Humanos são responsáveis pelo surgimento
acelerado de doenças zoonóticas
Quando navios
mercantes do Mar Negro atracaram em Messina, na região da Sicília, em outubro
de 1347, trouxeram uma carga fatal que mudaria o curso da história.
A maioria dos
marinheiros a bordo estavam mortos. Os poucos sobreviventes estavam cobertos de
pequenas feridas pretas que escorriam pus. Embora as autoridades rapidamente
tenham ordenado que todas as pessoas permanecessem a bordo dos “navios da
morte”, os ratos presentes no navio já haviam desembarcado. Os roedores e suas
pulgas estavam infectados pela Yersinia pestis, a bactéria que causa a peste
bubônica.
Nos cinco anos
seguintes, a peste bubônica assolou a Europa e causou a morte de 34 a 50
milhões de pessoas — o que representa entre um terço e metade da população da
época. Estudiosos da Universidade de Paris culparam uma assustadora “conjunção
tripla [astrológica] de Saturno, Júpiter e Marte” pela propagação da doença.
Quase sete séculos
depois de a peste bubônica ter atingido a Europa, outra pandemia está se
alastrando. Desta vez, os cientistas sabem que a pandemia é causada por um
vírus. Atualmente temos a moderna teoria dos germes e o sequenciamento genético
avançado, que são as ferramentas necessárias para estudar as fraquezas do vírus
e conter sua disseminação. No entanto, os registros atuais de mortos por
covid-19 ultrapassam 4,8 milhões de pessoas. Segundo especialistas, os números
reais são muito mais altos.
Surtos fatais e novas
doenças desafiaram a existência humana ao longo da história, impactando
profundamente a economia, a cultura e o comércio, levando líderes mundiais à
morte e derrubando impérios, observa David Morens, especialista em doenças
zoonóticas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados
Unidos. Grande parte dos vírus e bactérias que causaram esses surtos existiram
por milênios sem causar danos generalizados. O que mudou esse paradigma foi o
comportamento humano. “Poucas pessoas sabem que o sarampo, a peste e outras
doenças datam de milhares de anos e têm origens no período neolítico”, diz ele.
O crescimento da
população humana, a crescente globalização e os danos ambientais estão
acelerando os processos de zoonoses, explica William Karesh, vice-presidente
executivo da EcoHealth Alliance, uma organização sem fins lucrativos com sede
em Nova York que estuda zoonoses — doenças transmitidas de animais para
humanos. “As leis da biologia não mudaram, mas as condições para a transmissão
mudaram drasticamente”, afirma Karesh.
Como resultado, taxas
sem precedentes de doenças zoonóticas estão surgindo entre humanos, como vírus
de Marburg, gripe aviária, aids, síndrome respiratória aguda grave (SRAG),
vírus nipah, gripe suína, ebola, doença de Lyme, chikungunya, vírus zika, dengue,
febre de Lassa, febre amarela e, mais recentemente, a covid-19. Todo ano, cerca
de 2,5 bilhões de pessoas são infectadas por doenças zoonóticas. Como muitas
dessas doenças não têm cura, acarretam a morte de cerca de 2,7 milhões de
pessoas por ano, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças
dos Estados Unidos.
Ao contrário dos
séculos anteriores, em que a transmissão de doenças era mais lenta, hoje é
possível que um infectado embarque em um avião e transmita a doença pelo mundo
antes mesmo de apresentar sintomas. A covid-19 surgiu na China há apenas 21
meses e, desde então, já foram relatados casos de infecção em 223 países e
territórios. Os humanos também permitiram que carrapatos e mosquitos
transmissores de doenças expandissem suas áreas de distribuição por meio das
mudanças climáticas. Conforme o planeta aquece, esses insetos migram para novos
territórios.
O problema é que
esquecer as lições passadas de surtos de doenças se tornou recorrente na
história humana, afirma Morens. “Quase todos os especialistas que eu conheço
acreditam que isso vai continuar acontecendo porque o problema não são os
germes: o problema é o comportamento humano, certo?”
<><> A
revolução neolítica
Do ponto de vista de
um patógeno, o benefício de ter hospedeiros vulneráveis começou há 12 mil anos,
durante a Revolução Neolítica. Pequenos bandos de nômades que raramente entram
em contato com outras pessoas não podem gerar uma pandemia. Mas, assim que
caçadores-coletores mudaram seu meio de subsistência para a agricultura e se
reuniram em grandes assentamentos, os micróbios infecciosos evoluíram.
As condições para
infecções eram muito favoráveis. Os colonos compartilhavam a terra com espécies
de animais selvagens. Eles domesticaram lobos e, posteriormente, passaram a
realizar a pecuária de espécies como ovelhas selvagens, cabras e vacas; os
depósitos de grãos atraíram roedores infectados por pulgas e carrapatos; e a
água parada em poços e sistemas de irrigação propiciaram os mosquitos.
O contato próximo
entre esses seres ocasionou a troca de patógenos e parasitas, permitindo que
doenças zoonóticas transpusessem a divisão darwiniana entre animais e humanos.
Cerca de 60% das doenças que mais matam humanos têm origem animal, como a
varíola, a cólera e a gripe. “Algumas delas podem ter tido contato com humanos
diversas vezes antes de efetivamente causarem infecção”, diz Timothy Newfield,
professor da Universidade de Georgetown que estuda a história das epidemias.
Algumas doenças usam
“hospedeiros intermediários” como parte de sua transição entre as espécies. O
gado frequentemente papel é um intermediário entre animais selvagens e humanos.
Um exemplo é o vírus nipah, que foi transmitido de morcegos frugívoros selvagens
para porcos domesticados e posteriormente para humanos na Malásia, em 1998. O
gado às vezes se torna reservatório de doenças, como da tuberculose, que é
transmitida entre humanos e vacas, dentre os quais alguns indivíduos podem
abrigar a bactéria causadora da doença, permitindo que a tuberculose continue
sendo transmitida entre as espécies.
Ainda assim, uma série
de fatores devem ocorrer quando os patógenos encontram um novo hospedeiro,
explica Morens. O nível de contágio, a transmissibilidade da doença e a
disponibilidade de hospedeiros apropriados são fatores determinantes para que
uma doença se torne ou uma infecção inofensiva, como acontece com a maioria, ou
cause um surto alarmante.
<><> O
aumento dos surtos zoonóticos
Relatos históricos
indicam vestígios de pandemias antigas. Tabletes mesopotâmicos cuneiformes, os
mais antigos escritos do mundo, descrevem a praga e a peste que assolaram a
região em 2000 a.C. Nesses escritos, os causadores das doenças são deuses
furiosos ou, às vezes, demônios chamados de “a mão de um fantasma”, explica
Troels Pank Arbøll, assiriólogo da Universidade de Oxford. Conjunções
astrológicas relacionadas ao planeta Marte, que estava ligado ao deus assírio
da morte, poderiam prenunciar uma epidemia.
Os textos cuneiformes
descrevem como reverenciados curandeiros diagnosticavam os pacientes.
Exorcistas — ou médicos, sempre do sexo masculino — combinavam o exame físico
com as observações ambientais, que podiam se manifestar através de qualquer
coisa, desde uma porta rangendo na casa até o aparecimento de animais. O modo
como esses animais se moviam indicava seu impacto: se viessem da direita,
prenunciavam coisas boas; se viessem da esquerda, significava mau agouro, diz
Troels.
Depois os curandeiros
consultavam “oráculos” escritos para criar e administrar remédios à base de
ervas, que eles aplicavam como cataplasmas ou aplicavam no devido orifício do
corpo. Eles entoavam encantamentos e orações para apaziguar as divindades e dissipavam
ritualmente os sintomas, derretendo uma estatueta do paciente no fogo ou
jogando-a no rio.
A única advertência
contra doenças zoonóticas apresentada nos tabletes é sobre tomar cuidado com
cães raivosos. Mas existem outras evidências antigas. A varíola é descrita nos
primeiros escritos indianos, chineses e egípcios. Quando os arqueólogos descobriram
a múmia do antigo faraó egípcio Ramsés V, em 1898, encontraram sua pele cheia
de cicatrizes. A múmia de Ramsés V e outras duas múmias revelaram que a varíola
existe há pelo menos três mil anos. Os pesquisadores observam que a doença que
acometeu o faraó pode ter sido transmitida do vírus da varíola presente em
roedores; os quais também são reservatórios para a varíola bovina e a varíola
do camelo.
Uma das primeiras
pragas documentadas da história — a virulenta peste de Atenas — devastou a
Grécia antiga de 430 a 425 a.C. Com o crescimento de assentamentos e cidades,
infecções se tornaram mais comuns e as pessoas passaram a desenvolver
resistência às doenças locais. Depois disso, começaram a viajar, transmitindo
os germes involuntariamente pelo mundo antigo em um processo que Morens chama
de “poluição de patógenos”.
Acredita-se que a
peste de Atenas tenha chegado pelo transporte marítimo, assolando uma cidade
propícia para o contágio. Na época, Atenas estava envolvida em uma guerra com a
vizinha Esparta e a cidade estava repleta de refugiados.
O historiador
Tucídides viveu em Atenas durante a peste e detalhou vividamente os sintomas:
febre, boca sangrando, olhos vermelhos, tosse, vômito, disenteria e sede
insaciável. As peles ficavam avermelhadas e possuíam erupções e úlceras. A
maioria das pessoas morreu em uma semana. O sofrimento causado pela doença
“parecia quase além da capacidade da natureza humana de suportar”, escreveu
Tucídides em História da Guerra do Peloponeso.
Até mesmo os animais
necrófagos evitavam os cadáveres. Envolta em um espectro de morte, a cidade
mergulhou em uma “anarquia sem precedentes... a catástrofe foi tão avassaladora
que as pessoas, sem saber o que aconteceria a seguir, tornaram-se indiferentes
a todas as leis ou normas religiosas”, escreveu Tucídides.
Essa misteriosa peste
ainda não foi identificada, embora os especialistas sugiram que pode se tratar
de antraz, varíola, tifo ou qualquer uma de tantas doenças infecciosas. Seja lá
qual tenha sido a doença, a peste de Atenas aniquilou milhares de pessoas, e
uma Atenas enfraquecida foi derrotada por Esparta em 404 a.C.
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Alterando a história com surtos de doença
Nos séculos seguintes,
ondas devastadoras de peste bubônica, sarampo e varíola aniquilaram um grande
número de pessoas em três continentes.
“Isso mostra como o
mundo estava interligado há dois mil anos”, diz Lucie Laumonier, historiadora
da Universidade Concordia de Montreal. A Rota da Seda e os navios mercantes
ligavam a Europa ao norte da África e à Ásia, criando grandes oportunidades
para micróbios, alterando a história humana à sua própria maneira a cada surto.
Uma pandemia pode ter
acelerado a queda do Império Han em 160 d.C. Apenas cinco anos depois, os
exércitos romanos, retornando da Ásia Ocidental para Roma, trouxeram consigo
uma doença desconhecida que causou a peste antonina. Essa peste provocou a
morte do imperador Marco Aurélio e de outros cinco milhões de romanos,
devastando o império, impactando tanto os militares quanto a agricultura e
esvaziando os cofres do estado.
A praga de Justiniano
atingiu Constantinopla, atual Istambul, durante o século 6. Essa foi a primeira
de três pandemias de peste bubônica e pneumônica. Essas pandemias estão entre
os eventos biológicos mais fatais da humanidade, afirma Timothy Newfield, da
Universidade de Georgetown.
O historiador
Procópio, que narrou cuidadosamente o reinado do imperador Justiniano, escreveu
que “houve uma peste, pela qual toda a raça humana quase foi aniquilada”. O
historiador conta que essa peste veio do Egito, através do transporte de trigo
para Constantinopla. Esse cenário era possível: as remessas de grãos naquela
época poderiam transportar roedores e pulgas portadores de pragas.
Os exércitos mongóis
podem ter sido responsáveis pela pandemia de peste bubônica que se seguiu,
levando ratos infestados de pulgas da Ásia Central para a Ucrânia em 1346,
durante o cerco de Kaffa. Alguns historiadores acreditam que os mongóis
utilizaram uma estratégia de guerra biológica e catapultaram cadáveres
infectados sobre as muralhas da cidade para infectar os que estavam do outro
lado. No entanto, as evidências são limitadas e críticos questionam essa ideia.
De qualquer forma, os
sobreviventes fugiram, navegando do Mar Negro para Gênova e Messina trazendo a
peste bubônica com eles. Em três anos, a doença já havia chegado à Inglaterra,
Alemanha e Rússia.
Em 1348, o poeta
italiano Giovanni Boccaccio descreveu a peste bubônica como uma doença que “se
precipitaria sobre suas vítimas com a velocidade de um fogo que percorre
regiões secas ou substâncias inflamáveis... Abcessos, tanto na virilha quanto
sob as axilas... chegavam ao tamanho de uma maçã, outros do tamanho de um ovo.”
Esses bubões ficavam pretos e roxos e expeliam sangue e pus. As vítimas tremiam
de febre, sofriam com dores e problemas digestivos.
Para tentar curá-los,
os médicos praticavam sangria e vômito induzido. A maioria dos infectados
sucumbiu rapidamente. “A escala de mortalidade era diferente de tudo que
possamos imaginar”, diz Newfield.
A superstição
prevalecia. Algumas pessoas acreditavam que movimentos planetários, ar poluído
ou água envenenada poderiam ser a causa dessa pestilência fatal. Muitos
acreditavam que se tratava de um castigo de Deus. Outras pessoas culpavam
grupos minoritários, diversos deles foram expulsos, torturados ou mortos. “O
impulso para encontrar bodes expiatórios é muito, muito antigo”, comenta
Newfield.
Enquanto isso, ratos e
pulgas prosperavam em cidades sem coleta regular de lixo. Eles ficavam debaixo
de tapetes feitos de junco e mordiscavam as sobras que eram jogadas para cães e
gatos de estimação. O papel dos ratos na pandemia passou despercebido, assim
como os piolhos, que também podem ter sido portadores de doenças.
De volta à Ásia, a
praga matou cerca de 16 milhões de pessoas. Como as pandemias limitam as
viagens e o comércio, essa praga fez com que os mongóis perdessem o controle da
Pérsia e da China, o que acabou por dissipar o Império Mongol.
<><>
Antigas raízes da prevenção
O medo do contágio
durante o segundo surto de peste gerou medidas de prevenção que ainda são
praticadas atualmente.
Em 1377, no porto
veneziano de Ragusa (atual Dubrovnik, na Croácia), as autoridades abriram um
local fora da cidade para tratar os residentes doentes. Eles também isolaram
todos os navios e caravanas terrestres por 30 dias antes de permitir a entrada
de viajantes na cidade. Posteriormente, o isolamento se estendeu para 40 dias,
dando origem a “quarentena”. Essas medidas se tornaram os fundamentos do
distanciamento social preventivo medieval.
Ainda assim, a praga
se atenuou e se intensificou durante os 400 anos seguintes. Um surto agressivo
que ocorreu em 1664, em Londres, ficou famoso pelas “carroças de mortos”, que
passavam pelas ruas de paralelepípedos com os carroceiros gritando “tragam seus
mortos”, retratado na série televisiva Monty Python. A última das três
pandemias de peste bubônica começou na província chinesa de Yunan, por volta de
1855, e durou até 1960.
Foi durante esse
período, no ano de 1894, que o cientista suíço Alexandre Yersin descobriu a
causa bacteriana da doença. Quatro anos depois, Jean-Paul Simond rastreou a
transmissão da doença de roedores para pulgas e por conseguinte humanos. Quando
a peste bubônica cruzou o Pacífico e chegou a São Francisco, em 1900, as
autoridades ignoraram o que a ciência já havia revelado, colocando os
imigrantes asiáticos em quarentena.
Em 1897, os cientistas
desenvolveram um protótipo de vacina; uma versão mais eficaz surgiu em 1931, e
o tratamento com antibióticos se mostrou eficaz em 1947. Com essas ferramentas
em mãos, a peste em humanos pode ser controlada e grandes surtos são muito
menos prováveis. No entanto, essas bactérias ainda estão circulando na
natureza. A peste voltou às manchetes em agosto deste ano, depois de ser
detectada em esquilos no Lago Tahoe, no estado da Califórnia, forçando o
fechamento de alguns destinos turísticos.
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Surtos virais modernos
Vários outros vírus
também assolam a humanidade; a varíola está entre os mais fatais. Desde os
tempos do Antigo Egito, “o monstro salpicado” infectou o Velho Mundo, muitas
vezes deixando os sobreviventes com cicatrizes horríveis ou cegos. A doença
dizimou de 25% a 40% das vítimas, incluindo faraós, nobres e realeza: O
Imperador Shunzi da China (1661), a Rainha Maria II da Inglaterra (1694), o
Imperador dos Habsburgos Joseph I (1711), Czar Pedro II da Rússia (1730) e Luís
XV da França (1774), entre outros. Acredita-se que o imperador Komei, do Japão,
tenha sucumbido à varíola em 1867. A Rainha Elizabeth I da Inglaterra e o
presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, quase não sobreviveram à
infecção.
Em contrapartida, o
Novo Mundo se encontrava menos afetado por doenças pandêmicas, possivelmente
porque os povos indígenas da América domesticaram menos espécies de animais, o
que diminuía as chances de os germes se aproximarem dos humanos. Mas isso acabou
quando os conquistadores chegaram com os germes eurasianos pelo Atlântico. O
hueyzahautal — ou “grande erupção” — de varíola surgiu no México em 1520 e se
espalhou pela América do Sul, causando a morte de cerca de 3,5 milhões de
pessoas, incluindo o imperador asteca Cuitláhuac e o imperador inca Huayna
Capac. A doença ocasionou o colapso para ambos os impérios e facilitou as
conquistas espanholas.
“A era da exploração
pode ser mais apropriadamente chamada de era da devastação microbiana global”,
diz Morens.
De fato, um aumento
exponencial da população humana, que também começou por volta de 1500, trouxe
consigo um aumento acentuado de epidemias e pandemias perigosas.
Em 1793, o governo do
presidente George Washington enfrentou a “peste americana” — a febre amarela. O
país inteiro foi infectado pela doença durante os seis anos seguintes. Em 1832,
uma pandemia de cólera espalhou-se da Índia para a Europa, matando mais de 18
mil pessoas. A devastadora pandemia de gripe, que surgiu em 1918, ao final da
Primeira Guerra Mundial, causou a morte de pelo menos 50 milhões de pessoas em
todo o mundo. De 1900 até hoje, o mundo conheceu assassinos microbianos que vão
desde HIV, gripe suína H1N1, vírus zika e coronavírus infecciosos que ainda
estão causando problemas.
Ainda assim, não
existe uma estratégia global de prevenção de pandemias. Morens observa que,
desde o surgimento da covid-19, no fim de 2019, há muitas discussões sobre a
necessidade de maior vigilância, comunicação internacional e desenvolvimento de
vacinas. Mas ainda há poucos debates relacionados à redução das atividades
humanas que aumentam o risco de doenças perigosas, afirma Morens. Essas
atividades são, por exemplo, desmatamento, invasão de ecossistemas e consumo de
animais selvagens. Atividades como essas colocam a vida selvagem, o gado e os
humanos em contato próximo.
A cooperação global em
um esforço conjunto em prol da saúde de todos é necessária para prevenir a
próxima pandemia, diz Steve Osofsky, diretor do Centro Cornell de Saúde de Vida
Selvagem em Ithaca, Nova York. É uma perspectiva que “reconhece as relações entre
nossa própria saúde, a saúde dos animais domésticos e selvagens e como tudo
isso é sustentado pela gestão ambiental”, salienta ele. Osofsky acrescenta que
essa estrutura protegerá tanto os humanos quanto a natureza, mas exige a
colaboração de um amplo espectro de especialistas, desde médicos, veterinários,
epidemiologistas, zoólogos, líderes empresariais, povos indígenas até
profissionais da agricultura, saúde pública e meio ambiente. “A maneira como
tratamos a natureza tem influência direta em nosso futuro”, conclui Osofsky.
Fonte: National
Geographic Brasil
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