sexta-feira, 30 de agosto de 2024

PL de Bolsonaro entra em crise na Bahia e se divide em dois grupos

Sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL vive uma crise interna na Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país. De acordo com apuração de A TARDE, a legenda de direita conservadora se dividiu em dois blocos no estado, em meio a uma disputa de poder que saiu dos bastidores e ganhou voz nas últimas semanas.

Fontes ouvidas pelo Portal A TARDE afirmam que os dois principais players bolsonaristas, o ex-ministro João Roma, que preside a sigla, e Dr. Raissa Soares, candidata ao Senado em 2022, brigam pelo comando do partido nos últimos meses. Um importante membro do partido, em condição de anonimato, afirmou que a médica se sente isolada e sabotada pelo dirigente partidário, que usava 'armas' para limitar sua atuação e influência.

A insatisfação de Raissa, entretanto, saiu dos bastidores nos últimos dias. Em entrevista a uma conhecida rádio voltada para o público bolsonarista, a ex-candidata ao Senado, que obteve 1.057.085 votos na eleição de 2022, chegou a fazer um apelo a Bolsonaro para que ele autorizasse a sua saída do PL e mudança para outro partido, no intuito de concorrer à Câmara dos Deputados em 2026, usando como justificativa as alianças eleitorais firmadas em algumas cidades baianas. Sua postura não foi vista com bons olhos.

Do lado de Raissa, estariam nomes mais fieis ao bolsonarismo. Com Roma, algumas lideranças espalhadas pelo interior baiano, que teriam entendido os movimentos recentes do ex-ministro da Cidadania para estruturar a sigla no estado, com ambições futuras.

Questionado, na tarde desta terça-feira, 27, sobre a declaração e a movimentação de Raissa, o deputado estadual Leandro de Jesus repreendeu a postura da correligionária.

"Não se pode tomar uma postura dessas, ainda mais de maneira pública. Se existe alguma insatisfação da parte dela, seja ela justa, ou não, primeiro tem que ser tratada na parte interna do partido. De repente, procurasse o próprio presidente nacional para tratar do assunto”, disse o parlamentar.

Raissa chegou a colocar seu nome à disposição na disputa pelo governo da Bahia, em 2022, mas foi preterida por Roma na ocasião. A expectativa, de acordo com apuração de A TARDE, é que ela anuncie sua próxima legenda nas próximas semanas.

•        "Nunca se doou para o PL", diz deputado baiano sobre Raíssa Soares

Os atritos entre a ex-candidata ao Senado, Raíssa Soares, e o presidente do PL da Bahia, João Roma, têm forçado a médica a trilhar outros caminhos longe da sigla do seu maior aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O movimento de saída da doutora foi comentado nesta terça-feira, 27, pelo deputado estadual Leandro de Jesus.

Em coletiva de imprensa, o parlamentar criticou a decisão da ex-postulante e considerou a atitude como “falta de comprometimento” com o partido, visto que o ex-mandatário continua levantando a bandeira da legenda.

“Jair Messias Bolsonaro a quem ela se referiu é do PL, continua no PL e representa o partido da direita no Brasil. Ela está pedindo para sair do partido porque na verdade, ela nunca esteve. Ela, de fato, nunca se doou para o partido”, afirmou o legislador.

Nos bastidores, ventila-se que doutora Raíssa abandonará o PL para se filiar ao Republicanos, comandado na Bahia pelo deputado Márcio Marinho.

Para o liberal baiano, as insatisfações dos seus correligionários devem ser tratadas diretamente dentro da sigla e não em público, como segundo ele, Raíssa vem fazendo.

“Não se pode tomar uma postura dessas, ainda mais de maneira pública. Se existe alguma insatisfação da parte dela, seja ela justa, ou não, primeiro tem que ser tratada na parte interna do partido. De repente, procurasse o próprio presidente nacional para tratar do assunto”, disse.

O estopim para que a médica comunicasse a sua decisão acontece em meio à permanência de políticos na sigla que estão aliados ao PT da Bahia, a exemplo, dos deputados estaduais Raimundinho da JR e Vitor Azevedo, que integra, a base governista na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).

A continuidade destes filiados fez Raíssa questionar a posição do PL no estado, a qual considerou como “partido de esquerda”. A declaração, contudo, foi refutada por Leandro de Jesus.

“Não é verdade. Se assim fosse, eu não estaria no PL. A fala dela foi extremamente desrespeitosa com todos nós, desagradou a todos e mostra que ela nunca, de fato, abraçou a causa como deveria ser. A fala dela desrespeita o próprio Bolsonaro”, comentou.

 

•        Novata na Alba, Lucinha fala sobre renovação da bancada petista

Novata na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), a deputada estadual Lucinha do MST (PT) afirmou, nesta terça-feira, 27, acreditar que sua chegada e a do deputado Radiovaldo é fruto de processo de renovação promovido pelo PT, já pensando nas eleições de 2026.

Lucinha e Radiovaldo 'subiram' da suplência após os licenciamentos de Neusa Cadore, agora secretária estadual de Política de Mulheres, e Maria del Carmen, que precisou se afastar do mandato por conta de problemas de saúde. Nos bastidores, entretanto, integrantes da base governista afirmam que os movimentos foram feitos para 'antecipar' as mudanças dos quadros.

Para a petista, a renovação começou com a eleição do governador Jerônimo Rodrigues (PT), em 2022.

"Eu acho que as últimas movimentações que a gente está fazendo é sinal disso. A eleição do governador Jerônimo é uma sinalização muito importante sobre renovação. Poderia muito bem ser Wagner como governador daqui, mas estamos com Jerônimo, uma figura que pela primeira vez sai candidato ao executivo, e acho que é o maior emblema nosso da renovação", afirmou Lucinha, questionada por A TARDE.

"Essas alterações também são parte disso. Renovação não só na idade, mas nas pautas. Quando Lucinha chega na Alba, é um reforço da luta do campo, da pequena agricultura, da defesa dos territórios, mas também um reforço dos povos de terreiro", reforçou a parlamentar.

 

•        ACM Neto defende “emendas Pix”, mas critica falta de transparência

Vice-presidente do União Brasil, ACM Neto criticou duramente o governo de Jerônimo Rodrigues (PT). O ex-prefeito de Salvador comparou a gestão de Jerônimo com as dos ex-governadores Jaques Wagner e Rui Costa, ambos também do PT, que governam a Bahia desde 2007. Segundo ele, o atual chefe do Executivo baiano apresenta o pior desempenho entre todos.

“O que é que o governador fez de impactante no seu período de governo? Que grande mudança, que grande novidade, que grande plano de governo ele trouxe para a Bahia nesse período? Quais foram as medidas que ele adotou para enfrentar os mais sérios e mais graves problemas do nosso Estado nas áreas essenciais à vida das pessoas, como educação, saúde, segurança, geração de emprego? Não tem nada”, questionou ACM Neto, durante entrevista à rádio Antena1 concedida ontem (27).

Durante a entrevista, Neto destacou que, enquanto outras regiões do país observam um crescimento na popularidade de seus governadores e prefeitos, a situação na Bahia é diferente, com a aprovação de Jerônimo Rodrigues em queda. Segundo ele, isso se deve às "decisões equivocadas" do governador, que começam a impactar a população.

O ex-prefeito soteropolitano também recordou o momento em que desejou sucesso ao então recém-eleito Jerônimo Rodrigues, mas lamentou o desempenho do governo estadual até o momento. "Infelizmente, o governo dele está muito abaixo do que é a expectativa dos baianos e aí eu não posso deixar de criticar", afirmou Neto.

Em meio às recentes tensões entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional sobre as chamadas "emendas Pix", Neto declarou ser "radicalmente favorável" à prática. Ex-deputado federal, Neto defende, porém, que as transferências especiais sejam submetidas a critérios claros e transparência.

"Eu sou favorável, radicalmente favorável às emendas. Mas é preciso acontecer com critério e com transparência. Uma coisa é pegar a emenda Pix. Você tinha situações agora que o parlamentar passava o recurso diretamente para a prefeitura, para a conta do prefeito, sem sequer apontar para onde aquele recurso seria aplicado. A emenda parlamentar não é para isso", pontuou.

"Você tem a arrecadação própria do princípio para isso, você tem o FPM [Fundo de Participação dos Municípios] para isso. A emenda parlamentar é para garantir a aplicação de políticas públicas com recursos federais", acrescentou.

"A gente vai para o critério. Pode definir que a emenda tem que ser aplicada para, por exemplo, construção de escolas, implantação de escolas em tempo integral, ampliação da rede de Upas, implantação de novas unidades de saúde da família ou programas de esporte", citou.

"Nas mais diversas áreas, você pode definir todos os programas onde o parlamentar vai lá com o direito dele. E ele vai dizer: 'eu vou colocar ali naquela cidade, porque eu sei que aquela cidade precisa', mas para uma destinação objetiva e específica, não uma emenda que é um cheque em branco, para você colocar no que quiser, porque aí gera essas distorções", completou Neto.

 

Fonte: A Tarde/Tribuna da Bahia

 

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