A
REVOLTA DIGITAL CONTRA O CONGRESSO NACIONAL
O
Brasil está fervendo, não nos termômetros, mas nas redes sociais que escancaram
a percepção popular de que o Legislativo protege os ricos e pune os pobres. Ou
seja, a indignação popular encontrou voz, fôlego e hashtags.
No
centro da revolta: o Congresso Nacional. Enquanto parlamentares derrubam
propostas que visam ampliar a justiça fiscal, aumentam a conta de luz e
resistem à taxação dos bilionários, o povo reage com ironia, dor e resistência.
No X
(antigo Twitter), por exemplo, frases como “Pobre paga, rico lucra” e “Fim da
mamata” viralizam como grito coletivo de quem já não suporta carregar o país
nas costas.
A frase
o “Pobre paga, rico lucra”, virou uma síntese do atual sentimento de injustiça
social.
Com a
derrubada do decreto que reajustava o IOF, imposto que incide principalmente
sobre operações de crédito e seria direcionado à ampliação de políticas
públicas, os usuários das redes entenderam o recado: o Congresso poupou os que
mais têm e empurrou a conta para quem tem menos.
Nos
posts, o diagnóstico é unânime: enquanto os bancos e grandes fortunas escapam
da taxação, o trabalhador continua pagando caro no cartão de crédito, no
empréstimo pessoal e nos boletos do dia a dia. A equação é perversa: o andar de
cima lucra com a proteção legislativa; o andar de baixo sangra no fim do mês.
Outra
frase: “Fim da mamata”, a indignação é também moral.
“Mamata”,
aqui, não é apenas o auxílio-moradia para quem já tem imóvel próprio ou os
supersalários com penduricalhos dos Deputados. É, acima de tudo, a blindagem do
privilégio. O Congresso, aos olhos do povo digital, tornou-se símbolo da
manutenção de um sistema onde os poderosos se protegem entre si.
Nesse
sentido, os protestos previstos na Avenida Paulista e todos os dias nas redes
sociais não pedem só justiça tributária, pedem o fim dos privilégios. A
narrativa que ganha corpo nas plataformas digitais sugere que a classe
política, ao rejeitar a taxação dos super-ricos, reafirma sua aliança com os
que sempre lucraram em silêncio, enquanto o povo engole a conta.
Já para
a hashtag “Fim da escala 6×1” é uma pauta, mais trabalhista que fiscal, que
também explodiu nas redes sociais nas últimas semanas. A proposta de permitir a
ampliação da jornada de trabalho para além do atual limite de seis dias com um
de descanso provocou fúria generalizada.
Os
twitteiros veem aí um ataque direto à dignidade do trabalhador brasileiro.
“Querem que a gente trabalhe como máquina, enquanto os bilionários descansam
nas Bahamas”, dizia um dos posts com mais engajamento.
A luta
pela manutenção do 6×1 virou símbolo de uma resistência mais ampla: contra a
exploração, o esgotamento físico e a retirada de direitos históricos em nome da
“produtividade”.
Com o
“Brasil soberano”, está dentre as postagens mais compartilhadas, existe uma
ideia recorrente: a de que um país que não protege seu povo da fome, da jornada
exaustiva e da desigualdade fiscal, perde sua soberania.
“Brasil
soberano” não é só um grito nacionalista – é o chamado por um Estado que
governe para a maioria, e não para uma elite isolada nos gabinetes do Congresso
ou nos salões da Faria Lima.
Esse
sentimento está nas falas de jovens, trabalhadores, ativistas e influenciadores
que compartilham indignação como forma de militância. Defender a soberania,
para eles, é taxar fortunas, proteger direitos, respeitar o trabalhador e
garantir que as riquezas do país sirvam ao seu povo, e não apenas aos seus
rentistas.
“Não
vamos recuar”, é um chamamento de luta contínua, sem data para acabar.
Ou
seja, o que começou como postagens indignadas se transformou em convocação de
atos, articulação de movimentos e uma nova pedagogia política popular. O
discurso virtual ganhou as ruas, com faixas, megafones e ocupações simbólicas.
A
ocupação do Banco Itaú em São Paulo por movimentos sociais, na Faria Lima, foi
emblemática: uma invasão à fortaleza dos intocáveis. “Nós não vamos recuar”,
dizem os twitteiros, agora nas calçadas e nas avenidas.
A frase
virou mote de resistência frente a um Congresso que parece disposto a avançar
contra os direitos e as garantias da população trabalhadora. Não se trata
apenas de um embate partidário, mas de um conflito estrutural entre interesses
antagônicos: os que vivem do trabalho e os que acumulam renda sem tocá-lo.
Nesse contexto,
essa mobilização ganhou ainda mais força com a difusão de vídeos criados por
inteligência artificial que simulam protestos massivos contra o Congresso
Nacional. Um dos exemplos mais virais foi o vídeo que mostrava manifestantes
cercando o atual presidente da Câmara dos Deputados, com gritos de “traidor do
povo” e faixas exigindo justiça fiscal.
Produzido
com a ferramenta Veo, da Google, o vídeo exibia cenas hiper-realistas, mas
fabricadas digitalmente, inclusive com a marca d’água visível, embora sem
qualquer aviso sobre sua origem sintética. A circulação desse tipo de conteúdo
gerou confusão, reforçou narrativas e mostrou como a revolta popular, ainda que
em parte fictícia, encontrou novas tecnologias para amplificar sua mensagem.
Mesmo sendo criação por IA, o vídeo serviu como combustível para uma indignação
real.
As
redes sociais já não são mais apenas o espelho da sociedade: são o motor da
nova mobilização política no Brasil. Nelas, o Congresso virou alvo não por
acaso, mas por escolha deliberada de quem está cansado de ver os poderosos
impunes e os pobres punidos.
O
próximo passo é a mobilização eleitoral. Mas até lá, o grito que ecoa nos
tweets parece crescer de forma exponencial no jargão: “Pobre paga, rico lucra”.
E, o povo até que enfim, acordou!
E, se o
povo acordou, também se afirmou soberano. Nenhum país estrangeiro, nem mesmo os
EUA com sua retórica de influência ideológica e alinhamento internacional, tem
o direito de interferir na vontade democrática do Brasil.
Somos
uma nação livre, soberana, e quem decide os rumos do Brasil é o povo
brasileiro, nas urnas, com consciência, coragem e independência. Nesse
entendimento, as eleições de 2026 serão mais do que uma disputa política: serão
uma afirmação de que o Brasil pertence aos brasileiros.
Fonte:
Por Antonio Sérgio Neves de Azevedo, em Viomundo

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