Refugiados
ucranianos na mira da centro-direita alemã
Os
partidos de centro-direita da Alemanha, que lideram as pesquisas de
popularidade, estão endurecendo seu posicionamento em relação aos refugiados
da guerra na Ucrânia, iniciada
com a invasão pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022. O líder da bancada
parlamentar da União Social Cristã (CSU), Alexander Dobrindt, pleiteia que quem
não encontrar emprego seja enviado de volta.
"Mais
de dois anos após o começo da guerra, deve se aplicar o princípio: encontrem
trabalho na Alemanha ou retornem às áreas seguras no oeste da Ucrânia",
comentou ao tabloide Bild. Em sua coletiva de imprensa regular
desta segunda-feira (24/06), o Ministério alemão das Relações Exteriores
respondeu: não há zonas seguras na Ucrânia.
Embora
a alegação tenha sido repetidamente refutada por especialistas em migração,
Dobrindt insistiu que a concessão do bürgergeld (renda cidadã)
vem desencorajando os ucranianos de procurar emprego: "Precisamos de
pressões mais fortes para os requerentes de asilo cooperarem, quando se trata
de aceitar trabalho."
O
argumento já fora levantado pela irmã maior da CSU, a União Democrática Cristã
(CDU) e em seguida pela menor legenda da coalizão de governo em Berlim, o
neoliberal Partido Liberal Democrático (FDP).
"Refugiados
recém-chegados da Ucrânia não deveriam mais receber renda cidadã, mas ser
colocados sob a Lei de Benefícios para Requerentes de Asilo", reivindicou
em 17 de junho, no Bild, o secretário-geral do FDP, Bijan
Djir-Sarai. Isso forçaria os ucranianos a procurarem emprego, afirmou.
"Temos
falta de mão de obra por toda parte – nos setores de restaurantes e de
construção, por exemplo, ou no de cuidados de saúde. Não
devíamos estar mais usando o dinheiro dos contribuintes para financiar
desemprego, mas sim assegurar que as pessoas consigam emprego."
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"Desertores" ucranianos na mira
de neoliberais e conservadores alemães
O
presidente do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), Marcel Fratzscher,
descarta as exigências do FDP como "populismo descarado":
"Ninguém vai estar melhor, ninguém vai ter um só euro a mais, se a
Alemanha tratar mal os refugiados e cortar seus benefícios", afirmou à
rede jornalística RND.
As
demais siglas da coalizão governamental, Partido Social-Democrata (SPD) e
Verde, rejeitaram a sugestão do FDP, mas ela foi imediatamente acolhida pela
conservadora CDU, antiga parceira dos neoliberais em governos anteriores.
"Não
faz sentido falar de apoiar a Ucrânia do melhor modo possível e, ao mesmo
tempo, pagar por ucranianos que desertaram de seu país", comentou o
secretário do Interior do estado de Brandemburgo, o democrata-cristão Michael
Stübgen, à RND.
Segundo
dados oficiais de março de 2024, cerca de 1,3 milhão de cidadãos ucranianos vivem atualmente na Alemanha. A maioria são mulheres e
crianças, mas 260 mil são homens entre os 18 e 60 anos de idade.
Os
porta-vozes de Berlim se apressaram em esclarecer que o posicionamento do FDP
não refletia o do chanceler federal Olaf Scholz, assegurando que não há
qualquer plano para modificar a assistência concedida aos refugiados
ucranianos. Na realidade, apenas na semana anterior, os secretários do Interior
da União Europeia haviam acordado em prorrogar até 2026 a proteção especial a
esse grupo de migrantes.
Esse
status poupa os ucranianos de atravessarem um longo processo de solicitação de
asilo ao chegarem. Eles ficam livres para escolher seu local de residência e
têm direito imediato a educação, permissão de trabalho e benefícios sociais –
caso sua renda ou eventuais bens não bastem para lhes custear a subsistência.
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Ajuda de médio prazo vital para quem chega
O
ucraniano Alexander (nome alterado), de 37 anos, recebeu durante cerca de um
ano bürgergeld em Berlim. Ele diz compreender o sentimento por
trás das reivindicações do FDP e da CDU, porém o benefício foi vital em
ajudá-lo a encontrar equilíbrio, num período muito sombrio de sua vida.
"Quando
cheguei aqui, eu estava totalmente perdido, perdido mentalmente. Aí nos fomos
até a Central de Trabalho e recebemos os pagamentos, tínhamos o apoio deles. No
meu caso, tudo correu bem tranquilo."
Alexander
tinha uma carreira bem-sucedida como produtor musical e designer de som em seu
país. Paralelamente à renda cidadã – atualmente de 563 euros por mês para
solteiros – recebeu aconselhamento profissional e ajuda para encontrar um curso
de idioma alemão. Dentro de um ano, não mais precisava do auxílio estatal. Sob
a Lei de Benefícios para Requerentes de Asilo, ele teria apenas direito a 354
euros mensais, sem acesso à Central de Trabalho.
A
história de Alexander não é única, como mostraram análises realizadas por
Kseniia Gatskova, do Instituto de Pesquisa Trabalhista (IAB), que coordenou um
estudo de longo prazo com refugiados de guerra ucranianos na Alemanha.
"Claro que a renda cidadã é importante, ela permite dar conta da vida
quotidiana. Mas integração significa muito mais: os refugiados necessitam
medidas abrangentes de integração, como cursos de língua e orientação
profissional."
Em
março de 2024 a Agência Federal do Trabalho contava mais de 700 mil
ucranianos recebendo benefícios-desemprego básicos. Entre eles, 501 mil
classificados como aptos ao trabalho, e 217 mil inaptos, a maioria,
crianças. Cerca de 185 mil ucranianos tinham emprego remunerado e
contribuíam para a seguridade social.
Em
outubro, um estudo da Fundação Friedrich Ebert revelou que a integração dos
refugiados ucranianos no mercado de trabalho alemão estava atrás da de outros
países da UE: enquanto apenas 18% haviam encontrado emprego na Alemanha, na
Polônia, República Tcheca e Dinamarca a marca era de 66% ou mais.
Ainda
assim, nos últimos dois anos aumentou a velocidade com que os ucranianos
encontram ocupação na Alemanha, frisa Gatskova: "Eles são muito dispostos
a se integrar no mercado de trabalho, mais de 90% dos refugiados quer trabalhar
na Alemanha." Contudo: "Como é que as pessoas vão poder se financiar,
num período em que ainda não aprenderam o idioma alemão, suas qualificações não
foram reconhecidas e ainda não encontraram um emprego?"
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Nem todo ucraniano quer ir para a guerra
Com
o envelhecimento progressivo de sua população, a Alemanha vem se tornando cada
vez mais dependente de mão de obra estrangeira em diversos setores. Mas o que
incomoda muitos críticos é o fato de tantos refugiados da Ucrânia, como
Alexander, estarem em idade de lutar na guerra contra a Rússia. A verdade
incômoda, entretanto, é que muitos ucranianos não querem lutar.
"É
muito diferente o modo como a gente percebe a guerra aqui, e como um cara de um
país onde há guerra percebe", frisa Alexander. "Acho que, se um país
promete ajuda, ele precisa ajudar as pessoas. Eu me sinto em dívida com a
Alemanha e estou realmente grato, e vou retribuir com os meus impostos."
"Acho
bastante bom sustentar quem vem para um país por um ou dois anos, é um
investimento em mão de obra futura, vai ajudar o seu país a crescer",
prossegue o produtor. "Outra questão é: como sustentar essa gente? Para
mim, deveria ser um, dois, três anos no máximo."
Assim
como outros especialistas, Gatskova está convencida de que o sistema precisa de
uma reforma para ajudar mais refugiados a encontrarem emprego, sejam ucranianos
ou não: "Não estamos pedindo a remoção das barreiras institucionais para
integração ao mercado de trabalho. Os processos de asilo, proibição de trabalho
e restrições de mobilidade mais prolongados têm impacto negativo sobre a
integração."
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Ala jovem da AfD
impulsiona radicalização do partido
Anna
Leisten é jovem, alegre... e radical – pelo menos nas muitas fotos de sua conta
no Instagram, onde se apresenta como alguém que passou de "gracinha de
cabelos trançados" a "soldada de ferro". Ela é um dos rostos
conhecidos da Alternativa Jovem (JA), a juventude partidária do
ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD).
Entre
as inofensivas fotos, a natural de Brandemburgo e copresidente da JA, de 23
anos, insere suas mensagens políticas. Como a "saudação do white
power" da direita radical e dos meios neonazistas, que Brenton
Tarrant, o autor do atentado de 2019 à mesquita de Christchurch, na Nova Zelândia, ostentou no tribunal.
Em
uma das postagens, Leisten olha com admiração para Götz Kubitschek, um dos mais
importantes extremistas de direita alemães,
que sonha com uma "revolução conservadora" antidemocrática. Em outra,
com um olhar que denota exaustão, ela é vista se arrastando entre a lama e o
arame farpado, com a legenda: "Campo de treinamento Front Leste
2025". A Alternativa Jovem sonha protagonizar uma guerra.
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Ala jovem como motor central da radicalização da AfD
Leisten
encarna perfeitamente os ideais de sua organização, que exige uma mudança
sistêmica radical na Alemanha em que, dentro do possível, todos aqueles
classificados como "etnicamente alienígenas" devem ser excluídos. É
por isso que, numa decisão de 5 de fevereiro de 2024, o Tribunal Administrativo
de Colônia julgou que: "Nessa questão, trata-se de uma aspiração
seguramente extremista da Jovem Alternativa."
O
conceito étnico de povo da JA infringe o Artigo 1º da Lei Fundamental alemã:
"A dignidade humana é inviolável". Além disso, o grupo faz campanha
contra muçulmanos, requerentes de asilo e migrantes: "Imigrantes são
designados, em geral, como parasitas e criminosos, ou degradados de outro
modo", constata o tribunal.
Anna-Sophie
Heinze, da Universidade de Trier, é autora de um estudo abrangente sobre a JA.
Ela explica que, ao longo dos anos, as ligações entre o partido e seu braço
jovem se tornaram cada vez mais estreitas. "No geral, a Alternativa Jovem
é um importante celeiro de quadros e de ideias para a AfD. A juventude não só
mobiliza para a legenda durante as campanhas eleitorais, como também mostra uma
presença midiática forte", ao ponto de ser "o motor central de
uma radicalização da AfD".
parlamentos
do país. Um deles é o deputado no Bundestag (câmara baixa do parlamento
federal) Matthias Helferich, natural de Dortmund, na zona industrial do Vale do
Ruhr.
Em
chats privados ele já se definiu como "o rosto simpático do nacional-socialismo" – ou seja, do partido que, sob seu autodenominado
"Führer" Adolf
Hitler, organizou o assassinato
de milhões de judeus europeus. Nos
eventos da Alternativa Jovem, Helferich é celebrado como "futuro ministro
da remigração",
o homem destinado a organizar a deportação em massa de pessoas tidas como indesejadas.
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Perigo de expor lacunas na democracia resiliente
A AfD não vive seu melhor momento:
reportagens sobre os planos de deportação dos ultradireitistas desencadearam
uma onda de protestos ímpar, com a participação de centenas de milhares de
cidadãos.
No
entanto, isso não bastou para moderar extremistas como o porta-voz da JA,
Hannes Gnauck – pelo contrário. Também deputado da AfD no Bundestag, ele é
primeiro-sargento da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, mas
foi dispensado do Serviço de Contrainteligência Militar por falta de lealdade à
Constituição
"A
luta contra a direita é só um pretexto: na verdade, trata-se de uma luta contra
nós, contra o povo alemão", declarou, no fim de janeiro, em um vídeo
postado no canal da Alternativa Jovem no YouTube. À reprovação
pública das forças radicais da JA e da AfD, ele reagiu pedindo
coesão: "Devemos desenvolver uma mentalidade onde a gente diz que um
ataque a cada um que lute pela causa é um ataque contra todos nós."
A
coesão parece funcionar bem: radicais como Anna Leisten até foram advertidos
por suas "saudações de white power" neonazistas, mas sem
maiores consequências, até agora. E diversos líderes do partido se solidarizam
com a ala juvenil – um sinal da radicalização da legenda como um todo.
A
avaliação jurídica de que a Alternativa Jovem é "com certeza
extremista" deu novo fôlego ao debate sobre uma proibição.
Implementá-la seria relativamente fácil, já que, apesar de ser parte da AfD, a
JA é apenas uma associação. Portanto, bastaria uma portaria do Ministério do
Interior para proibi-la – enquanto para um partido é necessária uma decisão
judicial.
Para
diversos juristas alemães, valeria a pena considerar um processo de
proibição, mas há ressalvas. A especialista em direito constitucional Kathrin
Groh observa, num artigo para o conceituado blog jurídico
Verfassungsblog: "Como tiro de advertência para a AfD, faz muito sentido
concentrar-se inicialmente em sua organização juvenil e proibi-la enquanto
associação."
No
entanto, o prejuízo para a legenda-matriz seria tão grande, que esta poderia
recorrer da decisão, e com perspectivas bastante boas de sucesso: "Se a
proibição fracassa [...], não só se serve à narrativa de vítima da AfD, como
fica exposta uma lacuna sensível no instrumentário da democracia
resiliente", explica Groh.
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Crimes contra
muçulmanos mais que dobraram em 2023, na Alemanha
A
organização Claim, que atua contra a islamofobia e a discriminação a
muçulmanos, informou nesta segunda-feira (24/06) que os crimes com essas
motivações mais do que dobraram na Alemanha no ano passado.
O
grupo disse ter registrado um total de 1.926 casos, ou seja, pouco mais de
cinco por dia, em média, o que gerou um aumento de cerca de 114% em
relação a 2022.
"O
racismo contra muçulmanos nunca foi tão aceito socialmente como hoje e vem do
centro da sociedade", afirmou a diretora da organização, Rima Hanano.
O
título do relatório ironiza o primeiro artigo da Lei Fundamental, que
completou 75 anos no dia 23 de maio e que afirma que a dignidade humana é
"inviolável", dizendo, em vez disso, que ela
é "violável".
A
Claim compilou a lista usando diferentes fontes, a exemplo da comunicação feita
pelas próprias forças policiais alemãs.
Os
crimes mais comuns foram ataques verbais ou insultos, principalmente contra
mulheres, seguidos por casos de discriminação, além de ameaças e coerção. Em
178 casos, pouco menos de um em cada 10, foram documentados danos físicos. A
contagem da Claim também incluiu quatro tentativas de homicídio e cinco casos
de incêndio criminoso.
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Conflito israelo-palestino causou impacto
A
organização informou que houve um aumento considerável nos crimes contra
muçulmanos na Alemanha após o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro.
Os números
também apontam que os crimes com motivações antissemitas mais do que
dobraram em 2023, impulsionados principalmente a partir do dia 7 de
outubro, com mais de 60% dos casos do ano ocorrendo após essa data.
O
relatório sobre crimes islamofóbicos na Alemanha é o segundo do gênero
publicado pelo grupo Claim. Este ano, ele está sendo lançado juntamente com uma
campanha para aumentar a conscientização da sociedade em relação ao tema,
tendo apoio de autoridades, acadêmicos e políticos alemães.
"As
ruas, os ônibus ou as mesquitas não são mais lugares seguros para pessoas que
são muçulmanas ou que são vistas como tal", concluiu Hanano.
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Alemanha tem mais
casos de radicalismo islâmico nas escolas
A
guerra na Faixa de Gaza tem
provocado o aumento dos casos de extremismo também nas escolas de Alemanha, com
ameaças de bomba e de ataques armados, bem como episódios de antissemitismo, aponta
um levantamento da emissora pública alemã SWR junto aos ministérios estaduais
de educação do país.
No
estado de Hessen, houve 15 registros do tipo desde 2018, sendo que 14 ocorreram
em 2023 e 11 foram relacionados ao ataque terrorista cometido pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro daquele ano. Do total de
casos, seis eram ameaças anônimas de bombas em escolas.
No
estado da Renânia-Palatinado, o Ministério da Educação afirma que não houve
aumento dos casos de radicalismo islâmico, mas cita ameaças de ataques armados
relacionados ao conflito no Oriente Médio.
Autoridades
do estado de Schleswig-Holstein mencionam uma "leve tendência maior a
atividades islamistas no contexto escolar". Já Berlim confirma que houve
um aumento da tensão nas escolas logo após o início da guerra Israel-Hamas, mas que
a situação teria "se tranquilizado".
Nem
todos estados forneceram informações. Alguns disseram não contabilizar casos de
radicalismo islâmico, enquanto outros afirmaram ter observado alguns episódios
de radicalização de estudantes.
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Aumento no número de crimes de motivação antissemita
A
violência nas escolas espelha as estatísticas nacionais, que apontaram aumento
no número de crimes de motivação antissemita associados ao conflito
israelo-palestino desde a guerra Israel-Hamas. Enquanto em 2022 eram 61 casos,
em 2023 esse número passou a 4.368, sendo que mais da metade foram registrados
após o 7 de outubro.
Professores
e assistentes sociais alertam que os jovens são vulneráveis ao islamismo e
relatam casos de estudantes que se referem ao Hamas como um "movimento
emancipatório" e defendem salas de aulas separadas para meninos e meninas.
Uma
ex-professora da Renânia do Norte-Vestfália disse ter ouvido de estudantes que
meninas não deveriam ter aulas de natação, e que a partir de uma determinada
idade elas deveriam ficar em casa e se preparar para a vida de mulher casada.
Outro teria se negado a falar com um colega por ele ser "cristão".
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Influencers surfam no conflito
Influencers
e líderes religiosos também têm se aproveitado do conflito para disseminar
ideologias radicais entre os jovens – um perigo que foi confirmado à SWR por um
representante do Departamento de Proteção da Constituição em Baden-Württemberg,
o serviço de inteligência doméstico: "O potencial perigo que
influencers islamistas representam para
jovens que estão nas redes sociais é alto", afirma Martin Horbach.
Um
experimento realizado pela emissora junto com o especialista em prevenção da
violência Navid Wali mostrou que jovens que consomem conteúdo religioso
islâmico acabam sendo expostos muito rapidamente a atores e ideologias
radicais.
Um
deles é o Muslim Interkativ, grupo que organizou protestos na primavera deste
ano pedindo abertamente a criação de um califado na Alemanha – forma monárquica
de governo baseada em preceitos do islã e na aplicação da sharia, a lei
islâmica. Esse mesmo grupo está presente nas redes sociais com conteúdos de
linguagem pop e jovem.
Wali
atribui o problema da vulnerabilidade da juventude a esse tipo de conteúdo à
falta de educação nas escolas para o consumo e uso responsável de informações e
dos meios de comunicação.
Alta
funcionária do Ministério da Educação, Cultura e Esporte em Baden-Württemberg,
Sandra Boser rebate que a escola é importante, mas não dá conta de resolver o
problema sozinha. "A escola com certeza não tem como assumir tudo. As
associações [da sociedade civil] são tão importantes quantos as escolas e a
própria casa."
Fonte:
Deutsche Welle
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