Negativa
de atendimento e humilhação: a rotina do servidor público da BA quando precisa
do Planserv
Os
servidores públicos baianos dependentes do Plano de Saúde dos Servidores
Públicos Estaduais da Bahia (Planserv) há anos enfrentam problemas na hora da
utilização do benefício. Quando não são recepcionados na porta dos hospitais
por seguranças que se apressam a afirmar que a instituição não atende o
Planserv, são variados os desafios para conseguir assistência médica, que não
raro inclui negativas de médicos. Na tentativa de garantir o direito à saúde,
acumulam-se processos judiciais contra o Estado e sobram humilhações para quem
precisa dele.
A
ex-servidora Eliane Machado, 66 anos, é uma das vítimas do mau funcionamento do
Planserv. Moradora de Ilhéus, no sul da Bahia, desde 2023 ela faz viagens
constantes para Salvador porque os hospitais credenciados da cidade em que vive
não oferecem o atendimento necessário para o quadro de saúde delicado que ela
tem.
“Há
quase dois anos eu tenho que vir para Salvador para fazer consultas porque em
Ilhéus não tem médicos, mas também estou encontrando dificuldades aqui. Fui até
o Hospital Santa Izabel para tentar fazer a histerectomia [cirurgia de retira
do útero] que preciso, mas não consegui. Agora, consegui marcar a cirurgia para
junho, mas vou ter que pagar. Estou apertando o orçamento e renunciando algumas
coisas para cuidar da saúde. É um descaso. Estamos humilhados”, afirma.
Por
causa de situações semelhantes à de Eliane, centenas de servidores públicos se
reuniram na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), nesta terça-feira
(27), para discutir os problemas do Planserv e reivindicar melhorias em uma
audiência pública, que contou com a presença de deputados, vereadores e membros
da sociedade civil.
Entre
as principais demandas, estão o fim do processo de privatização do plano de
saúde – atualmente, é operado por uma empresa privada, sendo que antes era
administrado pela Secretaria da Administração (Saeb) –, aumento da participação
do governo no custeio do plano para 5%, o que representa o dobro do que está em
vigor hoje, e a ampliação da rede credenciada e das cotas de atendimento.
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Audiência pública por melhorias no Planserv
Rosângela
Monteiro, 59, enfermeira estadual e líder do movimento ‘Devolvam o Nosso
Planserv’, que convocou a audiência pública em questão, conhece as dificuldades
de parte dos servidores públicos estaduais. Ela afirma que os idosos são os
mais afetados porque são os que mais procuram as emergências médicas e precisam
lidar com os nãos.
“Os
atendimentos estão sendo negados nos momentos que eles precisam. As emergências
do Hospital Santa Izabel e do Hospital Português estão fechadas para nós em
razão também das cotas. Nenhuma instituição boa e de alta complexidade está nos
atendendo. Temos o Agenor Paiva, que é um hospital de pequeno porte na Cidade
Baixa, mas também estamos tendo negativas. Hoje, soube que até quem paga
apartamento não está tendo direito a isso nos hospitais”, desabafa.
Segundo
Rosângela, no Hospital de Brotas a situação é ainda mais complexa. “A
engenharia hospitalar não funcionou ali e a assistência médica de enfermagem é
precária. No final, o que eu vejo é um descaso do governo e de vários órgãos
que não estão nos assistindo”, acrescenta.
A
própria Rosângela já precisou de atendimento do Planserv para tratamento de uma
inflamação decorrente de artrose e outras complicações, mas ficou desassistida.
Quando levou caso à justiça, ouviu o que considerou desaforo. “O procurador do
Planserv disse que se eu não estava satisfeita com o plano, eu tinha liberdade
para trocar. Achei isso um insulto, porque desde meu primeiro ano de vida tenho
esse plano. Antes, como dependente do meu pai, que era militar. Desde 1992,
como titular”, pontua.
Desde
que o Hospital da Bahia deixou de atender usuários do plano de saúde oferecido
pelo estado, a servidora aposentada Elizabeth Oliveira, 72, conta que passou a
se tornar mais frequente a recusa de clínicas que, no rodapé das portas e dos
balcões de atendimento, já deixa exposto o comunicado ‘Não aceitamos Planserv’.
“Precisamos,
inclusive eu, que esses hospitais voltem, porque estamos perdendo muitos
colegas. No Hospital de Brotas, idosos que chegam às 8h só são atendidos às
16h, e quem vai fazer colonoscopia precisa ficar 24h em jejum. Está difícil, e
nós não somos inadimplentes. Queremos nosso plano de saúde como era antes”,
reivindica.
A
servidora aposentada da Secretaria de Saúde (Sesab) lida há anos com uma lesão
na medula e enfrenta um transtorno toda vez que recorre a atendimentos pelo
plano. “Tive acidente de trabalho e fiquei com hérnia de disco em toda a
coluna. Estava sendo acompanhada algum tempo por uma médica no atendimento
ambulatorial, mas quando eu estava com dor grau dez ela me internava no
Hospital Santa Izabel”, narra.
“Quando
foi cortado o convênio com o hospital, deixei de ter acesso a ela e, depois de
reclamações, me encaminharam para um médico em Cajazeiras, sendo que moro na
região do Rio Vermelho. Imagine que, toda vez que eu sentia dor, tinha que me
deslocar para apenas uma consulta, porque eu não passava pela clínica de dor.
Passei a me recusar a ir e sigo atrás da minha médica, porque faltam
especialistas em muitas instituições de saúde. Os médicos não querem atender
porque o que ganham é muito pouco. Essa é nossa situação”, lamenta e finaliza
Elizabeth.
O
CORREIO procurou o Planserv para obter um posicionamento a respeito das
reclamações dos beneficiários e saber sobre quais hospitais e clínicas deixaram
de atender pelo plano nos últimos sete anos. Também buscou saber sobre quantos
hospitais estão credenciados para atendimento e se há previsão de melhorias no
serviço. Não houve resposta.
NOTA:
E o
pior de tudo isto é que, o atual governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, que
teve sua origem como funcionário público, tendo exercido cargo de professor da
UEFS e usuário do Planserv, não demonstra qualquer sensibilidade em busca de
solução. Pelo contrário. O que se
observa é sempre escalar a atual gestora do plano, que só demonstrou
incompetência, para, com a maior
desfarçatez procurar a imprensa e na
cara de pau e cheia de histórias fantasiosas e mentirosas, tentar convencer que
não existe problemas com o plano, falseando a realidade.
Mais o
que esperar de um governador que, mudou radicalmente de posição ao ser galgado
ao posto máximo do estado, função para o qual nunca foi preparado, deixando de
ser aquele representante de classe que gritava contra a injustiça social,
contra o sucateamento do Planserv e contra o arrocho salarial. Este sumiu, ou
não tem o poder ou não quer mudar o estado de coisa, praticando a mesma
política perversa contra os servidores do seu antecessor, o malfadado e hoje
ministro Rui Costa, assessorado pelo carlista secretário da Fazenda Manoel
Vitório (para quem não se lembra é aquele que mesmo que quebrou o IPRAJ), que
segundo as más línguas é o governador de fato.
Foram
08 anos de zero reajuste e agora com Manoel Vitório, digo Jerônimo Rodrigues, o
arrocho continua. Nem a Constituição ele cumpre, quando em um dos seus artigos
está lá bem claro, que o reajuste anual deve ser concedido a todos, tanto da
ativa como para aposentados.
Para
tapar o céu com a peneira, o governador, que não merece ter mais o nome citado,
escolheu a PM, Educação e Saúde para generoso reajuste salarial, enquanto os
demais continuam amargando o arrocho implantado e por ele hoje idolatrado.
E ainda
pior são as lideranças sindicais, que por serem aliados políticos,
principalmente do PT e PcdoB, fazem vista grossa nada realizam para buscar
mudar a situação, agraciados que estão, como membros de comissões fictícias com
generosos jetons e ou premiados com cargos para familiares.
Como
diz Caetano Veloso: “triste Bahia”...
Fonte:
Correio

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