"O
plano da burguesia é condenar Bolsonaro e depois isolar o PT", alerta Rui
Costa Pimenta
Em
entrevista à TV 247, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa
Pimenta, analisou a conjuntura política brasileira e alertou para o que
considera ser o plano estratégico da burguesia nacional: primeiro condenar Jair
Bolsonaro, e depois isolar politicamente o Partido dos Trabalhadores (PT).
Segundo
Rui, a campanha de despolarização em curso tem como objetivo abrir espaço para
um novo tipo de liderança, moldada segundo o modelo do presidente argentino
Javier Milei, um representante radical do ultraliberalismo. “A burguesia está
preparando um ataque contra o povo brasileiro de grande escala”, afirmou.
“Primeiro, querem eliminar Bolsonaro como figura eleitoral. Depois, vão mirar
no PT. O plano é eleger alguém com perfil semelhante ao do Milei, alguém que
promova uma guerra aberta contra os direitos sociais e trabalhistas”.
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“Eles estão declarando guerra contra o povo”
Para o
presidente do PCO, há uma ofensiva clara das classes dominantes para construir
uma “terceira via” com forte apoio do capital financeiro e da mídia
corporativa. “A burguesia está declarando guerra contra o povo brasileiro”,
disse. Ele vê nos discursos sobre a superação da polarização entre Lula e
Bolsonaro uma tentativa de emplacar um projeto ultraliberal, que se esconda sob
o manto da moderação e da racionalidade econômica.
Costa
Pimenta aponta ainda que os nomes que vêm sendo trabalhados para essa operação
têm apoio de setores do judiciário, do Congresso e de parte da grande imprensa.
“Querem um governo nos moldes do Tarcísio em São Paulo, de guerra contra a
população, mas com verniz técnico”, afirmou. “Se não for Tarcísio, será outro
nome com esse mesmo projeto”.
O
dirigente também demonstrou ceticismo em relação à capacidade do presidente
Lula de reagir a essa ofensiva. Para ele, o governo atual está “engessado” e
desprovido de instrumentos políticos para enfrentar o ataque. Para Rui, apostar
todas as fichas na via eleitoral é “uma ilusão perigosa”. Ele argumenta que,
diante da correlação de forças atual, o PT não conseguirá reverter o processo
de enfraquecimento por meio das urnas. “A esquerda não está mobilizada como em
2016. E o campo democrático hoje parece não querer povo na rua, nem vida
partidária ativa”, analisou.
O
presidente do PCO considera que, diante do avanço da direita e da ofensiva do
capital, o PT deveria se reposicionar de forma independente, rompendo com as
alianças centristas e assumindo uma postura combativa. No entanto, diz não ver
indícios de que isso vá acontecer.
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Bolsonaro ainda é uma peça no tabuleiro
Mesmo
alertando para o isolamento político de Jair Bolsonaro, Rui acredita que o
ex-presidente ainda pode ser usado em negociações de bastidores. “O que eu acho
é que eles vão procurar fazer uma barganha: Bolsonaro apoia o candidato da
direita econômica em troca de algum tipo de proteção”, disse. Ainda assim, ele
ressalta que esse apoio pode ter um custo alto demais para o ex-presidente,
especialmente diante do desgaste político acumulado.
Para
concluir, Rui Costa Pimenta afirmou que o cenário político para 2026 é uma
grande incógnita. “Depende do que Lula vai fazer, depende do que Bolsonaro vai
fazer. Mas o empenho da burguesia em eleger um candidato de terceira via já
está claro. Não dá para ter a menor dúvida”, finalizou.
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Julian Lemos diz que Bolsonaro é o “bobo da corte” que será jogado na lama pela
elite
Em
entrevista concedida ao jornalista Joaquim de Carvalho, da TV 247, o
ex-deputado federal Julian Lemos, um dos primeiros aliados de Jair Bolsonaro na
construção da candidatura presidencial de 2018, fez duras críticas ao
ex-presidente, revelando bastidores de bastidores pouco conhecidos da campanha
e do governo. Lemos, que foi um dos responsáveis pela segurança de Bolsonaro
nas viagens pelo Brasil e atuou como articulador político nos primeiros anos do
bolsonarismo, não poupou palavras: “Bolsonaro é um líder decadente, um
farsante, o estandarte de tudo aquilo que ele criticava”.
Ao
longo da longa e contundente entrevista, Lemos traçou um retrato de bastidores
recheado de episódios reveladores, que vão desde a convivência pessoal com
Bolsonaro e sua família até suspeitas em torno da facada sofrida em Juiz de
Fora. Ao ser questionado sobre sua atual visão sobre o ex-presidente, afirmou:
“Ele é hoje sócio do sistema que dizia combater. É um populista de série C, que
enriqueceu na política e hoje representa o caos”. E completou: “Bolsonaro é a
síntese de um anticristo. Ele corrompeu os valores cristãos, desestabilizou
famílias e a própria política brasileira”.
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“Mito do caos”: liderança baseada na manipulação
Julian
Lemos afirmou que o discurso moralista de Bolsonaro foi uma construção baseada
na hipocrisia. Segundo ele, o ex-presidente manipulou as massas, especialmente
os evangélicos, apresentando-se como defensor da família e da fé, mesmo sendo
“péssimo marido, pai ausente e homem sem compaixão”. Ele denunciou a simbiose
entre o bolsonarismo e segmentos neopentecostais, que segundo ele foram
“corrompidos” por interesses políticos e econômicos.
“Bolsonaro
usou a Bíblia como um escudo. Citava versículos como João 8:32, mas não
respeitava nenhum princípio cristão. Ele é o arquétipo do bezerro de ouro que
enganou até os escolhidos”, disparou.
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A facada e as suspeitas: “Foi sorte, não azar”
Sobre o
atentado sofrido por Bolsonaro em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, Lemos
foi direto: “A facada existiu, mas há muitas perguntas sem resposta”. Disse que
o corte foi pequeno, mas resultou em uma grande operação abdominal. “O estranho
é o comportamento de todos ao redor. Ninguém parecia surpreso ou preocupado.
Jair, no hospital, já dizia que a eleição estava ganha.”
Lemos
lembrou ainda que Carlos Bolsonaro, que raramente participava das campanhas de
rua, estava presente justamente naquele dia. “Depois do atentado, ele disse que
reconheceu o Adélio e se trancou no carro. Mas por que não acionou os
seguranças? Por que todos os agentes envolvidos foram promovidos?”, questionou.
“Foi uma investigação frouxa. O documentário do Joaquim escancara isso.”
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Ruptura com Bolsonaro: “Foi ciúme dos filhos”
Lemos
revelou que seu rompimento com o ex-presidente aconteceu por ciúmes dos filhos,
especialmente Carlos Bolsonaro. Após participar ativamente da campanha e
indicar nomes para a transição, ele foi sendo afastado. “Carlos não suportava
ver ninguém brilhar ao lado do pai. Eles me rifaram por insegurança e vaidade.”
Segundo
ele, Bolsonaro sabia do que estava ocorrendo, mas se omitiu. “Disse que não
controlava o Carlos. Isso é inadmissível num chefe de Estado. Eu disse para
ele: ‘Você precisa me respeitar, não sou babá de menino’.”
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O perfil do clã Bolsonaro: “Família colapsada”
Em seu
relato, Julian Lemos detalhou a convivência na casa da família Bolsonaro e
descreveu o ambiente como “tenso e denso”. Disse que os filhos de Jair são
extensões das suas próprias neuroses e que a primeira-dama Michele Bolsonaro
não tinha afeição pelo marido. “O casamento era uma farsa. Aquela cena do
hospital, dela massageando o pé dele, foi puro teatro.”
Relatou
também o comportamento desequilibrado de Carlos Bolsonaro, a quem descreveu
como narcisista, manipulador e agressivo. “Ele destruiu alianças, perseguiu
aliados como Gustavo Bebianno, Santos Cruz e até a Joyce Hasselmann, que ele
odiava.”
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De aliado a crítico feroz: “Votei em Lula”
Após
romper com Bolsonaro, Lemos afirma ter votado em Lula em 2022. “Não conheço
Lula pessoalmente, mas conheço Bolsonaro. E só isso já basta. O bolsonarismo
representa o ódio, a mentira, a destruição. Eu sou um radical
antibolsonarista.”
Ele
ainda fez críticas ao PT, destacando que a vitória de Lula se deu mais pelo
antibolsonarismo do que pelo apoio à esquerda. “O PT precisa se renovar. A
direita está se organizando, tem candidatos viáveis e joga pesado. Se Lula não
agir, o centrão vai sabotá-lo até o fim.”
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“Bolsonaro não voltará à presidência”
Para
Julian Lemos, o sistema político já descartou Bolsonaro. “Ele é apenas o
estandarte, o bobo da corte. O sucessor já está pronto: é Tarcísio. Bolsonaro
será jogado na lama, sozinho. A elite não o quer mais.”
A
entrevista, carregada de informações de bastidores, críticas severas e
reflexões políticas, é um documento fundamental para compreender os mecanismos
internos do bolsonarismo e suas consequências para o país. Com sua trajetória
de aliado íntimo a crítico radical, Julian Lemos se tornou uma das vozes mais
potentes a denunciar a farsa que, segundo ele, tomou conta da política
brasileira nos últimos anos.
• Bolsonaro e aliados devem ser julgados
por tentativa de golpe entre final de agosto e início de setembro
O
julgamento de Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível, e de sete de seus
aliados por tentativa de golpe de Estado poderá ocorrer entre o fim de agosto e
o início de setembro, segundo projeção feita com base no trâmite processual. A
estimativa considera os 45 dias necessários para a apresentação das alegações
finais de todas as partes envolvidas.
O
ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal
(STF), determinou nesta sexta-feira (27) a abertura do prazo para que as partes
apresentem suas manifestações finais. A Procuradoria-Geral da República (PGR)
será a primeira a se manifestar, tendo 15 dias para indicar se pede a
condenação ou a absolvição dos oito réus.
Em
seguida, será a vez do tenente-coronel Mauro Cid, que celebrou acordo de
delação premiada com as autoridades. O militar, que foi ajudante de ordens de
Jair Bolsonaro, também terá 15 dias para apresentar suas alegações finais,
antes dos demais acusados. Os outros sete investigados, incluindo o ex-ministro
e general Walter Braga Netto, atualmente preso, terão prazo conjunto de 15 dias
para protocolar suas defesas.
Por se
tratar de um processo que envolve um réu sob custódia, os prazos não serão
suspensos durante o recesso do Judiciário, em julho. Dessa forma, todos os
posicionamentos devem estar formalizados até a primeira quinzena de agosto.
Concluída
essa etapa, caberá ao ministro Alexandre de Moraes elaborar seu voto e liberar
o processo para julgamento. A data será então definida pelo presidente da
Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin.
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O novo sururu entre Tarcísio e Eduardo Bolsonaro, que age na força do ódio com
o governador
Não é
novidade para ninguém no entorno do clã Bolsonaro que Eduardo (PL-SP), o filho
03 do ex-presidente, carrega um histórico de ciúmes em relação a figuras que,
mesmo próximas do bolsonarismo, ousam se projetar além da sombra de seu pai.
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, virou alvo dessa
desconfiança e já tem tempo. O clima, agora, fechou de vez a partir do momento
que ficou evidente que o governador paulista não pretende aderir à cruzada
amalucada de Eduardo nos EUA, de onde tenta emplacar sanções internacionais
contra o STF e em especial mirando o ministro Alexandre de Moraes.
Enquanto
Eduardo se mantém em seu “autoexílio” luxuoso nos EUA, recebendo Pix de R$ 2
milhões do papai, e de onde lidera articulações para tentar desgastar o Supremo
Tribunal Federal, Tarcísio, por sua vez, escolheu a “prudência”. Recentemente,
o governador esteve em solo norte-americano, mas preferiu ignorar o movimento
de Eduardo para atingir o Judiciário brasileira, e não destinou sequer um só
espaço em sua agenda para tratar do assunto ou mesmo para ver pessoalmente o
deputado “autoexilado” que faz o sacrifício de viver uma vida nababesca para
“salvar o Brasil de uma ditadura”. Essa indiferença expôs o isolamento de
Eduardo, que, sem o respaldo do governador paulista, perde força na sua
ofensiva e se torna apenas um integrante de luxo da turma do chapéu de alumínio
que povo os setores mais ultrarreacionários e xaropes da extrema direita.
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Cálculo eleitoral na mesa
Nos
bastidores, aliados do próprio Eduardo Bolsonaro admitem que o ressentimento
cresce à medida que Tarcísio se consolida como nome natural para disputar a
Presidência, num cenário em que Jair Bolsonaro (PL) permanece inelegível. Para
o filho do ex-presidente, que já andou até gravando vídeos em tom
“presidenciável”, qualquer aliado que venha de fora do núcleo familiar que se
lance à disputa é visto como um aproveitador que tenta se beneficiar do capital
eleitoral de seu pai.
Por
outro lado, Tarcísio não demonstra disposição para embarcar em aventuras
consideradas radicais, sobretudo aquelas que podem fechar portas junto ao STF,
mesmo sendo um notório extremista de direita. O governador sabe que, para
viabilizar uma candidatura viável ao Palácio do Planalto, precisará manter
pontes abertas, inclusive com o Judiciário. A última coisa que Tarcísio quer é
se indispor com Alexandre de Moraes, figura de influência no tabuleiro
político.
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Tensão deve continuar
A
irritação explícita de Eduardo tende a se intensificar, pois Tarcísio não dá
sinais de que mudará de postura em relação a esse tema. O governador permanece
“blindado”, construindo sua imagem de “gestor pragmático” e calculista,
disposto a manter distância de qualquer investida que soe como traição à
estabilidade institucional, ainda que seja um representante clássico do
golpismo bolsonarista e que encampe uma agenda de extrema direita em São Paulo.
Assim,
o racha se expõe: de um lado, Eduardo Bolsonaro, apostando em um enfrentamento
internacional; de outro, Tarcísio de Freitas, que mira o Palácio do Planalto,
mas não quer repetir o caminho de confronto aberto que marcou o governo de Jair
Bolsonaro e deu no que deu.
Fonte:
Brasil 247/Fórum

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