segunda-feira, 30 de junho de 2025

Estudo aponta 142 empresários do agronegócio envolvidos em tentativa de golpe

Quem é o “pessoal do agro”? Quais os nomes dos empresários do agronegócio que financiaram a intentona golpista liderada por Jair Bolsonaro?

Essas perguntas pairam desde 21 de novembro de 2024, quando a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado. O relatório publicado naquele dia revelou a existência do plano Punhal Verde e Amarelo: uma trama de homicídio orquestrada por membros da Forças Armadas e do alto escalão do governo. O objetivo? Decretar um regime de exceção e assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A participação do agronegócio no plano foi detalhada após a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, ele afirma ter recebido cerca de R$ 100 mil em espécie. Com notas entregues em uma sacola de vinho pelo general Walter Braga Netto, que contou a Cid sobre a origem do valor: “O general Braga Netto entregou e comentou que era alguém do agro que tinha dado, mas eu não sei o nome de quem foi que passou pra ele”.

<><> Quem é esse “pessoal do agro” sem rosto, sem nome e impune?

Para responder a essa pergunta, De Olho nos Ruralistas lançou nessa quarta-feira (25) o relatório “Agrogolpistas“, que identifica 142 empresários do setor que atuaram no suporte logístico ou financeiro a atos golpistas entre o segundo semestre de 2022 e o fatídico 8 de janeiro de 2023.

com chapelão e botas, nos rincões do país. Ao longo de 89 páginas, é possível encontrar o nome de bancos e multinacionais diretamente ligadas aos empresários que financiaram o terror. Eles recebem financiamento de instituições como Santander, Rabobank e John Deere. E possuem contratos de fornecimento e parceiras com gigantes como BTG Pactual e Syngenta — esta última, parte da cadeia de financiamento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

O dado mais alarmante diz respeito à responsabilização: salvo aqueles (poucos) que foram flagrados nos atos terroristas de 8 de janeiro, nenhum dos nomes respondeu juridicamente pelo fomento ao golpe de Estado.

OBSERVATÓRIO ANALISOU 1.452 NOMES PARA TRAÇAR RELAÇÃO COM AGRONEGÓCIO

Durante quatro meses, o núcleo de pesquisas do observatório percorreu listas de pessoas físicas e jurídicas investigadas por contratar a infraestrutura dos acampamentos golpistas — geradores, tendas, banheiros químicos, alimentos — e por viabilizar o trancamento de rodovias de norte a sul do país.

A base de dados de financiadores de atos antidemocráticos — 551 nomes, ao todo — foi complementada pela relação dos 898 réus responsabilizados criminalmente em inquéritos do STF relativos ao 8 de janeiro e pela lista de indiciados da Operação Lesa Pátria, da PF. Por último, incluímos na análise os nomes de três fazendeiros paraenses investigados por fornecer apoio aos terroristas George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, responsáveis pela tentativa de atentado à bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022.

A partir desses dados, nossa equipe procurou identificar relações diretas com o agronegócio: propriedade de imóveis rurais registradas no cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou no Cadastro Ambiental Rural (CAR); sociedade em empresas agropecuárias registradas na Receita Federal; e o registro de beneficiários do seguro rural pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No caso das empresas privadas indiciadas, a pesquisa foi estendida para seus sócios.

Ao todo, constatamos que 142 fazendeiros e empresários do agronegócio foram implicados por sua participação em atos antidemocráticos.

Eles correspondem a 10% de todos os nomes analisados ao longo da pesquisa. Esses dados podem — e provavelmente estão — subestimados, uma vez que são comuns os casos de pessoas físicas com homônimos e, devido à Lei Geral de Proteção de Dados, tanto as bases fundiárias do Incra quanto as da Receita Federal deixaram de exibir o número do CPF.

Só foram listados neste relatório os casos em que houve confirmação absoluta de relação com o agronegócio.

“ARCO DA SOJA” CONCENTRA 71% DOS AGROGOLPISTAS

Dos 142 fazendeiros e sócios de empresas identificados no levantamento, 74 estão baseados em Mato Grosso, 17 em Goiás e 13 na Bahia. Os três estados respondem por 71% dos nomes consolidados pelo observatório. A relação com o agronegócio é escancarada: juntos, eles compõem o principal corredor produtivo da soja no país, responsável por 47% da safra nacional.

Foi justamente desse eixo de onde saiu a maior parte dos caminhões identificados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) entre os veículos estacionados em frente ao Quartel General (QG) do Exército em Brasília: 56 dos 234 caminhões enviados ao acampamento golpista tinham origem em Sorriso (MT), o maior polo produtor de soja do mundo.

Desse total, 28 pertencem a duas famílias que se interligam. Com dez nomes na lista, o clã Bedin enviou quinze caminhões para a capital federal. Unidos aos Bedin pelos negócios e pelo casamento, os Lermen enviaram treze veículos para o QG golpista.

O grupo é liderado pelo pioneiro Argino Bedin, o “pai da soja” de Sorriso. O mesmo empresário que se calou diante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, no Senado. Quando retornou a Sorriso, quatro dias após seu depoimento, Argino foi ovacionado em um evento de gala organizado por políticos e expoentes do agronegócio mato-grossense.

O caminho que liga o Arco da Soja às movimentações golpistas passa ainda pelas organizações de representação do agronegócio: seis empresários investigados em processos relativos ao 8 de janeiro e aos acampamentos golpistas são dirigentes da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), uma das organizações fundadoras do Instituto Pensar Agro (IPA), o braço logístico da bancada ruralista no Congresso.

Entre eles, Christiano da Silva Bortolotto, ex-presidente da Aprosoja de Mato Grosso do Sul e do Sindicato Rural de Amambai (MS), onde protagoniza um conflito histórico contra o povo Guarani-Kaiowá do Tekohá Kurusu Ambá.

TEMAS DO RELATÓRIO SERÃO EXPLORADOS EM SÉRIE DE REPORTAGENS

Nenhum dos fazendeiros suspeitos de financiar os atos golpistas foi preso ou condenado por esse motivo. Os indiciados em comissões parlamentares de inquérito — tanto do Senado quanto da Câmara Legislativa do Distrito Federal — não integram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que definiu os seis núcleos golpistas no julgamento no STF. Também não foram processados os empresários listados na relação de donos dos caminhões flagrados no QG do Exército, divulgada pela SSP-DF.

Mesmo com a declaração de Mauro Cid que apontou o “pessoal do agro” como responsável por financiar o plano Punhal Verde e Amarelo. Mesmo que mensagens interceptadas pela Polícia Federal comprovem que os organizadores do acampamento instavam Jair Bolsonaro a sair das quatro linhas da Constituição.

A impunidade é um dos fatores centrais trazidos pelo relatório “Agrogolpistas”. O empresariado que financiou a empreitada bolsonarista saiu até agora ileso e de imagem lavada. Aos poucos, vai ficando invisível. Como se apenas tramas verde-oliva tivessem sido os fatores decisivos para a violência institucional.

As digitais do agronegócio na engrenagem do golpe podiam ser observadas desde 2022. De Olho nos Ruralistas revelou a ponta do iceberg em um dossiê intitulado “As Origens Agrárias do Terror” — publicado apenas quatro meses após os atos terroristas de 8 de janeiro de 2023. Na época, o levantamento identificou as conexões agrárias de 44 empresários e políticos que atuaram na organização do quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e nos bloqueios a rodovias em cinco estados.

Passados dois anos, pouco se avançou no sentido de responsabilizar os financiadores do golpismo no Brasil.

¨      Empresários do agronegócio passam impunes em inquéritos sobre golpe

Nos dois anos que se seguiram ao 8 de janeiro, a Justiça brasileira responsabilizou criminalmente 898 réus. Desse total, 527 foram condenados após prisão em flagrante dentro de prédios públicos e na Praça dos Três Poderes ou nos acampamentos ilegais em frente dos quartéis do Exército.

À exceção dos oito militares presos no curso das operações Contragolpe e Tempus Veritatis, os golpistas do 8 de janeiro são, em sua maioria, “peixes pequenos”. No rol de condenados nota-se a ausência de empresários que ajudaram a financiar não somente os acampamentos e os bloqueios rodoviários, mas também a conspiração golpista dos generais.

A falta de responsabilização de fazendeiros e donos de empresas agropecuárias que forneceram apoio logístico e financeiro ao golpe é um dos pontos centrais do relatório “Agrogolpistas“, lançado ontem (25) pelo De Olho nos Ruralistas. O estudo identificou 142 nomes ligados ao agronegócio entre os indiciados em comissões parlamentares de inquérito ou na Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, e os investigados por órgãos estaduais, pelas polícias civil e militar e pelos Ministérios Públicos estaduais.

Uma evidência dessa impunidade vem do relatório da CPMI do 8 de Janeiro, do Senado, que destacou o papel central dos caminhões estacionados no Quartel General (QG) do Exército, em Brasília. Os veículos serviam de palanque, auxiliavam no trânsito de mantimentos e simbolizavam a força do movimento, que ameaçava “parar o Brasil”.

Esses empresários da logística são também fazendeiros, um dado crucial que passou ao largo de boa parte das análises publicadas à época. Eles respondem por 91 das 142 entradas na lista: 64% dos nomes consolidados neste relatório. Quantos deles foram responsabilizados criminalmente por esse motivo? A resposta devastadora é: nenhum.

DEFENDIDO POR MORO, FAZENDEIRO PRESO É EXCEÇÃO ENTRE AGROGOLPISTAS

Os únicos empresários condenados presentes na lista consolidada no relatório “Agrogolpistas” são aqueles flagrados durante os atos terroristas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. É o caso do fazendeiro paranaense Jorginho Cardoso de Azevedo, condenado a 17 anos de prisão por participar da invasão e depredação de prédios públicos na Praça dos Três Poderes.

Azevedo conta com o apoio de um político famoso: o senador Sérgio Moro (União-PR). Em setembro de 2024, o ex-juiz da Lava Jato usou sua conta no Instagram para criticar o tempo de pena concedido ao conterrâneo. Ele disse que intercederia junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de transferi-lo ao regime semi-aberto para tratar “graves problemas de saúde”.

Na postagem, Moro comparou a situação ao caso da esquartejadora Elize Matsunaga: “O agricultor Jorginho de Azevedo deve ficar na cadeia por 17 anos, enquanto a assassina do ex-dono da Yoki cumpre em liberdade uma pena de 16 anos e três meses”. Em abril de 2025, Alexandre de Moraes autorizou a mudança para prisão domiciliar.

O que Sérgio Moro não diz é que Azevedo foi identificado pela CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), como um dos contratantes de ônibus usados para levar manifestantes a Brasília. Não se trata, portanto, de um simples patriota, um “vândalo de passagem”.

Os indiciados nas comissões parlamentares — tanto do Senado quanto da CLDF — não integram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que definiu os seis núcleos golpistas no julgamento no STF. Também não foram processados os empresários listados na lista de donos dos caminhões flagrados no QG do Exército.

RELATÓRIO LISTA 18 FAZENDEIROS INDICIADOS POR 8 DE JANEIRO 

A lista de 142 empresários do agronegócio consolidada no estudo “Agrogolpistas” se baseia exclusivamente em nomes implicados legalmente nas fontes oficiais. Nomes mencionados apenas em relatórios de inteligência, como o da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), divulgado pelo portal Congresso em Foco, não foram incluídos. Salvo as exceções: aqueles que também foram indiciados em outros processos relativos ao golpismo no Brasil.

É o caso de Antônio Galvan, que presidiu a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) durante a era Bolsonaro. Responsável pela radicalização ideológica da organização, ele aparece junto a outros sete líderes do setor — entre presidentes de sindicatos rurais e dirigentes das Aprosojas regionais — que foram investigados na CPMI do 8 de Janeiro, no Senado.

Datado de 10 de janeiro de 2023, dois dias após a tentativa de golpe, o relatório da Abin aponta o Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA) como articulador, pelo menos desde 2021, de manifestações golpistas. O papel do MBVA e sua relação com o general Walter Braga Netto é o tema central do terceiro capítulo do relatório. Candidato a vice-presidente em 2022, Braga Netto é o “pai” do plano Punhal Verde e Amarelo — que pretendia assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além desses dirigentes, o núcleo do 8 de janeiro conta com cinco fazendeiros que foram alvos de busca e apreensão no inquérito na Operação Lesa Pátria. São eles: José Ruy Garcia, vereador de Inhumas (GO); Fernando Junqueira Ferraz Filho, primo do prefeito de Leopoldina (MG); Luciene Beatriz Ribeiro Cunha, pecuarista de Uberaba (MG); e Geraldo Cesar Killer, de Bauru (SP), com quem foram apreendidos US$ 142 mil em espécie.

Quem fecha o grupo é Christiano da Silva Bortolotto, ex-presidente da Aprosoja-MS e alvo da 26ª fase da Lesa Pátria. Ele é investigado por organizar comboios com ônibus e caminhões rumo a Brasília, além de estimular bloqueios de rodovias na região sul do estado. Um combo completo.

<><> Empresa que enviou caminhões para QG golpista recebeu prêmio de excelência da Syngenta

O De Olho nos Ruralistas publicou na última quarta-feira (25) o relatório “Agrogolpistas“. Ao longo de 88 páginas, o estudo analisa a atuação econômica de 142 empresários do agronegócio que atuaram no suporte logístico ou financeiro a atos golpistas entre o segundo semestre de 2022 e o fatídico 8 de janeiro de 2023.

O objetivo? Mostrar que esses fazendeiros e donos de empresas não são “peixes pequenos”. Eles estão integrados em cadeias globais: são exportadores de soja e possuem parcerias com multinacionais do setor. Dois desses casos envolvem diretamente a Syngenta, a gigante dos agrotóxicos com sede em Basileia, na Suíça — e comprada em 2017 pela estatal ChemChina.

O primeiro envolve uma empresa de Sorriso (MT), a Agrosyn Comércio e Representação de Insumos Agrícolas. O município mato-grossense lidera o levantamento do observatório, com 34 nomes sob investigação ou indiciados em processos relativos aos atos antidemocráticos instigados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Parceira regional da multinacional sino-suíça — com direito ao uso do “syn” como sufixo —, a Agrosyn figura entre as empresas que tiveram as contas bancárias bloqueadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por participar de bloqueios rodoviários logo após a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva.

A decisão de 12 de novembro de 2022 determinou o bloqueio contra 33 pessoas jurídicas — em sua maioria, do setor de transportes de carga. Isso fez boa parte dos donos de caminhões “patriotas” enviados a Brasília ser descrita (na Justiça e na imprensa) como uma iniciativa de empresários da logística. Mas o levantamento do De Olho nos Ruralistas mostra que 26 empresas integram holdings agropecuárias ou têm, como sócios, donos de fazendas.

O caso da Agrosyn é mais direto: trata-se de uma distribuidora de agrotóxicos. A participação nos bloqueios não impediu que a empresa fosse reconhecida com o Prêmio Raízes em 2024, concedido pela Syngenta para os distribuidores que se destacam por sua excelência. Os premiados receberam uma viagem para o emirado de Dubai e as ilhas Maldivas.

SYNGENTA DIZ NÃO COMPACTUAR COM ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Procurada pela reportagem, a Syngenta afirma não compactuar com quaisquer atos antidemocráticos nos países em que atua. “A Syngenta está comprometida em conduzir negócios de acordo com os mais altos padrões de integridade e responsabilidade”, diz a nota de imprensa. A íntegra pode ser lida aqui.

— No que se refere à premiação, a Syngenta reforça que a avaliação de seus parceiros comerciais é contínua e leva em consideração múltiplos critérios estabelecidos internamente. Reitera, ainda, que busca garantir que suas relações comerciais estejam sempre alinhadas a princípios de responsabilidade social, ética e governança corporativa.

A Syngenta não é um ator qualquer no agronegócio brasileiro. Em 2022, De Olho nos Ruralistas mostrou no relatório “Os Financiadores da Boiada” que a fabricante de pesticidas despontava como campeã em número de reuniões com integrantes do alto escalão do governo Bolsonaro: 81. A empresa está plenamente integrada ao ecossistema de financiamento do Instituto Pensar Agro, o braço logístico da Frente Parlamentar da Agropecuária. Na época da publicação do relatório, ela participava diretamente de três associações mantenedoras da bancada ruralista.

A multinacional aparece no relatório “Agrogolpistas” em um segundo caso. Ela é parceira da AvantiAgro, uma empresa de sementes e insumos com sede em Luís Eduardo Magalhães (BA) e fundada pelos irmãos Vilson e Marcelino Walker. Os dois atuam há três décadas na produção de soja e algodão no oeste baiano.

Vilson é um dos proprietários de caminhões fichados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) dentro do acampamento golpista montado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Junto com os irmãos Luiz e Elton Walker — este último através da empresa Agrowalker Serviços e Transportes —, o clã enviou cinco veículos para a capital federal. Nenhum deles foi responsabilizado legalmente.

DONO DA AGROSYN FOI SÓCIO DE PREFEITO BOLSONARISTA

Além de destinar caminhões para os bloqueios rodoviários que tentavam estrangular a economia em protesto contra a vitória de Lula, a Agrosyn se relaciona com outros personagens descritos no relatório “Agrogolpistas“. O dono da empresa, Sérgio Adão Esteves, foi sócio da sojeira RD Rossato. Essa, por sua vez, tem como sócio Dilceu Rossato (Republicanos),  prefeito de Sorriso por dois mandatos não consecutivos: de 2005 a 2008 e de 2013 a 2016.

Rossato não enviou caminhões e não consta entre os investigados por atos antidemocráticos, mas é um importante ponto de interseção entre alguns envolvidos. Ele é sócio da concessionária Apasi, que controla trechos das rodovias estaduais MT-242 e da MT-491. Dois de seus sócios enviaram caminhões aos atos antidemocráticos: Ilo Pozzobon, dois veículos, e Elio Schiefelbein, um.

Bolsonarista declarado, Dilceu foi atuante durante a campanha presidencial de 2022, sempre trajado de verde e amarelo. Afirmava que aquelas eleições significavam a “luta do bem contra o mal”.

Ele também já foi sócio de Argino Bedin, o “pai da soja” de Sorriso e uma das figuras centrais do estudo. 

 

Fonte: Por Alceu Luís Castilho e Bruno Stankevicius Bassi, em De Olho nos Ruralistas

 

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