segunda-feira, 9 de junho de 2025

Os melhores discos desconhecidos da música popular brasileira

Em 2022, um livro lançado como parte de uma colaboração entre o podcast Discoteca Básica e cerca de 162 especialistas (entre eles, produtores, músicos e divulgadores culturais) trouxe uma lista que elegeu, via voto, os 500 maiores álbuns da música brasileira de todos os tempos.

E, embora os primeiros colocados da lista anunciada no livro (intitulado, literalmente, "Os 500 maiores álbuns brasileiros de todos os tempos", de autoria de Ricardo Alexandre) sejam nomes famosos e tragam melodias já  conhecidas, decidimos buscar, nos últimos dentre os 500 lugares do top nacional, aqueles discos menos comentados da MPB, mas ainda considerados joias da produção musical brasileira.

Confira, agora, os melhores dentre os "menos conhecidos" discos da música brasileira, conforme indicados por especialistas, músicos, lojistas e jornalistas, e organizados numa coletânea fruto de financiamento coletivo:

10. Virgem, de Marina Lima (1987)

O disco marca a transição na carreira de Marina Lima, mais famosa por seu "Fullgás" (de 1984), para o pop rock. Com produção de Léo Gandelman, o álbum tem arranjos considerados sofisticados e letras mais introspectivas. E, apesar de algumas faixas serem mais conhecidas (como "Preciso dizer que te amo", que se tornou clássica para ela), é um disco pouco lembrado da cantora. Ficou em 500° lugar na lista dos melhores.

9. Matriz, de Pitty (2019)

Em seguida vem um álbum menos famoso de Pitty, também autora de alguns dos maiores sucessos do pop rock jovem, como "Na sua estante", "Equalize" e "Me adora". Em "Matriz", seu quinto álbum, ela busca referências diferentes para compor sua "matriz sonora". De acordo com a própria artista, é como "a história de uma blueswoman que sai da plantação de algodão" para "tentar a vida na cidade grande". O álbum tem colaborações com artistas como Nancy Vieira, Larissa Luz e a banda BaianaSystem.

8. Luar (A Gente Precisa Ver o Luar), de Gilberto Gil (1981)

Gil já tem nomes no topo da lista, como seu "Tropicália" (em colaboração com mais uma dúzia de grandes nomes da música nacional), "Expresso 2222" e "Refazenda". Mas "Luar" é um disco um pouco menos comentado, em que ele transita entre o pop radiofônico e a MPB tradicional, com arranjos de Liminha e Lincoln Olivetti. Foi desse disco com capa azul que saíram sucessos como "Se eu quiser falar com Deus", "Flora" e o próprio "Luar". O álbum tem influências da banda Earth, Wind & Fire e dos ritmos afro-baianos já presentes em sua obra.

7. Respire Fundo, de Walter Franco (1978)

Walter Franco traz, em "Respire Fundo", letras mais existenciais, que refletem sua busca entre equilíbrio e experimentação.

Franco é um dos músicos mais influentes da cena underground da MPB, conhecido como um artista de vanguarda (foi parte da chamada Vanguarda Paulista, grupo que compunha a cena cultural da cidade entre 1979 e 1985). Seu pai, Cid Franco, era poeta e amigo de nomes como Carlos Drummond de Andrade.

6. Emílio Santiago, de Emílio Santiago (1975)

Embora seja mais famoso por "Aquarela Brasileira", de 1988, Emílio Santiago — descrito como cantor de voz potente e suave — cantava sambas e boleros. Seus álbuns venderam mais de cinco milhões de cópias no Brasil.Em seu disco menos conhecido, de 1975, ele mistura samba, bossa e jazz, e se consolida como um dos maiores intérpretes do país.

5. Saudade do Brasil, de Elis Regina (1980)

"Que saudades do Brasil!". O disco de Elis, um ícone da música nacional, é uma releitura de clássicos e contemporâneos — de Rita Lee a Edu Lobo, de Baden Powell a Milton Nascimento. É uma mistura de tudo que é bom aqui e até fora daqui.

4. Legal, de Gal Costa (1970)

"Legal" é considerado parte da fase de produção experimental de Gal Costa, em que elementos da Tropicália são misturados ao psicodelismo dos anos 1970 e a arranjos inovadores. É um álbum criativo e talvez menos mencionado da cantora, mas que traz faixas divertidas, como "London London", "Falsa Baiana" e "Eu sou terrível (e é bom parar!)".

3. Imunidade Musical, de Charlie Brown Jr. (2005)

Nos anos 2000, o Charlie Brown Jr. foi o símbolo de uma juventude urbana. O álbum "Imunidade Musical" marca uma nova fase da banda, com novos integrantes e uma sonoridade mais diversa, misturando rock com rap e um pouco de reggae. Os temas urbanos continuam, assim como a característica musical inesquecível do Chorão.

2. São Paulo - Brasil, de Cesar Mariano & Cia (1977)

O álbum instrumental de César Mariano & Cia traz uma riqueza melódica que é a cara do Brasil. As músicas, com um groove meio jazz e um jazz meio funky, realmente lembram a capital paulista: metrô, anos 70, sons na rádio, arranjos ousados e sons sintéticos.

1. Memórias Cantando, de Paulinho da Viola (1976)

Paulinho da Viola marcou a música brasileira, e talvez seja seu violonista mais relevante. O nome não é à toa: produziu um sem-número de sambas e choros, com harmonias sempre sofisticadas e complexas — também no cavaquinho e no bandolim.

Em "Memórias Cantando", um de seus discos clássicos, ele revive sambas brasileiros com profundo respeito pela tradição, mas um estilo próprio. O disco é descrito como uma celebração da memória musical brasileira, com um toque de sensibilidade artística e originalidade.

•        As dez piores canções brasileiras de todos os tempos

As listas de dez melhores músicas, dez melhores álbuns, cantores, guitarristas etc. são extremamente subjetivas. As piores, idem. No entanto, há critérios que podem ser usados pra você simplesmente ignorar alguma obra.

Muitas vezes, estes critérios extrapolam a questão musical. Coisas como o uso político da obra, o desserviço que elas prestam ou prestaram durante o seu lançamento e por aí afora podem ser mais certeiros do que o simples gosto pessoal.

Começa a lista com meu querido amigo Rodney D, um garoto nota dez, trabalhador, que ganhou notoriedade ao vencer no programa "Piores Clipes do Mundo", da MTV, com o “Funk da Pamonha”, composição dele próprio. Merece também ficar em 9º lugar entre as dez piores canções brasileiras de todos os tempos.

<><> A lista propriamente dita

Após Rodney D emplacar com a sua “pamonha”, outras coisas muito piores o destronaram. Entre elas, que merece muito bem um 8º lugar, fica a insuportável “Festa no Apê” (Dan Balan), com o bolsonarista Latino, uma versão horrível da música romena "Dragostea Din Tei", da banda O-Zone.

Para 7º lugar, e com louvor, entra a inacreditável “Eu vou comer seu cu no Uno”, de Renan Alves, que muito provavelmente é o interprete, com a alcunha de MC Renanzin. O funk consegue a proeza de ter o pior beat já feito no planeta.

Canção que merece destaque, entre tantas que simbolizam o período Collor, e, por conta disso, pegou um 6º lugar é “Brincar de Ser Feliz”, de Maria da Paz e Nino Hypolitas, interpretada pelos trinados de Chitãozinho e Xororó.

Em 5º lugar, e com louvor, elejo “Florentina”, de Francisco Everardo Tiririca Oliveira, com o próprio Tiririca, que além de ser essa coisa bisonha, teve o demérito de ajudar na eleição (e reeleição) do infame deputado.

<><> Pagode choramingado

“Depois do Prazer” (Chico Roque e Sérgio Caetano), com o grupo Só pra Contrariar, entrou nesta lista, mas poderiam estar aqui, em 4º lugar, inúmeras outras que ajudaram a infestar o país com esse samba choroso romântico que passou a se chamar injustamente de “pagode”.

Ao chegar no trend topic, impossível não destacar para o 3º lugar a terrível “Balada”, de Cassio Sampaio, com o não menos detestável Gusttavo Lima, por tudo o que ele representa e, é claro, o seu incondicional apoio a Bolsonaro.

<><> As duas mais

Para o 2º lugar – e aqui fica uma dúvida se não mereceria o 1º - voto com louvor em “Doce Mel”, de Cláudio Rabello e Renato Corrêa, e irritantemente entoado de maneira insuportavelmente repetida pela Rainha dos Baixinhos, Xuxa Meneghel, durante o final dos anos 80. É impossível medir o que esta e inúmeras outras canções da apresentadora contribuíram para a inteligência das nossas crianças.

E, finalmente, em 1º lugar, a canhestra, horrível e extremamente adesista ao malfadado regime militar brasileiro “Eu te amo meu Brasil”, de Dom e gravada pelos Incríveis. A marcha foi usada à exaustão pelos militares, jogou a banda no ostracismo e ficou marcada até o fim dos tempos por aquele regime nefasto.

Como os leitores puderam perceber, deixei o 10º lugar para que cada um de você possa se expressar livremente, escolhendo a sua canção mais odiada.

 

Fonte: Revista Fórum

 

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