Após ser
ofendida por Marçal, Tabata rebate: “Não sou ex-coach messiânica nem
estelionatária”
A
disputa para a Prefeitura de São Paulo ganhou um novo capítulo de embates nas
redes com uma discussão entre os pré-canditados Tabata Amaral (PSB) e Pablo
Marçal (Pros). Nessa segunda-feira (24/6), Marçal publicou um vídeo fazendo
ofensas pessoais a Tabata, a criticando por ser solteira e não ter filhos. Os
comentários foram rebatidos com indignação pela deputada federal, que disse,
entre outras coisas, não ser uma ex-coach messiânica e nem estelionatária.
Segundo
Marçal, Tabata não teria qualificação para ser prefeita da cidade porque,
apesar de “ter um bom garoto que ela namora” — em referência ao relacionamento
da deputada com o prefeito de Recife, João Campos (PSB) — “ela não sabe o
problema de um casamento. Não sabe o problema do que que é ter um filho”.
Em
resposta, Tabata repudiou o caráter machista da crítica de Marçal — que,
segundo ela, deixa de debater propostas concretas para a cidade. “A gente que é
mulher está sempre devendo, né? Ou é jovem, ou é velha, ou tem filho demais, ou
nunca teve filho”, pontua Tabata.
No
vídeo de Marçal, comentários de cunho pessoal são repetidos somente para a
outra pré-candidata mulher à prefeitura, Maria Helena (Novo), que é aliada do
influencer. Para ele, Helena seria uma “boa mulher”, já que “ela é guerreira,
está amamentando, por isso que ela é brava”.
Os
demais políticos mencionados por Marçal — Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos
(PSol), José Luiz Datena (PSDB), Kim Kataguiri (União) e Ricardo Salles (PL) —
não receberam nenhuma menção ao fato de estarem ou não em um relacionamento ou
terem filhos.
• Resposta de Tabata Amaral
Além
de rebater as críticas, Tabata Amaral aproveitou o vídeo de resposta para
destacar polêmicas envolvendo Pablo Marçal. A deputada lembrou que o
pré-candidato foi condenado, em 2010, por participar de uma quadrilha que
desviou dinheiro de bancos. Na época, investigações do Ministério Público
Federal (MPF) apontaram que ele era ligado diretamente a um bando que invadia
sistemas bancários.
A
deputada também fez menção à expedição liderada por Marçal no Pico do Marins,
na Serra da Mantiqueira, em 2022. Um grupo de 32 pessoas, que subiu ao local
sem o devido preparo, precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros.
Por
fim, Tabata lembrou a morte de Bruno Teixeira, de 26 anos, em setembro de 2023.
O jovem morreu após participar de uma maratona clandestina organizada por
pessoas ligadas a Pablo Marçal.
“Mas
o que interessa para São Paulo são outras coisas que eu nunca fiz: eu nunca fui
condenada por fazer parte de uma quadrilha de roubo de banco. Nunca gastei
tempo e dinheiro do Corpo de Bombeiros com a minha irresponsabilidade. Eu nunca
fiz um funcionário correr até a morte por parada cardíaca em uma brincadeira
sem sentido. Eu não sou ex-coach messiânica, expedicionária fracassada, nem
estelionatária“, disse Tabata em seu vídeo.
RELEMBRE
O CASO:
<><>
“Coach messiânico” integrou quadrilha que desviou dinheiro de bancos
O
“coach messiânico” Pablo Marçal (foto em destaque), de 34 anos, já foi
condenado, em 2010, por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de
bancos.
Segundo
o Ministério Público Federal (MPF), Marçal era ligado diretamente a dois homens
acusados de chefiar o bando. Ele captava e-mails que seriam infectados com
programas invasores e consertava os computadores usados pelos criminosos. O
Metrópoles teve acesso a detalhes da investigação.
O
hoje influencer, porém, teve a pena extinta, em 2018, por prescrição
retroativa, uma vez que se passaram mais anos do que a sentença em trânsito em
julgado.
Com
mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, Pablo Marçal virou notícia na
semana passada, após conduzir 32 pessoas ao topo do Pico dos Marins, na Serra
da Mantiqueira, em São Paulo. O grupo precisou ser resgatado pelo Corpo de
Bombeiros.
O
tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, indignou-se com a
atitude do coach que liderava as pessoas na aventura, considerada perigosa.
“Um
‘coach’ irresponsável, fanfarrão, coloca 60 pessoas para subir o Pico dos
Marins debaixo de chuva. Sem conhecimento técnico, sem suporte adequado, sem
estrutura, porque, segundo ele, ‘é tudo emocional’”, exclamou o tenente.
A
atuação de Pablo Marçal na quadrilha teria ocorrido em meados de 2005. Na
época, ele tinha apenas 18 anos e morava em Goiânia, sua cidade natal.
O
processo que tramita na Justiça Federal tem como base investigações da Polícia
Federal (PF) que resultaram na Operação Pegasus, deflagrada em 2005. Na
ocasião, o grupo foi descrito como a “maior quadrilha de piratas da internet
brasileira” pelo jornal Folha de S.Paulo.
De
acordo com os investigadores, a quadrilha causou “prejuízos relevantes” à Caixa
Econômica Federal, ao Banco do Brasil (BB) e a outras instituições financeiras.
A
organização operava de diversas formas, com a criação de sites falsos de
bancos; a emissão de mensagens ameaçadoras e que anunciavam suposta
inadimplência da vítima com o Serasa; ou, ainda, com o chamado Cavalo de Troia,
programa que captura informações nos computadores infectados.
“Existia
uma estrutura amplamente organizada, contando com o envolvimento de diversas
pessoas, que exerciam funções determinadas, pois uns eram responsáveis pela
criação e pelo aperfeiçoamento do programa de computador utilizado nas fraudes,
outros contatavam pessoas que pudessem ceder suas contas bancárias para as
transferências, além daqueles que faziam os saques”, relatam os investigadores.
Para
o MPF, Pablo era o encarregado de capturar listas de e-mails para o pastor
Danilo de Oliveira, um dos líderes do bando. Em seguida, esses endereços eram
infectados com programas invasores, com o objetivo de obter dados e senhas dos
correntistas lesados.
Com
o dinheiro furtado, os líderes da organização criminosa bancaram até mesmo uma
Nissan Frontier e uma Montana.
Dezessete
anos depois, Pablo ostenta carros luxuosos, como uma Ferrari 458 Itália
vermelha – comprada por R$ 991,8 mil em um leilão de carros recuperados de um
grupo criminoso – e jatinhos. O influencer se diz uma das pessoas mais ricas do
Brasil.
Ele
vende cursos e promete, com discursos religiosos e frases de motivação,
“destravar códigos da prosperidade e do governo da alma”.
• Pena extinta
Em
março do ano passado, em live transmitida pelas redes sociais, o coach falou
sobre o processo que respondeu na Justiça. Ele nega participação na quadrilha e
afirma que “apenas arrumava os computadores”.
“Eu
não tinha emprego, com 18 anos de idade, consertava computadores e me envolvi
com um cara da igreja. […] Eu consertava os computadores e eles ficavam
rodando. Acordei um dia e tinha alguém me levando de forma coercitiva”, disse
Pablo na transmissão motivacional.
“Todas
as pessoas que estavam nessa situação foram condenadas e cumpriram pena. Eu fui
o único que teve extinção da punibilidade”, prosseguiu o influencer.
Pablo
foi condenado, em 2010, pela prática do crime de furto qualificado a 2 anos e 6
meses de reclusão. A pena dele foi extinta, no entanto, por prescrição
retroativa. Isso não significa que a Justiça entendeu que ele não estaria
envolvido com a quadrilha.
“Considerando
que a pena imposta ao apelante não é superior a 4 anos de reclusão, tem-se que
tal pena regula-se pelo prazo prescricional de 8. Contudo, conforme reconhecido
pela sentença, o acusado Pablo Henrique, nascido em 18/04/1987, era menor de 21
anos à época dos fatos. A prescrição quanto a ele é, portanto, reduzida à
metade. Regular-se, pois, pelo prazo prescricional de quatro anos”, diz a
sentença.
“Observando
que transcorreram mais de quatro anos entre a publicação da sentença penal
condenatória no e-DJF1 em 5 de maio de 2010 e a presente data, faz-se mister o
reconhecimento, de ofício, da extinção da punibilidade pela ocorrência da
prescrição retroativa da pretensão punitiva do Estado”, complementa.
Em
depoimento à época da denúncia, Pablo também negou a autoria dos crimes. Ele
admitiu que prestava serviços de manutenção nos computadores do pastor, além de
lhe fornecer listas de e-mails, “mas tudo sem consciência da atividade ilícita”
desenvolvida pelo grupo.
A
negativa, contudo, foi confrontada pelo MPF. “As próprias declarações de Pablo
na polícia são discrepantes com a tese de inocência defendida, principalmente
quando comenta a participação de Paco, na parte que este teria acesso a ‘todas
as contas bancárias que seriam fraudadas por Danilo e Nenê’”, argumenta o
órgão.
Além
disso, o técnico de computador teria participado de um almoço, em uma
churrascaria, para tratar da compra de um programa invasor. “Não é crível a
negativa de Pablo de não saber que tipo de conversa foi travada entre os
presentes”, assegura o MPF.
• Outro lado
Pablo
foi procurado por meio de suas redes sociais e pela equipe que aplica um de
seus cursos, mas não retomou contato.
A
advogada dele, Danielle Premoli, pronunciou-se: “Na época dos fatos, o meu
cliente trabalhava consertando computadores para um pastor e foi colocado
indevidamente nesse processo que desenrolou por vários anos”. “Com relação ao
crime, o meu cliente foi o único que teve extinta a sua punibilidade”,
prosseguiu.
• MP aciona polícia e apura se Pablo
Marçal descumpriu ordem judicial
O
Ministério Público de São Paulo pediu à Polícia Civil a cópia de um boletim de
ocorrência registrado contra Pablo Marçal. O movimento ocorre após a coluna
revelar que o empresário é alvo de denúncia por supostamente ter colocado em
risco a integridade física de participantes do reality show “A casa digital”,
promovido por Marçal em abril deste ano.
A
promotora Renata Galhardo alegou à Justiça já haver determinação para “impor a
Pablo Henrique Costa Marçal a medida cautelar de proibição de realizar qualquer
atividade externa precipuamente na natureza (seja em montanhas, picos, rios,
lagos, mares, ou em locais correlatos), por si ou por interposta pessoa, sem
prévia e expressa autorização da Polícia Militar (aqui considerando a
corporação em si, Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental), Prefeitura Municipal
e Defesa Civil da localidade visada, sob o pretexto de sua atividade de coach
ou em programas motivacionais”.
A
restrição judicial ocorreu após o episódio de Pablo Marçal na montanha, em
janeiro de 2022, quando ele conduziu 32 pessoas ao topo do Pico do Marins (SP),
na Serra da Mantiqueira. Todos precisaram ser resgatados pelo Corpo de
Bombeiros. O empresário é pré-candidato a prefeito de São Paulo e aparece em
terceiro lugar nas principais pesquisas de intenção de voto.
“Destarte,
para regular instrução dos autos e, demais disso, verificar eventual
descumprimento das cautelares impostas nos presentes autos, requeiro expedição
de ofício à Delegacia de Polícia de Serra Negra para o envio do Boletim de
Ocorrência no HI5925-3/2024”, solicitou a promotora.
“No
mesmo ínterim, requeiro intimação do averiguado Pablo Marçal, por seus
advogados via DJE, para caso queira se manifestar sobre eventual descumprimento
da cautelar imposta nestes autos, se o caso e ad cautelam, apresentando as
devidas justificativas, em homenagem ao contraditório”, concluiu o MP na
manifestação à Justiça.
• André Valadão: Câmara de SP vai dar
título para pastor que usa Deus para odiar gays
É
mais um capítulo inacreditável, mas é verdade. A Câmara dos Vereadores de São
Paulo aprovou nesta quarta-feira (26) o título de cidadão paulistano para o
pastor bolsonarista André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha. A
honraria foi proposta pelo vereador Rinaldi Digilio (União), que também é
pastor. Ele é o mesmo que tentou alugar por R$ 100 mil o Theatro Municipal de
São Paulo no início do ano, para homenagear a ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro, mas foi impedido pela prefeitura.
Valadão
coleciona polêmicas. No ano passado, virou notícia ao afirmar que Deus mataria
homossexuais, se pudesse. “Agora, é hora de tomar as cordas de volta e falar
‘não, reseta’, aí Deus fala ‘não posso mais, já meti esse arco-íris aí. Se eu
pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi pra mim mesmo
que não posso, então agora tá com vocês.’”
Em
outra ocasião, o pastor postou que "Deus odeia o orgulho", ao fazer
convocação para um culto em sua igreja. A palavra "orgulho" na
postagem aparecia pintada com as cores do arco-íris, símbolo da comunidade
LGBTQIA+.
• Filhos na faculdade
Na
terça-feira (18), Valadão publicou nas redes um vídeo em que incentiva seus
fiéis a não mandarem seus filhos para a faculdade. Segundo ele, as instituições
de ensino superior podem “acabar com a vida” dos estudantes.
“Não
manda o seu filho para a faculdade. Vai vender picolé na garagem. ‘Ah, mas eu
não criei meu filho para isso’. Você criou para quê? Para ele ir para o
inferno? Criou sua filha para virar uma vagabunda, rodada, ou para ser uma
mulher santa, digna, de família e cheia de Deus?”, disse sob aplausos. “Aí ela
tem um diploma e é rodada, é doida”, emendou.
Dias
depois, ele apareceu com os próprios filhos passeando na Universidade de
Harvard, uma das mais conceituadas do mundo, nos Estados Unidos.
• Perdão para estuprador
Já
nesta semana, Valadão respondeu de maneira surpreendente em seu stories do
Instagram, ao ser perguntado “o que diria como pastor pra um estuprador que se
arrependeu?”
Ele
não vacilou e disse que “não há malignidade, perversidade, que o amor de Deus
não seja maior”.
“Eu
diria pra ele que a grandeza da misericórdia de Jesus, a grandeza do amor de
Jesus é infinitamente maior”, disse ele. “Que não há uma malignidade, não há
uma perversidade nesse mundo que o amor de Deus não seja maior que aquilo ou
aquela realidade. Jesus morreu por todos e aquele que genuinamente se arrepende
pode receber a salvação”, encerrou.
Fonte:
Metrópoles/Fórum
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