quinta-feira, 27 de junho de 2024

Milei disse muita bobagem e só vou falar com ele após desculpas, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (26) que o presidente da Argentina, Javier Milei, deveria pedir desculpas pela quantidade de "bobagem" que disse sobre o brasileiro e condicionou uma conversa entre os dois a um pedido de desculpas.

Lula também disse que os condenados pelos ataques de 8 de janeiro que estão na Argentina não precisam necessariamente ser extraditados, mas que devem começar a cumprir pena no país vizinho.

Lula concedeu uma entrevista ao vivo nesta quarta-feira (26) ao portal UOL. O presidente afirmou que ainda não teve nenhuma conversa com Milei, que tomou posse em dezembro passado, e afirmou que o argentino precisaria primeiro se desculpar antes de manter uma relação mais próxima.

"Não conversei com o presidente da Argentina, porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem. Só quero que ele peça desculpas", afirmou o presidente.

"A Argentina é um país que eu gosto muito e é um país muito importante para o Brasil. E o Brasil é muito importante para a Argentina. Não é um presidente da República que vai criar uma cisão. O povo argentino e brasileiro é maior que os seus presidentes. E eles querem viver bem, viver em paz", declarou.

Lula também afirmou durante a entrevista que seu governo está discutindo com os argentinos para que os brasileiros condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e que se refugiaram na Argentina comecem a cumprir suas penas naquele país.

O Brasil enviou ao governo Milei uma lista com os nomes e documentos de 143 condenados pela invasão às sedes dos três Poderes que estavam foragidos. O objetivo era confirmar se essas pessoas estão na Argentina.

É possível que os números reais sejam maiores do que os listados pelo lado argentino, caso alguns dos foragidos tenham entrado ou saído do país por pontos da fronteira nos quais há pouco monitoramento.

Em resposta, a Argentina compartilhou na semana passada, após pedidos de Brasília, a lista dos foragidos do 8 de janeiro dos quais há registro de entrada no país. São cerca de 60 pessoas.

Buenos Aires também alertou que parte desse grupo —seriam cerca de dez indivíduos— já deixou o país. Não se sabe para qual região foram, uma vez que o registro migratório compartilhado com o Brasil contém apenas a informação de que houve saída do território argentino.

"Os que estão lá, você já tem uma parte condenada. Essa parte, tanto meu ministro [da Justiça, Ricardo] Lewandowski, quanto Andrei [Rodrigues] da Polícia Federal e mais o Mauro Vieira, do Itamaraty, estão discutindo para ver o seguinte: se os caras não quiserem vir, que eles sejam presos lá e fiquem presos na Argentina. Se não, venham para cá. Nós estamos tratando da forma mais diplomática possível", afirmou o presidente.

A relação entre os governos brasileiro e argentino vive um processo de distanciamento, cujo principal simbolismo é a falta de uma conversa entre os presidentes dos dois países, tradicionais aliados regionais.

Os atritos entre Lula e Milei são antigos. Durante a corrida eleitoral argentina, Milei chegou a dizer em entrevistas que não se reuniria com Lula como chefe de Estado. Ele o chamou de comunista e corrupto e mencionou o tempo em que o brasileiro esteve na prisão.

O PT declarou apoio público ao adversário de Milei, o então "superministro da Economia" Sergio Massa, candidato do peronismo. Lula, em março passado, mencionou nominalmente Milei ao falar sobre o risco da democracia no Brasil e em outros países.

Em novembro de 2023, em passagem por Brasília, a então indicada a chanceler argentina, Diana Mondino, trouxe uma carta na qual Milei convidava Lula para sua posse, em 10 de dezembro. Lula não foi à cerimônia. Como seu representante, enviou Mauro Vieira.

Em abril, Mondino, já empossada na chefia da diplomacia argentina, voltou ao Brasil e trouxe uma nova carta de Milei a Lula na qual defendia a manutenção de uma boa relação bilateral entre os dois países. Tampouco houve avanço para um encontro bilateral.

Há pelo menos dois eventos internacionais neste ano em que Milei e Lula podem se encontrar, ao menos no contexto de cúpula com outros chefes de Estado. Uma é a reunião dos líderes do Mercosul, em julho, no Paraguai. A outra é o G20, em novembro, no Rio.

¨      Lula diz que não sabe se “precisa efetivamente cortar” gastos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quarta-feira (26/6), ainda não saber se “precisa efetivamente cortar” gastos para equilibrar as contas públicas, mas já descartou a possibilidade de reduzir o salário mínimo para atingir esse objetivo.

“O problema não é que tem que cortar, o problema é saber se precisa efetivamente cortar, ou se a gente precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão”, afirmou o presidente.

Perguntado, em entrevista ao site Uol, se existe chance de mexer no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e nas pensões do mínimo, o presidente negou veementemente.

“Não considero isso gasto, gente, pelo amor de Deus. A palavra ‘salário mínimo‘ é o mínimo e o ‘minimório’ que uma pessoa precisa para sobreviver. Se eu acho que eu vou resolver o problema da economia brasileira apertando o mínimo do mínimo, eu estou desgraçado, cara, eu não vou para o céu. Eu ficaria no purgatório”, declarou.

A valorização do salário mínimo anualmente, acima da inflação, é uma das bandeiras de campanha e do governo do petista.

“Nós queremos fazer política de inclusão social que permita que as pessoas tenham oportunidade de crescer. O que nós precisamos [ponderar] é o seguinte: o gasto está sendo bem feito? O dinheiro está sendo utilizado para alguma coisa que vai melhorar o futuro deste país? Eu acho que está”, afirmou.

Lula ainda falou de repartir as igualdades de condições. “Você acha que eu quero que empresário dê prejuízo? Eu não sou doido. Porque, se ele der prejuízo, eu vou perder meu emprego. Eu quero que o empresário tenha lucro”, disse.

¨      Lula diz que afastará Juscelino Filho caso ministro seja denunciado pela PGR

O presidente Lula (PT) afirmou nesta quarta-feira (26) que vai afastar o seu ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), caso ele seja denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

O mandatário acrescentou que o próprio Juscelino Filho está ciente dessa situação. "Se o procurador indiciar [sic] você, você sabe que tem que mudar de posição", afirmou o presidente, durante entrevista ao portal UOL.

Ao ser questionado na sequência se ele seria afastado, se isso acontecesse, Lula respondeu afirmativamente. "Vai ser afastado. Ele sabe disso", completou.

Neste mês, a PF concluiu que o ministro das Comunicações integra uma organização criminosa e cometeu o crime de corrupção passiva relacionado a desvios de recursos de obras de pavimentação custeadas com dinheiro público da estatal federal Codevasf.

Juscelino foi indiciado sob suspeita dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.

A investigação com o indiciamento de Juscelino foi enviado agora para avaliação da PGR, sob o comando do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Não há prazo para que ocorra uma definição.

Na ocasião, o ministro criticou a atuação da PF e disse que o indiciamento é uma "ação política e previsível". "Trata-se de um inquérito que devassou a minha vida e dos meus familiares, sem encontrar nada. A investigação revira fatos antigos e que sequer são de minha responsabilidade enquanto parlamentar."

As suspeitas envolvem irregularidades em obras executadas em Vitorino Freire (MA), cidade governada por Luanna Rezende, irmã do ministro, e bancadas por emendas parlamentares indicadas pelo ministro de Lula no período em que ele atuava como deputado federal.

A União Brasil, partido da base aliada e terceira maior bancada na Câmara, defendeu publicamente o ministro, afirmando que ele não teve direito a defesa na investigação.

Lula já havia defendido o ministro na semana passada. Em visita ao Maranhão, estado do ministro, permaneceu ao lado dele durante evento para anúncio de obras.

Em entrevista a uma rádio, disse que, além de está feliz com seu auxiliar, é preciso aguardar os desdobramentos do recente indiciamento, repetindo que "todo mundo é inocente até que se prove o contrário".

"Tem um problema de indiciamento do Juscelino. Mas eu tenho uma filosofia: todo cidadão é inocente até que se prove o contrário. Se o indiciamento ainda não foi concedido pela PGR nem pela Suprema Corte, eu tenho que aguardar", afirmou Lula durante entrevista à rádio.

As investigações que levaram ao indiciamento do ministro tiveram como ponto de partida uma reportagem da Folha de 2022.

Na ocasião, o jornal revelou o uso de laranjas em licitações da estatal federal Codevasf por um empresário maranhense que posteriormente seria apontado como um dos principais elos do ministro com o suposto esquema criminoso.

Mensagens no celular do sócio oculto da empresa Construservice, apreendido em operação que usou como uma das bases reportagem da Folha de S.Paulo, constituem a principal prova contra Juscelino, segundo as apurações da PF.

 

Fonte: FolhaPress/Metrópoles

 

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