quarta-feira, 23 de julho de 2025

A rede de túneis do Hamas

Embora seja incerto dar a dimensão exata da rede de túneis do Hamas, especula-se que sua estrutura pode alcançar até 500 km de extensão, com os túneis mais profundos podendo chegar a 70 metros de profundidade. Diferentes dos túneis que atravessam a fronteira de Gaza com a finalidade de invadir o território israelense, os túneis no interior de Gaza estão equipados com eletricidade, iluminação e trilhos para assegurar a presença de militantes em seu interior por longos períodos.

O Hamas usa esses túneis para escapar da observação e dos ataques israelenses, concentrando equipamentos e seu quartel-general no interior deles. Mesmo Israel enfrentando a estrutura dos túneis de Gaza há bastante tempo, ainda não conseguiu inutilizá-los.*

Inicialmente projetados para burlar o cerco em Gaza, os túneis atendiam a necessidade de ligar os dois lados da fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza, em particular a cidade de Rafah, cortada ao meio pelo muro de separação na fronteira. Dessa forma, além de suprir as necessidades econômicas e comerciais, abastecendo a população de Gaza, os túneis possibilitavam que os palestinos mantivessem contato com familiares de ambos os lados do muro.

Além da função de abastecimento e comércio, os túneis de Gaza, segundo Weizman (2025),** têm origem ligada à técnica de escavação de águas profundas praticada por antigas tribos locais. Sendo a disponibilidade de água na Faixa de Gaza muito escassa, tribos palestinas desenvolveram técnicas muito eficientes de escavar o subsolo à procura de água em profundidades de até cem metros.

Assim, os túneis de Gaza na fronteira surgem da necessidade de ligação com o mundo exterior a partir da combinação de técnicas de escavação de poços profundos com as rotas comerciais, que percorrem a região e ligam Gaza, desde tempos antigos, a lugares muito distantes, estendendo-se do norte da África, na costa da Líbia, ao Eufrates, no atual Iraque.

Da técnica de escavar poços profundos aliada à vocação para o comércio, surgiu a engenhosidade dos túneis como projeto de luta anticolonial, combinando conhecimentos indígenas, aproveitamento das rotas de comércio e a luta armada palestina.

Como se sabe os túneis eram de famílias palestinas que não tinham ligação com grupos armados e muito menos propósitos militares. No entanto, a Faixa de Gaza há muito tempo é sinônimo de cerco; por isso os túneis passaram a ser instrumentos de luta contra as medidas de bloqueio.

Lembra Weizman (2025) que na história das guerras de cerco os túneis são a maneira de contornar o cerco e de abastecer uma cidade sitiada. Antes de tudo, a utilização de túneis é uma maneira de chegar à retaguarda de um exército e atacá-lo de onde menos se espera. Sua engenharia representa uma forma de sobreviver ao bloqueio.

De rotas comerciais, os túneis de Gaza tornaram-se meios para atacar os israelenses. Concretamente, foram feitas escavações sob as bases militares do inimigo com o objetivo de sequestrar soldados e colocar bombas debaixo de suas bases. Essa mudança de finalidade de tais rotas só ocorreu quando, em 2007, o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza.

Logo suas lideranças perceberam o potencial dos túneis e a oportunidade de organizar uma resistência baseada em camadas a partir de uma extensa rede rizomática de túneis, que permite o tráfego e abastecimento de material bélico para o seu interior, além da própria projeção de poder em ações de sabotagem ou até mesmo de ataque contra guarnições israelenses próximas da fronteira de Gaza.

Se na Primeira Guerra Mundial, no cenário de guerra de trincheiras, eram os mineiros que escavavam túneis e colocavam explosivos sob as linhas alemãs, cem anos depois são os combatentes do Hamas que estão a usá-los como uma estratégia de resistência.

Muito da capacidade palestina de resistir e de sobreviver e, acima de tudo, de ser um desafio militar real às forças israelenses tem a ver com a rede de túneis de Gaza. Este projeto arquitetônico que tem origem no conhecimento local e que surgiu como uma rede social, que conecta superfície e profundidade com milhões de nós e suas conexões, permite a Gaza não só respirar, mas também lutar e resistir às forças de ocupação israelense.

Túneis que inicialmente foram escavados entre a fronteira do Egito e da Faixa de Gaza têm sido usados para o contrabando de uma variedade de itens e constituído uma das principais linhas de fornecimento de armas, explosivos e recrutas armados para a resistência palestina. Além da necessidade de ligação com o mundo externo, por conta do bloqueio de Gaza, os túneis configuram uma verdadeira rede de comunicação, que permite aos membros do Hamas se locomoverem por bairros e áreas de difícil acesso de Gaza, permanecendo móveis e operantes no espaço subterrâneo (WEIZMAN, 2012; 2025).

Conhecido como Metrô de Gaza ou Gaza Inferior, mais do que abrigar combates e equipamentos militares, o sistema de túneis é composto por estruturas de concreto reforçado, água canalizada e ambientes climatizados. Essas estruturas aparentemente são fortes o suficiente para resistir à maioria dos ataques aéreos de Israel. A maioria dos túneis possuem diversos pontos de acesso e rotas, partindo de casas, edifícios, campos abertos e plantações.

Suas principais rotas convergem para uma rota principal e ramificam-se novamente em várias passagens separadas que levam a diferentes pontos dentro e fora de Gaza, para o Egito e até mesmo para Israel. Dessa forma, se uma entrada é descoberta e desligada ou um túnel desmorona, outros podem continuar a ser utilizados e novos túneis de acesso podem ser escavados e conectados com a rota principal (WEIZMAN, 2012; 2025).

Israel acusa frequentemente o Hamas de escavar túneis em Gaza por baixo de escolas, mesquitas ou hospitais. Assim, os israelenses alegam que os grupos armados palestinos usam instalações civis para fins militares. Embora, na maioria das vezes, Israel não apresente provas contundentes dessa prática, uma vez que o espaço urbano está sendo utilizado como campo de batalha e os conflitos ocorrem em todos os lugares, seja pela resistência palestina a se entrincheirar no espaço urbano seja pelo ataque indiscriminado de Israel às cidades palestinas, instalações e edifícios civis acabam fazendo parte, de uma forma ou de outra, à dinâmica espacial do combate urbano.

Com a função de ligar e estabelecer conexão entre rotas e pontos diferentes fora de Gaza e no seu interior, túneis interligados sob áreas urbanas permitem que os grupos palestinos se movam rapidamente entre posições de ataque e de defesa e, como amplamente divulgado na internet,*** podem ainda ser escavados rapidamente para abrir caminho para fugas ou ataques-surpresa.

Os túneis são um elemento vital na estratégia de guerra do Hamas, que os usa para esconder e transportar foguetes, cujas plataformas de lançamento podem ser ocultadas ou montadas e desmontadas rapidamente, para evitar que suas posições sejam facilmente localizadas e atacadas por Israel.

Embora sejam eficientes em desativar esses lançamentos por meio de sistemas de localização rápida, as forças israelenses têm dificuldade em desbaratar lançamentos feitos a partir de estruturas instaladas no interior do solo e de dentro de edifícios, o que dificulta sua identificação e destruição.

Israel usufrui do controle do espaço aéreo naquela região; entretanto, seu sistema de defesa antiaéreo, conhecido como Iron Dome, tem enfrentado dificuldades com lançamentos múltiplos de foguetes vindos de Gaza, que, em ação combinada com outros artefatos, foram capazes de saturar as defesas antiaéreas e atingir áreas povoadas no interior do território israelense.****

Além do uso dos túneis para dificultar a localização das posições de lançamento de foguetes, as estruturas construídas pelos palestinos possuem muitas outras serventias de uso no combate, podendo os túneis ser equipados com explosivos, funcionando, assim, como túneis-bomba. Por meio de câmeras instaladas nos túneis, a entrada de tropas israelenses pode ser facilmente notada e as armadilhas em suas seções internas podem, então, ser acionadas contra os intrusos.

Agindo assim, as facções palestinas têm se beneficiado do emprego dos túneis no combate urbano em Gaza e, por meio de câmeras instaladas no terreno, que saem dos túneis como se fossem escotilhas, têm sido capazes de observar o campo de batalha em tempo real mesmo quando a movimentação dos soldados israelenses é restrita ao interior de casas e edifícios, dentro de estruturas urbanas; de modo geral, nesses lugares os combatentes palestinos também conseguem monitorá-los por meio de sistemas de câmeras combinadas, que mostram a posição exata dos soldados israelenses no interior dessas edificações.

Com base em equipamentos de vigilância, o Hamas foi efetivo em coordenar as suas ações e capaz de realizar uma série de emboscadas e ataques-surpresas, detonando explosivos no interior de edifícios ou insurgindo na retaguarda do inimigo. Nessas ações, combatentes palestinos foram vistos em inúmeros vídeos saindo do interior de túneis, próximos de veículos israelenses, para atacar o inimigo com armas antitanques e instalar explosivos magnéticos nos blindados, que, acoplados à armadura, eram detonados por dispositivos remotos logo em seguida.

Especialmente contra blindados israelenses, uma tática comum dos combatentes do Hamas consistiu em instalar explosivos improvisados na traseira de tanques. Como parte de sua característica e engenharia, tanques de guerra possuem a blindagem menos espessa na traseira; por isso, essa superfície é mais vulnerável, constituindo um ponto fraco, que os combatentes palestinos procuraram explorar a seu favor.

Em tais ações, com propósito de atingir tanques, os combatentes palestinos se aproximavam dos blindados e depositavam cargas explosivas próximas da traseira do veículo, com o intuito de causar danos maiores com a detonação dos explosivos, e evacuavam rapidamente, antes que os pilotos dos tanques e soldados israelenses pudessem notar sua presença.

Em muitos dos ataques registrados em vídeos que se tornaram conhecidos pela divulgação e cobertura em grupos e nas redes sociais, as equipes atacantes são vistas saindo de túneis subterrâneos que dão acesso a áreas mais amplas e abertas, onde muitas das vezes se concentram os tanques, ou simplesmente atacavam realizando disparos do interior dos edifícios e de seus escombros, contando com a vantagem operacional de conhecimento do ambiente caótico, típico de uma batalha urbana.

Ademais, em vídeos propagados na internet, insurgentes palestinos são vistos se movimentando no interior dos prédios, passando por janelas e buracos feitos nas paredes, uma tática usada anteriormente por soldados israelenses em operações urbanas. Em tais operações os israelenses se habituaram a romper paredes ou estruturas de laje, evitando, assim, circular em áreas abertas para não serem atingidos por atiradores ou fogo de infantaria.

Muitas dessas táticas implicam preparo do terreno, e os defensores, apoiando-se no espaço urbano como dispositivo de defesa, também as empregavam como forma de ataque, realizando operações de sabotagem e ataques-surpresa a partir de vários níveis ou camadas, movendo-se da superfície do espaço urbano às camadas subterrâneas mais profundas do interior de Gaza. A ação combinada do espaço urbano e de estruturas subterrâneas em múltiplas camadas permitiu ao Hamas e a outras facções palestinas usar diferentes estratégias de resistência espacial, ao transformar a Faixa de Gaza em um espaço de resistência ante as ações de ocupação colonial de Israel.

Assim, as contra-estratégias palestinas para combater as forças israelenses definiram um conjunto de relações sociais e dinâmicas espaciais que delimitam e afirmam o controle palestino sobre uma área geográfica como território simbólico e de pertencimento; portanto, também de resistência. Este espaço, que na verdade consiste no campo de batalha, pode então ser entendido como um espaço de dimensões flexíveis e elásticas, ou seja, em sentido mais estratégico, em aspecto volumétrico, concebido, então, em termos específicos, de acordo com Weizman (2002, 2004, 2012), como volume político.****** Espaço esse organizado em razão de várias camadas, permitindo aos palestinos combater as forças israelenses. Por isso, agora, as forças invasoras buscam sua total destruição.

No geral, esta forma de resistência espacial rizomática esteve apoiada no espaço urbano e demais estruturas subterrâneas profundas, constituindo um dispositivo de defesa descentralizado que se manteve funcional a partir de numerosas ramificações. Vale dizer, ainda, que o corpo rizomático******* funciona como um organismo que se modifica e se adapta às mais diversas situações do campo de batalha, ora contraindo-se, ora expandindo-se. Nesse aspecto, esse corpo rizomático também apresenta múltiplas entradas e saídas.

Por esses meios, muitas vezes, os grupos palestinos alcançaram êxito e foram mais efetivos em situação de combate, preparando emboscadas e escavando túneis no andamento do conflito. Tais ações permitiram aos palestinos manter a circulação de seus ativos e conectar os nós do corpo rizomático em ações combinadas de resistência. Dessa forma, os palestinos foram capazes de implementar diferentes modos de luta armada e resistência em diferentes espaços e tempos no campo de batalha.

Emprego de armas antitanque e explosivos improvisados em operação de insurgência do Hamas contra a FDI em Rafah, sul de Gaza. Na filmagem dois combatentes palestinos avançam a partir de uma abertura no chão e, ao saírem de túneis subterrâneos, correm em direção aos tanques israelenses. No vídeo publicado pelo Hamas, soldados e tanques israelenses são marcados com cor vermelha, identificados como alvos, também com uma seta vermelha, enquanto os palestinos são identificados pela cor verde, em referência ao Hamas.

Após instalarem explosivos na traseira de dois tanques, os combatentes rapidamente evadem o local por uma abertura, mesmo local onde assistimos um terceiro combatente aparecer portando uma arma antitanque, disparada na sequência contra um terceiro blindado israelense.

Na filmagem, no momento em que os combatentes palestinos evadem o local pelo interior do túnel escutam-se ainda o estrondo da detonação dos explosivos instalados próximo aos tanques e o grito dos combatentes palestinos: “Allahu Akbar” – frase que em árabe significa “Alá é Grande” ou “Alá é o Maior”.

¨      O desespero em Gaza

"Meus filhos choram de fome a noite toda."

O barbeiro Mohammed Emad al-Din mora na Faixa de Gaza e é pai de dois filhos.

"Eles só comeram um pequeno prato de lentilhas nos últimos dias", ele conta. "Na semana passada, um quilo de farinha custava US$ 80 [cerca de R$ 440]."

Emad al-Din precisou deixar de trabalhar quando um bombardeio israelense destruiu os painéis solares da sua barbearia, contou ele ao correspondente da BBC em Gaza, Rushdi Abualouf, que informa de Istambul, na Turquia. Agora, ele não consegue pagar pela comida para alimentar sua família.

Os preços dos alimentos aumentaram exponencialmente desde o início da guerra na região, em outubro de 2023, sobretudo devido às restrições impostas por Israel.

No início de julho, o preço da farinha, que é um alimento básico, era 3 mil vezes mais alto que antes da guerra, segundo denunciou o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU.

A agência alertou que a Faixa de Gaza enfrenta uma situação de fome extrema em todo o território, devido às graves restrições de acesso a alimentos em Gaza e ao colapso do mercado local.

"A situação é a pior que vi até hoje", declarou o diretor-executivo adjunto de operações do PMA, Carl Skow, depois de visitar Gaza no início deste mês.

Este panorama fez com que, apenas nas últimas 24 horas, pelo menos 19 palestinos (incluindo várias crianças) morressem de fome na Faixa de Gaza, segundo um funcionário do Ministério da Saúde do território.

Um deles é Yehia, um bebê de três meses de Alaa Al-Najjar, que morreu de desnutrição, segundo os médicos, no Hospital Nasser da cidade de Khan Younis, no sul de Gaza.

O número total de mortos na Faixa de Gaza já supera 59 mil pessoas, além de 142 mil feridos, segundo o Ministério.

<><> Ataque a Deir al-Balah

Os moradores da Faixa de Gaza também enfrentam, agora, um novo deslocamento.

O exército israelense ordenou a evacuação da cidade de Deir al-Balah, no centro do território, onde foi iniciada uma operação terrestre nesta segunda-feira (21/7), pela primeira vez desde o início do conflito.

A cidade abriga dezenas de milhares de refugiados, além de grande parte dos funcionários da ONU e de agências humanitárias que operam na Faixa de Gaza.

Por não ter sido, até agora, cenário de combates terrestres, existem mais edifícios de pé em Deir al-Balah do que em outras partes da Faixa de Gaza. Ali também funcionam pontos de atendimento médico, a usina dessalinizadora que fornece água potável e sistemas de eliminação de resíduos.

Uma das razões que, segundo fontes israelenses, levaram o exército a não realizar anteriormente incursões em Deir al-Balah foi porque se acredita que o Hamas poderá ter escondido ali parte dos reféns israelenses que ainda estão vivos.

Até o momento, não se sabe ao certo o que pode ter feito os militares israelenses mudarem de opinião.

A situação dos hospitais é crítica em toda a Faixa de Gaza, segundo declarou ao correspondente da BBC o porta-voz do hospital Al-Aqsa em Deir al-Balah, Khalil al-Daqran.

"Os hospitais já não conseguem fornecer alimentos aos pacientes, nem aos funcionários", contou o médico. "Muitos deles são fisicamente incapazes de continuar trabalhando, devido à fome extrema."

<><> Desnutrição infantil

Os centros médicos da Faixa de Gaza já não contam nem mesmo com produtos básicos, como leite em pó e fórmulas infantis, segundo al-Daqran.

"Os hospitais não podem fornecer uma única mamadeira com leite às crianças que passam fome, pois todas as fórmulas infantis estão esgotadas no mercado", afirma ele.

Os números publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef mostram níveis de desnutrição infantil alarmantes.

Somente em maio, mais de 5 mil crianças menores de cinco anos receberam tratamento por desnutrição aguda em Gaza. Mais de 600 delas apresentavam desnutrição aguda grave, uma doença potencialmente mortal.

Israel impôs um bloqueio férreo da Faixa de Gaza no último mês de março, quando rompeu o cessar-fogo estabelecido com o Hamas em janeiro.

Depois de 11 semanas sem a entrada de um único caminhão de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, Israel começou, em maio, a canalizar a ajuda através de uma entidade privada norte-americana conhecida como "Fundação Humanitária de Gaza".

Esta entidade é amplamente criticada pela ONU e por outros grupos de ajuda, que a consideram "uma abominação" e uma "armadilha mortal".

Desde que a fundação passou a se encarregar da distribuição da ajuda, quase 1 mil pessoas morreram por disparos do exército israelense, quando tentavam conseguir ajuda para suas famílias.

No domingo (20/7), uma grande multidão de pessoas esperava a chegada dos caminhões de ajuda alimentar da ONU no norte de Gaza. Eles conseguiram deter um desses caminhões e levar sacos de farinha.

Testemunhas afirmam que eles levantaram as mãos quando os soldados israelenses começaram a disparar. Ainda assim, o tiroteio continuou, segundo a correspondente da BBC em Jerusalém, Yolande Knell.

O Programa Mundial de Alimentos afirma que havia francoatiradores e ocorreram disparos de tanques. Morreram pelo menos 67 pessoas.

O exército israelense refuta estas versões e afirma que suas forças pressentiram uma ameaça imediata, realizando disparos de advertência.

O exército apresentou imagens que mostram seus soldados em pé, enquanto uma multidão de palestinos parecia cercar um caminhão de ajuda já sem a carga.

Nesta segunda-feira (21/7), era possível observar colunas de fumaça subindo de Deir al-Balah, após o início das operações israelenses.

A organização beneficente britânica Ajuda Médica para os Palestinos afirma que a situação na cidade é "extremamente grave", segundo a chefe de comunicação da entidade, Mai Elawawda. Ela destacou que estavam ocorrendo bombardeios perto do seu escritório.

Os veículos militares "estão a apenas 400 metros dos nossos colegas e de suas famílias, que passaram uma noite de angústia depois de se transportarem para lá", contou ela.

A população está evacuando a cidade, segundo Elawawda. Ela afirma que a maior parte das pessoas não sabe para onde ir.

"Uma colega nos contou que a região está tomada por bombardeios e ataques de helicópteros e que o medo aumenta cada vez mais, tanto de ficar, quanto de tentar sair", segundo ela.

 

Fonte: Por Márcio José Mendonça, em A Terra é Redonda/BBC News Mundo

 

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