Luís
Nassif: Contagem regressiva para o fim de Trump
Até
algum tempo atrás, quem ousasse imaginar os arroubos de Donald Trump seria
taxado de fantasioso. Trump atropelou todos os limites do bom senso.
A
maneira como conseguiu atuar até hoje, de forma impune, passou a impressão de
que foram liquidados completamente todos os limites democráticos. Reside aí o
erro de raciocínio.
Todo
abuso continuado gera uma reação cumulativa. A atuação de Trump já provocou a
oposição dos seguintes setores:
• As universidades e os centros de
pensamento jurídico.
• A imprensa, do liberal The New York
Times aos antigos apoiadores do grupo Murdoch, incluindo Fox News, The Wall
Street Journal.
• Todas as empresas importadoras, afetadas
pelas novas tarifas e pelas maluquices de tarifas de 50% a 100% ao bel prazer
de Trump.
• As comunidades latinas e negras.
São
resistências cumulativas. E ele ainda vive dilemas. Se recua nas apostas, passa
a impressão de fraco – imagem destruidora de lideranças fascistas. Se continua
apostando, vai gerando mais desequilíbrios e criando mais resistências.
Em
suma, a versão acabada do ditado “se correr o bicho pega, se ficar o bicho
come”.
Faltava
o episódio síntese, aquele capaz de ser assimilado por todos os níveis de
público, até os terraplanistas. E, agora, ele chegou. Ou melhor, voltou para
ficar.
O caso
Epstein
Agora,
paira sobre sua cabeça as revelações do caso Epstein – o milionário que
arrumava meninas menores de idades para o mundo dos bilionários.
A
versão de suicídio jamais foi convincente. Como uma das pessoas mais vigiadas
dos EUA morre sob custódia federal?
Havia
uma série de coincidências suspeitas.
• Duas câmeras de segurança próximas à
cela falharam ou apresentaram problemas técnicos.
• Os dois agentes penitenciários
responsáveis dormiram durante o plantão e falsificaram registros de rondas.
• Epstein havia sido retirado da
vigilância antissuicídio apenas dias antes, apesar de um suposto intento
anterior.
• O laudo oficial indicou suicídio por
enforcamento com lençol. Mas o patologista independente contratado pela família
(Michael Baden) afirmou que: “As fraturas no osso hioide são mais consistentes
com estrangulamento homicida do que com enforcamento suicida.
• As marcas no pescoço também causaram
dúvida: estavam horizontais (como de estrangulamento) e não oblíquas (como
típico em enforcamento).
• Epstein foi preso em julho de 2019.
Morreu menos de 40 dias depois. Ele estava pronto para delação sobre sua rede
de tráfico sexual, finança e chantagens.
• A prisão e condenação de Ghislaine
Maxwell (sua parceira) em 2021/2022 revelou novas informações, mas não nomes
nem provas completas.
• Parte do material foi liberado em 2024 e
2025, mas muitos nomes foram suprimidos.
• Documentos como o “black book” e as
gravações de câmeras privadas de Epstein ainda não foram integralmente tornados
públicos.
Nas
próximas semanas, será o prato predileto da mídia. The Times e New York Post,
uma em Londres, outra em Nova York, ambas do grupo Murdoch, já iniciaram o
tiroteio, secundando o The Washington Post, que trouxe a primeira reportagem,
da nova rodada sobre as relações Epstein-Trump,
As
reportagens do The Times tem manchetes bombásticas: “É uma história maior do
que o mundo jamais conheceu”, diz ele.
Mostrou
que os logbooks de voos no jato de Epstein – apelidado de “Lolita Express”-
revelam passageiro proeminentes, mas sugerem que a lista é muito maior do que
foi revelado, “muito ainda está por vir”, e especula até possíveis vínculos com
a inteligência israelense.
Outra
reportagem mostra o senador Ron Wyden afirmando que o governo Trump detinha
registros secretos de US$ 1,5 bilhão em transferências financeiras relacionadas
a Epstein, incluindo transações abastecidas por bancos russos.
Um
conjunto grande de estragos políticos já foi contabilizado. Pesquisa da Reuters
mostrou que 69% dos norte-americanos acreditam que o governo está ocultando
informações sobre clientes de Epstein, e apenas 17% aprovam a forma como Trump
conduziu o caso.
Entre
os republicanos, 35% aprovam, 30% desaprovam e 35% estão indecisos. E a
campanha sobre o tema mal começou. Figuras da ala MAGA, como Laura Loomer, Mike
Pence e Josh Hawley, pressionam por mais transparência, chamando a postura
atual de “cover up”.
Outros
escândalos
Não é o
único escândalo reprimido provisoriamente, em função da reeleição de Trump. Há
muito mais macaquinhos no sótão de Trump, conforme sincretiza o Chat GPT.
1.
Esquema de “hush money” e falsificação de registros (Nova York)
• Em março de 2023, o promotor Alvin Bragg
apresentou 34 acusações criminais contra Trump por falsificar registros
comerciais para ocultar pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels antes da
eleição de 2016 .
• Em maio de 2024, foi condenado por essas
práticas (sem risco de prisão, mas com registro criminal).
2. Caso civil por fraude financeira (fraude
patrimonial em NY)
• A procuradora-geral Letitia James moveu
ação contra Trump e seu grupo, acusando inflação fraudulenta de patrimônio em
mais de US$ 3,6 bi entre 2011 2021.
• Em fevereiro de 2024, o juiz Arthur
Engoron condenou Trump a pagar cerca de US$ 355 mi (com juros, ultrapassando
US$ 500 mi) e proibiu-o de atuar como diretor de empresas em Nova York por três
anos.
3.
Condenação da Trump Organization por sonegação de impostos
• Em dezembro de 2022, a Trump
Organization e seu CFO Allen Weisselberg foram considerados culpados por um
esquema de 15 anos de fraude fiscal criminal.
• Weisselberg recebeu pena de prisão e
tornou-se testemunha-chave.
4.
Trump University – Fraude educacional
• Trump enfrentou várias ações por suposta
operação fraudulenta da “Trump University”, acusada de enganar consumidores e
operar como esquema RICO.
• Ele foi responsabilizado financeiramente
em acordos, embora sem condenação criminal direta.
5. Mar-a-Lago – Seguros e avaliações falsas
• Indícios de fraude em seguro: Trump
recebeu US$ 17 mi por suposto dano de furacão que, segundo o butler, não
ocorreu.
• Em processos de fraude patrimonial, a
mansão foi supervalorizada em sua contabilidade (até US$ 627 mi, contra
avaliação real de US$ 18–27 mi).
6. Conflitos de interesse e favorecimento nos
negócios
• Trump e sua família lucraram com
negócios ligados a criptomoedas, empreendimentos imobiliários internacionais e
acordos com governos estrangeiros – inclusive um memorando avalia US$ 2 bi com
fundo dos Emirados.
• Críticos apontam uso de poder
presidencial para favorecer esses negócios, levantando acusações de violações
do emoluments clause e possíveis crimes financeiros.
Não se
tenha dúvidas. Quando o furacão chegar, não restará pedra sobre pedra, não
apenas do político, mas do empresário Donald Trump.
• ‘Segredo maravilhoso’: entenda a relação
de Trump e acusado de abuso sexual de menores
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta uma crise interna. Parte
de seus apoiadores queimaram bonés vermelhos do movimento Make America Great
Again (Faça os EUA Grandes Outra Vez, em tradução livre) em protesto ao
descumprimento de uma promessa de campanha: divulgar documentos da investigação
contra o empresário Jeffrey Epstein, acusado de uma série de crimes sexuais,
incluindo exploração de menores.
A
indignação dos apoiadores vem açodada por uma revelação bombástica do Wall
Street Journal, na última quinta-feira (17): uma carta que mostra a relação de
proximidade entre os dois. A resposta de Trump veio em forma de ataque nas
redes sociais: contra o jornal, que, segundo ele, publicou mentiras, e contra
seus eleitores que o questionaram, que ele definiu como “ex-apoiadores” e
“fracotes”.
Mas o
começo da crise se deu em 5 de junho, quando o ex-apoiador de Trump e
integrante do governo, Elon Musk, publicou em seu perfil no X (antigo Twitter),
que Donald Trump seria parte da “lista de Epstein”, um possível documento com
registro de pessoas relacionadas a Jeffrey Epstein em seu esquema de abuso
sexual de menores: “Hora de soltar a verdadeira bomba: @realDonaldTrump está
nos arquivos Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não foram
tornados públicos. Tenha um bom dia, DJT [Donald J. Trump]!”, escreveu Musk, em
publicação que seria apagada logo depois. A denúncia, apresentada sem provas,
ocorreu em meio a uma escalada de acusações nas redes sociais entre o
presidente e seu ex-braço direito.
Jeffrey
Epstein é um nome infame nos Estados Unidos. Próximo de pessoas influentes, ele
foi um investidor multimilionário que ganhou as páginas de jornais em 2005,
quando foi acusado de abuso sexual de menores de idade na Flórida. Em 2008, ele
foi condenado à prisão pelo estado, após confessar ter solicitado prostituição
de menores, em um acordo que lhe livrava de qualquer outra investigação
federal. Após 13 meses de regime semiaberto, ele ficaria dez anos em liberdade,
sendo novamente preso em 2019 – dessa vez, sob acusação de tráfico sexual de
menores de idade. Em agosto de 2019, ele morre em sua cela no Centro
Correcional Metropolitano, em Nova York.
Os
processos judiciais reuniram o que é difícil conseguir de uma pessoa com o
poder e influência de Epstein: provas. Ao longo dos processos, foram juntados
registros de viagens, fotos, agendas de contatos, depoimentos e e-mails
envolvendo o financista, seus amigos e associados. Estes documentos compõem os
“arquivos Epstein”, citados por Musk e que colocaram a administração Trump nas
cordas esta semana.
Parte
dos documentos foram obtidos em um processo movido em 2015 por Virginia
Giuffre, uma das principais vítimas de Epstein, contra Ghislaine Maxwell,
cúmplice dele, presa por auxiliar Epstein em seu esquema de tráfico sexual. Os
arquivos ficaram sob sigilo até 2024, quando passaram a ser revelados.
Eles
incluem menções a quase 200 pessoas, envolvendo o nome de vítimas da rede de
abuso estabelecida por Epstein, testemunhas, como funcionários e pilotos das
aeronaves do investidor, parceiros de negócio e membros do círculo social dele,
além de pessoas acusadas de participação nos crimes de prostituição de menores,
tráfico sexual de menores e abuso sexual.
Aparecem
nos registros nomes como o do Príncipe Andrew, membro da família real
britânica, acusado de abuso sexual de Virginia Diuffre e participação em crimes
de Epstein, o ex-presidente dos Estados Unidos envolvido em escândalos sexuais
durante seu mandato, Bill Clinton, e o vizinho de Epstein na Flórida, Donald
Trump.
Os
documentos não fazem parte de uma única base, e não foram publicados na
íntegra. Essa é a principal crítica de opositores políticos de Trump e, mais
recentemente, de sua própria base política.
Em sua
campanha à reeleição em 2024, Trump afirmou que, se eleito, divulgaria na
íntegra todos os “arquivos Epstein” obtidos pela justiça. Depois de eleito, ele
tentou dissuadir sua base, dizendo que parte de seus apoiadores foi enganada
pela “esquerda lunática” por oito anos, que eles “não aprenderam a lição, e
provavelmente nunca aprenderão” e que “esses fracotes” estão fazendo o trabalho
dos democratas.
“Sua
nova FARSA é o que chamaremos para sempre de Farsa do Jeffrey Epstein, e meus
ANTIGOS apoiadores engoliram essa ‘merda’, com anzol, linha e tudo. Eles não
aprenderam a lição, e provavelmente nunca aprenderão, mesmo depois de serem
enganados pela Esquerda Lunática por 8 longos anos. Eu tive mais sucesso em 6
meses do que talvez qualquer Presidente na história do nosso País, e tudo sobre
o que essas pessoas querem falar, com forte incentivo da Fake News e dos
Democratas famintos por sucesso, é a Farsa do Jeffrey Epstein”, escreveu.
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O ‘segredo maravilhoso’ de Trump e Epstein
Trump
subiu o tom contra apoiadores após o Wall Street Journal tornar pública, na
última quinta-feira (17), uma carta escrita pelo presidente a Jeffrey Epstein
em 2003. O conteúdo do documento foi tornado público pela primeira vez.
A
carta, descrita pelo veículo como “obscena”, integra um livro montado em 2003
por Gislaine Maxhwell e dado a Epstein como presente de aniversário de 50 anos.
A declaração de Trump aparece junto de fotos, cartas e cartões de outros amigos
e associados do investidor.
O
jornal não publicou imagens do documento, mas o descreveu. Segundo a
reportagem, a mensagem é escrita dentro de um desenho, aparentemente feito à
mão com um canetão, do corpo de uma mulher. O texto retrata uma conversa entre
Trump e Epstein, escrita em terceira pessoa. Leia abaixo, em tradução livre:
Narrador:
“Deve haver mais na vida do que ter tudo”, começava o bilhete.
Donald:
Sim, há, mas não vou te dizer o que é.
Jeffrey:
Nem eu, já que também sei o que é.
Donald:
Nós temos certas coisas em comum, Jeffrey.
Jeffrey:
Sim, temos, pensando bem.
Donald:
Enigmas nunca envelhecem, já reparou?
Jeffrey:
De fato, isso ficou claro para mim da última vez que te vi.
Trump:
Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz Aniversário — e que cada dia seja outro
segredo maravilhoso.
Trump
teria assinado, diz o Wall Street Journal, com um “Donald” escrito de forma
torta abaixo da cintura da mulher no desenho, mimetizando seus pelos pubianos.
A
revelação fez Trump iniciar uma cruzada contra o jornal. Ouvido pelos
jornalistas antes da reportagem ir ao ar, Trump disse nunca ter escrito a carta
e que a matéria era mentirosa. “Este não sou eu. Isso é uma mentira. É uma
reportagem fake do Wall Street Journal. Eu nunca fiz um desenho na minha vida.
Eu não desenho mulheres. Não é minha linguagem, não são minhas palavras, não
sou eu”, declarou. Ele ainda alertou que, se o texto fosse ao ar, “processaria
o Wall Street Journal como processou todo mundo”.
Após a
publicação da matéria, Trump foi às redes sociais, reforçando sua ameaça de
processo e acusando o conteúdo de ser mentiroso. “O Wall Street Journal
publicou uma carta falsa, supostamente para o Epstein. Essas não são as minhas
palavras, não é o meu jeito de falar. Além disso, eu não faço desenhos. Eu
disse ao Rupert Murdoch [dono da News Corp., empresa dona do Wall Street
Journal] que era uma farsa, que ele não deveria publicar essa matéria Falsa.
Mas ele publicou, e agora vou processá-lo com tudo, e também o seu jornaleco de
terceira categoria. Obrigado pela sua atenção a este assunto!”, Trump escreveu
na quinta-feira (17).
Não é a
primeira vez que Trump é apontado no círculo íntimo de Epstein. Em 2002, um
perfil de Epstein incluiu uma fala de Trump sobre o amigo, que considerava “um
cara fantástico”. “Conheço o Jeff há quinze anos. Um cara fantástico. É muito
divertido estar com ele. Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto
quanto eu, e que muitas delas são mais jovens. Não há dúvida sobre isso — o
Jeffrey curte sua vida social”.
À
época, o nome de Epstein aparecia apenas nas colunas sociais de jornais e ele
era figurinha carimbada em eventos de Trump.
Mais de
uma vez, Trump e Epstein foram fotografados juntos, incluindo suas
companheiras, em Mar-a-Lago, o resort do presidente na Flórida. Apoiadores de
Trump afirmam que Epstein só teve acesso às propriedades do presidente até
2007, quando o investidor, na esteira de sua primeira acusação criminal, teria
sido banido dos espaços.
Não
existem provas do banimento, mas os registros dos dois juntos também cessam
nesta época. Em 2019, Trump disse, em uma coletiva de imprensa, que baniu
Epstein de Mar-a-Lago, mas que “a razão francamente não faz nenhuma diferença”.
Assim
como outras celebridades, Trump também costumava pegar carona no avião
particular de Epstein, batizado de “Lolita Express”. O nome de Trump é
encontrado em diversos registros de voo entre a Flórida, onde ambos possuíam
casas, e Nova York, sede administrativa dos negócios de Trump, durante os anos
90.
A
aeronave costumava ser utilizada também para voos às Ilhas Virgens Americanas,
onde Epstein possuía uma ilha particular apontada como um espaço de abuso
sexual de menores. Nunca foram divulgados registros que envolvam Trump e a
ilha.
Na
campanha eleitoral de 2024, Trump utilizou um jatinho que já havia sido de
Epstein para cumprir agendas em quatro estados diferentes após seu próprio
avião apresentar falhas no motor. A campanha do republicano disse ter fretado a
aeronave de uma empresa do setor e não saber a quem pertencia anteriormente.
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‘Nenhuma divulgação adicional seria apropriada ou justificada’
Em
fevereiro de 2025, Trump indicou Pamela Bondi como procuradora-geral dos
Estados Unidos – e chefe do Departamento de Justiça do país. No fim do mesmo
mês, o órgão publicou, em uma cerimônia com influenciadores de extrema-direita,
a “fase 1” dos arquivos de “Epstein”.
Sem
novidades sobre o que já havia sido liberado ao longo dos anos, Bondi culpou o
FBI, órgão de investigação federal dos Estados Unidos, por reter informações. À
época, Kash Patel, diretor do FBI, disse que “não haverá acobertamentos, nenhum
documento perdido e nada ficará por investigar”.
A
promessa durou até 7 de julho, quando o Departamento de Justiça e o FBI
publicaram um documento dizendo que, “após revisão exaustiva”, “não foram
encontrados motivos para revisitar a divulgação” dos materiais.
Os
órgãos alegam não terem sido encontradas relações com pessoas que justificassem
a divulgação de documentos e que isso poderia fragilizar as vítimas de Epstein.
“É a determinação do Departamento de Justiça e do FBI que nenhuma divulgação
adicional seria apropriada ou justificada”, resume o documento.
Pressionado
pela reportagem do Wall Street Journal, Trump publicou em suas redes sociais
nesta quinta-feira (17) ter pedido ao Departamento de Justiça a publicação de
“todos os depoimentos pertinentes” fornecidos ao grande júri – similar ao júri
popular no Brasil – sobre o caso. Nenhum novo documento foi publicado até o
momento.
Fonte:
Jornal GGN/O Cafezinho

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