terça-feira, 22 de julho de 2025


 


“O bolsonarismo assinou seu atestado de óbito”, diz João Cezar de Castro Rocha

Em entrevista concedida a Florestan Fernandes Jr., Teresa Cruvinel e Mário Vítor Santos, o escritor e historiador João Cezar de Castro Rocha afirmou que o bolsonarismo está em colapso. Segundo ele, a tentativa de preservar Jair Bolsonaro da prisão levou seus aliados a um processo de ruptura total com a institucionalidade brasileira. “No afã de salvar a pele do Bolsonaro, o bolsonarismo está queimando todas as pontes e incendiando todos os navios”, disse.

Para Castro Rocha, o movimento comandado pela família Bolsonaro rompeu com o mundo político, com o empresariado e com o Judiciário. “A tentativa inicial de pressionar o juiz Alexandre de Moraes parecia ser algo direcionado. Já era absurdo, porque colocava de imediato todo o sistema judiciário em alerta. Depois, fazer o mesmo com os políticos, piorou o caso. Agora o Flávio Bolsonaro e o Eduardo Bolsonaro estão apoiando as medidas do Trump.”

Na avaliação do historiador, essa guinada revelou uma face ainda mais radical do bolsonarismo, que se afasta até mesmo da suposta “ideia-força” que o sustentava — o patriotismo. “O bolsonarismo acabará muito mais rápido do que eu pensei. Porque, na tentativa de salvar a pele do Bolsonaro, o bolsonarismo se afastou da sua ideia força”, afirmou.

Ao comentar a postura de aliados de Bolsonaro diante das tarifas anunciadas por Donald Trump contra o Brasil, Castro Rocha foi taxativo: “Houve um conjunto de deputados que aprovou uma moção de cumprimento ao Donald Trump pelas tarifas. Essas pessoas correm risco de não serem reeleitas, porque não é possível ser patriota da terra estrangeira.”

Segundo ele, a radicalização do discurso da extrema direita bolsonarista e sua adesão servil a interesses externos expuseram sua incoerência. “Nunca na história do Brasil nós passamos por uma situação tão indignante de pessoas tão entreguistas quanto agora nós estamos vivendo.”

O historiador também criticou duramente o senador Flávio Bolsonaro, mencionando uma fala recente na qual o parlamentar utilizou as bombas atômicas lançadas sobre o Japão como analogia política. “Ele disse: ‘É melhor que o presidente Lula se renda agora antes que venha a segunda bomba atômica.’ A próxima bomba atômica só pode ser uma: é invasão militar do Brasil, não pode ser outra. Então este homem que é senador da República tem que ser denunciado.”

Ao refletir sobre o que poderia acontecer caso Jair Bolsonaro seja preso, Castro Rocha foi direto: “Não acontecerá nada no sentido em que eles afirmam: ‘Haverá um terremoto político, o Brasil vai parar.’ Não acontecerá nada.” E comparou a conduta de Bolsonaro à do presidente Lula no período em que esteve preso: “O Bolsonaro diante do ministro Alexandre de Moraes pediu desculpas, quase chorou, o convidou para ser vice-presidente em 2026. Este homem é um covarde. [...] O Bolsonaro é o líder messiânico que sempre está disposto a sacrificar a causa para salvar a própria pele.”

Na visão do escritor, o editorial recente do jornal O Estado de S. Paulo, que sugere uma reconstrução da direita sem Bolsonaro, é sintomático do esgotamento do bolsonarismo. “Bastaram 24 horas sem aquela blindagem permanente e o Tarcísio de Freitas praticamente desapareceu.”

Castro Rocha conclui que a extrema direita não desaparecerá, mas está em processo de depuração. “Acho que o que o Estadão como porta-voz da direita histórica está pedindo é: joguemos essa carga ao mar e construamos a nova direita necessária.”

•        "O Eduardo Bolsonaro acabou. Ninguém no PL o quer candidato a presidente", diz dirigente do partido

A rejeição ao nome de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como possível candidato à Presidência da República em 2026 vem se consolidando inclusive dentro do próprio Partido Liberal. Em declaração publicada neste sábado (19) pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, um dirigente da legenda foi direto ao comentar os planos do deputado federal, atualmente licenciado do cargo:

"O Eduardo Bolsonaro acabou. Ele quer se candidatar de qualquer maneira. Mas ninguém no partido o quer candidato", disse, em off.

A fala escancara o desgaste político do filho "03" de Jair Bolsonaro. A principal causa do incômodo mais recente foi sua atuação nos bastidores do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a todas as importações que vierem do Brasil. O episódio repercutiu mal entre setores empresariais e foi interpretado como sabotagem política contra o governo Lula, com impacto direto sobre a indústria nacional.

•        Gleisi condena "chantagens e sanções agressivas" de Trump e "conspiração" com bolsonaristas

Em publicação nas redes sociais neste domingo (20), a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), criticou duramente o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e alertou para a “conspiração” entre Jair Bolsonaro (PL) e aliados e representantes da gestão norte-americana. A postagem foi feita na véspera da participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma reunião internacional em Santiago, no Chile.

Segundo Gleisi, o encontro, que reunirá os presidentes do Chile, Espanha, Colômbia e Uruguai, tem como objetivo central discutir os ataques à democracia promovidos por forças da extrema-direita em diferentes partes do mundo. A ministra apontou que o Brasil tem vivenciado esse processo “de perto”, em referência ao governo Bolsonaro e seus apoiadores, e agora enfrenta uma escalada por meio de ações vindas de Washington.

“Nós conhecemos de perto os ataques feitos aqui no Brasil, por Jair Bolsonaro e seu entorno, e agora as chantagens e sanções agressivas do governo dos EUA contra nossa democracia, a partir de uma conspiração dos bolsonaristas com os agentes do presidente norte-americano”, escreveu Gleisi.

Ela alertou para o caráter global dessas ofensivas, que, segundo ela, têm como objetivo desmontar os pilares democráticos e impor a “lei do mais forte”, favorecendo desigualdades e injustiças. Ao reforçar o compromisso do governo Lula com a defesa da democracia, Gleisi destacou a importância do fortalecimento do multilateralismo e da regulação das plataformas digitais.

“Eles sabem que sem democracia o que prevalece é a lei do mais forte, a desigualdade e a injustiça. E nós queremos mais democracia, inclusive nas relações entre os países, para fortalecer o multilateralismo e o diálogo pela paz”, afirmou.

A ministra ainda destacou que os principais temas debatidos no Chile incluirão o enfrentamento das desigualdades, a regulamentação das redes sociais para impedir a disseminação de mentiras, discurso de ódio e crimes, inclusive contra crianças e famílias.

“Queremos democracia sempre, para todos e todas”, finalizou.

•        Pedro Serrano defende prisão preventiva de Eduardo Bolsonaro: "ilícitos gravíssimos"

O jurista Pedro Serrano criticou duramente, em entrevista concedida à TV 247 no YouTube, a conduta do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e defendeu a decretação de sua prisão preventiva. Para o professor de Direito Constitucional, as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes, estão corretas e respaldadas pela lei, mas ainda aquém da gravidade dos crimes atribuídos ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Não vejo juridicamente motivo para não decretar a prisão preventiva dele”, afirmou Serrano, destacando o comportamento do parlamentar no exterior, onde tem atuado para pressionar o governo dos Estados Unidos a interferir nas decisões do Judiciário brasileiro. “Ele já declarou publicamente que não volta ao Brasil com medo de ser preso, ou seja, querendo se evadir da jurisdição penal”, apontou.

<><> Risco de fuga e ataque à ordem econômica

Serrano lembrou que Jair Bolsonaro também foi alvo de medidas cautelares por determinação do STF, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de se aproximar de embaixadas, em razão do risco de fuga. O jurista frisou que as normas internacionais obrigariam o Brasil a conceder salvo-conduto caso o ex-presidente solicitasse asilo político em alguma embaixada estrangeira.

No entanto, para Serrano, a situação de Eduardo Bolsonaro é ainda mais grave: “Ele atenta contra a ordem econômica nacional, comete ilícitos penais gravíssimos e deveria estar preso preventivamente”, disse, reforçando que a legislação brasileira prevê essa possibilidade não só diante do risco de fuga, mas também em casos de ameaça à ordem econômica e à eficácia do processo penal.

O jurista também criticou o silêncio da mídia tradicional sobre o aspecto econômico: “Ninguém está dizendo que a ordem econômica foi atacada. Houve um ataque imenso contra o Brasil, provocando inclusive sanções econômicas, com apoio do presidente Donald Trump”, destacou.

<><> Conluio familiar e proibição de contato

Durante a análise, Serrano foi questionado sobre a proibição de Jair Bolsonaro manter contato com o filho Eduardo, medida imposta por Alexandre de Moraes. O jurista explicou que a proibição não se dá pela relação de parentesco, mas porque ambos são suspeitos de atuarem em conjunto para obstruir a Justiça.

“Eu posso falar com meu filho a hora que eu quiser. O que não posso é combinar crime com ele”, ironizou Serrano, acrescentando que a regra também se estende a qualquer outro investigado no mesmo processo.

Ele lembrou ainda que há fortes indícios de que o ex-presidente financiou atividades ilegais do filho nos Estados Unidos, inclusive com o envio de R$ 2 milhões. “Quando se configura o financiamento de atividade criminosa, qualquer um que mandar dinheiro para ele poderá ser investigado”, alertou.

<><> Comparações internacionais e crítica à hipocrisia

Serrano fez um contraponto contundente entre a situação brasileira e o sistema jurídico norte-americano. “Nos Estados Unidos, jamais alguém que fez o que Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro fizeram estaria solto. Lá, jornalista é preso por não entregar fonte. Aqui, temos um respeito muito maior aos direitos civis”, afirmou.

Ele também ironizou as reações de aliados de Bolsonaro, classificando como “lamuriência” a narrativa de vitimização do ex-presidente e de seu filho. “Esses sujeitos querem o privilégio de não serem processados, algo que não existe em uma República”, comentou.

O jurista ainda mencionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como exemplo de dignidade. Ao recordar falas do petista sobre sua prisão injusta, Serrano destacou a diferença de caráter: “Lula foi preso inocente e não usou tornozeleira porque não admitia ser tratado como criminoso. Bolsonaro, com provas abundantes contra si, está solto com tornozeleira, um luxo que Lula não teve.”

<><> Defesa da soberania nacional

Para Serrano, as ações do STF estão amparadas na defesa da soberania nacional, princípio fundamental da Constituição brasileira. Ele considerou “única” a decisão de Alexandre de Moraes ao enfrentar ataques externos contra a autonomia do Judiciário.

“É inédita a situação de um deputado federal e de um ex-presidente irem ao exterior pedir sanções contra o próprio país para obter privilégios pessoais. Isso é traição à pátria”, denunciou.

O jurista concluiu defendendo o aprofundamento das investigações, incluindo outros aliados da família Bolsonaro, e sugeriu a adoção de ações cíveis para responsabilizar economicamente os envolvidos pelos prejuízos causados ao Brasil.

“O povo brasileiro não pode pagar pelos crimes e pela covardia de quem não quer enfrentar a Justiça”, concluiu Pedro Serrano.

•        Eduardo Bolsonaro diz que não vai renunciar ao mandato de deputado

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou neste domingo (20) que não vai renunciar ao cargo. Em março deste ano, o parlamentar, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, pediu licença do mandato e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política.

De acordo com o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a licença de 120 dias termina hoje, e o deputado pode ser cassado por faltas ao não retornar ao Brasil.

Durante uma live realizada nas redes sociais, o deputado disse que vai conseguir “levar o mandato” por mais três meses.

“Eu não vou fazer nenhum tipo de renúncia. Se eu quiser, eu consigo levar meu mandato, pelo menos, até os próximos três meses”, afirmou.

No STF, Eduardo é investigado pela sua atuação junto ao governo norte-americano para promover medidas de retaliação contra o Brasil e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e tentar barrar o andamento da ação penal na Corte sobre a trama golpista, que tem seu pai como um dos réus.

Na transmissão, o deputado voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes e ironizou a decisão do governo do presidente Donald Trump que suspendeu o visto de ministros do STF.

Ele também comentou a decisão na qual Moraes afirmou que o parlamentar “intensificou as condutas ilícitas” e determinou que entrevistas e postagens recentes nas redes sejam incluídas na investigação.

"O cara que se diz ofendido [Moraes], ele pega e junta no processo que ele abriu. O cara que vai me julgar, ele vai ver o que eu faço na rede social. Então, você da Polícia Federal, que está me vendo, um forte abraço. A depender de quem for, está sem visto", disse.

O deputado também defendeu a anistia para Jair Bolsonaro e afirmou que está "disposto a ir às últimas consequências".

“É para entender que não haverá recuo. Não é jogar não para ver se depois dá certo, achar um meio-termo. Não estou aqui para isso", completou.

Na sexta-feira (18), no mesmo inquérito em que Eduardo é investigado, Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica e proibido de sair de casa entre 19h e 6h.

As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes após a PGR alegar risco de fuga do ex-presidente, que é réu na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 e deve ser julgado pelo Supremo em setembro.

 

Fonte: Brasil 247


 

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