Os
melhores discos desconhecidos da música popular brasileira
Em
2022, um livro lançado como parte de uma colaboração entre o podcast Discoteca
Básica e cerca de 162 especialistas (entre eles, produtores, músicos e
divulgadores culturais) trouxe uma lista que elegeu, via voto, os 500 maiores
álbuns da música brasileira de todos os tempos.
E,
embora os primeiros colocados da lista anunciada no livro (intitulado,
literalmente, "Os 500 maiores álbuns brasileiros de todos os tempos",
de autoria de Ricardo Alexandre) sejam nomes famosos e tragam melodias já conhecidas, decidimos buscar, nos últimos
dentre os 500 lugares do top nacional, aqueles discos menos comentados da MPB,
mas ainda considerados joias da produção musical brasileira.
Confira,
agora, os melhores dentre os "menos conhecidos" discos da música
brasileira, conforme indicados por especialistas, músicos, lojistas e
jornalistas, e organizados numa coletânea fruto de financiamento coletivo:
10.
Virgem, de Marina Lima (1987)
O disco
marca a transição na carreira de Marina Lima, mais famosa por seu
"Fullgás" (de 1984), para o pop rock. Com produção de Léo Gandelman,
o álbum tem arranjos considerados sofisticados e letras mais introspectivas. E,
apesar de algumas faixas serem mais conhecidas (como "Preciso dizer que te
amo", que se tornou clássica para ela), é um disco pouco lembrado da
cantora. Ficou em 500° lugar na lista dos melhores.
9.
Matriz, de Pitty (2019)
Em
seguida vem um álbum menos famoso de Pitty, também autora de alguns dos maiores
sucessos do pop rock jovem, como "Na sua estante",
"Equalize" e "Me adora". Em "Matriz", seu quinto
álbum, ela busca referências diferentes para compor sua "matriz
sonora". De acordo com a própria artista, é como "a história de uma
blueswoman que sai da plantação de algodão" para "tentar a vida na
cidade grande". O álbum tem colaborações com artistas como Nancy Vieira,
Larissa Luz e a banda BaianaSystem.
8. Luar
(A Gente Precisa Ver o Luar), de Gilberto Gil (1981)
Gil já
tem nomes no topo da lista, como seu "Tropicália" (em colaboração com
mais uma dúzia de grandes nomes da música nacional), "Expresso 2222"
e "Refazenda". Mas "Luar" é um disco um pouco menos
comentado, em que ele transita entre o pop radiofônico e a MPB tradicional, com
arranjos de Liminha e Lincoln Olivetti. Foi desse disco com capa azul que
saíram sucessos como "Se eu quiser falar com Deus", "Flora"
e o próprio "Luar". O álbum tem influências da banda Earth, Wind
& Fire e dos ritmos afro-baianos já presentes em sua obra.
7.
Respire Fundo, de Walter Franco (1978)
Walter
Franco traz, em "Respire Fundo", letras mais existenciais, que
refletem sua busca entre equilíbrio e experimentação.
Franco
é um dos músicos mais influentes da cena underground da MPB, conhecido como um
artista de vanguarda (foi parte da chamada Vanguarda Paulista, grupo que
compunha a cena cultural da cidade entre 1979 e 1985). Seu pai, Cid Franco, era
poeta e amigo de nomes como Carlos Drummond de Andrade.
6.
Emílio Santiago, de Emílio Santiago (1975)
Embora
seja mais famoso por "Aquarela Brasileira", de 1988, Emílio Santiago
— descrito como cantor de voz potente e suave — cantava sambas e boleros. Seus
álbuns venderam mais de cinco milhões de cópias no Brasil.Em seu disco menos
conhecido, de 1975, ele mistura samba, bossa e jazz, e se consolida como um dos
maiores intérpretes do país.
5.
Saudade do Brasil, de Elis Regina (1980)
"Que
saudades do Brasil!". O disco de Elis, um ícone da música nacional, é uma
releitura de clássicos e contemporâneos — de Rita Lee a Edu Lobo, de Baden
Powell a Milton Nascimento. É uma mistura de tudo que é bom aqui e até fora
daqui.
4.
Legal, de Gal Costa (1970)
"Legal"
é considerado parte da fase de produção experimental de Gal Costa, em que
elementos da Tropicália são misturados ao psicodelismo dos anos 1970 e a
arranjos inovadores. É um álbum criativo e talvez menos mencionado da cantora,
mas que traz faixas divertidas, como "London London", "Falsa
Baiana" e "Eu sou terrível (e é bom parar!)".
3.
Imunidade Musical, de Charlie Brown Jr. (2005)
Nos
anos 2000, o Charlie Brown Jr. foi o símbolo de uma juventude urbana. O álbum
"Imunidade Musical" marca uma nova fase da banda, com novos
integrantes e uma sonoridade mais diversa, misturando rock com rap e um pouco
de reggae. Os temas urbanos continuam, assim como a característica musical
inesquecível do Chorão.
2. São
Paulo - Brasil, de Cesar Mariano & Cia (1977)
O álbum
instrumental de César Mariano & Cia traz uma riqueza melódica que é a cara
do Brasil. As músicas, com um groove meio jazz e um jazz meio funky, realmente
lembram a capital paulista: metrô, anos 70, sons na rádio, arranjos ousados e
sons sintéticos.
1.
Memórias Cantando, de Paulinho da Viola (1976)
Paulinho
da Viola marcou a música brasileira, e talvez seja seu violonista mais
relevante. O nome não é à toa: produziu um sem-número de sambas e choros, com
harmonias sempre sofisticadas e complexas — também no cavaquinho e no bandolim.
Em
"Memórias Cantando", um de seus discos clássicos, ele revive sambas
brasileiros com profundo respeito pela tradição, mas um estilo próprio. O disco
é descrito como uma celebração da memória musical brasileira, com um toque de
sensibilidade artística e originalidade.
• As dez piores canções brasileiras de
todos os tempos
As
listas de dez melhores músicas, dez melhores álbuns, cantores, guitarristas
etc. são extremamente subjetivas. As piores, idem. No entanto, há critérios que
podem ser usados pra você simplesmente ignorar alguma obra.
Muitas
vezes, estes critérios extrapolam a questão musical. Coisas como o uso político
da obra, o desserviço que elas prestam ou prestaram durante o seu lançamento e
por aí afora podem ser mais certeiros do que o simples gosto pessoal.
Começa
a lista com meu querido amigo Rodney D, um garoto nota dez, trabalhador, que
ganhou notoriedade ao vencer no programa "Piores Clipes do Mundo", da
MTV, com o “Funk da Pamonha”, composição dele próprio. Merece também ficar em
9º lugar entre as dez piores canções brasileiras de todos os tempos.
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A lista propriamente dita
Após
Rodney D emplacar com a sua “pamonha”, outras coisas muito piores o
destronaram. Entre elas, que merece muito bem um 8º lugar, fica a insuportável
“Festa no Apê” (Dan Balan), com o bolsonarista Latino, uma versão horrível da
música romena "Dragostea Din Tei", da banda O-Zone.
Para 7º
lugar, e com louvor, entra a inacreditável “Eu vou comer seu cu no Uno”, de
Renan Alves, que muito provavelmente é o interprete, com a alcunha de MC
Renanzin. O funk consegue a proeza de ter o pior beat já feito no planeta.
Canção
que merece destaque, entre tantas que simbolizam o período Collor, e, por conta
disso, pegou um 6º lugar é “Brincar de Ser Feliz”, de Maria da Paz e Nino
Hypolitas, interpretada pelos trinados de Chitãozinho e Xororó.
Em 5º
lugar, e com louvor, elejo “Florentina”, de Francisco Everardo Tiririca
Oliveira, com o próprio Tiririca, que além de ser essa coisa bisonha, teve o
demérito de ajudar na eleição (e reeleição) do infame deputado.
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Pagode choramingado
“Depois
do Prazer” (Chico Roque e Sérgio Caetano), com o grupo Só pra Contrariar,
entrou nesta lista, mas poderiam estar aqui, em 4º lugar, inúmeras outras que
ajudaram a infestar o país com esse samba choroso romântico que passou a se
chamar injustamente de “pagode”.
Ao
chegar no trend topic, impossível não destacar para o 3º lugar a terrível
“Balada”, de Cassio Sampaio, com o não menos detestável Gusttavo Lima, por tudo
o que ele representa e, é claro, o seu incondicional apoio a Bolsonaro.
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As duas mais
Para o
2º lugar – e aqui fica uma dúvida se não mereceria o 1º - voto com louvor em
“Doce Mel”, de Cláudio Rabello e Renato Corrêa, e irritantemente entoado de
maneira insuportavelmente repetida pela Rainha dos Baixinhos, Xuxa Meneghel,
durante o final dos anos 80. É impossível medir o que esta e inúmeras outras
canções da apresentadora contribuíram para a inteligência das nossas crianças.
E,
finalmente, em 1º lugar, a canhestra, horrível e extremamente adesista ao
malfadado regime militar brasileiro “Eu te amo meu Brasil”, de Dom e gravada
pelos Incríveis. A marcha foi usada à exaustão pelos militares, jogou a banda
no ostracismo e ficou marcada até o fim dos tempos por aquele regime nefasto.
Como os
leitores puderam perceber, deixei o 10º lugar para que cada um de você possa se
expressar livremente, escolhendo a sua canção mais odiada.
Fonte:
Revista Fórum

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