Roberval Belinati: ‘Cuidado com
estelionatos e golpes por telefone’
Muitas pessoas
continuam sendo vítimas de estelionatos e golpes. Os criminosos se aproveitam
da vulnerabilidade das vítimas para obter vantagens financeiras indevidas. Por
que as vítimas caem? Porque não vivem pensando em maldades, desconfiando de
tudo. Agem de boa-fé, querendo ajudar o próximo ou em ser solidárias.
Duas vítimas que
caíram no golpe do “bilhete premiado” declararam em audiência, quando eu atuava
como juiz criminal, que foram interpeladas na rua por um senhor aparentemente
muito humilde, que lhes pedia ajuda para receber um “bilhete premiado” na CEF, sob
a promessa de boa recompensa. Segundo elas, o teatro do golpista foi perfeito:
uma perdeu R$ 70 mil e a outra, 15 mil euros. Elas disseram que demoraram a
acreditar que tinham sido vítimas do golpe do “bilhete premiado”, tamanha era a
lábia do estelionatário.
Em outro caso,
envolvendo o “golpe da bolinha”, em que a vítima faz uma aposta para adivinhar
onde a bolinha está escondida, em três espaços, perguntei ao réu estelionatário
como as vítimas nunca descobriam onde a bolinha estava escondida. Ele disse
literalmente: “O mundo está cheio de otários, doutor!”
É impressionante como
tem aumentado o número de golpes praticados por telefone. A todo momento as
pessoas recebem mensagens falsas. No golpe do falso empréstimo, as vítimas são
convencidas a fornecer informações pessoais e a realizar depósitos antecipados
para a liberação de crédito, que nunca ocorre.
No golpe do WhatsApp,
os golpistas clonam números de telefone e utilizam perfis falsos para solicitar
dinheiro aos contatos da vítima.
No golpe da falsa
Central de Atendimento, os criminosos se fazem passar por funcionários de
centrais de atendimento bancárias. Eles pedem dados pessoais das vítimas e
subtraem dinheiro de suas contas. No golpe do Pix, criminosos oferecem
descontos ou promoções falsas para induzir as vítimas a realizarem
transferências via Pix.
No golpe do mecânico
ou do eletricista, o criminoso telefona pedindo dinheiro para as pessoas,
dizendo ser sobrinho, primo ou outro parente que está chegando de viagem a
Brasília e precisa de dinheiro para pagar o mecânico e o eletricista na beira
da estrada.
Normalmente o
estelionatário fala ao telefone: “Tio, tia, estou chegando, vou ficar hospedado
na sua casa, mas preciso de dinheiro emprestado, de um Pix ou transferência
bancária, para pagar o conserto do carro. O mecânico e o eletricista não
aceitam cartão de crédito. Não consigo pagar pelo celular, porque está com
sinal fraco na beira da estrada.” Acreditando que o sobrinho ou o parente
realmente está chegando de viagem, as vítimas transferem dinheiro para o
estelionatário.
As mulheres também
devem tomar cuidado com os estelionatários sentimentais, dos falsos
pretendentes que se aproximam para dar golpe e subtrair seus pertences. Uma das
vítimas, com curso superior, excelente emprego e bem instruída, declarou em
audiência: “Ele parecia ser a melhor pessoa do mundo. Mas em três meses de
relacionamento, subtraiu todo o dinheiro que eu possuía em aplicações e ainda
me convenceu a fazer empréstimos que ultrapassam hoje a R$ 400 mil, e depois
sumiu. Acabou com a minha vida!”
O golpe do “falso
sequestro” de familiar também já extorquiu dinheiro de muitas vítimas. No
momento, estão usando o nome do INSS, pedindo dados pessoais das vítimas para
atualização de cadastro. Na verdade, querem esses dados para subtrair-lhes
dinheiro e usar seus cartões de crédito.
O golpe da “compra com
o cartão de crédito” também tem aumentado. O estelionatário telefona para a
vítima pedindo para ela confirmar se fez determinada compra com o seu cartão. A
vítima diz que não fez nenhuma compra.
O criminoso pede para
ela atualizar seus dados pessoais e senha, subtrai seu dinheiro e ainda usa o
cartão da vítima para aplicar outros golpes.
A prevenção é a chave
para combater esses crimes. Confirme sempre a identidade de quem solicita
informações pessoais ou financeiras ou de quem se aproxima. Use canais oficiais
para entrar em contato com instituições. Cuidado com links e mensagens. Não compartilhe
senhas ou códigos de segurança por telefone ou mensagens.
Mantenha sempre a
calma e verifique a veracidade das informações antes de agir em situações de
emergência. Faça sempre boletim de ocorrência policial, solicitando
providências. Não é preciso passar o dia pensando em maldades, mas desconfie
sempre de situações anormais.
Fonte: Metrópoles
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