segunda-feira, 2 de junho de 2025

Negativa de atendimento e humilhação: a rotina do servidor público da BA quando precisa do Planserv

Os servidores públicos baianos dependentes do Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais da Bahia (Planserv) há anos enfrentam problemas na hora da utilização do benefício. Quando não são recepcionados na porta dos hospitais por seguranças que se apressam a afirmar que a instituição não atende o Planserv, são variados os desafios para conseguir assistência médica, que não raro inclui negativas de médicos. Na tentativa de garantir o direito à saúde, acumulam-se processos judiciais contra o Estado e sobram humilhações para quem precisa dele.

A ex-servidora Eliane Machado, 66 anos, é uma das vítimas do mau funcionamento do Planserv. Moradora de Ilhéus, no sul da Bahia, desde 2023 ela faz viagens constantes para Salvador porque os hospitais credenciados da cidade em que vive não oferecem o atendimento necessário para o quadro de saúde delicado que ela tem.

“Há quase dois anos eu tenho que vir para Salvador para fazer consultas porque em Ilhéus não tem médicos, mas também estou encontrando dificuldades aqui. Fui até o Hospital Santa Izabel para tentar fazer a histerectomia [cirurgia de retira do útero] que preciso, mas não consegui. Agora, consegui marcar a cirurgia para junho, mas vou ter que pagar. Estou apertando o orçamento e renunciando algumas coisas para cuidar da saúde. É um descaso. Estamos humilhados”, afirma.

Por causa de situações semelhantes à de Eliane, centenas de servidores públicos se reuniram na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), nesta terça-feira (27), para discutir os problemas do Planserv e reivindicar melhorias em uma audiência pública, que contou com a presença de deputados, vereadores e membros da sociedade civil.

Entre as principais demandas, estão o fim do processo de privatização do plano de saúde – atualmente, é operado por uma empresa privada, sendo que antes era administrado pela Secretaria da Administração (Saeb) –, aumento da participação do governo no custeio do plano para 5%, o que representa o dobro do que está em vigor hoje, e a ampliação da rede credenciada e das cotas de atendimento.

<><> Audiência pública por melhorias no Planserv

Rosângela Monteiro, 59, enfermeira estadual e líder do movimento ‘Devolvam o Nosso Planserv’, que convocou a audiência pública em questão, conhece as dificuldades de parte dos servidores públicos estaduais. Ela afirma que os idosos são os mais afetados porque são os que mais procuram as emergências médicas e precisam lidar com os nãos.

“Os atendimentos estão sendo negados nos momentos que eles precisam. As emergências do Hospital Santa Izabel e do Hospital Português estão fechadas para nós em razão também das cotas. Nenhuma instituição boa e de alta complexidade está nos atendendo. Temos o Agenor Paiva, que é um hospital de pequeno porte na Cidade Baixa, mas também estamos tendo negativas. Hoje, soube que até quem paga apartamento não está tendo direito a isso nos hospitais”, desabafa.

Segundo Rosângela, no Hospital de Brotas a situação é ainda mais complexa. “A engenharia hospitalar não funcionou ali e a assistência médica de enfermagem é precária. No final, o que eu vejo é um descaso do governo e de vários órgãos que não estão nos assistindo”, acrescenta.

A própria Rosângela já precisou de atendimento do Planserv para tratamento de uma inflamação decorrente de artrose e outras complicações, mas ficou desassistida. Quando levou caso à justiça, ouviu o que considerou desaforo. “O procurador do Planserv disse que se eu não estava satisfeita com o plano, eu tinha liberdade para trocar. Achei isso um insulto, porque desde meu primeiro ano de vida tenho esse plano. Antes, como dependente do meu pai, que era militar. Desde 1992, como titular”, pontua.

Desde que o Hospital da Bahia deixou de atender usuários do plano de saúde oferecido pelo estado, a servidora aposentada Elizabeth Oliveira, 72, conta que passou a se tornar mais frequente a recusa de clínicas que, no rodapé das portas e dos balcões de atendimento, já deixa exposto o comunicado ‘Não aceitamos Planserv’.

“Precisamos, inclusive eu, que esses hospitais voltem, porque estamos perdendo muitos colegas. No Hospital de Brotas, idosos que chegam às 8h só são atendidos às 16h, e quem vai fazer colonoscopia precisa ficar 24h em jejum. Está difícil, e nós não somos inadimplentes. Queremos nosso plano de saúde como era antes”, reivindica.

A servidora aposentada da Secretaria de Saúde (Sesab) lida há anos com uma lesão na medula e enfrenta um transtorno toda vez que recorre a atendimentos pelo plano. “Tive acidente de trabalho e fiquei com hérnia de disco em toda a coluna. Estava sendo acompanhada algum tempo por uma médica no atendimento ambulatorial, mas quando eu estava com dor grau dez ela me internava no Hospital Santa Izabel”, narra.

“Quando foi cortado o convênio com o hospital, deixei de ter acesso a ela e, depois de reclamações, me encaminharam para um médico em Cajazeiras, sendo que moro na região do Rio Vermelho. Imagine que, toda vez que eu sentia dor, tinha que me deslocar para apenas uma consulta, porque eu não passava pela clínica de dor. Passei a me recusar a ir e sigo atrás da minha médica, porque faltam especialistas em muitas instituições de saúde. Os médicos não querem atender porque o que ganham é muito pouco. Essa é nossa situação”, lamenta e finaliza Elizabeth.

O CORREIO procurou o Planserv para obter um posicionamento a respeito das reclamações dos beneficiários e saber sobre quais hospitais e clínicas deixaram de atender pelo plano nos últimos sete anos. Também buscou saber sobre quantos hospitais estão credenciados para atendimento e se há previsão de melhorias no serviço. Não houve resposta.

NOTA:

E o pior de tudo isto é que, o atual governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, que teve sua origem como funcionário público, tendo exercido cargo de professor da UEFS e usuário do Planserv, não demonstra qualquer sensibilidade em busca de solução. Pelo contrário. O que se  observa é sempre escalar a atual gestora do plano, que só demonstrou incompetência,  para, com a maior desfarçatez  procurar a imprensa e na cara de pau e cheia de histórias fantasiosas e mentirosas, tentar convencer que não existe problemas com o plano, falseando a realidade.

Mais o que esperar de um governador que, mudou radicalmente de posição ao ser galgado ao posto máximo do estado, função para o qual nunca foi preparado, deixando de ser aquele representante de classe que gritava contra a injustiça social, contra o sucateamento do Planserv e contra o arrocho salarial. Este sumiu, ou não tem o poder ou não quer mudar o estado de coisa, praticando a mesma política perversa contra os servidores do seu antecessor, o malfadado e hoje ministro Rui Costa, assessorado pelo carlista secretário da Fazenda Manoel Vitório (para quem não se lembra é aquele que mesmo que quebrou o IPRAJ), que segundo as más línguas é o governador de fato.

Foram 08 anos de zero reajuste e agora com Manoel Vitório, digo Jerônimo Rodrigues, o arrocho continua. Nem a Constituição ele cumpre, quando em um dos seus artigos está lá bem claro, que o reajuste anual deve ser concedido a todos, tanto da ativa como para aposentados.

Para tapar o céu com a peneira, o governador, que não merece ter mais o nome citado, escolheu a PM, Educação e Saúde para generoso reajuste salarial, enquanto os demais continuam amargando o arrocho implantado e por ele hoje idolatrado.

E ainda pior são as lideranças sindicais, que por serem aliados políticos, principalmente do PT e PcdoB, fazem vista grossa nada realizam para buscar mudar a situação, agraciados que estão, como membros de comissões fictícias com generosos jetons e ou premiados com cargos para familiares.

Como diz Caetano Veloso: “triste Bahia”...

 

Fonte: Correio

 

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