Conflito
com Filipinas acirra temores no Mar do Sul da China
As
tensões entre a China e as Filipinas escalaram rapidamente
em seguida a um choque entre seus soldados em 17 de junho, no Mar do Sul da
China. Vídeos divulgados pelas Forças Armadas das Filipinas mostram agentes da
Guarda Costeira Chinesa abalroando barcos navais e confiscando as armas da
tripulação.
As
autoridades afirmam que os invasores chineses se comportaram como
"piratas", armados de espadas, lanças e facas, e que diversos
filipinos ficaram feridos, um teria até perdido o polegar.
Na
versão de Pequim, a intercepção e abordagem para inspeção foram apenas
"medidas necessárias" visando salvaguardar a soberania do país, de
maneira "profissional e moderada".
O
incidente se alinha com uma série de confrontações crescentes entre embarcações
de ambos os países nos últimos meses, ao largo do atol Ayungin. Lá, uma pequena
guarnição filipina está estacionada, no velho navio de guerra BRP Sierra Madre,
intencionalmente encalhado. Ao serem atacados pela Guarda Costeira da China, os
barcos filipinos realizavam uma missão de reabastecimento.
Analistas
consideram essa escaramuça mais recente especialmente preocupante, pois todo
incidente envolvendo ferimentos graves tem potencial maior de escalar a uma
situação em que, para ambos os lados, fique difícil recuar.
Para
Bonnie Glaser, diretora-gerente do Programa Indo-Pacífico do Fundo Marshall
Alemão dos Estados Unidos (GMF), "não é difícil visualizar um cenário em
que alguém é acidentalmente morto", em meio às tensões atuais na região:
"O risco de um acidente que escale em conflito é alto."
·
Manila se aproxima mais dos EUA
A
disputa entre Pequim e Manila sobre o mar quase fechado no oeste do Oceano
Pacífico já se arrasta há anos. Com sua "linha das nove raias", os
chineses reivindicam praticamente toda essa via marítima, que coincide com as
zonas econômicas exclusivas dos pretendentes rivais Brunei, Filipinas,
Malásia, Taiwan e Vietnã.
Em
2016, um tribunal internacional de Haia decidiu o caso a favor das Filipinas,
invalidando as pretensões chinesas à zona marítima estratégica. Manila denomina
a porção que reivindica "Mar do Oeste das Filipinas". Pequim também
se tornou mais agressivo em suas exigências territoriais, resultando, em 2023,
em danos a embarcações e marinheiros filipinos feridos por disparos de canhões
d'água.
Em
reação, o presidente Ferdinand Marcos Jr. procurou estreitar laços com os EUA.
Ambos os Estados firmaram em 1951 o Tratado de Defesa Mútua (MDT), em que cada
um se compromete a intervir, caso o outro seja atacado por terceiros. Agora
"a China está cada vez mais interessada em pressionar a aliança
Filipinas-EUA até os limites", confirma o analista e docente de
geopolítica Don McLain Gill, da Universidade De La Salle.
Em
seguida à confrontação mais recente, o secretário de Estado americano, Antony
Blinken, conversou com seu homólogo filipino, Enrique A. Manalo, ratificando os
"comprometimentos férreos" para com o país aliado definidos no
Tratado.
Segundo
Gill, porém, é preciso mais ação dos EUA na região:
"Sem um freio, é provável que Pequim vá provocar as Filipinas ainda
mais", com a finalidade de provar que a aliança Manila-Washington é
"incapaz de agir", apesar de suas declarações políticas, avalia o
analista.
·
Desescalada à vista?
Para
Glaser, do GMF, Pequim está explicitamente tentando coagir Manila e
"obrigá-la a retomar as negociações com a China". Essa estratégia, no
entanto, é "arriscada", desde que Marcos baixou o limiar para acionar
o MDT.
Numa
cúpula de defesa no começo de junho, em Singapura, perguntou-se ao presidente
filipino se uma situação hipotética, em que ações chinesas resultassem na morte
de um soldado seu, seriam motivo para seu país invocar o tratado com os EUA.
Marcos
respondeu que a morte intencional de um cidadão filipino – não apenas militares
– estaria "muito próxima de um ato de guerra", e que "as
Filipinas vão reagir condizentemente". Em relação ao último choque, porém,
apesar de um marinheiro ter tido o dedo amputado, as autoridades filipinas
descartaram invocar o MDT.
Dois
dias antes do choque mais recente no Mar do Sul da China, Manila havia
apresentado um requerimento à Organização das Nações Unidas pelo reconhecimento
dos limites externos de seu fundo do mar continental em partes da via marítima
sob disputa. Pequim denunciou o pedido como uma infração séria de sua
soberania, instando formalmente a ONU a não considerá-lo.
Na
opinião de Chong Ja Ian, professor de Ciências Políticas da Universidade
Nacional de Singapura, esse recurso das Filipinas à ONU é parte do motivo por
que a China crê que precisa agir "de forma mais enérgica". Neste
estágio, qualquer possibilidade de desescalada estaria "nas mãos de
Pequim", que é a parte mais capacitada e mais disposta a empregar força.
Apesar
das ações agressivas, os chineses não afundaram as embarcações filipinas nem
detiveram sua tripulação, ressalta Chong. Isso provaria que seu pessoal ainda
está ciente da necessidade de "evitar que a escalada saia do
controle".
Do
ponto de vista oposto, Don McLain Gil crê que as Filipinas precisam
"aprender" com o incidente e adotar "uma estratégia de dissuasão
física mais eficaz", como prover armas não letais e treinamento a suas
tripulações. "É um dos modos para aumentar o custo [de uma agressão] para
Pequim": assim o pessoal marítimo chinês talvez desista de certas ações,
ao perceber que não há muito a lucrar com elas.
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Rússia ajuda a Síria a
livrar o país de bases militares de ocupação, diz especialista sírio
Junto
com a Rússia, a Síria está aplicando esforços para combater a continua
influência ocidental hostil, afirmou um analista militar do país árabe.
Um
especialista militar sírio comentou à Sputnik a declaração de Vasily Nebenzya,
representante permanente da Rússia na ONU, sobre o apoio de Moscou à demanda da
Síria sobre a retirada de contingentes militares ilegais.
Na
opinião de Umar Rahmoun, a Rússia é claramente um aliado estratégico da Síria.
"[…]
O papel da FR [Federação da Rússia] desde o início [da crise síria] foi
eliminar os grupos terroristas apoiados pelos ocupantes ocidentais no
território da república. Hoje, ainda há uma luta ativa contra os terroristas e
estão sendo feitos esforços para retirar todas as forças de ocupação e
contingentes militares estrangeiros do país árabe, então a assistência da
Rússia é extremamente importante e indispensável", apontou Rahmoun.
O
analista lembrou que a crise começou há 14 anos, e que, "durante todo esse
tempo, o Ocidente não parou de enfraquecer a Síria em todas as frentes e em
todas as direções", mas a Rússia sempre ajudou Damasco.
"Tanto
a FR quanto a RAS [República Árabe da Síria] têm um objetivo comum – combater o
projeto do Ocidente, que visa essencialmente à destruição da república árabe.
Foi graças à FR que foi possível evitar a catástrofe. Somente a resiliência dos
povos russo e sírio pode deter o Ocidente, que semeia apenas o caos e a
destruição", concluiu.
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Rússia, China e Irã
caminham para parceria estrutural devido à Ucrânia, diz chanceler turco
As
implicações do conflito na Ucrânia, diante do apoio ocidental a Kiev, tem
levado Rússia, China e Irã a consolidarem cada vez mais uma parceria
estrutural, declarou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan
Fidan, nesta segunda-feira (24).
"A
questão da Ucrânia é extremamente importante. O custo do conflito contínuo para
a região e o mundo é muito alto. E o que é ainda mais grave: esse risco pode
crescer e se espalhar. Ele pode se espalhar geográfica e metodicamente. A
questão das armas nucleares pode entrar na pauta", disse Fidan em
entrevista ao canal de televisão turco Habertürk.
O
chanceler turco destacou ainda que durante as visitas à China e à Rússia ele
observou uma "divisão do mundo" causada pelas tensões na Ucrânia.
"Rússia,
China e Irã estão caminhando para uma parceria estrutural. Esta é uma expansão
provocada pelo conflito", disse ele.
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Interesse da Turquia no BRICS é um
'processo normal'
Durante
a entrevista, o ministro da Turquia também comentou o interesse da Turquia em
aderir ao BRICS. Conforme Hakan Fidan, é um processo normal e Ancara está
interessada em se fortalecer junto à economia mundial.
"Estamos
considerando plataformas econômicas alternativas. O BRICS é diversificado
porque inclui China e Rússia, que são superpotências. O BRICS é mais focado no
componente econômico, reúne todas as religiões e culturas, o que o diferencia
da União Europeia [UE]", declarou.
O
ministro lembrou do alto volume de comércio da Turquia com a China e a Rússia.
"Estamos interessados em entender como a economia mundial é vista",
acrescentou.
Ao
responder a uma pergunta sobre a possível pressão da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) e da UE sobre o país, Fidan lembrou que "a OTAN é
uma organização militar".
"No
que diz respeito à UE, lá existem compromissos. Se houvesse vontade política da
UE, se não estivéssemos no ponto em que estamos agora, nossa perspectiva seria
diferente", finalizou.
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Putin: Rússia quer
aprofundar relações com Ásia-Pacífico, África e América Latina no âmbito do
BRICS
O
alto responsável russo elogiou o papel do grupo, que diz poder contribuir para
a preservação do meio ambiente e do clima, o comércio global e a cooperação
tecnológica.
Vladimir
Putin, presidente da Rússia, deu na quarta-feira (26) as boas-vindas aos
participantes, organizadores e convidados do 12º Fórum Jurídico Internacional
de São Petersburgo.
"Este
ano, a Rússia preside a associação do BRICS. Juntamente com nossos parceiros,
nos esforçamos para desenvolver uma regulamentação legal eficaz que possa
reforçar a segurança alimentar e energética, contribuir para a preservação do
meio ambiente e do clima, criar regras justas para o comércio global e a
cooperação tecnológica", indica a declaração do Kremlin.
O
líder russo acrescentou que a Rússia está pronta para aprofundar a cooperação
nessas áreas com outros países, principalmente da região da Ásia-Pacífico, da
África e da América Latina.
"Estou
confiante de que as propostas, recomendações e ideias expressas pelos
participantes do fórum serão solicitadas na prática. Desejo a vocês um diálogo
interessante e um trabalho frutífero", disse Putin ao concluir.
O
Fórum Jurídico Internacional de São Petersburgo foi criado em 2011 e é
realizado anualmente pelo Ministério da Justiça da Rússia e pelo fundo russo
Roscongress.
Ao
longo dos anos, o Fórum Jurídico Internacional de São Petersburgo se tornou uma
grande plataforma de diálogo entre representantes das comunidades jurídica,
empresarial, política e judicial sobre a proteção dos direitos e interesses dos
cidadãos e das empresas, o aperfeiçoamento da prática de aplicação da lei e a
promoção de iniciativas legislativas para desenvolver a cultura jurídica.
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Analista: sistema
energético da Ucrânia sofre com a corrupção de Kiev e ataques cirúrgicos russos
Os
ataques de precisão da Rússia já destruíram com sucesso depósitos de munições e
combustível, campos de aviação, quartéis-generais militares, bem como
instalações de produção militar e um importante centro de tomada de decisão na
Ucrânia, mas, segundo o pesquisador Aleksandr Dudchak, a corrupção ucraniana
também merece atenção.
A
Ucrânia clama regularmente por novos armamentos de defesa antiaérea, em números
cada vez maiores, incluindo sistemas de mísseis antiaéreos Patriot fabricados
nos EUA, dos seus manipuladores ocidentais. Entretanto, Kiev investiu US$ 500
milhões (cerca de R$ 2,7 bilhões) em estruturas de defesa construídas
exclusivamente para proteção contra drones russos, que foram todas destruídas.
A
corrupção ucraniana "merece um grande monumento", pois "salva
vidas", disse Aleksandr Dudchak, pesquisador líder do Instituto de Estudos
da CEI e especialista do movimento Outra Ucrânia, à Sputnik. Ele observou que o
uso indevido desenfreado de fundos que o Ocidente injetou no governo de Kiev
acabou por ajudar as Forças Armadas da Rússia a cumprir os seus objetivos com
ataques direcionados.
O
ex-ministro do Interior da Ucrânia e antigo procurador-geral Yuri Lutsenko se
irritou recentemente com "meio bilião de dólares" que foram
desperdiçados para proteger subestações elétricas. O dinheiro foi gasto
exclusivamente na defesa dos drones, observou ele, mas foram os mísseis russos
que realizaram com sucesso os ataques cirúrgicos.
As
Forças Armadas da Rússia atingiram as instalações de energia da Ucrânia que
abastecem o complexo industrial-militar, informou o Ministério da Defesa da
Rússia em 22 de junho, em resposta às tentativas de Kiev de danificar as
instalações de energia russas.
"Enquanto
a Ucrânia está dispendendo quantias colossais de dinheiro, os norte-americanos
e os seus parceiros ficam muito felizes em alardear toda a ajuda financeira que
está sendo injetada em Kiev [...]. É claro que a Ucrânia é usada como pretexto
para acumular encomendas lucrativas para o seu próprio complexo
industrial-militar e oportunizando a geração de empregos", esclareceu
Dudchak.
Além
do uso indevido de fundos, também é preciso reconhecer que é difícil se
defender do míssil balístico hipersônico lançado do ar russo Kinzhal, disse o
especialista. "Não importa o que eles [Ocidente] entreguem [à Ucrânia],
nem sempre pode ajudar", observou ele.
Dudchak
lembrou como Vladimir Zelensky, líder da Ucrânia atualmente sem mandato
legítimo, se gabou de quão bem protegida estava a infraestrutura energética do
seu país e de que a usina termoelétrica de Tripolie era impossível de destruir.
"Bem, podemos ver quanto vale essa proteção", observou o
especialista.
"Enquanto
o complexo militar-industrial dos EUA luta para atingir a sua plena capacidade,
eles recorrem às suas próprias reservas ou esgotam as reservas dos seus
parceiros. Por muito que [os EUA] desejassem, não podem entregar mais do que
estão a fazer atualmente", sublinhou Dudchak.
Autoridades
de Kiev admitiram que é impossível fornecer 100% de proteção a qualquer coisa,
até mesmo a uma usina termoelétrica, apesar de haver quatro sistemas Patriot
estacionados nas proximidades. O especialista enfatizou que as armas avançadas
da Rússia têm a capacidade de destruir eficazmente as instalações energéticas
que abastecem a indústria de defesa ucraniana.
Ele
acrescentou que hoje já podemos ver o "efeito de impacto acumulado no
sistema energético [da Ucrânia]". O especialista destacou os contínuos
cortes de energia que afetam os consumidores industriais e domésticos, e
observou que a situação na capital ucraniana piorará à medida que o inverno (no
Hemisfério Norte) se aproxima.
Fonte:
Deutsche Welle/Sputnik Brasil
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