Óculos de
realidade mista são usados pela 1ª vez no Brasil para remover tumor no pulmão
Uma
cirurgia realizada com óculos de realidade mista permitiu que médicos
visualizassem dados do paciente em 3D durante o procedimento, tornando-o menos
invasivo e aumentando sua precisão. A tecnologia foi utilizada durante cirurgia
de remoção de tumor no pulmão no Hospital Sírio-Libanês de Brasília, em maio
deste ano.
A
remoção do tumor foi realizada durante um procedimento chamado Segmentectomia
Pulmonar Anatômica Robótica. O uso de óculos de realidade mista combina dados
de diferentes fontes de informação e os oferece em formato 3D para os médicos
durante a cirurgia. As imagens digitais são projetadas sobre o campo de visão
real do cirurgião, com base em informações personalizadas do
paciente.
A
tecnologia incorporada na cirurgia permitiu a percepção real de profundidade do
tumor, com as estruturas pulmonares do paciente e do tumor isoladas e
demarcadas com detalhes que podem ser difíceis de visualizar em uma tela
bidimensional. Isso apoiou a decisão do caso, reduzindo o tempo de procedimento
e permitindo uma melhor precisão.
A
Segmentectomia Pulmonar Anatômica Robótica é um tipo de cirurgia minimamente
invasiva que remove uma pequena parte do pulmão, preservando a maior parte do
órgão. Ela se tornou padrão recentemente nos grandes centros mundiais de
tratamento de câncer de pulmão precoce,
mas também pode ser utilizada para tratar outras doenças pulmonares benignas,
como enfisema, más formações pulmonares em crianças e bronquiectasias.
O
uso do óculos de realidade mista permitiu os médicos retirarem um pedaço menor
do pulmão afetado pelo tumor, sem comprometer a função pulmonar. “Essa
tecnologia nos proporcionou uma visão muito mais precisa da anatomia do
paciente, o que nos permitiu realizar a segmentectomia com maior segurança,
menor sangramento e menor risco de complicações”, explicou Humberto Alves de
Oliveira, cirurgião responsável pela cirurgia torácica do Hospital
Sírio-Libanês e do Hospital de Base da Secretaria Estadual de Saúde do DF, que
liderou a equipe na cirurgia.
·
Paciente oncológico se recupera bem
A
cirurgia com uso de óculos de realidade mista foi realizada no dia 11 de maio
no Hospital Sírio-Libanês de Brasília. Além da equipe de Oliveira, o
procedimento contou com a ajuda de Paula Ugalde, cirurgiã torácica do Brigham
and Women’s Hospital em Boston, EUA, e de Isabela Silva Müller, radiologista
especializada em tórax e reconstrução 3D radicada no Canadá.
O
procedimento durou cerca de três horas e foi bem-sucedido, de acordo com
comunicado enviado à imprensa. O paciente é um homem de 65 anos. Ele foi
diagnosticado com tumor no pulmão em março de 2024. Ele já recebeu alta e se
recupera em casa, segundo comunicado.
A
cirurgia com uso de óculos de realidade mista e a obtenção de informações em 3D
marca um passo importante para a medicina brasileira.
“Esse
trabalho é resultado de um investimento contínuo em cultura de early user
[primeiros usuários] para inovações que podem melhorar a vida dos pacientes e
melhorar a eficiência e os desfechos clínicos”, diz Conrado Tramontini, gerente
da Garagem de Inovação do Sírio Libanês, parte da vertical de tecnologia da
instituição, Alma Sírio-Libanês. “Essa tecnologia tem o potencial de
transformar a forma como realizamos cirurgias, beneficiando milhares de
pacientes em todo o país”, reforça.
¨ Cerca de 3,4 bilhões de pessoas têm alguma doença neurológica,
diz estudo
O
número de pessoas que vivem ou morrem devido a doenças neurológicas, como AVC
(Acidente Vascular Cerebral), Alzheimer e outras demências e meningite,
aumentou nos últimos 30 anos. De acordo com uma nova análise, cerca de 3,4
bilhões de pessoas no mundo tiveram alguma condição de saúde relacionada ao
sistema nervoso, em 2021.
O
levantamento foi feito pelo Global Burden of Disease, Injuries and Risk
Factors Study (GBD) e foi publicado na revista The Lancet Neurology, no
último dia 14.
A
análise sugere que, em todo o mundo, o número geral de incapacidade, doenças e
morte prematura — uma medida conhecida como anos de vida ajustados por
incapacidade (DALYs) — causadas por condições neurológicas aumentou
18% nos últimos 31 anos, passando de 375 milhões de anos de vida saudável
perdidos, em 1990, para 443 milhões de anos em 2021.
De
acordo com o levantamento, as principais doenças neurológicas que contribuíram
para a perda da saúde neurológica em 2021 foram o AVC, encefalopatia
neonatal, enxaqueca, doença de Alzheimer e outras
demências, neuropatia diabética, meningite, epilepsia, complicações
neurológicas do parto prematuro, transtorno do espectro
do autismo e tumores no sistema nervoso.
As
consequências neurológicas decorrentes da Covid-19, como comprometimento cognitivo e síndrome de Guillain-Barré,
ocuparam o 20º lugar no ranking de doenças que mais contribuíram para a redução
da saúde neurológica, representando 2,48 milhões de anos de vida saudável
perdidos em 2021.
Ainda
de acordo com o estudo, os distúrbios neurológicos mais prevalentes em 2021
foram dores de cabeça do tipo tensional (cerca de 2 bilhões de casos) e enxaqueca (cerca de 1,1
bilhão de casos). A neuropatia diabética é a que mais cresce entre todas as
condições neurológicas.
“O
número de pessoas com neuropatia diabética mais do que triplicou globalmente
desde 1990, chegando a 206 milhões em 2021”, disse a coautora sênior do estudo,
Liane Ong, do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME), da
Universidade de Washington, nos Estados Unidos. “Isso está de acordo com o
aumento na prevalência global de diabetes.”
Além
disso, para mostrar que os distúrbios neurológicos podem ocorrer em qualquer
estágio da vida, os pesquisadores descobriram que as doenças relacionadas ao
neurodesenvolvimento e condições neurológicas em crianças representaram 18% de
todos os DALYs em 2021, equivalendo a 80 milhões de anos de vida saudável
perdidos em todo o mundo.
·
80% das mortes e perdas de saúde
neurológica ocorreram em países de baixa e média renda
A
análise também mostrou um contraste no impacto das doenças neurológicas
entre países de baixa e alta renda. As estimativas revelam que nas regiões com
a melhor saúde neurológica (como o Pacífico Asiático de alta renda e a
Austrália), a taxa de DALYs e mortes foi inferior a 3 mil e 65 por 100 mil
pessoas, respectivamente, em 2021.
Por
outro lado, nas regiões mais pobres da África Subsaariana ocidental e central,
a taxa de DALYs e mortes foi até cinco vezes maior (mais de 7 mil e 198 mil por
100 mil pessoas, respectivamente) em 2021.
“A
perda de saúde do sistema nervoso impacta desproporcionalmente muitos dos
países mais pobres, em parte devido à maior prevalência de condições que afetam
recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, especialmente complicações
relacionadas ao parto e infecções”, diz Tarun Dua, chefe da Unidade de Saúde
Cerebral da OMS (Organização Mundial da Saúde) e um dos coautores sêniores do
estudo.
“A
melhoria na sobrevivência infantil tem levado a um aumento na incapacidade de
longo prazo, enquanto o acesso limitado a serviços de tratamento e reabilitação
contribui para a proporção muito maior de mortes nesses países”, completa.
Os
autores do estudo destacam ainda que, até 2017, apenas um quarto dos países do
mundo tinha um orçamento especial para condições neurológicas, e apenas cerca
de metade tinha diretrizes clínicas estabelecidas para essas doenças.
Além
disso, os profissionais de saúde que cuidam de pessoas com condições
neurológicas estão distribuídos de forma desigual ao redor do mundo, com países
de alta renda tendo 70 vezes mais profissionais neurológicos por 100.000
indivíduos do que os de baixa e média renda.
¨ Evitar os fatores de risco e investir em prevenção é essencial
O
estudo também mostrou que, se os fatores de risco para as doenças neurológicas
fossem evitados ou modificados, as mortes e DALYs globais seriam
significativamente reduzidas.
Por
exemplo, a análise sugere que modificar 18 fatores de risco ao longo da vida
poderia prevenir 84% dos DALYs globais por AVC. Além disso, controlar a
exposição ao chumbo poderia reduzir a taxa de deficiência intelectual em 63%,
enquanto reduzir a glicose no sangue para níveis normais reduziria as taxas
relacionadas à demência em 15%.
“A
carga neurológica mundial está crescendo muito rapidamente e colocará ainda
mais pressão sobre os sistemas de saúde nas próximas décadas”, disse o coautor
sênior do estudo, Valery Feigin, diretor do Instituto Nacional de Acidente
Vascular Cerebral e Neurociência Aplicada da Universidade de Auckland, na Nova
Zelândia.
“No
entanto, muitas estratégias atuais para reduzir as condições neurológicas têm
baixa eficácia ou não estão suficientemente implementadas (…). Para muitas
outras condições, não há cura, destacando a importância de maior investimento e
pesquisa em intervenções inovadoras e fatores de risco potencialmente
modificáveis”, completa.
Fonte:
CNN Brasil
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