Como lidar
com a tristeza? Especialista em saúde mental explica como passar por ela
Ficar
triste é algo que nenhuma pessoa poderá evitar em sua jornada
pela vida. A tristeza é definida por um sentimento de perda, que pode
estar relacionado a uma pessoa, objeto ou algo valioso para o indivíduo,
explica Karen Vogel, psicóloga e psicoterapeuta, mestre em ciências pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), especialista em mindfulness, autora
de livros sobre saúde mental e professora
da The School of Life paulistana.
Segundo
ela, rejeição, despedidas e separações, doenças e morte podem desencadear essa emoção – que é
considerada uma das mais duradouras, afirma a especialista.
Mas,
afinal, como é possível lidar com a tristeza? Veja o que a
psicologia explica sobre sua ação na mente do indivíduo e a melhor forma
de passar por ela.
·
O que é possível fazer ao passar por
momentos de tristeza?
“A
tristeza pode desencadear períodos de
protesto, resignação e desamparo por parte do indivíduo”,
explica Vogel. A especialista detalha que essa emoção também afeta o
corpo, inclusive fisicamente, gerando mais vontade de isolar-se, falta
de energia devido o enfraquecimento emocional, “além de choro, angústia e pensamentos
de baixa estima”, comenta a terapeuta.
Por
isso, na hora de lidar com períodos assim, “o ideal seria acolher e entrar
em contato com a tristeza até ela passar”, diz a expert. “Os estudos
mostram que uma emoção demora segundos ou alguns minutos para atingir o
seu auge e diminuir gradativamente. Mas a maioria das pessoas sente tanto
desconforto que, geralmente, busca algum tipo de comportamento de
esquiva para se afastar da tristeza”, explica.
“Exemplos
desses comportamentos podem ser comer, fumar, beber, comprar, entre outros”,
detalha a psicóloga. Essas atitudes interrompem a emoção, mas podem
trazer prejuízos ao corpo. “É o
caso, por exemplo, das chamadas doenças psicossomáticas. O ideal
seria permitirmos o livre fluxo da manifestação emocional mas,
pelo desconforto que elas causam, buscamos fugir ou evitar. Brigamos com elas”,
explica.
No
entanto, a especialista destaca a importância de sentir a tristeza, porque
sua existência está ligada ao amadurecimento emocional, tão importante
para cada pessoa. “A tristeza nos ajuda a entender sobre nossos valores,
aquilo que é importante para nós, o que faz sentido em nossa vida. Quando
estou triste, esta é uma oportunidade de podermos entender que algo importante
ali está faltando”, detalha a expert.
·
Não se deve evitar a
tristeza, diz a psicologia
“É
ruim sentir tristeza, é desconfortável. Mas as emoções são muito
importantes, são a nossa bússola interna, não devem ser bloquedas”, ensina a
psicóloga.
“No
caso dos meninos, por exemplo, a cultura ensina que ‘homem não chora’, e que não devem expressar
emoções que demonstram fragilidade. Acredito que a cultura tem um papel
fundamental neste aprendizado de que emoções são ruins e não devem ser
sentidas. Mas isso precisa ser mudado”, diz. “A tristeza pode ajudar em
uma compreensão mais expandida do que é significativo para cada um: ver
que se perdeu algo realmente importante”, conclui Vogel.
¨ O que é a tristeza, segundo a psicologia?
“Tristeza não tem
fim. Felicidade sim”. O refrão
da canção “Felicidade”, do músico brasileiro Antônio Carlos Jobim, conhecido
mundialmente como referência da bossa-nova, é um dos muitos que se acerca
da emoção humana a
qual, talvez, as pessoas mais evitem sentir. “Embora a tristeza seja,
frequentemente, considerada uma emoção ‘negativa’, ela desempenha um
papel importante ao sinalizar a necessidade de receber ajuda ou
conforto”.
É o
que explica Karen Vogel, psicóloga e psicoterapeuta, mestre em ciências pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), especialista em mindfulness, autora
de livros sobre saúde mental e professora
da The School of Life paulistana.
Segundo
ela, não há como escapar da tristeza, porque esta é “uma das sete emoções
universais”. Por isso mesmo, é experimentada “por todas as pessoas ao redor do
mundo, ainda que aquilo capaz de causar tristeza varie muito com base
nas noções pessoais e culturais de perda”, detalha.
Por
sua importância no espectro emocional humano, a tristeza também está na
base do roteiro da nova animação “Divertida Mente 2”, da Disney,
disponível nos cinemas brasileiros a partir de 20 de junho de 2024. Na trama, a
protagonista Riley entra na adolescência e começa a lidar
com o amadurecimento e as novas emoções que ele traz, incluindo estar
triste.
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Como a psicologia define o sentimento de
tristeza
Karen
explica que o “gatilho universal” para acionar esse sentimento é,
geralmente, a perda de uma pessoa, objeto ou algo valioso.
“Os
desencadeadores comuns da tristeza são a rejeição (por um amigo,
parente ou amante); os finais e despedidas/separações; as
doenças; a morte de um ente querido; a perda de algum
aspecto da identidade (por exemplo, durante períodos de transição em casa, no
trabalho, nas fases da vida); e ficar desapontado com um resultado
inesperado (por exemplo, não receber um aumento no trabalho quando
esperava)”, explica ela.
·
De que forma a tristeza pode afetar uma
pessoa?
Por
mais duro que seja passar pelo sentimento de tristeza, a especialista em
saúde mental conta que esta é, justamente, uma emoção das mais duradouras.
No entanto, ela ressalta que tristeza e depressão são coisas
bastante diferentes e quem estiver caminhando no limiar desse distúrbio
deve ficar atento.
“A
tristeza passa, muitas vezes, por períodos de protesto, resignação e
desamparo, como é o caso do luto. Mas a tristeza é diferente da depressão, que
é um distúrbio psicológico comum,
descrito por sentimentos recorrentes, persistentes e intensos de tristeza
e desesperança que interferem na vida diária”, afirma.
A
psicóloga detalha também que não é difícil o indivíduo perceber-se triste,
porque o sentimento afeta o corpo inclusive fisicamente. “Há uma redução
ou enfraquecimento emocional, falta de energia, vontade de entrar
em isolamento social, falta de tônus muscular, além de choro e angústia, entre outros”, diz a
especialista. Também é comum, ao sentir-se triste, ter mais pensamentos de
baixa estima ou de “um futuro desfavorável, com menos fé ou a crença
em algo positivo”.
Karen
Voges ressalta que é impossível “escaparmos da tristeza” durante a
vida, por isso, é necessário lidar com ela, sem evitá-la. “Nós ganhamos e
perdemos coisas todos os dias e, por isso, a tristeza pertence à nossa
rotina. O ideal seria acolher e entrar em contato com a tristeza até
ela passar”, afirma a psicóloga.
Fonte:
National Geographic Brasil
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