Vereador
oriundo do MBL que perseguiu Padre Júlio Lancellotti quer proibir doação de
comida à população de rua
A
Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quinta-feira (27) um projeto do
vereador Rubinho Nunes (União) que impõe multas de até R$ 17 mil para quem doar
alimentos à população em situação de rua. A punição viria contra o
descumprimento dos requisitos determinados pelo texto para que as doações
ocorram.
"O
objetivo do projeto é garantir protocolos de segurança alimentar na
distribuição, prestigiando a higiene e acolhimento das pessoas vulneráveis
durante a alimentação. O projeto também otimiza a assistência, pois evita
desperdício e a venda de marmitas para compra de drogas devido à distribuição
concentrada, o que prejudica a ajuda a pessoas em regiões mais afastadas da
cidade”, disse o vereador em nota divulgada para a imprensa que, segundo ele,
“interpretou mal o texto”.
Segundo
o projeto, uma pessoa física só poderá organizar e fazer as doações se tiver a
autorização da Secretaria Municipal de Subprefeituras, da Secretaria Municipal
de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) e cadastro de todos os
voluntários na Smads. Além disso, estará responsável pela limpeza da área usada
para a distribuição de alimentos, além de disponibilizar tendas, mesas,
cadeiras, talheres, guardanapos e “demais ferramentas necessárias”.
As
ONGs, por sua vez, terão ainda mais entraves burocráticos, além dos previstos
para pessoas físicas, para realizar as ações. Precisarão ter a razão social
registrada e reconhecida pelos órgãos competentes municipais, apresentar
documento com informações sobre os quadros administrativos (com nomes, cargos e
comprovações de identidade) e cadastros atualizados na Smads de voluntários e
beneficiários, além de maiores exigências na apresentação da documentação da
entidade.
Em
ambos os casos, os locais de distribuição ainda precisarão passar por vistoria
da Vigilância Sanitária. Oriundo do MBL e famoso pela recente perseguição ao
Padre Júlio Lancellotti, Rubinho Nunes alega que pretende estabelecer
“protocolos de segurança alimentar”. Mas, na prática, só está criando maiores
entraves para que a população mais pauperizada tenha acesso à comida e
desestimulando a cidadania que se organiza para atender essa população.
Aprovado
em primeira votação na Câmara Municipal, o texto ainda precisa passar por uma
segunda votação antes de ir para a análise do prefeito Ricardo Nunes (MDB), de
quem Rubinho Nunes é aliado. A oposição promete trabalhar para barrar o
projeto.
• ONGs e entidades
de direitos humanos protestam contra o projeto
Entrevistados
pelo g1, Thiago Branco e Christian Braga, fundadores das ONGs Mãos na Massa e
Instituto GAS, entraram em consenso. Os dois avaliam que o projeto de lei
mostra o “desconhecimento do vereador” sobre a realidade da “população
vulnerável da cidade”.
“Centenas
de entidades fazem o trabalho que a prefeitura deveria fazer, mantendo essas
pessoas vivas, alimentadas e protegidas do frio. São grupos de voluntários.
Muitas dessas ONGs são formalizadas, mas muitas não são, justamente por se
tratar de projetos formados por cidadãos que atuam onde o Estado falha”,
disseram.
Eles
também questionam como ficam as ações emergenciais, como a distribuição de
agasalhos no inverno, se precisam de autorizações oficiais que podem não chegar
a tempo. A principal crítica ficou por conta da multa de R$ 17 mil que,
aplicada a organizações sem fins lucrativos, é classificada como um “disparate
à humanidade e ao bom senso” e comprova que “o parlamentar só tem o objetivo de
impedir o socorro humanitário a pessoas que ele, como representante do povo,
deveria se importar”.
¨
Ricardo Nunes comanda
bancada que aprovou projeto
A
base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Câmara Municipal de São Paulo aprovou na última quarta-feira (16) o Projeto de Lei 445/2023, conhecido como PL da Fome, em apenas 24 segundos. O texto impõe multas de até R$ 17 mil
para quem doar alimentos à população em situação de rua, em punição que viria
contra o descumprimento dos requisitos determinados pelo projeto para que as
doações ocorram.
A
aprovação à jato ocorreu por conta de um acordo entre os vereadores que
pretendia desafogar uma série de votações. O problema é que entre essas
votações estava o lamentável projeto de autoria do vereador Rubinho Nunes (União), que recentemente conquistou holofotes por usar a tribuna para
perseguir o padre Júlio Lancellotti e o seu trabalho de apoio à população de
rua de São Paulo.
É
importante frisar que as bancadas do PT e do Psol foram contrárias ao acordão
que permitiu a aprovação por votação simbólica, em menos de um minuto, do PL da
Fome. No entanto, as bancadas somadas contam com 14 vereadores dos 55 que
ocupam as cadeiras da Câmara Municipal paulistana.
São
eles: Alessandro Guedes (PT), Arselino Tatto (PT), Celso Giannazi (Psol),
Elaine do Quilombo Periférico (Psol), Helio Rodrigues (PT), Jair Tatto (PT),
João Ananias (PT), Jussara Basso (Psol), Luana Alves (Psol), Luna Zarattini
(PT), Manoel del Rio (PT), Toninho Véspoli (Psol), Senival Moura (PT) e Silvia
da Bancada Feminista (Psol).
Segundo
as informações que constam, foram apenas esses os vereadores que se opuseram.
Os parlamentares de todos os outros partidos aceitaram o acordo que passou o PL
da Fome e uma série de outras votações de forma simbólica, em processo de
articulação política capitaneado pelo prefeito Ricardo Nunes e sua base à
semelhança do que ocorreu na privatização da Sabesp..
O
prefeito ainda não se pronunciou diretamente sobre o projeto e a Prefeitura
limitou-se a soltar uma nota na imprensa informando que se ocupará do texto
somente quando ele chegar ao gabinete de Ricardo Nunes para ser sancionado.
Nos
meios de comunicação hereditários o texto é rejeitado, mas seu autor acaba
escondido nos parágrafos finais das reportagens. É ano eleitoral e o
parlamentar faz parte da base aliada do atual prefeito, que tentará a
reeleição.
<><> Veja a lista dos vereadores que assinaram o
acordo direta ou indiretamente
- Adilson Amadeu - União Brasil
- André Santos – Republicanos
- Atilio Francisco – Republicanos
- Aurélio Nomura – PSDB
- Beto do Social – PSDB
- Bombeiro Major Palumbo – PP
- Camilo Cristófaro – Avante
- Coronel Salles – PSD
- Cris Monteiro – NOVO
- Danilo do Posto de Saúde – PODE
- Dr. Nunes Peixeiro – MDB
- Dr. Sidney Cruz – Solidariedade
- Dra. Sandra Tadeu - União Brasil
- Edir Sales – PSD
- Eli Corrêa - União Brasil
- Eliseu Gabriel – PSB
- Ely Teruel – PODE
- Fabio Riva – PSDB
- Fernando Holiday – NOVO
- George Hato – MDB
- Gilson Barreto – PSDB
- Isac Félix – PL
- Janaina Lima – MDB
- João Jorge – PSDB
- Jorge Wilson Filho – Republicanos
- Marcelo Messias – MDB
- Marlon Luz – MDB
- Milton Ferreira – PODE
- Milton Leite - União Brasil
- Missionário José Olimpio – PL
- Paulo Frange – PTB
- Rinaldi Digilio - União Brasil
- Roberto Trípoli – PV
- Rodolfo Despachante – PSC
- Rodrigo Goulart – PSD
- Rubinho Nunes - União Brasil
- Rute Costa – PSDB
- Sandra Santana – PSDB
- Sansão Pereira – Republicanos
- Thammy Miranda – PL
- Xexéu Trípoli - PSDB
<><> Após repercussão negativa, Ricardo Nunes recua
em projeto de multa para doação de alimentos em São Paulo
O
prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que vetará o polêmico
projeto de lei que prevê multas para quem doar alimentos a pessoas em situação
de vulnerabilidade na cidade.
A
proposta, aprovada em primeira votação na Câmara Municipal, causou grande
repercussão negativa, o que levou o prefeito a reconsiderar sua posição.
O
projeto, de autoria do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), estipula uma
série de regras rigorosas para a doação de alimentos, incluindo a necessidade
de cadastro e autorização prévia da prefeitura da capital paulista.
Além
disso, prevê multas de até R$ 17.680 para organizações não governamentais
(ONGs) e pessoas físicas que não cumprirem essas exigências. O objetivo
declarado é garantir a segurança e o bem-estar dos beneficiários, mas a medida
gerou críticas por sua rigidez.
Ao
jornal Folha de S.Paulo, Nunes declarou que vetará a proposta.
"Lá
na Câmara tem uma cultura de aprovar tudo em primeira votação e fazer uma
discussão maior na segunda. Acho que não passa em segunda. Mas se passar, vou
vetar."
A
rápida articulação dos aliados de Nunes na Câmara para barrar o projeto é vista
como um reflexo do impacto negativo que a proposta teve na opinião pública, em
meio ao cenário de disputa eleitoral na maior cidade da América Latina.
A
tentativa de regulamentar as doações é vista como uma medida insensível em meio
à crescente crise de vulnerabilidade social na cidade.
A
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, por exemplo, declarou que o
projeto de lei é inconstitucional.
¨
Padre Julio rebate
projeto de fundador do MBL que dificulta doação de comida aos pobres
Em
vídeo publicado nas redes sociais na manhã desta sexta-feira (28), Padre Júlio Lancellotti se
posiciona contra o projeto de lei PL 445/2023, proposto pelo
fundador do Movimento Brasil Livre (MBL) Rubinho Nunes, também
conhecido por perseguir o pároco - que visa multar quem doar alimentos para
pessoas em situação de rua em São Paulo.
Com
uma cesta de pães sendo distribuídos a pessoas em vulnerabilidade social
no vídeo, o religioso lembra o ensinamento de Jesus.
“Partilhar alimento e partilhar o pão é como Jesus fazia e como
Jesus ensinou. O pão é para ser partilhado, porque pão partilhado tem gosto de
amor e não de multa; Nós queremos pães para todos. Pão como direito, pão como
vida. Pão partilhado”
Em
outra postagem, o padre havia compartilhado uma imagem de Santa Dulce
dos Pobres e Santa Teresa de Calcutá, ambas conhecidas por suas ações de
caridade. Na legenda, ele escreveu: “Se elas vivessem hoje em São
Paulo… Poderiam ser multadas por alimentar os famintos".
·
Projeto aprovado em 34s
Em
apenas 24 segundos, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta
quinta-feira (27) o projeto do vereador Rubinho Nunes (União) que impõe multas de até R$ 17 mil para quem
doar alimentos à população em situação de rua. A punição viria contra o
descumprimento dos requisitos determinados pelo texto para que as doações
ocorram.
"O
objetivo do projeto é garantir protocolos de segurança alimentar na
distribuição, prestigiando a higiene e acolhimento das pessoas vulneráveis
durante a alimentação. O projeto também otimiza a assistência, pois evita
desperdício e a venda de marmitas para compra de drogas devido à distribuição
concentrada, o que prejudica a ajuda a pessoas em regiões mais afastadas da
cidade”, disse o vereador em nota divulgada para a imprensa que, segundo ele,
“interpretou mal o texto”.
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A cruzada de Rubinho
Nunes
A Polícia Civil de São Paulo instaurou um
inquérito para investigar o vereador Rubinho Nunes por abuso de autoridade. O bolsonarista, um dos fundadores do grupo de extrema direita
Movimento Brasil Livre (MBL), é acusado de utilizar suas prerrogativas de
parlamentar municipal para perseguir o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do
Povo da Rua.
No
início deste ano, Nunes tentou, por mais de uma vez, abrir Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPIs) que tinham por objetivo criminalizar o
trabalho do pároco junto a pessoas em situação de rua e dependentes químicos.
Nesta empreitada de abrir a investigação, o vereador fez uma série de acusações
contra Lancellotti, entre elas a de que o religioso teria cometido crimes
sexuais.
Nenhum
pedido de criação de CPI foi para frente, mas Rubinho Nunes seguiu
permanentemente atacando Júlio Lancellotti através das redes sociais e
incitando uma horda de extremistas a fazer o mesmo. O religioso, inclusive, já
foi alvo de inúmeras ameaças, inclusive de morte.
Ao
instaurar inquérito para investigar o vereador bolsonarista, a Polícia Civil
atendeu a um pedido do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que acatou
um pedido do Instituto Padre Ticão, que havia entrado com uma
notícia-crime contra Rubinho Nunes por abuso de autoridade.
"Ele [Rubinho Nunes] usa de uma prerrogativa muito
importante e muito cara ao poder Legislativo, que é a instauração de CPI, para
banalizá-la. E é contra um padre defensor de direitos humanos que é idoso, o
que também é um agravante. Não é porque tem uma pessoa tem uma prerrogativa ou
um direito que ela pode sair exercendo de qualquer forma. Usar o expediente de
uma CPI contra um CPF, um destinatário certo, está fora do objetivo da coisa. A
nosso ver, a intenção é conseguir voto e visibilidade em um ano eleitoral",
disse ao jornal Folha de S. Paulo o advogado André Jorgetto, que
representa o Instituto Padre Ticão.
Segundo
o promotor Paulo Henrique Castex, a Polícia Civil foi acionada para abrir o
inquérito contra Rubinho Nunes pois "o caso merece ser melhor esclarecido,
para apurar se houve conduta com repercussão criminal".
Em
publicação nas redes sociais, Rubinho Nunes afirmou que o inquérito policial
que pesa contra ele é uma "tentativa bizarra de intimidação para acobertar
tanto o Sr. Lancelotti quanto as ONGs que atuam na região central e lucram com
a miséria".
"Vou estudar uma Representação Criminal contra os
responsáveis pelo instituto por Denunciação Caluniosa Eleitoral, haja vista que
aguardaram a eleição se avizinhar para apresentar a estapafúrdia
denúncia", escreveu ainda.
Fonte:
Fórum/Sputnik Brasil
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