Calor
extremo é perigo mortal para turistas na Grécia
Os
restos mortais de um turista alemão de 67 anos foram encontrados nesta
segunda-feira (24/06), num barranco numa área inacessível, próxima à praia de
Sentoni, na região de Chania, no oeste da ilha de Creta, a maior da Grécia.
Ele
passava em férias com sua esposa quando decidiu fazer uma caminhada do
altiplano de Omalos até a aldeia de pescadores de Sougia, ao sul. A trilha tem
24,5 quilômetros de extensão e leva normalmente oito horas para ser completada.
Não é um caminho particularmente difícil se o excursionista está bem
preparado e as condições meteorológicas são favoráveis – o que, ao que
tudo indica, não era o caso.
A
hipótese é que o alemão teria perdido a orientação devido ao calor e tomado o
caminho errado para o desfiladeiro de Tripiti, de difícil acesso. Ele chegou a
telefonar para a esposa, dizendo que não se sentia bem. Sem mais
notícias dele, ela comunicou o desaparecimento junto às autoridades, que
logo deram início a uma operação de busca.
As
equipes de emergência e os bombeiros da ilha no Mar Mediterrâneo o procuraram
por várias horas até localizarem seu corpo, através do rastreamento de seu
telefone celular.
O
turista alemão é o sexto excursionista encontrado morto na Grécia, apenas em
junho. Pelo menos outros três ainda estão desaparecidos: um policial
americano aposentado de 59 anos, na ilha de Amorgos, e duas francesas de 64 e
73 anos, na ilha de Sikinos.
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Temperaturas recorde
Os
termômetros na Grécia registram marcas sem precedentes.
Normalmente junho é o mês mais ameno da temporada de verão no arquipélago,
portanto muitos turistas mais idosos preferem viajar nessa época para as ilhas.
Em
2024, porém, este deverá ser o junho mais quente já registrado na Grécia.
O distrito de Chania, onde o turista alemão foi encontrado morto, as
temperaturas chegaram a 44,5ºC. Em Samos, onde outro andarilho morreu,
fazia mais de 40ºC.
Christos
Giannaros, coordenador do projeto de pesquisa Heat-Alarm, explica que as
vítimas provavelmente teriam sofrido estresse de calor, devido às temperaturas
incomumente altas e ao esforço físico das caminhadas.
A
idade também é um fator que contribui para a vulnerabilidade ao calor extremo.
"Os mais idosos armazenam mais facilmente o calor em seus corpos e têm
mais dificuldade em expeli-lo. Por isso estão mais suscetíveis aos sintomas da
insolação", explica Giannaros. Essa condição provoca perda da
noção de tempo e de direção, colocando-se em situações de risco
maior.
A
maioria das vítimas vem de países mais frios direto para o clima do
Mediterrâneo sem passar por um período de aclimatização. Os médicos advertem
que até os habitantes locais precisam de tempo para se adaptar às altas
temperaturas.
Normalmente,
entre a primavera e o verão, o corpo humano tem tempo para se
acostumar gradativamente aos dias e noites mais quentes. Mas ondas de calor que
chegam de maneira extremamente repentina e forte podem se tornar uma
questão de saúde pública.
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Perigos da falta de precauções
Apesar
dos riscos, mais turistas do que se imagine deixam de tomar as devidas
precauções, ignorando os alertas das autoridades e se aventurando no calor
escaldante. Quando as autoridades de Atenas decidiram fechar a Acrópole para
visitação durante os horários mais quentes do dia no intuito de proteger os
turistas, muitos ficaram indignados.
São
numerosos os turistas que também partem para caminhadas sem estar
devidamente preparados. A imprensa grega relatou que muitos sequer sabiam a
extensão ou o grau de inclinação das trilhas que escolheram, enquanto outros
decidiram iniciar os trajetos logo após o almoço, de barriga cheia e com
álcool no organismo, sob o sol do meio-dia.
Há
quem parta sozinho, sem levar consigo o celular. Outros se
surpreendem ao deparar com áreas onde não há sinal e se perdem, sem os
aplicativos de navegação de seus aparelhos.
A
morte do apresentador da emissora britânica BBC Michael Mosley, em 9 de junho,
aos 67 anos, gerou forte comoção publica. Em férias na ilha grega de Symi,
ele partiu sozinho para uma caminhada entre a praia Agios Nikolaos e
o vilarejo de Pedi, sem telefone e levando consigo apenas uma garrafinha
d'água.
As
autoridades concluíram que o também médico fez uma curva errada e acabou
sucumbindo ao calor numa área de difícil acesso. Equipes da polícia,
bombeiros e voluntários participaram de uma grande operação de busca, com a
ajuda de cães farejadores, drones e helicópteros. O corpo de Mosley foi
encontrado próximo a uma praia bastante frequentada, escondido por um muro
alto.
Dois
excursionistas israelenses que se perderam na cadeia de montanhas de Mainalo,
na região central do Peloponeso, tiveram melhor sorte: graças a uma
operação de busca e resgate, eles foram encontrados bem longe do destino final
planejado, mas ainda em boas condições de saúde.
¨ Fogo consome região ártica e faz disparar emissões de CO2
Incêndios
florestais de proporções monumentais na região ártica levaram as emissões de
gases do efeito estufa ao seu terceiro maior nível das últimas duas décadas
para o mês de junho, alertou nesta quinta-feira (27/06) o Copernicus, serviço
de monitoramento climático da União Europeia.
Até
então, as emissões no círculo ártico só haviam sido maiores em 2019 e 2020, com
16,3 megatoneladas e 13,8 megatoneladas, respectivamente. Em junho deste ano,
as emissões foram até agora de 6,8 megatoneladas.
À
medida em que as temperaturas sobem no Ártico, incêndios florestais passam a
castigar também áreas de alta latitude, consumindo florestas boreais e tundras,
e liberando vastas quantidades de gases causadores do efeito estufa que até
então estavam confinados no solo.
A
maior parte do fogo se concentra no nordeste da Rússia, em Iacútia, na região da Sibéria, onde grandes porções
de floresta e estepe já foram destruídas no verão de 2021.
Dados
das autoridades russas indicam que há 176 focos de incêndio, afetando uma área
de 619 mil hectares – o equivalente a dois terços da área da cidade de São
Paulo.
Mas
o quadro pode piorar, já que o pico dos incêndios florestais no Hemisfério
Norte do planeta só tende a ser atingido em julho e agosto.
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Mudanças climáticas estão turbinando incêndios, alertam cientistas
Segundo
o Copernicus, temperaturas muito acima do normal – até 7ºC acima da média
registrada entre 1991 e 2020 – e chuvas escassas afetaram a região, favorecendo
os incêndios. Esses eventos climáticos incomuns são exacerbados pela ação
humana sobre o clima, alertou o órgão.
"Os
incêndios crescentes na Sibéria são um sinal claro de alerta de que esse
sistema essencial [o Ártico] está se aproximando de pontos críticos perigosos
para o clima", disse Gail Whiteman, professor da britânica Universidade de
Exeter. "O que acontece no Ártico não fica ali. A mudança no Ártico
amplifica o risco globalmente para todos nós."
"O
Ártico tem aquecido em um ritmo muito acima do ritmo do planeta como um todo. O
resultado é que as condições em altas latitudes ao norte estão se tornando mais
propícias aos incêndios florestais", afirma Mark Parrington, do
Copernicus.
A
neve piora a qualidade do ar. Quando ela se deposita sobre a neve o gelo,
também faz com que eles derretam mais rapidamente, liberando grandes
quantidades de dióxido de carbono na atmosfera.
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Estudo: incêndios no Canadá poluíram mais que a queima de combustíveis fósseis
na Índia
Também
nesta quinta, um estudo da Universidade de Maryland mostrou que os incêndios
florestais em 2023 no Canadá liberaram mais dióxido de carbono no ar do que a
queima de combustíveis fósseis pela Índia, país mais populoso do mundo. Também
foram quase quatro vezes mais poluentes do que todo o tráfego aéreo do planeta
em um ano inteiro – sendo que a aviação, responsável por 2,5% das emissões de
carbono, é um dos maiores vilões do clima.
Segundo
o James MacCarthy, um dos principais autores do estudo, as florestas removem
muito carbono da atmosfera. "E isso fica armazenado nos galhos, troncos,
folhas e meio que no solo também. Então, quando elas queimam, todo o carbono
que estava nelas é liberado de volta na atmosfera."
Isso,
segundo MacCarthy, "definitivamente tem um impacto de escala global em
termos de quantidade de emissões produzidas em 2023".
Em
2023, os incêndios florestais no Canadá provocaram a perda de 27% de toda a
cobertura florestal ao redor do planeta.
"Mesmo
que a floresta eventualmente cresça de volta e retenha carbono, esse é um
processo que vai levar no mínimo décadas. Então, há uma tremenda diferença
entre o aumento de carbono na atmosfera por causa de um incêndio florestal e a
eventual remoção de pelo menos parte disso pela floresta que volta a crescer.
Ao longo dessas décadas, o impacto do fogo contribui para o aquecimento
global", afirmou à agência de notícias AP Jacob Bendix, da Universidade
Syracuse.
Fonte:
Deutsche Welle
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