Especialistas
discutem cooperação entre Rússia e América Latina
O
Centro de Imprensa e Multimídia Internacional da Sputnik realizou uma videoconferência
entre Moscou, Cidade do México, Buenos Aires e Wuhan sobre o tema "Rússia
— América Latina: questões atuais da interação".
O
debate contou com a participação de Omar Godínez, membro da Diretoria da
Sociedade Russa de Amizade com Cuba; Daria Yurieva, diretora do Departamento de
América Latina da Agência Internacional de Notícias e Rádio Sputnik; Nikolai
Frolov, diretor do Centro de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação com
os Países Ibero-Americanos da Universidade Estatal do Sudoeste; Juan Martin
González Cabañas, pesquisador do Centro de Economia e Política Global (CIEPE);
Imelda Ibáñez Guzmán, professora do Centro de Relações Internacionais da
Universidade Nacional Autônoma do México; Marcelo Montes, doutor em Relações
Internacionais pela Universidade Nacional de Rosário e membro do Comitê de
Estudos Eurasiáticos do Conselho Argentino de Relações Exteriores; e José Renato
Peneluppi, especialista do Centro de Estudos sobre a China e Globalização.
Daria
Yurieva, diretora do Departamento de América Latina da Sputnik, falou sobre o
funcionamento da agência na região, não apenas por meio de sites e rádio, mas
também em redes sociais.
"Não
é segredo que a mídia russa, incluindo nossa agência, enfrenta uma censura
muito forte em muitas plataformas digitais. É por isso que tentamos trabalhar
de forma mais ativa nas plataformas que mais aderem ao princípio da liberdade
de expressão na prática, e não em palavras, como é o caso de muitas outras. Uma
dessas plataformas é o Telegram." Ainda de acordo com Daria Yurieva, a
Sputnik Mundo e a Sputnik Brasil superam em número de assinantes nesse
aplicativo de mensagens seus concorrentes ocidentais, como a versão espanhola
da CNN ou a France 24.
Omar
Godinez, membro da Diretoria da Sociedade Russa de Amizade com Cuba, destacou
as principais áreas de cooperação russo-cubana na área cultural, entre as quais
festivais especiais, exposições, publicações de livros e eventos para crianças.
Para o responsável, iniciativas do gênero despertam sempre interesse do lado
russo.
A
professora Imelda Ibáñez Guzmán, do Centro de Relações Internacionais da
Universidade Nacional Autônoma do México, analisou as relações russo-mexicanas
e as transformações sofridas pelos países e regiões face aos atuais desafios
geopolíticos modernos e salientou o papel especial do BRICS: "Um dos
mecanismos que pode nos aproximar é o grupo BRICS, que agora está se tornando
muito importante."
Marcelo
Montes, Doutor em Relações Internacionais pela Universidade Nacional de Rosário
e membro do Comitê de Estudos Eurasiáticos do Conselho Argentino de Relações
Exteriores, assinalou que os países latino-americanos não aderiram às sanções
antirrussas, recusando-se a fazê-lo sempre que são pressionados pelo Ocidente.
O especialista acredita que, аgora a América Latina está vivendo uma época
bastante autônoma.
Nikolai
Frolov, Diretor do Centro de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação com
os Países Ibero-Americanos da Universidade Estatal do Sudoeste, falou sobre as
atividades desenvolvidas por sua universidade na vertente latino-americana,
destacando que sua universidade formou mais de 500 especialistas técnicos
qualificados para os países da região.
"Cientistas
de nossa universidade, apoiados por nossos colegas latino-americanos e o
Parlamento da América Central, elaboraram um programa educacional com tópicos
espaciais para crianças, traduziram-no para o espanhol e agora estamos
implantando esse programa em colégios da América Latina", salientou.
José
Renato Peneluppi, especialista do Centro de Estudos sobre a China e
Globalização, expôs sua visão das relações Rússia-Brasil: "Temos uma
cooperação econômica muito forte, os dois países comercializam produtos
agrícolas, recursos energéticos e outros bens”. O especialista enfatizou o
papel especial do BRICS na cooperação bilateral, assinalando que a Rússia e o
Brasil encontraram um terreno comum no desenvolvimento e fortalecimento de um
mundo multipolar.
Juan
Martín González Cabañas, pesquisador do Centro de Economia e Política Global
(CIEPE), falou sobre o desenvolvimento da cooperação na política da juventude:
"Trabalhar com a juventude é muito importante porque os jovens têm acesso
a um mundo que não é centrado nos Estados Unidos em termos de cultura e
geopolítica". O especialista destacou que o número de bolsas de pesquisa e
estudo disponibilizados a estudantes da América Latina aumentou nos últimos
anos.
O
debate havido encerrou o ciclo de reuniões de especialistas sob o lema
"Cooperação da Rússia com a Ásia, África e América Latina — Desafios e
Perspectivas", organizado com o apoio da Fundação Gorchakov e do Centro de
Assistência a Programas Humanitários e Educacionais.
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Especialista: EUA não
fizeram golpe na Bolívia diretamente, mas poderiam ter contatos com militares
Um
acadêmico da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de
São Petersburgo excluiu que Washington tenha ordenado a ação, mas acredita que
ele tem contatos com militares do país sul-americano.
Os
Estados Unidos não estiveram diretamente envolvidos na preparação do golpe
militar na Bolívia, mas provavelmente tiveram alguns contatos com os militares
e veem favoravelmente a substituição da atual liderança do país, sugeriu um
professor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de
São Petersburgo à Sputnik.
"Certamente,
eles veriam isso [a mudança de poder na Bolívia] com bons olhos", explicou
Viktor Kheifets. A Bolívia tem projetos para exploração de lítio com a China e
a Rússia.
"A
Bolívia é um dos três países da América Latina com as maiores reservas de lítio
[...]. Isso é importante, mas não o suficiente para largar tudo agora mesmo e
começar a encenar um golpe", crê.
O
especialista acredita que Washington e os militares bolivianos provavelmente
tiveram e ainda têm alguns contatos, mas é improvável que os EUA tenham estado
diretamente por trás da preparação da ação. Se o país norte-americano tivesse
planejado o golpe, ele teria terminado "com um alcance muito maior e
provavelmente com sucesso", sugeriu Kheifets.
Na
quarta-feira (26) foi relatada uma ação militar na Praça Murillo, em La Paz,
Bolívia, onde estão localizados os prédios do governo, onde surgiram veículos
especiais. Os militares, liderados pelo general José Zúñiga, que foi demitido
do cargo de comandante do Exército, teriam tentado usar um veículo blindado
para invadir o palácio presidencial.
Luis
Arce, presidente da Bolívia, pediu que a democracia fosse respeitada e
descreveu o que estava acontecendo como uma tentativa de golpe de Estado. De
acordo com a agência francesa AFP, um porta-voz do Conselho de Segurança
Nacional dos EUA disse que Washington estava monitorando de perto a situação na
Bolívia, e pediu calma.
Os
tumultos na praça de La Paz duraram cerca de três horas. Durante todo esse
tempo, Arce estava dentro do palácio. Ele se dirigiu à nação e nomeou um novo
comando do Exército, e pediu aos militares que deixassem a praça, enquanto
Zúñiga e dois outros comandantes militares foram presos. Nove pessoas ficaram
feridas na tentativa de golpe.
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Comércio Rússia-Índia
cresce e atinge recordes apesar de preocupações dos EUA
Dados
estudados pela Sputnik revelam que o volume do comércio bilateral atingiu US$
23,1 bilhões somente no primeiro terço deste ano.
O
volume de negócios entre a Rússia e a Índia aumentou 10%, atingindo um recorde
nos primeiros quatro meses do ano, calculou a Sputnik com base em dados da
alfândega indiana.
No
final de janeiro-abril, as importações de produtos russos pelo país asiático
aumentaram 10%, chegando a US$ 21,6 bilhões (R$ 119,25 bilhões). A Rússia foi a
segunda principal exportadora de produtos para a Índia, atrás apenas da China,
com suprimentos no valor de US$ 32,6 bilhões (R$ 180 bilhões).
As
exportações de mercadorias da Índia, por sua vez, aumentaram 21%, chegando a
US$ 1,6 bilhão (R$ 8,83 bilhões). Esse aumento acentuado permitiu que a Rússia
subisse da 33ª para a 29ª posição entre os destinatários de produtos da Índia.
Como
resultado, o volume de negócios comercial entre a Rússia e a Índia aumentou
para US$ 23,1 bilhões (R$ 127,53 bilhões), contra US$ 21 bilhões (R$ 115,94
bilhões) nos primeiros quatro meses do ano passado, e a Rússia continua sendo o
quarto parceiro comercial do país sul-asiático.
EUA
preocupados com laços russo-indianos
Washington
está interessado em desenvolver a cooperação tecnológica com a Índia, mas seus
laços contínuos com a Rússia impedem isso em várias frentes, avaliou Kurt
Campbell, vice-secretário de Estado dos EUA.
"Estamos
comprometidos com o desenvolvimento de uma relação tecnológica muito mais
profunda e forte entre os EUA e a Índia. Temos sido claros sobre as áreas
afetadas pelo contínuo relacionamento militar e tecnológico entre a Índia e a
Rússia", afirmou ele em uma reunião após sua visita à Índia.
O
diplomata disse que os EUA estão expressando suas preocupações e elaborando
medidas para compensar o impacto "negativo" da interação
russo-indiana, mas ao mesmo tempo "têm confiança na Índia".
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Usina de Obninsk
contribuiu para liderança global da Rússia em tecnologia nuclear, diz
especialista
Por
ocasião do 70º aniversário da construção da primeira usina nuclear do mundo, o
especialista em energia nuclear Aleksei Anpilogov avaliou que a genialidade dos
cientistas e acadêmicos soviéticos conduziram a Rússia de hoje para a
excelência no uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos.
A
instalação nuclear de Obninsk, inaugurada em 26 de junho de 1954, apresentava
um reator de 5 mWt para gerar eletricidade e facilitar a pesquisa atômica
experimental e "na verdade anunciou a criação de uma nova indústria na
União Soviética", disse Aleksei Anpilogov, cientista político e
especialista em energia nuclear, à Sputnik.
O
especialista elogiou "a genialidade dos acadêmicos soviéticos Igor
Kurchatov e Nikolai Dollezhal, que perceberam o fato de que seu experimento
para criar um reator para a produção de plutônio para armas poderia ser usado
para fins pacíficos e na economia em tempos de paz".
"É
seguro dizer que o programa nuclear russo se apoia nos ombros do programa
soviético 'átomo pacífico', já bastante avançado", destacou.
A
liderança mundial da Rússia em tecnologia nuclear é "simplesmente inegável
agora, especialmente no contexto do encerramento das usinas nucleares na
Alemanha, bem como de uma situação muito difícil com os programas nucleares do
Japão e dos Estados Unidos", concluiu o especialista.
Para
o especialista, a Rússia continua a ser o país preferido em termos de
exportação de reatores nucleares por "uma série de parâmetros, incluindo
um preço bastante razoável", executada pela corporação nuclear estatal
Rosatom.
A
Rússia continua a ser o líder mundial nas exportações de energia nuclear, que
cresceram mais de 20% em 2022, de acordo com análises da Bloomberg do ano
passado. A Rosatom fornece cerca de um quinto do urânio enriquecido necessário
para alimentar 92 reatores nucleares nos EUA, enquanto na Europa as empresas de
serviços públicos que geram eletricidade para 100 milhões de pessoas dependem
da Rosatom, segundo a apuração.
A
Usina Nuclear de Obninsk foi inaugurada em 26 de junho de 1954, no território
do Laboratório B, que posteriormente se transformou no Instituto Leypunsky de
Física e Engenharia de Energia, parte da divisão científica da Rosatom. Cerca
de três anos após o lançamento, a instalação se tornou um símbolo global do uso
pacífico da energia nuclear. A usina permaneceu em operação sem problemas por
48 anos, até ser desativada em 29 de abril de 2002.
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UE abre a caixa de
Pandora ao procurar utilizar lucros provenientes de ativos russos
A
decisão da União Europeia (UE) de financiar Kiev com 1,4 bilhão de euros
(aproximadamente R$ 8,27 bilhões) proveniente dos lucros dos ativos russos
congelados mostra que "o Ocidente continua roubando".
É o
que afirmou o correspondente de guerra francês Laurent Brayard à Sputnik.
Ele
também questionou a democracia na Europa, afirmando que quem toma as decisões
está nos EUA.
"Isto
mostrará aos países não-alinhados que os ocidentais não são pessoas de
confiança, porque continuam roubando. É um mau sinal e, mais cedo ou mais
tarde, tudo se voltará contra eles", explicou.
Estes
fundos "servirão obviamente para continuar financiando" o conflito
armado na Ucrânia, acrescentou o jornalista.
Por
outro lado, a ministra das Relações Exteriores holandesa, Hanke Bruins Slot,
confirmou que este 1,4 bilhão de euros seriam utilizados para comprar munições,
artilharia, mísseis e sistemas de defesa aérea para a Ucrânia.
A
UE e o Grupo dos Sete (G7) bloquearam ativos russos no valor de 300 bilhões de
euros (aproximadamente R$ 1,7 trilhão), depositados em bancos ocidentais, desde
o início da operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. A
operação tem como objetivo defender as repúblicas populares de Donetsk e
Lugansk do genocídio cometido por Kiev e enfrentar os riscos de segurança
nacional representados pelo avanço da OTAN em direção ao leste.
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Zelensky cria Forças
de Sistemas Não Tripulados para desviar novos fundos do Ocidente
Vladimir
Zelensky aprovou nesta quarta-feira (26) a criação das Forças de Sistemas Não
Tripulados como um ramo separado das Forças Armadas da Ucrânia, em meio à
operação militar especial russa. Mas por qual motivo o regime de Kiev precisa
de uma nova tropa?
Zelensky
ordenou a formação de um novo ramo militar exclusivamente focado no uso de
sistemas não tripulados. O coronel Vadim Sukharevsky foi nomeado comandante da
nova força, que tem como objetivo coordenar o uso de drones e sistemas
robóticos em domínios terrestres, aéreos e marítimos.
A
criação de um novo ramo militar proporcionou a Zelensky outra oportunidade para
exigir mais dinheiro do Ocidente, avalia à Sputnik Aleksandr Mikhailov, chefe
do Bureau de Análise Militar-Política (BVPA), um think-tank russo.
"Um
ramo militar separado requer a alocação de financiamento separado do orçamento
do Ministério da Defesa da Ucrânia. Como o departamento de defesa ucraniano é
totalmente financiado pelo Ocidente coletivo, [a Ucrânia] enviará novas, e
aumentadas, faturas aos seus curadores ocidentais para a criação dessa nova
força", declarou.
O
especialista vê pouco mérito em separar o comando dos sistemas de drones de
outros ramos militares.
"Não
se deve ver a Ucrânia como um tipo de modelo militar. Até onde sei, nem nos
EUA, nem em Israel, nem nos países europeus há ramos militares separados para
veículos não tripulados", enfatizou.
Já
com relação à Rússia, as Forças Armadas do país têm implementado cada vez mais
sistemas robóticos não tripulados em praticamente todos os ramos do Exército,
de acordo com o analista. Mikhailov disse que os regimentos de fuzileiros
russos "têm seus próprios pequenos drones, que fornecem reconhecimento de
terreno e transmissão de dados de artilharia. Existem drones que essencialmente
fornecem segurança adicional a veículos de combate que acompanham as
tripulações" e outros que entregam munição às tropas.
O
especialista apontou que várias outras corporações e empresas militares,
incluindo a Almaz-Antey, a United Aircraft Corporation e a Russian Helicopters,
também começaram a produção de novos sistemas não tripulados, que fizeram o
país avançar e muito nessa área militar.
Embora
a Rússia tenha empregado técnicas de guerra eletrônica pela primeira vez há
mais de 100 anos, os desafios modernos impostos pelos sistemas não tripulados
catalisaram o desenvolvimento de suas capacidades, de acordo com o analista.
"A
Rússia tem a expertise científica e técnica para criar sistemas e complexos de
guerra eletrônica. Agora há uma grande demanda por estações móveis de guerra
eletrônica, sistemas portáteis que podem detectar drones inimigos e garantir a
segurança tanto das unidades militares quanto dos veículos de combate
individuais e combatentes", resumiu.
Segundo
o especialista, o sucesso de um conflito que envolve o uso de drones não pode
ser determinado pelo número de novos ramos militares, mas pela realidade no
campo de batalha.
Fonte:
Sputnik Brasil
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