IA
vira aliada de pastor para criar sermões e ampliar missão da igreja
Com
mais de 50 sermões para preparar por ano, o pastor Jorge Miguel Rampogna
encontrou uma aliada para ajudar nessa missão: a inteligência artificial.
Pastor
adventista desde 2001, Rampogna já chegou a ter uma pasta com recortes de
jornal onde guardava histórias que poderiam ajudar com as pregações. Hoje, é
versado em prompts (comandos para a execução de tarefas pela IA).
"Estou
fazendo um doutorado em que a minha área de estudo está sendo justamente a
aplicação da inteligência artificial na missão da igreja, que é compartilhar a
palavra de Deus para mais pessoas”, contou o pastor.
Com o
objetivo de levar a mensagem da igreja a um público maior, a Igreja Adventista
do Sétimo Dia investiu na criação de sua própria plataforma de IA e elaborou
até um Código de Ética para definir os limites do uso da tecnologia.
➡️ Os adventistas são uma denominação
evangélica presente em mais de 200 países, conhecida por pregar a iminente
volta de Jesus – o “advento”, que dá nome ao grupo. Também são conhecidos por
"guardar o sábado" como dia sagrado, reservado ao descanso e à
adoração.
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A "IA Adventista" pretende:
• Responder perguntas sobre a Bíblia
• Auxiliar pastores com esboços de sermão
• Ajudar na consulta a manuais da igreja
"A
nossa IA vai começar a responder as perguntas da mesma forma que outras
inteligências artificiais, só que a base de dados de conteúdo é cristã, e
especificamente adventista, né?", explicou o pastor.
'Máquinas
não podem substituir pensamento'
Apesar
do auxílio dado pelas ferramentas tecnológicas, o pastor disse que se preocupa
com a substituição da autonomia do pensamento por respostas fabricadas.
"Máquinas
não podem substituir aquilo que é um dom sagrado do ser humano, que é a
capacidade do pensamento", disse Rampogna.
Assim,
ele reforça que para fazer os sermões com a ajuda da IA, não abre mão da
pesquisa feita à moda antiga. Veja o passo a passo ao preparar um sermão:
1. A primeira etapa é a leitura da Bíblia;
2. Em seguida, Jorge sublinha os trechos que
gostaria de destacar e toma notas em um caderno físico.;
3. Ele passa as anotações para uma
plataforma de inteligência artificial, como o ChatGPT, e pergunta se a
ferramenta tem mais referências ou livros sobre aquele assunto;
4. Com a pesquisa completa, escreve o
rascunho do sermão;
5. Recorre à IA mais uma vez, desta vez para
revisar o texto escrito.
"Então,
[a IA] me ajuda também na edição final desse conteúdo e, a partir disso, agora
sim, eu já tenho o sermão escrito", contou o pastor.
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Criação de imagens de santos
O uso
de Inteligência Artificial em atividades religiosas também chegou às equipes de
comunicação das igrejas. Entre os adventistas, por exemplo, Rampogna destaca a
criação de campanhas em redes sociais por igrejas locais.
Entre
os católicos, a Congregação Copiosa Redenção, que ficou conhecida pelas freiras
do beatbox, usa a IA para criação de imagens de santos – já que são
personalidades com pouco ou nenhum registro histórico.
Em seu
perfil nas redes sociais, a Copiosa Redenção já publicou imagens criadas
digitalmente de São Matias e Santa Mônica, por exemplo.
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IA não deve ser 'divinizada', diz Vaticano
Em um
extenso texto de mais de 100 parágrafos, o Vaticano, em janeiro deste ano,
falou sobre a relação entre a inteligência artificial e a inteligência humana.
A Santa
Sé entende a IA como algo funcional: executa tarefas de maneira eficaz sem
compreender, sentir ou julgar moralmente. Já o ser humano é criado para a
comunhão, não apenas para tarefas funcionais: isso o diferenciaria radicalmente
da IA.
O
Vaticano afirmou ainda que a "idolatria tecnológica" é uma tentação
moderna, mas que a tecnologia deve ser usada apenas como instrumento
complementar à inteligência humana.
"Não
é a IA que será divinizada e adorada, mas sim o ser humano, que, dessa forma,
torna-se escravo de sua própria criação", disse o texto.
Fonte:
g1

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