sábado, 12 de julho de 2025

Moisés Mendes: Tarcísio virou um capacho seminovo com avarias irreversíveis

Saiu caro e ainda não foi totalmente pago o pedágio cobrado para que Tarcísio de Freitas ganhe a confiança do bolsonarismo raiz. O extremista moderado tem um carnê na gaveta até outubro do ano que vem, se decidir seguir em frente e se habilitar a enfrentar Lula.

Hoje, Tarcísio teria que passar antes no que em São Paulo chamam de lanterneiro e no Rio Grande do Sul chamam de chapeador. Está com a lataria bem avariada. 

O cara do boné aderiu com excesso de pressa aos ataques de Trump ao Brasil, e as piores bordoadas que levou foram desferidas não por inimigos, mas por parceiros políticos e pelas corporações de mídia, essas em tom inesperado. 

Nunca antes o Estadão, que ainda usa fraque, havia se dirigido a uma figura pública da direita mundial ou nacional para chamá-la de mafiosa. Pois foi o que saiu no título do editorial do jornal para se referir às atitudes de Trump: “Coisa de mafiosos”.

Tarcísio, segundo o Estadão, aderiu a uma estrutura mafiosa: “Diante disso, é absolutamente deplorável que ainda haja no Brasil quem defenda Trump, como recentemente fez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que vestiu o boné do movimento de Trump, o Maga (Make America Great Again), e cumprimentou o presidente americano depois que este fez suas primeiras ameaças ao Brasil por causa do julgamento de Bolsonaro”.

O Estadão entende que, “caso Trump leve adiante sua ameaça, Tarcísio e outros políticos embevecidos com o presidente americano terão dificuldade para se explicar com os setores produtivos afetados”.

O editorial da Folha, que o jornal transformou em manchete da versão online na tarde de quinta-feira, também pegou pesado. Vale a pena transcrever esse trecho: 

“Chegou a hora de lideranças como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolherem de que lado estão. Ou bem Tarcísio defende os exportadores paulistas e a soberania brasileira ou continua posando de joguete de boné de um agressor estrangeiro e da família Bolsonaro, cujo patriotismo de fancaria se dissolve e se transforma em colaboracionismo diante da perspectiva da cadeia”.

O Tarcísio colaboracionista calculou mal seu entusiasmo, diante da chance de finalmente se jogar nos braços do bolsonarismo, ter a bênção do líder nacional e a expectativa de desfrutar do poder com o aval do capo mundial a serviço das big techs.

Tarcísio é um tenente que virou burocrata de Estado e se elegeu governador de São Paulo sem nunca ter passado pela esquina da Ipiranga com a São João. Enfrenta, por amadorismo combinado com arrogância, uma situação sem similar na história brasileira.

Apoiou a fala e a atitude fascista de um déspota estrangeiro contra o país que pretende governar. Está com a lataria amassada na frente, nos lados, na traseira. O pneu dianteiro, do lado direito, dos caronas da Faria Lima, está furado. É um seminovo com avarias pesadas.

O que Folha e Estadão disseram dele, para depreciá-lo, é o que as elites empresariais de direita mandaram que dissessem. Tarcísio, segundo o Estadão, aliou-se a um “troglodita” que pode causar danos à economia brasileira. 

Por isso os jornalões trataram a subserviência do governador num tom de condenação com efeitos irreversíveis. Tarcísio não foi criticado por ter cometido um erro ao se alinhar ao governante do país mais poderoso do mundo, mas a um delinquente que, para defender uma família e as big techs, tenta intimidar o sistema de Justiça e o governo brasileiro.

O aliado de Trump pode estar descobrindo que, além de não ser ainda o candidato do bolsonarismo, não tem a confiança da velha direita. Tarcísio foi carimbado pelos jornais, que refletem a média do tucanismo ainda desamparado, com definições de difícil conserto. 

O joguete desastrado do mafioso tem uma tatuagem difícil de apagar. A velha direita cansada da guerra que ajudou a fomentar está de novo atrás de outro nome.

¨      Após aplaudir a guerra comercial de Trump contra o Brasil, Tarcísio se reúne com chefe da embaixada dos EUA

Em meio à crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos provocada pelo aumento de tarifas imposto pelo presidente Donald Trump, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se reuniu nesta sexta-feira (11) com Gabriel Escobar, chefe da missão diplomática dos EUA no Brasil. O encontro ocorreu no escritório do governo paulista em Brasília, informa a Folha de S. Paulo.

A reunião ocorre dias após Trump anunciar uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros e reforçar seu apoio a Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião da taxação por Trump, Tarcísio demonstrou alinhamento à decisão do presidente dos EUA e atribuiu culpa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de aproveitar o momento para retomar críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), novamente em sintonia com Trump.

Gabriel Escobar ocupa o cargo de encarregado de negócios na embaixada americana, que segue sem um embaixador formal desde o início do segundo mandato de Trump. Na quarta-feira (9), Escobar foi convocado duas vezes ao Itamaraty, numa clara demonstração de descontentamento por parte do governo Lula. Durante o segundo encontro, representantes do Ministério das Relações Exteriores devolveram simbolicamente a carta em que Trump comunicava as tarifas ao presidente Lula.

Nas redes sociais, Tarcísio comentou o encontro com Escobar, em uma tentativa de se reposicionar após a avalanche de críticas que recebeu, tanto de governistas, quanto de setores da oposição, imprensa e empresariado, além do agronegócio:

“Acabo de me reunir com Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, em Brasília. Conversamos sobre as consequências da tarifa para a indústria e agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas. Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa”.

<><> Pressões dos dois lados

Aliado de Bolsonaro e cotado como possível candidato à presidência, Tarcísio enfrenta agora um dilema político: se apoiar abertamente as medidas de Trump, pode desgastar sua imagem junto ao agronegócio, ao setor industrial e ao mercado financeiro, diretamente impactados pelas novas tarifas. Se adotar uma posição mais crítica às sobretaxas, poderá ser atacado por bolsonaristas mais radicais que esperam dele um alinhamento irrestrito a Bolsonaro.

<><> Reunião de Tarcísio com representante dos EUA irrita clã Bolsonaro

O encontro entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, realizado nesta sexta-feira (11), gerou forte reação entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para integrantes do núcleo bolsonarista e membros da própria família Bolsonaro, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a reunião de Tarcísio com um representante do governo americano vista como uma interferência nos planos de pressionar por uma anistia ampla aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e ao próprio Bolsonaro. Segundo essa avaliação, a atuação de Tarcísio esvazia o discurso do grupo, que vem associando a retirada das tarifas americanas à concessão da anistia no Brasil.

A crítica central é que, ao tentar resolver o impasse tarifário por vias diplomáticas e institucionais, Tarcísio estaria sinalizando de que o tarifaço é algo sobre o controle de Bolsonaro. Segundo esses aliados, o governador de SP seria um “aproveitador”.

Além disso, Eduardo e seus aliados apontam que Tarcísio, até hoje, não se reuniu com autoridades americanas para defender os condenados pelos atos antidemocráticos de janeiro de 2023 — uma pauta prioritária para o grupo bolsonarista.

Em publicação nas redes sociais, Tarcísio disse que a reunião abriria espaço de egociação para empresas paulistas. “Acabo de me reunir com Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, em Brasília. Conversamos sobre as consequências da tarifa para a indústria e agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas. Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa”, disse.

Pouco depois, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro fez uma postagem nas redes sem o nome do governador, mas vista como um recado direto a ele. “Qualquer tentativa de acordo sem um primeiro passo do regime em direção a uma democracia será interpretado como mais um acordo caracu, pois isso já foi exaustivamente tentado no passado - e os americanos também já conhecem essas histórias”, escreveu.

¨      Tarcísio pediu ao STF que liberasse Bolsonaro para negociar com Trump

Uma iniciativa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), provocou surpresa — e reprovação — entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Tarcísio telefonou a integrantes da Corte com uma proposta considerada fora dos padrões institucionais: pediu que fosse autorizada uma viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos para se encontrar com Donald Trump, atual presidente norte-americano.

De acordo com a apuração, a justificativa apresentada por Tarcísio seria que Bolsonaro teria interlocução com Trump suficiente para interceder em favor do Brasil, em especial para negociar a retirada de uma sobretaxa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros. Ainda segundo o governador, essa articulação serviria como gesto político do STF em direção ao bolsonarismo.

<><> Corte vê risco de fuga e usurpação de funções diplomáticas

A proposta foi prontamente rechaçada por ministros do STF, que consideraram o pedido “totalmente fora de propósito”. Bolsonaro está com o passaporte retido por decisão judicial e é investigado por crimes como tentativa de golpe de Estado. Na avaliação de magistrados, há risco real de que o ex-presidente busque asilo político com Trump e não retorne ao Brasil.

Além disso, a Corte destacou que negociações internacionais são atribuições exclusivas da Presidência da República e do Ministério das Relações Exteriores. Como ressaltaram ministros, Bolsonaro não exerce qualquer cargo público e, portanto, não tem legitimidade para representar o Brasil em assuntos diplomáticos.

<><> Trump envia carta a Lula e pressiona por anistia a Bolsonaro

A tentativa de Tarcísio ocorreu no contexto de movimentações nos bastidores para viabilizar um perdão judicial a Bolsonaro. Segundo interlocutores do ex-presidente, a ideia era que ele viajasse com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para iniciar conversas sobre uma possível anistia a ser aprovada pelo Congresso Nacional.

Um ponto central da investida bolsonarista é a carta enviada por Donald Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o presidente norte-americano afirma que as sobretaxas impostas aos produtos brasileiros se devem, em parte, à “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Trump classificou o julgamento do ex-presidente pelo STF como uma “vergonha internacional”.

A correspondência causou desconforto no Palácio do Planalto, que decidiu devolvê-la sem resposta formal. Em entrevistas, Lula afirmou que buscará diálogo com Trump, mas advertiu que, se não houver avanço até agosto, o Brasil responderá com medidas de retaliação, incluindo novas tarifas sobre produtos norte-americanos.

<><> Imagem com boné MAGA reforça alinhamento ideológico

A aproximação entre Tarcísio de Freitas e Trump não se restringe aos bastidores. Em publicação nas redes sociais feita em 20 de janeiro de 2025, o governador apareceu com um boné vermelho estampado com a frase “MAKE AMERICA GREAT AGAIN” — slogan de campanha do líder republicano. A imagem viralizou e reforçou o alinhamento ideológico com o trumpismo, num momento em que a extrema direita brasileira tenta reagrupar forças.

¨      Tarcísio apaga post no Instagram em que aparecia com boné de Donald Trump

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apagou de suas redes sociais a postagem em que aparecia usando um boné vermelho com o slogan “MAGA” (Make America Great Again), associado à campanha de Donald Trump. A retirada do conteúdo ocorreu após uma onda de críticas ao apoio do governador à decisão do ex-presidente norte-americano de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

A publicação, feita ainda em janeiro para comemorar a posse de Trump, ressurgiu com força nos últimos dias, em meio à crise diplomática provocada pela taxação. Na postagem excluída, Tarcísio aparecia sorridente com o boné-símbolo da direita americana. Ao longo da semana, o governador intensificou as críticas ao governo Lula, atribuindo à atual gestão a responsabilidade pela retaliação norte-americana. “Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro”, escreveu, alegando que o presidente coloca “ideologia acima do resultado”.

As declarações geraram forte reação no meio político. O presidente Lula ironizou o gesto de Tarcísio: “Não adianta tentar esconder o chapeuzinho do Trump”, comentou, referindo-se ao boné MAGA. A repercussão negativa levou o governador a recuar parcialmente.

Na quinta-feira (10), Tarcísio reconheceu publicamente que a tarifa terá efeitos negativos para o Brasil, especialmente para São Paulo, o estado mais industrializado do país. “É preciso deixar as diferenças ideológicas de lado e buscar o diálogo com o governo Trump”, defendeu.

A movimentação do governador acontece em um momento de acirramento político. Cotado como potencial candidato à Presidência em 2026, Tarcísio tenta se equilibrar entre manter vínculos com o bolsonarismo e não se descolar dos interesses econômicos do seu estado. A crise também revelou contradições dentro do próprio campo da direita: enquanto Tarcísio e outros aliados de Jair Bolsonaro culpam Lula pela tarifa, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) atua desde fevereiro nos Estados Unidos incentivando o governo Trump a adotar medidas contra autoridades brasileiras, sob alegação de perseguição política.

 

Fonte: Brasil 247

 

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