As greves,
os movimentos sociais e o Estado no Brasil
Os
gráficos do Dieese sobre número de horas e dias parados entre 1983-2023 revelam
quarenta anos de história dos movimentos sociais e populares no Brasi. São
extremamente úteis para indicar a centralidade que o seu ativismo assume no
país ao condicionar as estratégias de acumulação das classes dominantes a
partir das respostas que lhe dão. Tais respostas marcam pontos de inflexão,
mudanças no padrão de acumulação e nos arranjos entre o Estado e as frações
dominantes do capital que se estabelecem como reação aos momentos mais agudos
das mobilizações populares.
Os
gráficos indicam tanto o caráter acelerado, vertiginoso e concentrado do avanço
da consciência popular, que se traduz na conexão entre as reivindicações
econômicas e políticas e em formulações de mudanças substantivas nas políticas
de Estado, como a sua brusca interrupção, provocada pela ação efetiva das
frações dominantes do grande capital para destruí-la, produzindo grande
regressão e flutuação, ao atingir suas bases sociais de organização,
suprimindo-as parcialmente. Isso denota
que a consciência política e ideológica, antes que individual, é um produto
coletivo da práxis social. Esta por sua vez é condicionada pelo desenvolvimento
e descontinuidades dos padrões de acumulação de capital e sua articulação com o
Estado. No fomento às ondas de protestos sociais há uma dinâmica material,
oriunda do próprio movimento do capital e seus processos de acumulação, outra
procedente da ação consciente e capacidade de organização das classes populares
e uma dimensão referente à interação dinâmica de seus vários segmentos. Rosa
Luxemburgo e Lênin abordaram extensamente essas questões, dedicando-se Rosa
Luxemburgo à primeira e à terceira dimensão, e Lênin à segunda, dando
centralidade ao papel do partido político. A resistência das classes dominantes
brasileiras a formas estáveis de avanço de consciência popular e o seu caráter
acelerado abrupto, descontínuo e flutuante demonstram os limites do projeto de
democracia liberal e de sua capacidade de articular o consenso e o
nacional-popular em um país dependente.
A
onda de greves e protestos que se estabeleceu entre 1978-90 foi resultado da
modernização industrial impulsionada pela ditadura militar do grande capital
nos anos 1970 e da redemocratização iniciada em 1979. Os trabalhadores dos
segmentos automobilístico e metalúrgico do ABCD jogaram papel central neste
processo expressando a liderança da indústria de transformação, sediada no
Estado de São Paulo, no desenvolvimento nacional. Diferentemente das ditaduras
chilenas e argentinas que apostaram na desindustrialização para destruir a base
sindical dos cordões operários e do peronismo, a brasileira apostou na criação
de uma nova classe trabalhadora vinculada à indústria manufatureira privada
para romper o protagonismo da herança trabalhista, fortemente apoiada em
trabalhadores de empresas estatais, de serviços e de transportes. As greves de
1978-80 aceleraram a redemocratização e se vincularam a uma onda de
paralisações e protestos que cresceu durante a década de 1980 e se expressou na
luta pelas eleições diretas, pela assembleia nacional constituinte e contra a
política recessiva que pretendeu financiar a crise de gestão da dívida externa.
Neste contexto se formou o Partido dos Trabalhadores e Lula, sua principal
liderança, quase foi eleito Presidente da República após disputa acirrada com
Leonel Brizola para definir o candidato das esquerdas no segundo turno das
eleições de 1989. O número de horas paradas se multiplicou de aproximadamente
8.000 para cerca de 110.000 entre 1983-1990, com o pico de quase 130.000, em
1989. No mesmo intervalo, o número de greves saltou de pouco mais de 200 para
cerca de 1.800, com o auge de quase 2.000 em 1989.
Frente
a este formidável movimento de massas e a aproximação entre as principais
lideranças do trabalhismo e do novo sindicalismo, a grande burguesia
brasileira, o capital estrangeiro e o imperialismo decidiram abandonar os
projetos desenvolvimentistas no país e impulsionar o desmonte das bases
sindicais da indústria manufatureira por meio da desindustrialização. O Plano
Collor marcou uma tentativa confusa de transição para a nova etapa por meio de
uma recessão planejada, mas o novo período se consolidou com a adesão do Estado
à financeirização e ao neoliberalismo por meio do Consenso de Washington, do
Plano Brady e do Plano Real. Os efeitos sobre a organização dos trabalhadores
foram drásticos: eliminação de empregos qualificados e formais, precarização do
trabalho, aumento do desemprego e da superexploração, perda de direitos
sociais, reformas previdenciária e administrativa e queda expressiva nas
greves, paralisações e protestos. Após uma tentativa moderada de resistência em
1995-96, o número de horas paradas e de greves voltou a despencar para atingir
cerca de 18.000 e de 300, respectivamente, em 2002.
A
liderança do Partido dos Trabalhadores que emergiu do desmonte do movimento
sindical é bastante diferente da que se constitui nos anos 1980. Partindo de
uma concepção basista de transformação social que nega o papel estruturante e
de liderança da vanguarda, o PT se opôs ao modelo de liderança política do
trabalhismo e dos partidos comunistas. Seus documentos fundacionais na década
de 1980 destacaram a importância da auto-organização dos trabalhadores, mas os
da década de 1990 já a substituíram pela noção de organização da sociedade
civil, onde também se destacam os poderes burgueses. Com a perda de força do
movimento sindical nos anos 1990, a correlação de forças na sociedade civil se
inclinou fortemente para os poderes do grande capital, alterando as metas, a
estratégia e a tática do Partido dos Trabalhadores. A Carta ao povo brasileiro,
produzida em 22 de junho de 2002, não teve por objetivo garantir a vitória de
Lula, pois este já havia alcançado 40% das intenções de voto no primeiro turno
nas pesquisas eleitorais (vide o Datafolha), mas sim estabelecer o centrismo
como a estratégia política escolhida pelo PT. Nela se reivindica uma lúcida
transição fundada em ampla negociação nacional para estabelecer novo contrato
social. Esta transição deveria respeitar os contratos e as obrigações do país,
gerar superávits primários para conter a dívida interna, apoiar o agronegócio e
estabelecer superávits comerciais para reduzir a vulnerabilidade externa e as
taxas de juros. Suas premissas determinam os limites do seu alcance e enredam o
Partido dos Trabalhadores na gestão do neoliberalismo no Brasil.
A
ascensão do “progressismo”, conjunto de forças que reuniu desde a
centro-esquerda moderada até forças mais radicais, nacional-populares e
latino-americanistas, a partir da crise do neoliberalismo na virada do século
XXI, e a conjuntura internacional favorável marcada pelo boom das commodities e
pelo forte ingresso de capitais estrangeiros reestabeleceram a dinâmica de
crescimento econômico. Proporcionaram a elevação do emprego qualificado e
formal, do salário-mínimo e do emprego público possibilitando uma nova ofensiva
dos movimentos sociais no Brasil que se iniciou em 2008 e se prolongou até
2015/16, despencando com o golpe de Estado. Nessa nova ofensiva, os
trabalhadores da educação e da saúde públicas cumpriram papel estratégico
lançando uma expressiva ofensiva político e ideológica contra o neoliberalismo.
Eles colocaram em xeque a herança neoliberal dos governos de Fernando Henrique
Cardoso incorporada nos governos petistas e manifesta no tripé macroeconômico:
superávits fiscais para pagar juros da dívida, taxas de juros muito superiores
ao crescimento do PIB e câmbio flutuante e sobrevalorizado. As greves de 2012,
impulsionadas pelos servidores públicos, alcançaram o movimento estudantil e o
setor privado provocando as explosões de massa de 2013, nas quais a
reivindicação da gratuidade do transporte público para estudantes cumpriu o
papel detonador. O número de horas paradas saltou de aproximadamente 25.000
para cerca de 90.000 entre 2008-2012, e se estendeu para mais de 110.000 em
2013. E o número de greves subiu de aproximadamente 400 para 900 entre 2008 e
2012, alcançado mais de 2.000 em 2013.
Atemorizada
com a nova ofensiva popular, Dilma derrotou as paralisações do funcionalismo
federal, ameaçou instituir uma lei de greve para o setor público e elevou
sistematicamente as taxas de juros Selic para produzir uma recessão e reduzir a
pressão social. Em contradição com a campanha eleitoral de 2014, em seu segundo
mandato, a Presidente impulsionou a financeirização. Ela nomeou um antigo
secretário de política econômica do governo FHC, Joaquim Levy, como seu
ministro da Fazenda, e elevou a taxa de juros Selic, entre maio de 2013 e
dezembro de 2014, de 8% a.a. a 11% a.a., mantendo a trajetória de subida até
agosto de 2015, quando atingiu 14,25%. A taxa de desemprego saltou de 6,6%, no
trimestre das eleições presidenciais, para 9,1%, em outubro-dezembro de 2015,
quando se iniciou o processo de impeachment, e alcançou 11,9% quando esse se
concluiu. O PIB per capita decresceu em 2,38% a.a. em 2014-15, em dólares
constantes de 2015 (UNCTAD) e o país chegou a pagar 10,2% do PIB em juros
anualizados de dezembro de 2015, caindo para 9,5% em agosto de 2016. A ofensiva
do movimento popular seguiu até 2016 quando o golpe de Estado e a aprovação da
Emenda Constitucional 95, que pretendeu congelar por 20 anos os gastos públicos
primários, limitando-os à variação da inflação, converteram a recessão em
política de Estado. As horas paradas alcançaram o máximo em 2016, quando
superaram 140.000, e a quantidade de greves se aproximou de 2.200, desmoronando
a seguir.
Sem
o suporte do gasto público, a economia brasileira estagnou no período de crise
orgânica do neoliberalismo, a partir de 2015, quando este perdeu o suporte do
dinamismo do mercado internacional e dos fluxos internacionais de capitais. Se
entre 2016-2022, o PIB per capita da economia brasileira cresceu 0,08% a.a.,
entre 2003-2014 o fez em 2,45% a.a. (UNCTAD). Se tomarmos como referência o
intervalo de 2014-2022, a taxa de decrescimento anual é de 0,47%. A eleição de Jair Bolsonaro, a gestão
ultraneoliberal de Paulo Guedes e a repressão e intimidação dos movimentos
sociais aprofundaram o descenso da onda de greves, paralisações e protestos. A
taxa de desemprego aberto alcançou o seu valor máximo em julho-setembro de
2020, quando atingiu 14,9%, impulsionada pela resistência de Bolsonaro e Guedes
em tomar as medidas de expansão do gasto público para conter os efeitos sociais
e econômicos deletérios da pandemia. As horas paradas caíram para
aproximadamente 45.000 em 2019 e 20.000 em 2020 e o número de greves desabou
para pouco mais de 1.100 em 2019 e quase 700 em 2020.
As
pressões sociais para o aumento do gasto público incidiram sobre o governo
federal e o Parlamento e possibilitaram furos no teto de gasto para gerir a
situação de calamidade pública, permitindo alguma recuperação da economia. Esse
cenário se combinou com a crise política do governo Bolsonaro e as eleições
presidenciais de 2022 para estabelecer uma retomada ainda incipiente do
ativismo dos movimentos sociais. As horas paradas mais que duplicaram para
cerca de 55.000 e o número de greves alcançou mais de 1.100 em 2022. No
descenso e na recuperação do número de horas paradas e de greves cumpriu papel
principal a atuação do funcionalismo público, a sua retração ou retomada.
Entretanto, essa reativação se choca com a estratégia de Lula e do núcleo
dirigente do Partido dos Trabalhadores para o Estado brasileiro.
Lula
e o círculo dirigente do PT centraram sua estratégia de governabilidade na
aliança com as principais frações do grande capital, os neoliberais, os
militares e até mesmo no acercamento a
forças emergentes, como as empresas neopentecostais. Sua leitura é de que as
falhas no diálogo e aproximação com estes grupos estão entre as principais
razões do golpe de Estado. Na disputa dessa aliança com os fascistas, Lula
oferece paz e tranquilidade política, o que exige desmontar as pressões sociais
que pedem o combate ao neoliberalismo, a transformação do padrão de acumulação
hegemônico e mudanças nas estruturas organizacionais do Estado brasileiro que
desafiem os privilégios do capital financeiro, do rentismo, do agronegócio e do
monopólio midiático, o poder burguês na sociedade civil, a superexploração dos
trabalhadores, o vínculo das forças armadas ao golpe de 1964 e a teologia da
prosperidade. Torna-se crucial nessa perspectiva impedir uma nova ofensiva dos
movimentos sociais, similar a que ocorreu entre 1983-90 e 2008-16. O governo
dedica-se então a cooptar lideranças, desmobilizar organizações, pressionar e
desqualificar movimentos sociais e abandonar temas históricos dos movimentos
populares. O descarte do projeto do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, a
desmobilização do ato das centrais sindicais no 1º maio, as metas agressivas de
austeridade fiscal maiores que as expectativas do Congresso Nacional e do
mercado financeiro, as articulações para desvincular os gastos em saúde e
educação de um percentual fixo da arrecadação da União, a mediocridade do
orçamento destinado às universidades federais, e a tentativa de desqualificar
as greves dos trabalhadores da educação pública, desautorizando o ANDES,
sindicato dos docentes de ensino superior, são evidências dessas diretrizes. Na
negociação com as greves no ensino superior, Lula apresentou índices
extremamente reduzidos de recomposição das perdas salariais acumuladas no
segundo mandato de Dilma e nos governos Temer e Bolsonaro. Propôs em seu
quadriênio um reajuste muito mais próximo do congelamento de perdas que da
recuperação do poder aquisitivo dos salários. Caso a inflação de 2023 se repita
nos próximos anos do mandato de Lula, o governo terá proposto um reajuste médio
de 5%, bastante abaixo dos 26% a 30% necessários para recompor os salários dos
professores de ensino superior aos valores de março de 2014.
Lula
reaparece em seu terceiro mandato como um personagem com escassa relação com o
seu passado de lutas, expressas em sua atuação como líder sindicalista das
greves do ABC de 1978-80, deputado federal constituinte e candidato a
Presidente da República de 1989. Se naquele período apoiou as lutas de massas
para transformar a institucionalidade, agora ressurge buscando controlá-las e
limitá-las e defendendo um conceito de democracia restrita, de baixa densidade
social, muito próximo ao reivindicado por Fernando Henrique Cardoso para países
periféricos e dependentes. Para Cardoso as democracias latino-americanas devem
ser protegidas de lideranças populistas e de qualquer iniciativa que indique
capitalismo de Estado, isto é, um padrão de acumulação no qual o Estado atue
com relativa independência para exercer papel estruturante e promotor do
desenvolvimento de setores, produtos e serviços que não interessem ao grande
capital em seu conjunto oferecer. Se em
seu segundo mandato, Lula impulsionou uma expansão anual dos investimentos
federais de 27,6% garantindo para o Estado um papel de indutor do
desenvolvimento, a partir da ascensão do movimento de massas e das críticas da
oposição liberal, em que se destacou a voz do próprio ex-presidente da
República do PSDB, o petismo hegemônico cedeu. Frente às pressões crescentes
dos movimentos populares, Cardoso requentou suas teses clássicas dos anéis
burocráticos, que associam o autoritarismo na América Latina a um suposto
domínio do corporativismo estatal sobre a sociedade civil, para condenar a
expansão do gasto público em favor de elites empresariais específicas, setores
mais pobres da população e dos projetos de permanência da liderança
político-partidária petista. O governo Dilma reduziu em seu primeiro mandato os
investimentos federais à expansão anual de 1,0% e em seu segundo mandato a um
decrescimento de -28,4% ao ano. O resultado não foi a democracia, mas o golpe
de Estado do qual o próprio Fernando Henrique Cardoso participou como ideólogo
e articulador.
Lula
voltou à vida política eleitoral para o seu terceiro mandato presidencial dando
centralidade à austeridade fiscal, descartando qualquer perspectiva de
capitalismo de Estado e aprofundando a política de compressão e cortes ao
custeio da máquina administrativa federal. Mesmo a nova política industrial,
financiada pelo BNDES, maneja recursos modestos. Sabemos que estamos avançando
para novas etapas da revolução científico-técnica e que o setor de serviços
assume protagonismo no mundo contemporâneo, tanto na produção de bens e
serviços quanto nas lutas sociais. Dois são os projetos em confronto para a
economia política do século XXI: um prioriza a saúde, a educação, a ciência, a
tecnologia, a infraestrutura, a ecologia e o lazer e está baseado nas lutas nacionais
e populares dos trabalhadores e em sua internacionalização; outro prioriza o
capital financeiro, o rentismo, seus lucros extraordinários e fictícios,
submetendo o mundo da vida, isto é, dos trabalhadores e das pequenas e médias
empresas, à expropriação para a realização de suas expectativas de
rentabilidade. Ao optar por uma estratégia de governabilidade pelo alto para
supostamente garantir a estabilidade da democracia liberal brasileira, Lula e o
núcleo dirigente do PT desenham para o seu partido o lugar de braço operário do
grande capital no país. O fazem, todavia, em um país dependente que sofre
transferências negativas de mais-valor e durante uma conjuntura internacional
de crise orgânica e terminal do padrão neoliberal. Trata-se do projeto de uma
tecnoburocracia de origem operária que prioriza a partilha da gestão do Estado
com o grande capital e os cargos e salários a que esta dá acesso. Afasta
qualquer interesse popular que crie turbulências políticas e lhe prejudique na
disputa com o fascismo por essa aliança. Os montantes destinados às
universidades públicas no orçamento federal, inferiores aos do governo Temer e
à média do governo Bolsonaro, não apenas aprofundam a dependência
científico-tecnológica, mas atingem a reprodução de um dos segmentos da classe
trabalhadora mais capacitados para produzir uma alternativa à hegemonia das
políticas neoliberais no Brasil. Este segmento junto com os demais
trabalhadores da educação, os trabalhadores
da saúde e demais serviços públicos têm liderado as paralisações no
Brasil no século XXI.
Entre
as principais condições para a ascensão do fascismo estão o declínio do
liberalismo político e a submissão das esquerdas às suas políticas públicas e
projetos. A aproximação do PT às concepções estratégicas da social-democracia
europeia que vem se submetendo ao neoliberalismo e ao imperialismo liberal
estadunidense indicam que o caminho escolhido para combater o fascismo é
equivocado. Entre 2004 e 2024, a participação da social-democracia no
parlamento europeu caiu sistematicamente, desabando de 27,3% para 18,8%,
enquanto a extrema-direita cresceu, principalmente na França, na Itália e na
Alemanha. As contradições entre as massas e uma política social-democrata
subordinada à austeridade se agravam em um país cujo padrão de acumulação se
baseia na superexploração dos trabalhadores. A aproximação do PT com os
neoliberais, cuja impopularidade impediu que o PSDB e o PFL/DEM lançassem
candidatos competitivos à Presidência da República desde o fim do governo FHC,
abre o espaço para que o fascismo utilize sua retórica demagógica sobre as
massas desorganizadas para se colocar como antissistêmico, aprofundando o
neoliberalismo, mas se lançando contra a democracia política, alvejada pelos
acordos de cúpula que suas formas liberais-oligárquicas têm ensejado no país.
A
conjuntura brasileira exige atenção e uma avaliação cuidadosa dos setores
vinculados às políticas nacionais-democráticas e de emancipação popular. Não se
poderá combater a extrema-direita sem conflitos e lutas contra as estruturas
seculares da opressão do povo brasileiro que se aprofundam. Qualquer
alternativa que busque contornar esta necessidade poderá desmoralizar as
esquerdas e gerar resultados bastante negativos.
Fonte:
Por Carlos Eduardo Martins, no Blog da Boitempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário