segunda-feira, 30 de junho de 2025

"O plano da burguesia é condenar Bolsonaro e depois isolar o PT", alerta Rui Costa Pimenta

Em entrevista à TV 247, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, analisou a conjuntura política brasileira e alertou para o que considera ser o plano estratégico da burguesia nacional: primeiro condenar Jair Bolsonaro, e depois isolar politicamente o Partido dos Trabalhadores (PT).

Segundo Rui, a campanha de despolarização em curso tem como objetivo abrir espaço para um novo tipo de liderança, moldada segundo o modelo do presidente argentino Javier Milei, um representante radical do ultraliberalismo. “A burguesia está preparando um ataque contra o povo brasileiro de grande escala”, afirmou. “Primeiro, querem eliminar Bolsonaro como figura eleitoral. Depois, vão mirar no PT. O plano é eleger alguém com perfil semelhante ao do Milei, alguém que promova uma guerra aberta contra os direitos sociais e trabalhistas”.

<><> “Eles estão declarando guerra contra o povo”

Para o presidente do PCO, há uma ofensiva clara das classes dominantes para construir uma “terceira via” com forte apoio do capital financeiro e da mídia corporativa. “A burguesia está declarando guerra contra o povo brasileiro”, disse. Ele vê nos discursos sobre a superação da polarização entre Lula e Bolsonaro uma tentativa de emplacar um projeto ultraliberal, que se esconda sob o manto da moderação e da racionalidade econômica.

Costa Pimenta aponta ainda que os nomes que vêm sendo trabalhados para essa operação têm apoio de setores do judiciário, do Congresso e de parte da grande imprensa. “Querem um governo nos moldes do Tarcísio em São Paulo, de guerra contra a população, mas com verniz técnico”, afirmou. “Se não for Tarcísio, será outro nome com esse mesmo projeto”.

O dirigente também demonstrou ceticismo em relação à capacidade do presidente Lula de reagir a essa ofensiva. Para ele, o governo atual está “engessado” e desprovido de instrumentos políticos para enfrentar o ataque. Para Rui, apostar todas as fichas na via eleitoral é “uma ilusão perigosa”. Ele argumenta que, diante da correlação de forças atual, o PT não conseguirá reverter o processo de enfraquecimento por meio das urnas. “A esquerda não está mobilizada como em 2016. E o campo democrático hoje parece não querer povo na rua, nem vida partidária ativa”, analisou.

O presidente do PCO considera que, diante do avanço da direita e da ofensiva do capital, o PT deveria se reposicionar de forma independente, rompendo com as alianças centristas e assumindo uma postura combativa. No entanto, diz não ver indícios de que isso vá acontecer.

<><> Bolsonaro ainda é uma peça no tabuleiro

Mesmo alertando para o isolamento político de Jair Bolsonaro, Rui acredita que o ex-presidente ainda pode ser usado em negociações de bastidores. “O que eu acho é que eles vão procurar fazer uma barganha: Bolsonaro apoia o candidato da direita econômica em troca de algum tipo de proteção”, disse. Ainda assim, ele ressalta que esse apoio pode ter um custo alto demais para o ex-presidente, especialmente diante do desgaste político acumulado.

Para concluir, Rui Costa Pimenta afirmou que o cenário político para 2026 é uma grande incógnita. “Depende do que Lula vai fazer, depende do que Bolsonaro vai fazer. Mas o empenho da burguesia em eleger um candidato de terceira via já está claro. Não dá para ter a menor dúvida”, finalizou.

<><> Julian Lemos diz que Bolsonaro é o “bobo da corte” que será jogado na lama pela elite

Em entrevista concedida ao jornalista Joaquim de Carvalho, da TV 247, o ex-deputado federal Julian Lemos, um dos primeiros aliados de Jair Bolsonaro na construção da candidatura presidencial de 2018, fez duras críticas ao ex-presidente, revelando bastidores de bastidores pouco conhecidos da campanha e do governo. Lemos, que foi um dos responsáveis pela segurança de Bolsonaro nas viagens pelo Brasil e atuou como articulador político nos primeiros anos do bolsonarismo, não poupou palavras: “Bolsonaro é um líder decadente, um farsante, o estandarte de tudo aquilo que ele criticava”.

Ao longo da longa e contundente entrevista, Lemos traçou um retrato de bastidores recheado de episódios reveladores, que vão desde a convivência pessoal com Bolsonaro e sua família até suspeitas em torno da facada sofrida em Juiz de Fora. Ao ser questionado sobre sua atual visão sobre o ex-presidente, afirmou: “Ele é hoje sócio do sistema que dizia combater. É um populista de série C, que enriqueceu na política e hoje representa o caos”. E completou: “Bolsonaro é a síntese de um anticristo. Ele corrompeu os valores cristãos, desestabilizou famílias e a própria política brasileira”.

<><> “Mito do caos”: liderança baseada na manipulação

Julian Lemos afirmou que o discurso moralista de Bolsonaro foi uma construção baseada na hipocrisia. Segundo ele, o ex-presidente manipulou as massas, especialmente os evangélicos, apresentando-se como defensor da família e da fé, mesmo sendo “péssimo marido, pai ausente e homem sem compaixão”. Ele denunciou a simbiose entre o bolsonarismo e segmentos neopentecostais, que segundo ele foram “corrompidos” por interesses políticos e econômicos.

“Bolsonaro usou a Bíblia como um escudo. Citava versículos como João 8:32, mas não respeitava nenhum princípio cristão. Ele é o arquétipo do bezerro de ouro que enganou até os escolhidos”, disparou.

<><> A facada e as suspeitas: “Foi sorte, não azar”

Sobre o atentado sofrido por Bolsonaro em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, Lemos foi direto: “A facada existiu, mas há muitas perguntas sem resposta”. Disse que o corte foi pequeno, mas resultou em uma grande operação abdominal. “O estranho é o comportamento de todos ao redor. Ninguém parecia surpreso ou preocupado. Jair, no hospital, já dizia que a eleição estava ganha.”

Lemos lembrou ainda que Carlos Bolsonaro, que raramente participava das campanhas de rua, estava presente justamente naquele dia. “Depois do atentado, ele disse que reconheceu o Adélio e se trancou no carro. Mas por que não acionou os seguranças? Por que todos os agentes envolvidos foram promovidos?”, questionou. “Foi uma investigação frouxa. O documentário do Joaquim escancara isso.”

<><> Ruptura com Bolsonaro: “Foi ciúme dos filhos”

Lemos revelou que seu rompimento com o ex-presidente aconteceu por ciúmes dos filhos, especialmente Carlos Bolsonaro. Após participar ativamente da campanha e indicar nomes para a transição, ele foi sendo afastado. “Carlos não suportava ver ninguém brilhar ao lado do pai. Eles me rifaram por insegurança e vaidade.”

Segundo ele, Bolsonaro sabia do que estava ocorrendo, mas se omitiu. “Disse que não controlava o Carlos. Isso é inadmissível num chefe de Estado. Eu disse para ele: ‘Você precisa me respeitar, não sou babá de menino’.”

<><> O perfil do clã Bolsonaro: “Família colapsada”

Em seu relato, Julian Lemos detalhou a convivência na casa da família Bolsonaro e descreveu o ambiente como “tenso e denso”. Disse que os filhos de Jair são extensões das suas próprias neuroses e que a primeira-dama Michele Bolsonaro não tinha afeição pelo marido. “O casamento era uma farsa. Aquela cena do hospital, dela massageando o pé dele, foi puro teatro.”

Relatou também o comportamento desequilibrado de Carlos Bolsonaro, a quem descreveu como narcisista, manipulador e agressivo. “Ele destruiu alianças, perseguiu aliados como Gustavo Bebianno, Santos Cruz e até a Joyce Hasselmann, que ele odiava.”

<><> De aliado a crítico feroz: “Votei em Lula”

Após romper com Bolsonaro, Lemos afirma ter votado em Lula em 2022. “Não conheço Lula pessoalmente, mas conheço Bolsonaro. E só isso já basta. O bolsonarismo representa o ódio, a mentira, a destruição. Eu sou um radical antibolsonarista.”

Ele ainda fez críticas ao PT, destacando que a vitória de Lula se deu mais pelo antibolsonarismo do que pelo apoio à esquerda. “O PT precisa se renovar. A direita está se organizando, tem candidatos viáveis e joga pesado. Se Lula não agir, o centrão vai sabotá-lo até o fim.”

<><> “Bolsonaro não voltará à presidência”

Para Julian Lemos, o sistema político já descartou Bolsonaro. “Ele é apenas o estandarte, o bobo da corte. O sucessor já está pronto: é Tarcísio. Bolsonaro será jogado na lama, sozinho. A elite não o quer mais.”

A entrevista, carregada de informações de bastidores, críticas severas e reflexões políticas, é um documento fundamental para compreender os mecanismos internos do bolsonarismo e suas consequências para o país. Com sua trajetória de aliado íntimo a crítico radical, Julian Lemos se tornou uma das vozes mais potentes a denunciar a farsa que, segundo ele, tomou conta da política brasileira nos últimos anos.

•        Bolsonaro e aliados devem ser julgados por tentativa de golpe entre final de agosto e início de setembro

O julgamento de Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível, e de sete de seus aliados por tentativa de golpe de Estado poderá ocorrer entre o fim de agosto e o início de setembro, segundo projeção feita com base no trâmite processual. A estimativa considera os 45 dias necessários para a apresentação das alegações finais de todas as partes envolvidas.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (27) a abertura do prazo para que as partes apresentem suas manifestações finais. A Procuradoria-Geral da República (PGR) será a primeira a se manifestar, tendo 15 dias para indicar se pede a condenação ou a absolvição dos oito réus.

Em seguida, será a vez do tenente-coronel Mauro Cid, que celebrou acordo de delação premiada com as autoridades. O militar, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, também terá 15 dias para apresentar suas alegações finais, antes dos demais acusados. Os outros sete investigados, incluindo o ex-ministro e general Walter Braga Netto, atualmente preso, terão prazo conjunto de 15 dias para protocolar suas defesas.

Por se tratar de um processo que envolve um réu sob custódia, os prazos não serão suspensos durante o recesso do Judiciário, em julho. Dessa forma, todos os posicionamentos devem estar formalizados até a primeira quinzena de agosto.

Concluída essa etapa, caberá ao ministro Alexandre de Moraes elaborar seu voto e liberar o processo para julgamento. A data será então definida pelo presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin.

<><> O novo sururu entre Tarcísio e Eduardo Bolsonaro, que age na força do ódio com o governador

Não é novidade para ninguém no entorno do clã Bolsonaro que Eduardo (PL-SP), o filho 03 do ex-presidente, carrega um histórico de ciúmes em relação a figuras que, mesmo próximas do bolsonarismo, ousam se projetar além da sombra de seu pai. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, virou alvo dessa desconfiança e já tem tempo. O clima, agora, fechou de vez a partir do momento que ficou evidente que o governador paulista não pretende aderir à cruzada amalucada de Eduardo nos EUA, de onde tenta emplacar sanções internacionais contra o STF e em especial mirando o ministro Alexandre de Moraes.

Enquanto Eduardo se mantém em seu “autoexílio” luxuoso nos EUA, recebendo Pix de R$ 2 milhões do papai, e de onde lidera articulações para tentar desgastar o Supremo Tribunal Federal, Tarcísio, por sua vez, escolheu a “prudência”. Recentemente, o governador esteve em solo norte-americano, mas preferiu ignorar o movimento de Eduardo para atingir o Judiciário brasileira, e não destinou sequer um só espaço em sua agenda para tratar do assunto ou mesmo para ver pessoalmente o deputado “autoexilado” que faz o sacrifício de viver uma vida nababesca para “salvar o Brasil de uma ditadura”. Essa indiferença expôs o isolamento de Eduardo, que, sem o respaldo do governador paulista, perde força na sua ofensiva e se torna apenas um integrante de luxo da turma do chapéu de alumínio que povo os setores mais ultrarreacionários e xaropes da extrema direita.

<><> Cálculo eleitoral na mesa

Nos bastidores, aliados do próprio Eduardo Bolsonaro admitem que o ressentimento cresce à medida que Tarcísio se consolida como nome natural para disputar a Presidência, num cenário em que Jair Bolsonaro (PL) permanece inelegível. Para o filho do ex-presidente, que já andou até gravando vídeos em tom “presidenciável”, qualquer aliado que venha de fora do núcleo familiar que se lance à disputa é visto como um aproveitador que tenta se beneficiar do capital eleitoral de seu pai.

Por outro lado, Tarcísio não demonstra disposição para embarcar em aventuras consideradas radicais, sobretudo aquelas que podem fechar portas junto ao STF, mesmo sendo um notório extremista de direita. O governador sabe que, para viabilizar uma candidatura viável ao Palácio do Planalto, precisará manter pontes abertas, inclusive com o Judiciário. A última coisa que Tarcísio quer é se indispor com Alexandre de Moraes, figura de influência no tabuleiro político.

<><> Tensão deve continuar

A irritação explícita de Eduardo tende a se intensificar, pois Tarcísio não dá sinais de que mudará de postura em relação a esse tema. O governador permanece “blindado”, construindo sua imagem de “gestor pragmático” e calculista, disposto a manter distância de qualquer investida que soe como traição à estabilidade institucional, ainda que seja um representante clássico do golpismo bolsonarista e que encampe uma agenda de extrema direita em São Paulo.

Assim, o racha se expõe: de um lado, Eduardo Bolsonaro, apostando em um enfrentamento internacional; de outro, Tarcísio de Freitas, que mira o Palácio do Planalto, mas não quer repetir o caminho de confronto aberto que marcou o governo de Jair Bolsonaro e deu no que deu.

 

Fonte: Brasil 247/Fórum

 

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