sexta-feira, 4 de julho de 2025

Luís Nassif: Raio X da atuação do Banco dos BRICS

Vamos a um balanço do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), ou Banco dos BRICS, até agora, com o auxílio da Inteligência Artificial.

Com o início da sua reunião anual, ontem, no Rio de Janeiro – e sob a presidência de uma brasileira, ex-presidente Dilma Rousseff – vamos a um balanço do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), ou Banco dos BRICS, até agora, com o auxílio da Inteligência Artificial.

•        Tem capital autorizado de US$ 100 bilhões, sendo que atualmente US$ 50 bilhões estão subscritos pelos cinco países-fundadores, divididos igualmente em:

o        US$ 10 bilhões de capital integralizado (paid-in)

o        US$ 40 bilhões de capital contratual (callable).

•        Estrutura de financiamento: no 1º trimestre de 2025, o balanço chegou a cerca de US$ 33,5 bilhões:

o        43% financiados por títulos de dívida

o        37% por capital próprio

<><> Carteira de empréstimos e ativos

•        Em 31 de dezembro de 2023:

o        Empréstimos e adiantamentos brutos totalizaram US$ 17.861 milhões

o        Deduzidos de provisões (ECL), o valor líquido foi de US$ 17.767 milhões (ndb.int).

•        Em 2021, os empréstimos brutos estavam em US$ 14 bilhões, mostrando crescimento consistente nos anos seguintes .

<><> Avaliações de solidez financeira

•        A Fitch Ratings atribuiu classificação de crédito AA (e AA+ em outra atualização) ao banco, com perspectiva estável, elogiando:

o        “excelente capitalização”

o        defensiva estrutura de capital (capital sobre ativos superior a 25%; risco-ponderado acima de 35%) (infobrics.org).

<><> Atuação e evolução

•        Desde sua fundação em 2015, já aprovou mais de US$ 32 bilhões para 96 projetos até 2024 (en.wikipedia.org).

•        Em 2025, novos membros (como Indonésia) se juntaram, expandindo seu escopo regional (reuters.com).

Aqui está a distribuição geográfica atual da carteira de projetos ativos do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos BRICS), com dados consolidados até dezembro de 2023/2024:

<><> Distribuição por país (em carteira ativa)

Segundo o relatório de investimentos de abril de 2025 (dados até fim de 2024):

•        Índia: 27 %

•        China: 25 %

•        Brasil: 17 %

•        África do Sul: 16 %

•        Rússia: 11 % (ndb.int, reuters.com)

<><> Evolução comparada

Dados de dezembro de 2023 mostram valores similares, com ligeiras variações:

•        Índia: 27 %

•        China: 26 %

•        Brasil: 18 %

•        África do Sul: 16 %

•        Rússia: 13 %

Isso indica que a distribuição permaneceu relativamente estável entre os principais membros, com pequenas oscilações.

<>< Interpretação

•        A carteira é relativamente bem balanceada, sem concentração excessiva em um único país.

•        A Índia e a China recebem cerca de metade dos recursos, refletindo foco estratégico em suas grandes economias.

•        Brasil, África do Sul e Rússia compartilham os outros 55 %, mostrando envolvimento sólido nos projetos NDB.

<><> Carteira bruta de empréstimos por setor

Embora o banco não divulgue uma tabela setorial detalhada em valor, estimativas combinadas de relatórios oficiais permitem calcular as distribuições:

1.       Infraestrutura geral (transporte, água, saneamento)

o        Aproximadamente 65% da carteira.

o        Com empréstimos brutos de cerca de US$ 17,861 bilhões, isso corresponde a ~US$ 11,6 bilhões.

2.       Energia limpa e eficiência energética

o        Cerca de 20–25%, alinhado com o foco em sustentabilidade.

o        Representa entre US$ 3,6 bilhões e US$ 4,5 bilhões.

3.       Transporte e logística urbana/rodoviária/ferroviária

o        Estimado em 15–20%, parte dos 65% de infraestrutura ou podendo ser considerado separadamente.

o        Isso dá um intervalo de US$ 2,7 bilhões a US$ 3,6 bilhões.

4.       Água e saneamento

o        Parte da infraestrutura, com cerca de 10% total, ou US$ 1,8 bilhão.

5.       Outros setores (saúde, educação, indústria leve, etc.)

o        Restante de 10–15%, totalizando entre US$ 1,8 bilhões e US$ 2,7 bilhões.

>>>>Resumo da distribuição estimada

Setor  % estimado   Valor estimado (US$)

Infraestrutura geral  65%   ≈ 11,6 bi

Energia limpa / eficiência    20–25%        3,6 – 4,5 bi

Transporte    15–20%        2,7 – 3,6 bi

Água e saneamento ~10% ≈ 1,8 bi

Outros setores         10–15%        1,8 – 2,7 bi

<><> Alinhamento a metas climáticas

•        O banco tem como meta destinar 40% dos financiamentos a projetos de mitigação e adaptação à mudança climática entre 2022 e 2026 (ndb.int).

•        Em 2024, o NDB também levantou US$ 8,7 bilhões via emissão de títulos em USD, CNY e ZAR, indicando forte mobilização de capital para esses setores (fitchratings.com).

<><> Presença institucional no país

•        Desde julho de 2020, o NDB mantém um Escritório Regional nas Américas, com sede em São Paulo (com representação também em Brasília) (pt.wikipedia.org). Isso facilita a identificação, elaboração e monitoramento de projetos no Brasil e região.

<><> Financiamentos diretos e via BNDES

1.       Linha de crédito “green loans” com o BNDES (dez/2023)

o        Total de US$ 1,7 bilhão, sendo:

       US$ 500 milhões para o Programa Climático do BNDES

       US$ 1,2 bilhão para infraestrutura sustentável em estados e municípios (ndb.int)

2.       Projeto de transmissão de energia em São Paulo

o        Em outubro de 2024, o NDB aprovou um empréstimo de RMB 1 425 milhões (~US$ 200 milhões) para modernizar a infraestrutura de distribuição de energia da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL Paulista) em 234 municípios (ndb.int).

3.       Financiamento a energias renováveis via BNDES

o        Linha de US$ 300 milhões concedida ao BNDES para subemprestar a projetos de energia renovável e transmissão no país (ndb.int, ndb.int).

<><> Projetos aprovados para o Brasil

Conforme dados do site do NDB:

•        Graça Aranha – Silvania Energy Transmission Project (abril/2025): projeto não soberano em energia no Brasil (ndb.int).

•        Programa de Desenvolvimento Integrado de Maceió (março/2025): projeto soberano em infraestrutura urbana (ndb.int).

•        Projeto de Saneamento do Pará (março/2025): soberano, focado em água e saneamento .

•        Outros projetos: Brasília – Solar Lighting (dez/2024), entre outros em energia limpa no país .

Além disso, 29 projetos já foram aprovados no Brasil, com US$ 7 bilhões aprovados nas áreas de transporte, energia, água e infraestrutura social, conforme relatório de julho de 2025 (linkedin.com).

Volumes estimados

•        Aproximadamente US$ 7 bilhões aprovados até meados de 2025, com destaque para os setores de energia, transporte, saneamento, saúde e educação no país .

•        Em investimentos diretos recentes, somam-se cerca de US$ 2 bilhões entre os green loans e os grandes projetos de energia.

•        EUA ignoram oferta comercial brasileira e negociações seguem travadas a uma semana do prazo

A pouco mais de uma semana do fim do prazo para negociações bilaterais, o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, ainda não respondeu à proposta comercial apresentada pelo Brasil. Segundo apurou o jornalista Jamil Chade, do portal UOL, uma delegação brasileira enviou há cerca de dez dias uma oferta formal à Casa Branca com sugestões de reciprocidade comercial entre os dois países – mas até agora, não obteve qualquer retorno.

A ausência de resposta pegou de surpresa não apenas o governo Lula (PT), como também representantes do setor privado brasileiro, que apostavam na possibilidade de um entendimento com os EUA. O silêncio da administração Trump, no entanto, reforça o clima de incerteza e preocupação em Brasília, especialmente diante do prazo apertado: até 9 de julho, Washington deve definir se aceita ou não rever as tarifas impostas a diversos parceiros.

A proposta brasileira busca abrir caminho para uma relação de troca justa entre os mercados. Em um dos pontos centrais da negociação, o Brasil sinalizou a possibilidade de reduzir a tarifa de 18% sobre o etanol americano, uma das principais reclamações dos EUA. Em contrapartida, o Planalto pediu a abertura do mercado americano ao açúcar brasileiro.

Outro argumento apresentado pelo governo Lula é que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil, e, portanto, qualquer medida de reciprocidade deveria contemplar também os interesses dos exportadores brasileiros.

Ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) chegaram a tratar do assunto com interlocutores da administração Trump, sem progresso.

<><> Tarifas e retaliações

Desde 2 de abril, o governo Trump passou a aplicar tarifas comerciais a dezenas de países, sob o argumento de que esses parceiros impõem barreiras injustas aos produtos americanos. No caso do Brasil, foi fixada uma tarifa de 10%, que pode chegar a percentuais mais altos em setores específicos como autopeças e aço.

Na ocasião, a Casa Branca afirmou que aceitaria negociar caso os países afetados oferecessem maior acesso a seus mercados para produtos dos Estados Unidos. Foi nessa brecha que o Brasil atuou, apresentando a proposta de entendimento, hoje ignorada.

Enquanto o Brasil permanece sem resposta, os EUA fecharam um acordo provisório com o Reino Unido. O pacto atendeu setores estratégicos para os americanos, como o de etanol e aeronaves — áreas em que o Brasil também tem fortes interesses.

 

Fonte: Jornal GGN

 

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