terça-feira, 22 de julho de 2025

Alvo do império, o Brasil tem um líder em papel inédito e precisa valorizá-lo

Se algo de bom pode ser extraído do gravíssimo ataque ao Brasil promovido pelo renegado Jair Bolsonaro e seu filho trânsfuga Eduardo, a serviço do presidente sátrapa dos Estados Unidos, Donald Trump, é a constatação de que a soberania nacional precisa afinal deixar de ser apenas um slogan, tão vazio quanto esquecido.

Mais do que nunca, o país deve responder à altura, com patriotismo, contra toda e qualquer ameaça, não importa de quem venha, mesmo que seja da maior potência do planeta. E não importa o custo.

Cada agressão deve ser respondida com força no mínimo equivalente. Haverá, claro, sacrifícios e dificuldades, mas um país soberano não pode, sob nenhuma justificativa, capitular diante de agressão à sua independência.

Este é o sentido mais profundo da soberania nacional: ela brota antes de tudo em cada indivíduo, nasce de um sentimento profundo de pertencimento a uma identidade. Está fincada na história, na cultura, na terra e no próprio ser de cada um.

A crise criada pelos Estados Unidos e pela quadrilha extorsionária dos Bolsonaro abriu, portanto, uma oportunidade preciosa. Cumpre aproveitá-la. Ela pôs mais do que nunca em evidência imensas áreas de fragilidade nas mais diversas áreas da infraestrutura nacional. Vem impondo, por outro lado, um potencial de unidade muito importante. Contra as ameaças e sanções de Donald Trump ao Supremo Tribunal Federal e à economia do país, elevou-se uma importante unidade entre os três Poderes da República, a despeito da vacilação inicial do Legislativo. Somou-se até o próprio Superior Tribunal Militar.

Contra a chantagem do imperialismo vem se agregando a imensa maioria da opinião pública e até mesmo parcelas da mídia hegemônica, da indústria, da agricultura ameaçada e das finanças.

Diante da emergência criada, cumpre somar todas as energias, identificar todas as áreas de fragilidade e encetar ações de emergência para que o país disponha de soberania econômica, defesa, digital, alimentar, energética, comunicacional e em todos os outros setores essenciais.

Em momentos como este, mais do que nunca, o país precisa de uma figura capaz de conduzir com firmeza e sabedoria os diversos setores, acima das divisões de qualquer natureza.

Além de tudo que já representou em sua trajetória histórica, cabe a Lula agora um papel inédito, que demandará o máximo de si: o de elevar-se ainda mais, acima de todos, para encarnar a vontade de união geral em defesa da nação. Cada área, por sua vez, deverá abrir mão de seus interesses particulares imediatos em benefício do bem mais geral do Brasil. A figura de um estadista é componente obrigatório da soberania ameaçada em momentos de emergência.

Por sua condição de presidente no cargo, por tudo que já fez e pode fazer, Lula é quem tem a credibilidade e o descortino necessários para conduzir o país em águas desconhecidas, para estar acima das disputas e interesses menores, para, em suma, liderar a imensa frente patriótica que o país requer em tempos tão extraordinários. Para lutar e negociar, em acordo multilateral, em benefício do Brasil.

•        Soberania ampla, geral e irrestrita. Por Valéria Guerra Reiter

O vocábulo soberania possui terminologia e significado próprios. Vejamos sua etimologia: vem do latim superanus, que significa “acima”, “superior”. Não reconhecer nenhum poder acima de outro é o emblema da palavra soberania.

Será que nosso povo é soberano em suas decisões? O artigo 1º da Lei Maior nos traz algumas pistas:

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;

II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Será que a dignidade da pessoa humana se reflete em mortes como a de Manoel?

“Manoel Ferreira da Silva Neto, de 33 anos, foi encontrado cerca de 2,5 quilômetros de distância do local do acidente e não teria recebido o atendimento adequado. O Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Mogi das Cruzes investiga o caso. Existe um vídeo que mostra socorristas do Samu abandonando o ferido em uma localidade e, depois, quando a polícia chegou, também não prestou nenhum socorro a este brasileiro, que morreu".

Quantas estatísticas expõem esses desregramentos sociais em nossas metrópoles, onde Marias, Manoéis, Sandras, Nicoles e milhares de outros seres humanos jazem, perdendo suas vidas em um país onde (ainda) falta transparência e igualdade? Nas redes, soçobra a transparência diante das bolsas milionárias portadas por abastados que fizeram seu caminho de pedras preciosas à custa do sangue explorado de um povo gestado para servir.

E, falando em transparência, como encontrá-la? A palavra “transparência” remete à propriedade daquilo que é transparente. Dizer que algo é “transparente”, por sua vez, significa literalmente afirmar que determinado objeto “permite a passagem da luz, de modo que aquilo que está por detrás fique inteiramente visível” (Michaelis, 2019).

Desse conceito inicial vem a ideia de transparência que nos interessa aqui, aplicada às instituições e, em particular, aos órgãos públicos. O que seria, então, uma instituição transparente? Trata-se, na verdade, de metáfora muito usada atualmente para descrever instituições que adotam processos de publicização de seus dados, no sentido de permitir que pessoas de fora de sua estrutura possam acessar suas informações.

O Estado é um elemento fundamental nesse processo, não só pela obrigação legal que tem de fornecer dados de interesse público, mas principalmente pela quantidade e qualidade das informações que possui. O desenvolvimento social, cívico e econômico de uma nação pode ser fomentado pela abertura dos dados que o Estado detém. Entre as diversas vantagens da ampliação da política de dados abertos, destacam-se:

•        Maior transparência e controle cívico do governo;

•        Mais colaboração e participação social nas decisões públicas;

•        Promoção da inovação tecnológica e social;

•        Melhoria na prestação, na eficiência e no impacto dos serviços públicos.

O salário mínimo vigente no país é de R$ 1.518,00. O salário mínimo é um grilhão (Diário Causa Operária), o que também fere o inciso III do artigo 1º da Constituição, que trata da soberania do povo. Como “ser feliz” com um valor mensal que limita os horizontes do bem comum?

É preciso uma boa escuta, uma boa hermenêutica para analisar textos jurídicos, religiosos e científicos, a fim de que consigamos — por meio de uma transparência efetiva (tão amparada por vasta legislação) — colocar o pobre, o povo abandonado, no orçamento, pelas asas da soberania ampla, geral e irrestrita...

•        PT reage às sanções de Trump e exige "reciprocidade" do governo

A bancada do PT na Câmara dos Deputados divulgou uma nota oficial neste domingo (20) condenando veementemente as recentes medidas adotadas pelo governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, contra autoridades brasileiras e a economia do país. O documento repudia o anúncio de tarifas de 50% sobre exportações do Brasil e o cancelamento de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do procurador-geral da República.

Segundo os parlamentares do PT, essas ações configuram uma “gravíssima escalada de retaliações oficiais com motivações político-pessoais” e buscam interferir no funcionamento autônomo do sistema de Justiça brasileiro. O objetivo, destacam, é beneficiar aliados de Jair Bolsonaro (PL), que atualmente responde na Justiça por tentativa de golpe de Estado. A nota sustenta que “não há qualquer fundamento jurídico ou fático que justifique tais sanções”, classificadas como uma afronta direta à soberania e às instituições do Brasil.

“Nosso dever histórico é resistir a toda tentativa de submissão do país a interesses externos”, afirma o texto. “O Brasil é um país soberano e deve reagir à altura".

<><> Críticas ao ataque contra o STF e o Pix

- A bancada também critica duramente o que chama de “intimidação” ao Supremo Tribunal Federal, defendendo a legitimidade da Corte como guardiã da Constituição e responsável por assegurar a responsabilização dos envolvidos em ataques ao Estado Democrático de Direito. Os deputados e deputadas reafirmam confiança no STF e destacam que “defender a autonomia da instituição é defender a democracia, o voto popular e a soberania nacional”.

Outro ponto que causou “perplexidade”, segundo a nota, foi a decisão do governo Trump de iniciar uma investigação contra o sistema Pix, criado por servidores do Banco Central do Brasil. O sistema é apontado como uma inovação reconhecida mundialmente, sobretudo por promover inclusão financeira. Os petistas afirmam que a medida faz parte de uma estratégia mais ampla dos EUA para deslegitimar instituições de países do Sul Global e proteger figuras da extrema direita.

<><> Reação exigida do governo Lula

- Diante da gravidade do cenário, o PT defende que o governo Lula (PT) avalie a aplicação do princípio da reciprocidade como resposta às ações norte-americanas. A bancada também convoca o Congresso Nacional, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), partidos democráticos e a sociedade civil a se posicionarem com “clareza e vigor”.

A nota termina com um chamado à união dos democratas brasileiros em defesa da autodeterminação nacional:

“Conclamamos todas e todos os democratas brasileiros a se unirem em torno da defesa do Brasil, de suas instituições e de sua plena autodeterminação. O Brasil não se curvará!”

<><> Parlamentares signatários

- Assinam a nota 34 deputados e deputadas da legenda, incluindo nomes como Lindbergh Farias (PT-RJ) - líder da bancada -, Benedita da Silva (PT-RJ), José Guimarães (PT-CE), Dandara (PT-MG), Adriana Accorsi (PT-GO) e Arlindo Chinaglia (PT-SP).

•        "Trump trata como inimigo qualquer país que queira regular as big techs", diz Sérgio Amadeu

Em entrevista concedida ao jornalista Mário Vitor Santos no programa Forças do Brasil, da TV 247, o sociólogo e pesquisador da Universidade Federal do ABC (UFABC), Sérgio Amadeu, fez duras críticas à ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. O programa foi ao ar neste sábado, 19 de julho de 2025, com o tema “Trump e Big Techs contra o Brasil” e está disponível no canal da TV 247 no YouTube.

Segundo Sérgio Amadeu, Donald Trump tem atuado abertamente em defesa dos interesses das Big Techs e se coloca contra qualquer tentativa de regulação. Para ele, o objetivo do presidente dos Estados Unidos é proteger os lucros de gigantes como Google, Meta, X (antigo Twitter) e outras, ao mesmo tempo em que cria dificuldades para a soberania brasileira.

 “As Big Techs não são empresas comuns dentro do esquema de poder norte-americano. Elas são estratégicas. Trump deixou isso claro desde a sua posse: qualquer país que tente regular ou taxar essas empresas será tratado como inimigo”, afirmou Amadeu.

O sociólogo destacou que Trump ameaçou o Brasil com tarifas de 50% sobre todos os produtos nacionais e chegou a abrir uma investigação comercial, alegando perseguição do Supremo Tribunal Federal às plataformas digitais e a Jair Bolsonaro.

<><> O Pix como símbolo da resistência brasileira

Sérgio Amadeu apontou ainda que o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, o Pix, virou alvo do presidente norte-americano por contrariar interesses financeiros de bancos e das próprias plataformas digitais.

 “O Pix prejudicou diretamente os lucros de bandeiras de cartão de crédito, do WhatsApp Pay e dos sistemas financeiros dominados por conglomerados dos Estados Unidos. Isso é visto como um ataque às big techs. Trump quer nos forçar a aceitar uma situação de submissão, onde empresas norte-americanas atuam livremente no Brasil sem pagar impostos nem seguir regras locais.”

Para Amadeu, o Pix representa um avanço da soberania nacional, ao democratizar o acesso a pagamentos sem intermediação de bancos tradicionais.

<><> A falsa liberdade defendida pelos Estados Unidos

Durante a entrevista, o sociólogo expôs a hipocrisia do discurso trumpista sobre liberdade de expressão:

 “Trump fala em liberdade para defender impunidade. Quando as plataformas são obrigadas a retirar conteúdos criminosos, como fake news ou incitação ao golpe, eles dizem que é censura. Mas nos Estados Unidos, eles fazem o mesmo ou até pior, tomando dados sem ordem judicial e invadindo a privacidade dos usuários.”

Ele frisou que a ideia de liberdade propagada por Trump e pela extrema-direita não tem relação com direitos democráticos, mas sim com a dominação pelo poder econômico.

<><> Um chamado pela soberania nacional

Amadeu aproveitou a entrevista para alertar sobre a necessidade do Brasil desenvolver infraestrutura própria e romper a dependência tecnológica do país:

 “O Brasil é o único dos BRICS que não construiu nenhuma infraestrutura de tecnologia da informação independente. Usamos nuvem da Amazon, da Microsoft, da Oracle. Os nossos dados estão expostos. Não podemos confiar em empresas estrangeiras para proteger interesses nacionais.”

O professor fez um apelo direto ao governo brasileiro:

 “O governo precisa parar de priorizar o WhatsApp para comunicação pública. Precisamos de aplicativos próprios, controle de dados, data centers nacionais, soberania tecnológica de verdade.”

Ele também defendeu medidas concretas, como retirar privilégios de agentes norte-americanos em solo brasileiro, como o porte de armas, e acabar com a subserviência histórica das Forças Armadas brasileiras aos interesses dos EUA.

<><> A importância do Brasil reafirmar sua independência

Sérgio Amadeu concluiu que a atual ofensiva de Donald Trump pode servir para o Brasil fortalecer sua soberania em diversas áreas, incluindo economia, tecnologia, cultura e defesa.

 “Nós temos que transformar essa provocação em oportunidade. Trump mostrou ao Brasil que o imperialismo é real, e que temos capacidade de resistir, como mostramos com o Pix. A soberania não é discurso, é prática.”

 

Fonte: Brasil 247

 

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