Plugues
sintéticos podem ser alternativa contra a artrose, diz pesquisadora
Os chamados tampões sintéticos podem ser uma alternativa às
substituições totais do joelho, segundo Melissa Grunlan, professora do
Departamento de Engenharia Biomédica da Texas A&M University. À frente dos
estudos, ela desenvolveu os dispositivos osteocondrais regenerativos revestidos
de cartilagem sintética. A invenção é apresentada com um potencial cirúrgico
para tratar pacientes com lesões osteocondrais e dores crônicas no joelho.
Testes indicam que a tecnologia pode fornecer suporte imediato para a função
articular.
Para o estudo, Melissa Grunlan, que integra uma suborganização
dos institutos nacionais de saúde, recebeu um suporte financeiro (bolsa) para
desenvolver os tampões. Segundo ela, o tampão pode ser utilizado
como opção menos invasiva e com perspectivas de resultados positivos
para a substituição total do joelho, bem como uma solução para desconfortos e
dores crônicas.
A professora diz que foram anos para desenvolver os novos
materiais necessários para esses plugues. "(Os dispositivos) passaram por
uma bateria de testes em laboratório e, em seguida, iniciamos estudos
pré-clínicos em espécies de coelhos, em colaboração com a Faculdade de Medicina
Veterinária. Ainda não testamos isso em humanos, mas esperamos fazê-lo no
futuro", ressalta.
Para a cientista, o formato escolhido também tem uma razão.
"É um dispositivo, um tampão cilíndrico, projetado para um cirurgião
corrigir as lesões osteocondrais", explica. "Coberto com um material
esponjoso, mas muito forte, que imita o comportamento da cartilagem natural,
abaixo da tampa, há um material poroso que fixa o dispositivo no tecido ósseo.
À medida que o tecido ósseo cresce na âncora, a âncora se dissolve. O que resta
é a cobertura cartilaginosa ancorada por novo tecido ósseo."
Com o novo financiamento do National Institute of Health (NIH),
em português, Instituto Nacional de Saúde, a pesquisadora comemora o fato de
ter conseguido aperfeiçoar o design do produto e realizar testes adicionais. A
expectativa, segundo ela, é de, no futuro, colocar o produto no mercado e à
disposição para uso humano. "Esperamos colaborar com parceiros industriais
para trazer ao mercado um produto para pacientes humanos e veterinários",
reitera ela, lembrando que há um portfólio de patentes centrado nessa
tecnologia em conjunto com extensos testes.
·
No Brasil
O presidente eleito da Sociedade Brasileira de Medicina do
Exercício e do Esporte e ortopedista da Sociedade Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia (SBOT), André Pedrinelli, observa que dores crônicas no
joelho são comuns entre os brasileiros e tendem a aumentar com o envelhecimento
da população. Segundo ele, a estatística muda bastante. "Se levamos em
consideração traumas, problemas de ordem mecânica e osteoartrite, estima-se que
o número seja por volta de 10% a 15% da população."
O médico ortopedista Isaías Chaves, que é especialista em joelho
e quadril, alerta que é elevada a frequência de queixas por causa de dores
crônicas nas articulações. "A osteoartrite de joelho, mais conhecida como
artrose (de joelho), é a principal causa de dor crônica na articulação",
afirma o especialista, lembrando que, em geral, as reclamações são de inchaço,
dificuldades nos movimentos, perda da força e desalinhamento.
Chaves explica que, no decorrer da vida, os joelhos passam por
um desgaste natural, mas, em alguns pacientes, por causas multifatoriais, o
processo pode ser acelerado, gerando artrose com maior gravidade. "Dentre
as causas multifatoriais, estão obesidade, esportes de impacto, sedentarismo,
algo que favorece a baixa força muscular, traumas, doenças inflamatórias como
artrite reumatóide, enfim, vários fatores podem proporcionar o surgimento da
artrose", ressalta.
O especialista diz que, com o passar do tempo, se os pacientes
não atenderem aos critérios de autoenxerto, provavelmente precisarão de uma
substituição total do joelho. A medida envolve uma cirurgia extensa na área
danificada da articulação, que é substituída por uma prótese artificial ou
composta de metal e plástico. Às vezes, a artroplastia total do joelho se torna
a única opção do paciente, a cirurgia pode levar a complicações
pós-operatórias.
·
Articulação homogênea
"A lesão osteocondral é (como) um buraco com uma certa
profundidade, como se fosse a "boca" de uma garrafa de vinho, que
acomete a cartilagem do joelho, podendo gerar dor, edema e limitação funcional.
Por diversos fatores, o organismo não consegue tampar esse buraco ou criar uma
nova cartilagem por cima da lesão. O plugue sintético seria uma espécie de
rolha, que tampa a boca da garrafa, cobrindo o buraco existente, deixando a
articulação homogênea sem defeito, parando com a dor ou o edema, e melhorando a
funcionalidade." - José Humberto Borges, médico ortopedista do
Hospital HOME, em Brasília.
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Autoenxerto
Atualmente, as alternativas existentes para tratar a questão são
o autoenxerto ou a artroplastia total do joelho. O autoenxerto requer a
retirada de pequenas amostras cilíndricas colhidas da parte não danificada do
joelho do paciente para que sejam transferidas para orifícios pré-perfurados na
área da lesão. No entanto, o método pode ser dificultado pelo tamanho do
defeito e a idade do paciente, sendo menos eficaz após os 40 anos.
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Impressos em 3D para
enxertos vasculares
Estudo publicado por uma equipe de pesquisadores das
universidades Donghua e da Jiao Tong, de Xangai, na China, apresenta potencial
para melhorar os tratamentos de doenças cardiovasculares. A publicação detalha
o desenvolvimento de enxertos vasculares eletrofiados impressos em 3D para
tratar complicações pós-cirúrgicas comuns, como trombose e dilatação
aneurismática, sendo essas as duas principais complicações da perda do acesso
vascular após a cirurgia.
As doenças cardiovasculares tornaram-se um fardo para a saúde
humana. A pesquisa mostra que, estatisticamente, elas se tornaram uma das
principais causas de comorbidades e mortes no mundo. A busca por inovação
nesses tratamentos fez com que enxertos vasculares de pequeno diâmetro se
tornassem foco de atenção na engenharia de tecidos.
Os enxertos são utilizados, principalmente, no tratamento de
doenças ateromatosas, causadas por placas de gordura que se acumulam na parede
dos vasos e podem levar à degeneração. "O vaso fica tão danificado que é
preciso substituí-lo", explica Eduardo Waihrich, neurocirurgião vascular
do Hospital Anchieta.
Quando ocorre estenose ou oclusão grave, os vasos doentes
precisam ser substituídos para que a doença arterial coronariana ou a doença
vascular periférica possam ser tratadas. "Os enxertos são canos feitos de
um material sintético, geralmente um plástico de alto desempenho. São
utilizados para substituir um vaso de maior calibre, que não tem
tantas ramificações, porque é muito difícil você implantar ramos nesse tubo. É
como se fosse uma emenda no circuito hidráulico."
A equipe de pesquisadores chineses se concentrou na fabricação
de enxertos vasculares eletrofiados impressos em 3D carregados com
tetrametilpirazina (TMP) para superar essas limitações. Por se tratar de um
corpo estranho no organismo do indivíduo, o processo de carregamento traz
menores chances de rejeição.
"Nessa tecnologia, o tratamento químico com a substância
proporciona propriedades anticoagulantes, sendo mais biocompatível, portanto,
com riscos drasticamente reduzidos de formação de trombos", diz o médico.
Para analisar as propriedades mecânicas dos enxertos vasculares,
foi utilizada uma máquina de teste de tração, fadiga e flexão, que também
verificou a compatibilidade sanguínea, demonstrando eficácia anticoagulante.
Os experimentos com animais foram aprovados pelo comitê de
ética animal do centro médico infantil de Xangai, Escola de Medicina da
Universidade Shanghai Jiao Tong.
Nos testes, os enxertos impressos em 3D foram transplantados nas
aortas abdominais de ratos para avaliar sua biossegurança e eficácia. Os
resultados provaram que a endoprótese tinha excelente flexibilidade e fortes
propriedades compressivas. Especificamente, a introdução do TMP reduziu
efetivamente a adesão das plaquetas.
Hongbing Gu, pesquisador principal, afirma: "Este estudo
marca um avanço significativo na engenharia de tecidos vasculares. A combinação
de eletrofiação e impressão 3D, juntamente com a incorporação de TMP, resultou
em um enxerto vascular que não apenas atende aos requisitos mecânicos, mas
também exibe excelente compatibilidade sanguínea. Essas descobertas abrem
caminho para futuras aplicações clínicas".
Fonte: Correio Braziliense
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