sexta-feira, 28 de junho de 2024

Feira de Santana: Colbert tem rejeição maciça em todas as áreas da sua gestão

A indefinição na disputa pela Prefeitura de Feira de Santana, revelada pela pesquisa Atlasintel /A TARDE publicada nesta segunda-feira, 22, passa, além da aprovação do presidente Lula e do governador Jerônimo Rodrigues, pela completa rejeição do atual prefeito, Colbert Martins (MDB).

Se os 72% de desaprovação já indicam um desgaste que beira a inviabilidade política, o detalhamento feito pela pesquisa mostra que Colbert é reprovado em todas as áreas de sua administração e, especialmente, nos temas de maior impacto nas classes trabalhadora e de baixa renda.

Em média, dois terços dos eleitores rejeitam as políticas de Colbert uma a uma, quando somados os índices de ruim e péssimo. Mas, quando chamados a opinar sobre combate à pobreza, moradia, saneamento e transporte, três de cada quatro respondentes condenam a atual gestão feirense. Segundo a Atlasintel, 52% dos eleitores consideram a limpeza urbana péssima, com 13% de ruim, totalizando 65% de reprovação. Na saúde, são 72% de insatisfeitos, com 57% atribuindo a pior avaliação ao prefeito. Outro pilar de qualquer governo, a educação é péssima para 46% dos eleitores consultados e ruim para outros 20%.

O péssimo lidera também as avaliações da Guarda Municipal (48%), turismo e cultura (58%) áreas de lazer (55%), ambiente de negócios e tributação (54%), calçamento de ruas e infraestrutura (57%), justificando a altíssima rejeição detectada pelo instituto.

•           Punição

Andrei Roman, cientista político e executivo-chefe da Atlasintel, interpreta a rejeição a Colbert como um diferencial que justifica o equilíbrio entre José Ronaldo (União Brasil) e Zé Neto (PT), detectado pela pesquisa de intenções de voto publicada por A TARDE.

“Hoje, o maior trunfo ou aliado de Zé Neto é justamente o Colbert. As pessoas querem tirar o Colbert da prefeitura e de certa forma punir o Colbert. Se você quer punir o Colbert não é entregando a prefeitura para o seu grupo político. Você quer colocar a oposição no lugar dele”.

Roman faz referência ao fato de Colbert ter chegado à Prefeitura após a renúncia de José Ronaldo, de quem era vice, em 2018, para concorrer ao governo estadual. Ronaldo também apoiou a reeleição do aliado.

Se a rejeição a Colbert contempla de A a Z com índices muito próximos, sempre acima de 60% quando somadas as avaliações ruim e péssimo, é nos temas que impactam diretamente a vida dos trabalhadores de menor renda que a reprovação alcança os maiores níveis.

Para 63% dos eleitores consultados, o combate à pobreza e as políticas sociais da gestão Colbert são péssimas. Quando somada com ruim, a avaliação negativa chega a 77%. Dois pontos percentuais acima da avaliação dos investimentos em moradia e saneamento, que aparece como péssima para 62% dos respondentes. Transporte público vem logo atrás, com 74% de reprovação, incluindo 58% de péssimo.

A performance ainda mais baixa nas políticas voltadas para a menor faixa de renda são mais um trunfo da oposição, personificada pelo candidato do PT, Zé Neto, segundo a avaliação de Andrei Roman. “O fato de Colbert ser pior avaliado justamente nas áreas que são políticas de maior prioridade e destaque do projeto do PT é bom para o Zé Neto, sem dúvida. Facilita do ponto de vista da comunicação política e faz com que Zé Neto parta de um nível muito alto de intenção de voto. Então, sim, é algo que ajuda bastante o PT essa leitura muito negativa em áreas que são mais de destaque no Partido dos Trabalhadores”, conclui o cientista político.

•           Expectativas

O vácuo deixado pela gestão Colbert, especialmente na área social, fica ainda mais evidente quando o questionário de Atlasintel /A TARDE pergunta aos eleitores o que esperam do próximo prefeito. Com 65,4% das respostas, “compromisso com o povo” aparece em primeiro lugar, seguido de honestidade, com 51,5%. A terceira atribuição mais lembrada de certa forma não surpreende, mas demonstra, com maior clareza ainda, a saturação a atual gestão.

Para 40,1% dos consultados, o próximo prefeito precisa apresentar novas ideias e projetos. Liderança (18,3%), inteligência (17%) e experiência (8%), Jogo de cintura e boa articulação (5,2%), firmeza (3,6%), carisma e boa comunicação (2,7%) completam a lista.

A pesquisa Atlasintel /A TARDE coletou as respostas de 817 pessoas em 48 bairros de Feira de Santana entre os dias 12 e 17 deste mês. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, e a margem de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BA 00586/2024.

•           Polarização projeta decisão apertada em caso de 2º turno

A pesquisa AtlasIntel/A TARDE que apontou um empate técnico entre José Ronaldo (União Brasil) e Zé Neto (PT) pela prefeitura de Feira de Santana também coletou a opinião do eleitorado feirense sobre os principais líderes políticos e, como tem se verificado em todo o país nos últimos, anos, a polarização se apresenta como fator capaz de definir os rumos da eleição municipal.

Para 49% dos feirenses consultados, a avaliação do governo do presidente Lula (PT) é positiva, enquanto 40% reprovam a gestão federal. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) também conta com aprovação no município, mas nesse caso a diferença para os que reprovam está na margem de erro; 46% x 43%.

Quando se compara a intenção de votos dos pré-candidatos deste ano com as eleições de 2022 ou até mesmo da última eleição para prefeito, a influência da polarização e a necessidade de aglutinar os votos de cada campo político se mostra ainda mais evidente.

Entre os eleitores do município que votaram em Bolsonaro em 2022, 68,4% manifestam intenção de votar em José Ronaldo. Quando se olha para os eleitores de Lula, a transferência é menor para Zé Neto, 56,8%, demonstrando espaço para crescimento mas também uma divisão do eleitorado lulista no município, como verificado nas eleições estaduais há dois anos.

Avaliando os votos para governador, a penetração do ex-prefeito José Ronaldo no eleitorado de ACM Neto (UB), com 55,3% e João Roma (PL) na casa dos 51,5% demonstra uma vantagem tímida e uma falta de convicção do eleitor de direita em torno do seu nome.

Com relação ao eleitorado de Roma, vale uma observação. Apenas 0,8% dos eleitores do bolsonarista admitem votar em Zé Neto, enquanto 45,5% manifestam apoio a Capitão Alden, agora fora da disputa.

“A desistência do Alden vai sem dúvida transferir a maioria dos eleitores ao Zé Ronaldo, num padrão de votação anti-PT. Eleitores bolsonaristas são os mais antipetistas que existem, são altamente mobilizados, vão fielmente, a grande maioria deles, votar contra o PT e portanto eles migrarão em massa para Zé Ronaldo”, prevê Andrei Roman.

Único candidato da esquerda, Zé Neto consegue reunir 75,2% dos eleitores de Jerônimo em Feira, onde o governador tem forte presença, mas vê José Ronaldo atrair 25,6% dos votos de eleitores de Lula e 17,3% dos votos endereçados a Jerônimo em 2022.

Levando em conta a última eleição municipal, em 2020, José Ronaldo tem 76,7% dos eleitores que dizem ter votado em Colbert. Mais do que os 72,7% de eleitores que votaram em Zé Neto e pretendem repetir o voto no petista. Dos 27,3% dissidentes, 13,5% declaram voto em José Ronaldo e 10% em Pablo Roberto.

Pablo demonstra ainda grande penetração no eleitorado bolsonarista. O ex-prefeito José Ronaldo tem 39,8% dos votos declarados a Dayane Pimentel em 2020, então representante de Bolsonaro no PSL. No entanto, 49,9% dos eleitores de Dayane nas últimas eleições pretendem votar em Pablo Roberto, o que torna o seu apoio ainda mais cobiçado, no caso dele recuar na sua candidatura.

“Se esses apoios se confirmam a gente tende a ter, sim, um cenário extremamente polarizado. Se você observar a aprovação do Lula, do Jerônimo, não é necessariamente uma polarização que consiga garantir a eleição do Zé Neto, mas consegue certamente garantir uma eleição altamente competitiva”, projeta Andrei Roman. “Pelo menos nesse momento tudo indica a chance de uma eleição bem disputada, talvez até voto a voto”, acrescenta.

•           “Sem chance de compor chapa”, diz Pablo Roberto sobre eleição em Feira

Terceiro colocado na primeira pesquisa AtlasIntel/A TARDE da eleição para a Prefeitura de Feira de Santana, com 10,3% das intenções de voto, Pablo Roberto (PSDB) nega qualquer chance de desistir de sua pré-candidatura para apoiar um atual adversário. “Sem chance de compor chapa”, afirmou o deputado estadual e pré-candidato a prefeito da segunda maior cidade da Bahia, em entrevista ao Portal A TARDE.

“Não vou recuar de minha [pré-]candidatura para nenhum candidato. Eu vou ser candidato e vou até o final”, concluiu. Os dois pré-candidatos que mais pontuaram na pesquisa AtlasIntel/A TARDE foram Zé Ronaldo (União Brasil) e Zé Neto (PT), com 39,3% e 36,5%, respectivamente.

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) já revelou publicamente a intenção de atrair Pablo Roberto para a chapa de Zé Neto, que foi lançada na semana passada. O deputado estadual do PSDB, que é oposição ao grupo de Jerônimo na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), já elogiou publicamente o governador durante evento de entrega de ambulâncias a municípios do estado.

Pablo Roberto chegou a dizer, no início do mês, que sua pré-candidatura não irá fortalecer a campanha de Zé Ronaldo. “Não é a primeira vez que a Feira de Santana vai ter duas candidaturas com candidatos que fazem parte do mesmo campo. Isso já aconteceu na história recente lá na nossa cidade e eu acredito que o povo de Feira de Santana vai ter a opção de escolher aquele que apresentará a melhor proposta”, disse na ocasião.

 

Fonte: A Tarde

 

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