israel ao consulado iraniano na capital
síria no início de abril. O porta-voz das FDI, Daniel Hagari, disse que Israel
interceptou 99% dos alvos aéreos disparados pelo Irã, incluindo todos os
drones.
Fonte: BBC News
Mundo/g1/Sputnik Brasil
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