Marcia
Tiburi: “Congresso inimigo do povo” - a luta pelos direitos do povo é a luta
pela democracia
A
imagem de Hugo Motta, atual presidente da Câmara dos deputados, filiado ao
Republicanos, bebendo uísque no gargalo em uma festa, é uma daquelas imagens
que valem mais que mil palavras, na verdade, ela vale a consciência do povo que
não se vende e não tem preço.
A cena
em que o político que ocupa hoje a presidência da câmara bebe uísque no gargalo
é uma alegoria da política brasileira dominada por homens sem dignidade e
respeito pelo povo. É verdade que há muita gente que, sendo povo, deixou
pra trás noções como dignidade e respeito, caindo na hipnose capitalista. Quem
passou a amar ricos e idolatrar bilionários esqueceu de si mesmo numa evidente
submissão aos agressores que apenas os psicanalistas podem explicar.
Quem
abandonou a si mesmo e passou a defender os próprios algozes aceita todo tipo
de humilhação por parte desses algozes. A guerra contra o povo por parte
do Congresso Nacional não é de hoje, remonta pelo menos a Eduardo Cunha. Gugo
Motta é cria desses Nosferatus da política. Entre as humilhações do Congresso
contra o povo (e contra a ideia de uma pais mais justo), temos o aumento de
conta de luz que prejudicará os pobres e seus orçamentos de fome, o aumento de
número de deputados para garantir mais lugares para seus próprios associados, a
manutenção dos impostos maiores para os mais pobres, o impedimento da taxação
de grandes fortunas, a interdição da isenção de IR para trabalhadores que
recebem até 5 mil por mês, a intocabilidade do IOF, o PL da devastação, enfim,
tudo contra o povo, tudo para os mais ricos, dentre os quais há uma percentual
imenso de deputados. Os deputados não aprovam taxação de grandes fortunas
porque seriam atingidos, seriam também atingidos pelas mudanças no IOF.
Muitos
pobres seguem acreditando na ilusão de não ser pobre. É que ser pobre é
sofrido. Admitir que se luta tanto por melhores condições de vida e se é
explorado pelo sistema capitalista implica enfrentar a humilhação e o
sentimento de vergonha e impotência que dela resulta.
Então
temos nesse momento, capitaneando a cena da antidemocracia estatal, essa figura
que é Hugo Motta (como antes tínhamos o abusador Lira). O mesmo deputado que
articulou a ação contra o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras para
favorecer os ricos, foi recebido por João Doria (que, segundo consta, é
herdeiro de capitanias hereditárias!!!!!!!!) em sua casa e tratado como “herói”
do Brasil. É assim que a elite vê a si mesma, pois o Brasil nada mais é do que
sua fazenda!!!
Enquanto
isso, o ministro da Fazenda Fernando Haddad pronunciou-se com veemência e sem
medo contra a posição anti-povo dos deputados e dos senadores capitaneados,
estes, por Davi Alcolumbre. A máfia funciona em conjunto, mas essa é uma máfia
pior, porque autorizada pelo voto, mesmo que as cabeças (do gado) estejam sendo
manipuladas e acabrestadas. O presidente Lula resolveu fazer o que tinha que
fazer, ou seja, política, defendendo a causa que sempre foi sua, a saber, a
população pobre cuja jugular é sugada pelos ricos desde que o Brasil é Brasil.
Os ricos seguem aí, bem tratados e tomando uísque no gargalo. Nessa hora, Lula
tenta salvar o povo, mas salva a si mesmo, salva imagem, seu legado e, com
generosidade, pode ser que leve Haddad à posição de candidato à presidência em
2026. Hoje, depois da catástrofe Bolsonaro, com a consciência de classe
avançando, a posição de Haddad à favor do povo mostra que ele pode se tornar um
bom candidato, se se mantiver firme – elegante e sincero - como tem aparecido
nesses dias.
Quando
políticos como Hugo Motta - que se refestela na bebedeira, associado aos
oligarcas que devoram o cérebro da população em luxuosos jantares regados ao
sofrimento dos que tem fome-, aumentam entre si e desnecessariamente o número
de deputados e, ao mesmo tempo, protegem os mais ricos evitando que paguem mais
impostos, descarregando nos pobres o peso de sustentar a economia, precisamos,
enquanto povo, também mudar o tom. Foi o que o ministro da Fazenda e o
Presidente fizeram porque estão do lado do povo, mas porque representam o povo
e devem ser coerentes. Certamente, a direita (inclusive o tal Centrão que não
passa de direita disposta a negociar se puder se autofavorecer) é coerente
também: ela defende a si mesma e seus ricos. Os políticos sabem o que o povo
precisa saber: políticos ou são amigos, ou são inimigos do povo, não há
terceira via.
Por
fim, é importante colocar ainda uma questão sobre a cena de Hugo Motta:
qualquer pessoa pode tomar sua bebida favorita no gargalo, no copo, na bacia,
no tanque, na piscina, mas uma pessoa que faz política precisa saber que será
vista, interpretado e cobrada, já que, de um político, se espera que represente
o povo, que atenda as suas demandas por direitos básicos, por justiça, por
dignidade. Ora, o povo não bebe Chivas no gargalo. O povo não faz lautos
jantares para comemorar a desgraça dos miseráveis, o povo não tem o que
comemorar quando os ricos seguem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais
pobres. Certamente, todos tem direito à festa, ao descanso, ao bem estar, ao
relaxamento. Mas é curioso como o povo não tem o direito a esses sossegos. Na verdade,
a sossego nenhum. Para o povo é a escala 6x 1 enquanto que para os
endinheirados inescrupulosos do congresso é tratamento de luxo e salários cada
vez mais altos com mil regalias. Esses homens, em geral provenientes das
oligarquias, a chamada “elite do atraso”, não poupam na hora de proteger seus
interesses e privilégios.
Ao povo
reservam a miséria, o sofrimento e a desgraça. A falta de dinheiro, de
trabalho, de saúde, de educação é irônica e democraticamente partilhada pelos
desgraçados. Ao povo resta a precariedade. Os políticos viram as costas ao
povo: a população que se vire enquanto os políticos se ajudam entre si.
O
Estado brasileiro está sequestrado por vampiros. No país com o segundo
Congresso Nacional mais caro do mundo, com uma das maiores desigualdades
sociais do mundo, figuras como Hugo Mota e seus iguais seguem rindo do povo,
mas é bom lembrar que quem ri por último ri melhor e na atual semana, a
consciência de classe parece ter se acelerado um pouco.
As
imagens feitas por IA que circulam nas redes têm sido peças didáticas na luta
por justiça. Certamente a IA será usada em profusão para os piores fins,
mentira e enganação do povo, em breve, pois 2026 é ano de eleição e não vai ser
fácil sustentar a democracia diante dos seus inimigos poderosos e
inescrupulosos que ocupam o congresso nacional.
Mas o
que pode a consciência? Eis a pergunta da esperança.
¨
Independência é nós contra eles. Por Sara Goes
Ao
anunciar que o Dia da Independência passará a ser celebrado também em 2 de
Julho, data da expulsão definitiva dos portugueses da Bahia em 1823, o
presidente Lula reescreveu com os pés no chão da história o que foi sequestrado
pela memória oficial. A verdadeira independência foi conquistada com sangue
negro, indígena e popular. Não foi um ato isolado de um príncipe às margens do
Ipiranga, mas uma guerra popular que partiu do povo e enfrentou as elites
coloniais. Foi arrancada à força, com coragem e sacrifício.
Ao lado
de figuras como Maria Felipa, Bárbara de Alencar, Quitéria e Jovita Feitosa,
Lula se colocou como herdeiro de uma tradição de resistência marginalizada pela
elite brasileira. E não é coincidência que esse gesto tenha ocorrido no mesmo
momento em que essa elite tenta reduzi-lo ao papel de refém institucional, por
meio da sabotagem aberta no Congresso Nacional. A derrubada do decreto que
aumentava o IOF sobre investimentos no exterior foi apenas o estopim. O que
está em jogo é quem governa o país: o presidente eleito nas urnas ou uma casta
legislativa blindada pela mídia e protegida pelo mercado.
Nesta
semana, o governo Lula reativou com força a retórica do "nós contra
eles", transformando a disputa sobre a taxação dos super-ricos em uma
batalha simbólica entre o povo e a elite financeira. A rejeição do decreto do
IOF pelo Congresso serviu de gatilho: o Planalto reagiu com uma ofensiva
comunicacional centrada na justiça tributária, com Lula posando com cartaz
pedindo a taxação dos super-ricos e aliados espalhando a mensagem nas redes
sociais. A narrativa passou a dividir o país entre os 99% que pagam impostos e
o 1% que é protegido pelo Legislativo.
A
campanha, que inclui ataques indiretos a bilionários, banqueiros e plataformas
de apostas, mobilizou ministros, parlamentares governistas e influenciadores
ligados ao PT. A estratégia provocou resposta do presidente da Câmara, Hugo
Motta, que acusou o governo de governar contra todos ao adotar o discurso do
confronto. Mas Lula dobrou a aposta, classificou como "absurdo" o
veto ao decreto e anunciou que recorrerá ao STF.
A
virada marca uma inflexão política e narrativa do governo, que passa a investir
no conflito como motor de mobilização, diante das sucessivas derrotas no
Congresso e do cerco imposto pela aliança entre Centrão, mídia tradicional e
mercado. A tática pode tensionar ainda mais as relações institucionais, mas
recoloca o povo como sujeito político em uma arena onde até então só se viam
bastidores e barganhas.
A
resposta de Lula foi proporcional ao tamanho do ataque. Em vez de recuar,
denunciou. Em vez de negociar nos bastidores, levou a disputa à opinião
pública. O governo decidiu travar, enfim, a guerra da comunicação, e o fez com
coragem rara. No mesmo ciclo de embates, Fernando Haddad, normalmente avesso ao
confronto, rompeu o protocolo e se levantou publicamente para defender Lula dos
ataques vindos do bolsonarismo e do mercado. "Ele é muito diferente do
senhor", disse, com a voz embargada, dirigindo-se ao ex-presidente, após o
fiasco do ato da Paulista.
Lula,
por sua vez, com o chapéu panamá que virou sua armadura desde que se feriu no
banheiro de casa, encarnou o líder que não aceita ser tutelado. No lançamento
do Plano Safra Empresarial, sua fala foi marcada por um tom grave, quase
amargo, como quem sabe que precisa mais do povo do que do Congresso. "Quem
está ajudando esse país são os pobres", disse, emocionado. "Não são
os ricos que sustentam essa nação."
A
campanha pela taxação dos Bilionários, dos Bancos e das Bets, a chamada
"Taxação BBB", ganhou corpo no campo progressista com o apoio do
governo, que compreende que essa disputa não é apenas orçamentária, mas
simbólica. O que está em jogo é a soberania do voto popular frente a um
parlamentarismo informal e plutocrático. Ao transformar o 2 de Julho em feriado
nacional, Lula não apenas corrige uma omissão histórica. Ele deixa
claro: a independência precisa ser reconquistada todos os dias.
E essa
reconquista começa por nomear o inimigo. Por dizer, sem hesitação: o Centrão
não representa o povo. O mercado não pode vetar o projeto de país aprovado nas
urnas. A elite legislativa que protege os super-ricos é a mesma que apaga Maria
Felipa dos livros de história.
Neste 2
de Julho, Lula não apenas homenageou os heróis populares. Ele se colocou ao
lado deles. E como em 1823, a pergunta é a mesma: vamos deixar que nos roubem
de novo o Brasil?
Fonte:
Brasil 247

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