Marcelo Zero: O servo da Otan e a herança
nazista
Como todos sabem,
Zelensky era um comediante de êxito, que fazia muito sucesso criticando a
corrupta classe política da Ucrânia e seus oligarcas.
A partir de 2015, seu
grupo de comediantes, o Kvartal 95, iniciou uma série televisiva
intitulada “O Servo do Povo”, na qual Zelensky interpretava um simples
professor do ensino médio, que ascende ao poder após uma fala sua contra a
corrupção, filmada em sala de aula, se tornar “viral” na internet.
A série, obviamente
inspirada em alguns filmes norte-americanos, foi um sucesso.
Poucos anos depois, a
vida imitou a arte e Zelensky se elegeu com o mesmo discurso de suas comédias,
isto é, criticando os oligarcas e a corrupção e se apresentando como uma
alternativa impoluta à “política” e ao “sistema”.
Como sói acontecer
nesses casos, sua campanha foi feita substancialmente pela internet,
particularmente pelo Instagram.
Como também costuma
acontecer nesses casos, Zelensky foi acusado das mesmas práticas que criticava.
Os “Panamá Papers”
revelaram que Zelensky e seu grupo de comediantes mantinham fundos em paraísos
fiscais, como Chipre, Belize e Ilhas Virgens Britânicas.
Zelensky é, assim,
mais um desses políticos “populistas de direita”, que surgem no esteio da
“antipolítica”, a qual ameaça a democracia e suas instituições.
Até a eclosão do
conflito militar na Ucrânia, Zelensky era um ilustre desconhecido, sem nenhuma
influência no cenário mundial. Tornou-se celebridade midiática internacional
apenas em razão desse contencioso.
Tornou-se, na
realidade, uma espécie de garoto-propaganda da Otan e das narrativas
geopolíticas que visam impor uma nova Guerra-Fria ao mundo e alinhamentos às
chamadas “democracias”, tais como definidas e escolhidas pelos EUA.
Pois bem, nessa
condição, Zelensky, insiste em agredir o Brasil e Lula, um estadista
internacional.
De fato, suas
agressões reiteradas à política externa brasileira, soberana e não-alinhada,
assim como ao presidente Lula, são frequentes.
Quando foi à posse de
Milei, Zelensky, um dos poucos chefes de Estado a comparecer ao rarefeito
evento, afirmou que fora porque havia sido convidado, ao contrário do que teria
ocorrido na posse de Lula, para a qual não teria recebido convite.
O Itamaraty logo
desmentiu a fake news maliciosa.
Ele foi convidado sim,
mas decidiu não comparecer. Enviou a vice-presidente da Ucrânia, Iryna
Verenshchuc.
O Itamaraty,
obviamente, envia convite para todos os países com os quais o Brasil mantém
relações diplomáticas. Não discrimina ninguém.
Lembre-se também que,
em maio de 2023, na cúpula do G7, Zelensky também decidiu não comparecer ao
encontro previamente marcado com Lula.
Resolveu “esnobar”
nosso presidente. Depois, reclamou, sem razão alguma.
Zelensky não perde uma
única oportunidade para criticar o Brasil e Lula.
Agora, numa patética
entrevista com conhecida figura mediática brasileira, Zelensky, fiel à sua
formação de comediante, abre um libretto giocoso de uma ópera
bufa.
A ópera bufa e
simplista dos que dividem o mundo, de forma maniqueísta, entre o “Bem” e o
“Mal”. As “democracias” e as “autocracias”.
Dos que não aceitam a
ideia de que um país possa ter interesses próprios, e rejeitar essa visão
binária e moralista de como as relações internacionais efetivamente funcionam.
Dos que atacam os que
consideram que a neutralidade e a paz possam ser mais adequadas aos interesses
do planeta.
La pelas tantas, o
antigo “Servo do Povo”, que agora parece um Servo da Otan, pergunta sobre Lula:
“Ele pensa
na Rússia como se hoje ainda existisse a União Soviética. A China é um país
democrático? Não. E o que dizer sobre o Irã? É um país democrático? Não. E o
que dizer da Coreia do Norte? Eles não são países democráticos. Então, o que o
Brasil, um grande país democrático, faz nessa companhia?”
O aparente Servo da
Otan insinua, assim, que o Brasil é “aliado de ditaduras” e estaria do lado do
“Mal”.
Ora, o Brasil faz o
que todo os países responsáveis fazem.
O Brasil não apoia
ditaduras. O Brasil, assim como a maior parte dos outros países do mundo,
mantém relações diplomáticas tanto com nações que têm democracias quanto com
países que têm regimes autoritários.
Os EUA, a França, o
Reino Unido, o Canadá, a China etc. etc. fazem a mesma coisa que o Brasil faz.
É preciso considerar
que, segundo critérios conservadores e ocidentais, muitos países do mundo não
possuem um regime democrático pleno.
Segundo a revista
conservadora The Economist, a maior parte da população do planeta não vive
em democracia.
Noventa e cinco
países, que somam quase 55% da população do globo vivem em regimes “híbridos”
ou “autoritários”, segundo essa publicação.
Na África, no Oriente
Médio e no resto da Ásia, as democracias, mesmo as imperfeitas, seriam raras
exceções.
Portanto, se
mantivéssemos relações apenas com aqueles países que seriam considerados
“democráticos”, pela opinião pública do Ocidente, excluiríamos boa parte do
mundo da nossa diplomacia.
O próprio Zelensky
mantém boas relações com algumas ditaduras. Recentemente, visitou a Arábia
Saudita de Bin Salman, que já foi acusado, entre outras coisas, de assassinato
de jornalistas.
Zelensky também visita
regularmente o presidente Erdogan, da Turquia, o qual também não é considerado
um “democrata”, pelos padrões ocidentais.
Assim, quando lhe
convém, e quando assim autorizado pela Otan e pelos EUA, Zelensky se aproxima
de “ditaduras”.
O próprio Milei, que
Zelensky fez questão de visitar, é um governante que não tem grande apreço por
democracia e que admira a terrível ditadura militar argentina.
O governo de Zelensky,
como notório, é bastante influenciado por grupos nacionalistas com tintes
nazistas.
A personalidade
midiática brasileira que fez a entrevista com Zelensky, Luciano Hulk, disse que
foi à Ucrânia por motivos familiares.
Três de seus avôs
teriam fugido da Ucrânia, em razão do antissemitismo e do nazismo em ascensão.
Algo terrível. Nossa solidariedade.
Com efeito, na Segunda
Guerra Mundial, muitos grupos de ucranianos do oeste e do centro se aliaram aos
nazistas contra a União Soviética.
Entre vários outros
crimes, eles foram responsáveis pelo famoso massacre de Babi Yar contra os
judeus de Kiev e forneceram milhares de guardas para atuar nos campos de
concentração nazistas do leste europeu, como Auschwitz, por exemplo.
No referido massacre,
teriam perecido cerca de 100 mil judeus. Saliente-se que, na época, a Ucrânia
tinha cerca de 2,7 milhões de judeus. A maior parte foi assassinada, ao longo
do conflito.
O problema maior,
contudo, reside no fato de que alguns líderes nazistas ucranianos desse período
são vistos, hoje, na Ucrânia e pelo regime de Zelensky, como heróis nacionais.
Com efeito, a Ucrânia
ergueu, nos últimos anos, estátuas e monumentos em homenagem a esses
“nacionalistas ucranianos”, cujos legados estão indelevelmente manchados pela
sua relação indiscutível com o regime nazista.
O principal deles,
Stepan Bandera, antigo líder da terrível Organização dos Nacionalistas
Ucranianos (OUN), cujos seguidores atuaram como membros da milícia local das SS
e do exército alemão, tem várias dezenas de monumentos e de nomes de ruas que
glorificam seu nome.
Ademais, teriam sido
erguidas estátuas para Jaroslav Stetsko, ex-presidente da OUN, o qual escreveu:
“insisto no extermínio dos judeus na Ucrânia”.
Não sei se Luciano
Hulk indagou sobre esses fatos a Zelensky. Mas deveria.
O Brasil deseja manter
boas relações com a Ucrânia. Mas o governo de Zelensky tem de respeitar a
posição de neutralidade e em prol da paz do Brasil.
Não somos servos de
ninguém.
¨ Zelensky recebe reação negativa na Ucrânia após ação em Kursk
enfraquecer linha de frente em Donetsk
Vladimir Zelensky tem
sido alvo de uma enxurrada de críticas de soldados, legisladores e analistas
militares sobre os rápidos avanços feitos pelo Exército russo em Donbass desde
que Kiev lançou a incursão na região russa de Kursk, escreve o Financial Times.
Muitos ucranianos
comemoraram a ação em Kursk por seu Exército em 6 de agosto, esperando que a
aposta forçasse Moscou a desviar recursos para a nova frente e o conflito
mudasse o rumo.
No entanto, relata a
mídia, uma brecha na linha de frente na região estrategicamente importante de
Donetsk nesta semana desencadeou uma reação contra a liderança em Kiev, com
críticos argumentando que as posições da Ucrânia foram enfraquecidas pela redistribuição
de milhares de tropas ucranianas experientes na operação de Kursk.
As forças russas estão
se aproximando da cidade estrategicamente importante de Pokrovsk, libertando
várias cidades próximas esta semana e forçando unidades ucranianas com poucos
efetivos a recuarem de posições defensivas preparadas.
Pokrovsk é um dos dois
principais entroncamentos ferroviários e rodoviários na região de Donetsk e sua
perda ameaçaria toda a logística da região para os militares ucranianos, de
acordo com o Frontelligence Insight, um grupo analítico ucraniano, citado pelo
jornal.
Imagens de satélite
analisadas por investigadores de código aberto do Black Bird Group, sediado na
Finlândia, mostram que as forças russas estão agora a apenas 8 quilômetros de
Pokrovsk. Em resposta, as autoridades locais ordenaram a evacuação dos moradores
da área.
Aleksandr Kovalenko,
analista militar do grupo Information Resistance, sediado em Kiev, chamou a
situação de "um fracasso defensivo completo".
"Não é culpa dos
soldados comuns que ocupam posições. O problema está com aqueles que tomam
decisões por esses soldados", escreveu Kovalenko em uma postagem no
Telegram, citada pela mídia.
O comandante do
Exército ucraniano Aleksandr Syrsky disse em um comunicado na quinta-feira (29)
que havia visitado a área de Pokrovsk e estava trabalhando "para
fortalecer a defesa de nossas tropas nas áreas mais difíceis da frente, para
fornecer às brigadas uma quantidade suficiente de munição e outros meios
materiais e técnicos".
De fato, as forças
russas avançaram mais rapidamente em Donetsk desde 6 de agosto em comparação
aos meses anteriores, de acordo com vários analistas militares, incluindo o
Deep State, um grupo ucraniano com laços estreitos com o Ministério da Defesa
da Ucrânia que monitora os movimentos da linha de frente, diz o FT.
Nas últimas três
semanas, as forças de Moscou libertaram rapidamente mais de duas dúzias de
cidades e vilas com resistência mínima, incluindo o antigo reduto de Niu Iork.
"A Ucrânia
comprometeu reservas para Kursk, deixando menos opções para tapar lacunas em
outros lugares. Algumas das brigadas mais experientes foram substituídas por
unidades mais novas e menos experientes", disse Rob Lee, pesquisador
sênior do Instituto de Pesquisa de Política Externa, ouvido pelo FT.
Soldados em unidades
de artilharia perto de Pokrovsk também destacaram um déficit de projéteis e uma
grande incompatibilidade no poder de fogo em comparação às forças russas.
"Nossos projéteis
estão acabando. Simplesmente não temos o suficiente", disse um comandante
de artilharia, observando que muitos recursos foram redirecionados para o
norte, para Kursk. Durante o mês passado, sua unidade teve um projétil para cada
seis a oito disparados pelos russos.
Stanislav Aseyev, um
jornalista e soldado ucraniano atualmente na frente oriental, alertou sobre a
possível "destruição de todo o grupo de forças do sul na região, não
apenas Pokrovsk".
"O que pode ser
feito por Pokrovsk?", Aseyev perguntou retoricamente. "Infelizmente,
a única opção é evacuar o máximo de pessoas possível. Acho que a cidade logo
deixará de existir", afirmou o soldado, citado pela mídia.
Durante uma coletiva
de imprensa em Kiev na terça-feira (27), Zelensky descreveu a situação na linha
de frente perto de Pokrovsk como "extremamente difícil", de acordo
com o FT.
Fonte: Viomundo/Sputnik
Brasil
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