Medicamentos
para cólicas menstruais: excesso pode fazer mal?
Lidar
com cólicas menstruais é um desafio para muitas pessoas, sendo o alívio da dor
uma prioridade para que a qualidade de vida seja possível.
Embora
o uso de medicamentos possa ajudar a reduzir o desconforto, especialistas
advertem: se ingeridos em excesso, eles podem prejudicar o organismo e oferecer
riscos. Para entender o porquê, precisamos primeiro compreender o que são as
cólicas e como os medicamentos agem para aliviá-las.
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Cólicas menstruais: por que elas ocorrem?
Durante
o ciclo menstrual, o corpo produz substâncias chamadas prostaglandinas,
responsáveis por desencadear o processo de contração uterina, que expele o
endométrio. O resultados desse movimento, entretanto, são os conhecidos
episódios de dor da menstruação, que podem ser mais (ou menos) intensos,
dependendo da pessoa.
Quem
tem endometriose, por exemplo, convive com cólicas extremamente fortes –
chegando a ser incapacitantes, em alguns casos, prejudicando seu bem-estar e
suas funções cotidianas, como as atividades laborais. No Brasil, a condição
afeta cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos), segundo a
Associação Brasileira de Endometriose.
“Uma
das características [da cólica da endometriose] é que a dor piora com o tempo.
Muitas vezes, ela é incômoda aos 15 anos, mas aos 23 anos ela fica pior”,
explica Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de São Paulo.
Ou seja, conforme a pessoa envelhece, a intensidade da dor se torna mais grave
com o passar dos anos.
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Como os medicamentos agem para diminuir a dor da cólica
Para
aliviar os desconfortos, anti-inflamatórios e analgésicos costumam ser usados
(em muitos casos, sem prescrição médica). Os primeiros funcionam inibindo a
ação das prostaglandinas, enquanto os segundos atuam na percepção da dor.
Os
contraceptivos hormonais também são utilizados, uma vez que auxiliam controlam
o ciclo menstrual, reduzindo tanto o fluxo de sangue quanto a produção de
substâncias responsáveis pela dor, como as prostaglandinas.
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Por que o excesso de medicamentos faz mal?
Embora
sejam úteis para o alívio da dor, tais medicamentos, como qualquer substância
ingerida em excesso, podem prejudicar o funcionamento do organismo em casos de
hiperdosagem – seja de forma pontual (aguda) ou cumulativa (crônica).
Paula
Molari Abdo, farmacêutica bioquímica pela Universidade de São Paulo (USP) e
diretora técnica da Formularium, explica que a forma aguda acontece quando uma
grande quantidade de medicamento é ingerida de uma só vez. Isso pode ocorrer
por erro, tentativa de aliviar rapidamente a dor ou até em situações de
emergência emocional.
Os
sintomas, descreve Paula, surgem rapidamente, em poucas horas, e podem incluir
náuseas, vômitos, dores abdominais, confusão mental, convulsões e, em casos
graves, choque ou até morte.
Casos
crônicos, por outro lado, ocorrem quando o medicamento é usado repetidamente em
doses acima do recomendado ao longo do tempo. Essa situação é comum em casos de
automedicação ou quando não há orientação profissional adequada. Os efeitos
podem incluir sangramentos no estômago, insuficiência renal, danos ao fígado,
retenção de líquidos e pressão alta.
“A
principal diferença entre os dois tipos está no tempo em que os problemas se
desenvolvem. A intoxicação aguda é mais rápida, enquanto a cumulativa pode
passar despercebida até que danos mais graves tenham ocorrido. Ambas são
perigosas, e o uso seguro de medicamentos exige acompanhamento médico,
especialmente em tratamentos prolongados”, analisa Abdo.
No caso
dos contraceptivos hormonais, é imprescindível que sejam utilizados com a
orientação de um ginecologista, pois o uso prolongado pode potencializar o
risco de tromboembolismo, acidente vascular cerebral (AVC), aumento de peso,
entre outros efeitos colaterais em algumas pessoas.
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Quando buscar atendimento médico?
A
automedicação não é recomendada e é fundamental buscar atendimento caso a
pessoa observe algum dos sintomas de hiperdosagem descritos.
“É
fundamental procurar atendimento médico imediato, pois as superdosagens podem
ser fatais. O tratamento pode incluir lavagem gástrica, carvão ativado para
reduzir a absorção do medicamento e, em casos graves, suporte em uma unidade de
terapia intensiva (UTI)”, orienta a farmacêutica.
Importante
lembrar que, ao tomar qualquer medicamento, é fundamental ler a bula e estar
atento às orientações sobre a dosagem recomendada para evitar uma sobrecarga no
organismo.
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Alternativas para aliviar a cólica menstrual
Além
dos medicamentos, existem diversos métodos alternativos para aliviar a dor das
cólicas menstruais. Paula recomenda:
• compressas ou banhos de água quente;
• adesivos térmicos;
• exercícios físicos leves, como
caminhadas ou ioga;
• massagens ou acupuntura na região
abdominal;
• alimentação balanceada ou suplementação
com nutrientes como magnésio, ômega-3 e vitamina E;
• evitar o consumo excessivo de sal e
cafeína;
• chás de gengibre ou canela;
• estimulação elétrica transcutânea
(TENS).
Vale
lembrar que cada organismo reage de forma única, e encontrar o método mais
eficaz pode exigir algum teste e observação. Em situações de dores intensas e
frequentes, a orientação de um médico é essencial para avaliar as melhores
opções de tratamento.
Fonte:
CNN Brasil

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