sábado, 21 de junho de 2025

O alerta vermelho para Jerônimo Rodrigues e a crescente rejeição ao PT

Uma pesquisa quentinha, recém-saída do forno, provocou pânico no governo de Jerônimo Rodrigues (PT) e tem tirado o sono de caciques da base petista. Os resultados, tanto no levantamento quantitativo quanto, principalmente, no qualitativo, assustaram o grupo e expuseram uma insatisfação muito acima do normal com o governo. A gestão de Jerônimo foi considerada "péssima, medíocre e caótica", conforme apontam os dados da quali aos quais a coluna teve acesso, enquanto o governador foi apontado como "despreparado, irresponsável e sem conhecimento", confirmando, inclusive, o que já vem sendo mostrado em outras pesquisas. A crise de imagem e a rejeição de Jerônimo parecem se aprofundar.

<><> Alavanca parada

A situação se agrava ainda mais pela condição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal alavanca eleitoral dos governos petistas na Bahia nos últimos anos, em especial na eleição de Jerônimo, em 2022. A gestão do cacique-mor petista tem visto sua rejeição aumentar nos últimos dias, segundo diversos institutos de pesquisa. Inclusive, em sondagens internas na Bahia, a própria cúpula petista já percebeu que o presidente não deve ter o mesmo poder de influência devido à queda brusca registrada em sua popularidade no interior baiano, até mesmo em cidades menores.

<><> Queda brusca

Um prefeito aliado de Jerônimo resolveu fazer uma pesquisa para avaliar sua gestão e, também, a atuação do governo do estado na cidade, que tem em torno de 20 mil habitantes. O resultado, para ele, foi muito positivo, mas para Jerônimo foi tenebroso. O governador viu sua intenção de voto cair quase 30 pontos percentuais, comparando o levantamento de agora com a eleição de 2022, quando o petista venceu na cidade com facilidade. O prefeito, que já desconfiava da má avaliação de Jerônimo, já avisou a parlamentares da base.

<><> Constrangimento

Aliados de Jerônimo Rodrigues continuam se queixando do tratamento hostil e da falta de atenção do governador. Nesta semana, em Itamari, no Médio Rio de Contas, o petista causou um enorme constrangimento com o prefeito Dr. Tom (Avante), que integra a sua base. No palanque, Jerônimo fez um afago ao ex-prefeito Kçulo Menezes, ferrenho adversário de Dr. Tom, e mandou um recado para o atual gestor: "Senta na cadeira, Tom. Vá governar o povo, olhe pra frente", disse, em resposta às trocas de farpas entre os dois grupos na cidade. A fala não foi bem digerida pelo grupo do prefeito, que se queixou do governador.

<><> Guerra Fria

O clima é de guerra fria entre deputados estaduais e secretários do governo Jerônimo que pretendem disputar as eleições em 2026. Isso porque, na disputa antecipada por territórios e apoios eleitorais, os secretários atropelam articulações de deputados e vão direto às bases, oferecendo recursos sem precisar mediação do parlamentar em exercício ou ainda travam a liberação de obras que teriam suas digitais. Assim, a convivência dentro da base vai virando uma verdadeira torre de Babel, onde ninguém se entende e todo mundo se ataca. Dizem que, se o governador não tomar pulso para controlar a situação, a articulação, que já anda cambaleante, pode definitivamente sair dos trilhos, uma vez que muitos deputados se sentem sabotados pela articulação do próprio Executivo.

<><> Conselhão

Por falar em liberação de recursos, inquietou os bastidores esta semana os rumores de que o governo Jerônimo deve criar uma espécie de ‘conselhão’ para deliberar pagamentos. Por ora, a informação que circula aponta para um colegiado formado pelos principais secretários do governador, a quem caberá fazer um filtro do que deve ou não ser liberado a depender do rumo das articulações políticas de olho em 2026 - premiando aliados mais fiéis e estrangulando os que saírem da linha. O ‘conselhão’ deve começar a operar a partir do segundo semestre, após os festejos juninos, quando o governo vai aumentar ainda mais as ofensivas eleitorais.

<><> Meu passado me condena

Os convênios e contratos eleitoreiros firmados pelo governo do estado em 2022, ainda na gestão de Rui Costa (PT), prometem trazer ainda muita dor de cabeça à cúpula petista. Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) identificou uma série de irregularidades em contratos de obras públicas firmados pela Conder. O levantamento analisou uma amostra de quase R$ 180 milhões em contratos, entre 2022 e 2023, e apontou problemas técnicos nos projetos, falhas em licitações, sobrepreço, superfaturamento e deficiências na fiscalização. Do que foi apurado até agora, o sobrepreço e o superfaturamento superam a casa dos R$11,5 milhões. Os auditores, inclusive, sugerem que o caso seja encaminhado ao Ministério Público.

<><> Subserviente, Jerônimo defende Rui para sucessão de Lula

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) em conversa com a imprensa, comentou a declaração do ex-ministro José Dirceu, que apontou o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), como possível nome para disputar a presidência da República em 2030. Durante a entrega do Selo Lilás, em Salvador, a 116 organizações públicas, privadas e entidades da sociedade civil, Jerônimo citou a trajetória de Rui e o classificou como um dos líderes capazes de dar continuidade ao projeto político do PT no país.

“Temos uma safra de muito bons ministros, senadores, deputados e governadores que têm condições, tranquilamente, de construir um ambiente favorável à sucessão. Rui Costa é um deles. Ele tem perfil de gestor e de político experiente: foi vereador, deputado, secretário, governador e agora ministro”, afirmou o governador.

Para Jerônimo, a discussão sobre sucessão presidencial vai além do processo eleitoral e envolve a continuidade de uma gestão eficiente. “O nome de Rui é um nome que deverá ser guardado para um possível uso na hora que o Brasil precisar de um bom gestor nacional”, acrescentou.

Ainda durante o evento, Jerônimo também comentou especulações sobre uma possível desistência do senador Jaques Wagner (PT) de disputar a reeleição ao Senado em 2026, para assumir uma eventual coordenação de campanha do presidente Lula (PT). “Quem tem que falar do desejo de coordenar uma campanha ou de ser senador é o próprio Jaques Wagner", iniciou.

"Nós temos que respeitar a cada um, a Angelo Coronel, a Otto [Alencar], a Wagner. Até hoje, o que eu ouvi, é que Wagner continua candidato, e nos anima, porque o senador tem uma boa contribuição, tanto no respeito que ele tem do povo e dos políticos baianos quanto na orientação nossa, na experiência que ele tem. Portanto, o que está na minha mesa e o que está na minha mente é que o senador Jaques Wagner é candidato. O que acontecer em 2026 será em 2026. Agora, o senador Jaques Wagner é candidato”, emendou Jerônimo.

A fala ocorre após rumores sobre a possibilidade de Wagner abrir mão da disputa para facilitar a composição da chapa majoritária da base aliada, o que poderia beneficiar o senador Angelo Coronel (PSD) em um eventual cenário de chapa “puro-sangue”.

Durante o mesmo evento, o governador reforçou o compromisso da sua gestão com o respeito e a valorização das mulheres no mercado de trabalho. Jerônimo pontuou que o Selo Lilás tem o objetivo de incentivar práticas transformadoras dentro das instituições. A certificação é promovida pelo governo do Estado e visa reconhecer organizações que desenvolvem políticas de valorização das mulheres e promoção da igualdade de gênero no mundo do trabalho.

“O esforço nosso é para garantir que, durante a execução do seu trabalho, elas possam ser respeitadas, possam ter respeito no pagamento da remuneração salarial e possam ser destacadas por aquilo que faz, e sempre as mulheres são reconhecidas por aquilo que criam no seu ambiente: o selo é também para isso”, completou.

<><> Jerônimo volta a citar desejo por José Ronaldo em 2026

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), afirmou que gostaria de contar com o apoio do prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (União Brasil), em sua tentativa de reeleição em 2026. A declaração foi dada durante entrevista à imprensa, em meio a uma série de agendas que têm aproximado o governo estadual da gestão municipal.

“Desejo enquanto governador eu tenho. E tenho o desejo de que todos estivessem na base. Eu sei que a unanimidade não existe, é muito difícil na política ter isso. Existem alguns prefeitos e prefeitas que eu também sei da dificuldade da aproximação por conta do histórico”, disse.

A fala ocorre após diversos atos conjuntos entre o governo do Estado e a Prefeitura de Feira de Santana. Depois de um embate político nas eleições de 2024, quando os dois grupos estiveram em lados opostos, Jerônimo passou a adotar um tom mais conciliador.

Vale lembrar que, eventos como a Micareta de Feira, o programa Bahia pela Paz e, mais recentemente, a assinatura da autorização para licitação de obras de infraestrutura têm sido palco dessa reaproximação. O último encontro entre o governador e Zé Ronaldo foi no início desta semana.

Apesar do movimento, Jerônimo garantiu que ainda não tratou diretamente do processo eleitoral com o prefeito. “Então, nesse momento, o fato de me aproximar de diversos prefeitos e prefeitas é no interesse de querer construir um ambiente favorável das políticas públicas. Agora, é claro, desejo sim, desejo", afirmou.

"Tenho conversado com o Zé Ronaldo de políticas públicas. Você pode perguntá-lo que a gente não tem dito sobre como é que vai ser 2026. Ele em momento algum ouviu da minha boca uma indagação sobre 2026, mas a expectativa nossa é que a gente possa fazer junto”, emendou.

O governador também citou ações em outras cidades administradas por prefeitos do União Brasil, a exemplo de Itaji, onde esteve no último domingo (15) para a inauguração de uma escola. “Eu tenho trabalhado primeiro para poder fazer chegar as políticas em cada canto”, lembrou Jerônimo.

“Ele entregou uma escola linda e se comprometeu que quer ser uma referência na educação infantil e fundamental. Como é que não ajuda uma pessoa dessa? Se ele fizer isso com [a educação] infantil e fundamental, ele vai oferecer para minha rede estadual melhores estudantes. Então ganha o estudante e ganha a gente que vai melhorar o perfil da educação baiana", acrescentou Jerônimo sobre o evento em Itaji.

<><> Coronel: ‘Não sou eu que vou escalar o time do PT’

O senador Angelo Coronel (PSD) comentou a possibilidade, ventilada recentemente nos bastidores de Brasília, de que o senador Jaques Wagner (PT) possa desistir de disputar a reeleição ao Senado em 2026 para coordenar a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição.

Questionado se esse cenário hipotético poderia resolver seus próprios entraves eleitorais, já que, nos bastidores do PT, a chapa ideal ao Senado seria formada por Wagner e pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), Coronel respondeu de forma direta, com um tom de reconhecimento ao colega petista: “Se isso acontecer, o PT e o Senado vão perder um grande senador”.

Apesar de parecer uma declaração de apreço a um aliado, o posicionamento de Coronel também sinaliza sua disposição de disputar novamente o Senado, cargo que ocupa desde 2019. Ele, no entanto, deixou clara a preferência por repetir a chapa vitoriosa de 2018, formada com Jaques Wagner, quando ambos foram eleitos com votações semelhantes: Wagner com 3.618.917 votos e Coronel com 3.331.625 votos.

“Não sou eu que vou escalar o time do PT, como também não admitimos que ninguém de fora venha escalar o time do PSD. Então, sobre a questão de Wagner ser candidato ou não, eu não tenho nenhum comentário a fazer. Só sei que o Senado perderá um grande quadro porque ele vem fazendo um grande trabalho no Senado”, afirmou Coronel, durante entrevista divulgada ontem (19) pelo Política Livre.

<><> Caminhos

Indagado sobre a possibilidade de deixar a base do governo Jerônimo Rodrigues (PT) e migrar para o grupo oposicionista liderado pelo ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), caso não haja espaço em uma chapa governista, o senador respondeu: “A política é muito dinâmica e que nada está descartado”.

“No momento, estamos no PSD. O PSD está na base, eu sou o soldado do meu partido. O meu partido é que vai dizer, tanto a nível nacional como a estadual, como é que nós vamos nos portar, como nós vamos seguir. Mas nada está descartado na política da Bahia”, acrescentou o senador baiano.

Já na seara nacional, ao comentar uma eventual sucessão presidencial, Coronel também endossou o nome do ministro Rui Costa, assim como havia feito o ex-ministro José Dirceu (PT), ao vê-lo como um possível herdeiro político de Lula. Além de Rui, Dirceu, considerado um petista histórico, também colocou Jaques Wagner como opção. A fala de Dirceu foi feita em entrevista ao Globo News.

“Rui tem feito lá, se desenvolveu muito em Brasília, é o ministro mais importante da República e tem todas as prerrogativas para querer, aliás, não é nem querer porque muitas vezes a gente quer e não consegue, mas pelo seu conhecimento, pela sua experiência seria também um bom quadro para substituir o presidente Lula”, completou Coronel.

<><> Bahia com Fome I

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado revelou falhas graves na operação da Política de Segurança Alimentar e Nutricional e na execução do programa Bahia Sem Fome, principal bandeira do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Em 2024, 90 cidades baianas não receberam por parte do governo estadual nenhuma medida de combate à fome, enquanto outros 289 municípios receberam apenas uma ou duas ações, o que, segundo os auditores, evidencia a falta de articulação e o alcance limitado do programa. Por outro lado, o Bahia sem Fome também negligenciou municípios com maior índice de vulnerabilidade social (como São José da Vitória, Gongogi e Pau Brasil), enquanto concentrou ações com melhores indicadores sociais, como Salvador e Lauro de Freitas.

<><> Bahia com Fome II

Outra revelação que o TCE trouxe foi de que o governo Jerônimo não tem sequer um restaurante popular no interior do estado, apesar de haver um programa do governo federal para a implantação de restaurantes populares em cidades com mais de 100 mil habitantes - o que deixa pelo menos 17 cidades baianas habilitadas. Hoje, na gestão de Jerônimo, apenas dois restaurantes funcionam em Salvador e ainda assim mediante pagamento de tarifa mínima. Em outra ponta, a prefeitura já vai com dez unidades, fornecendo diariamente alimentação de graça.

 

Fonte: Correio/Tribuna da Bahia

 

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