quarta-feira, 25 de junho de 2025

Ataque do EUA às instalações nucleares iranianas: limites e fracasso escancarados

A recente operação criminosa do Estados Unidos (EUA) em coordenação com as Forças de Ocupação sionistas contra a nação e o povo iraniano ostentou o pomposo título de “Martelo da Meia-Noite”. Executada em 21 de junho de 2025, utilizando um arsenal de alta precisão para atingir alvos nucleares iranianos, contou com sete bombardeiros furtivos B-2 Spirit que decolaram do Missouri, voando por 18 horas ininterruptas até o Irã. Os alvos primários incluíram Fordow, enterrada sob 110 metros de rocha; Natanz, com suas centrífugas a 50 metros de profundidade; e Isfahan, local onde ficam laboratórios de conversão nuclear.

A operação anunciada como um grande logro pelo boquirroto e apalermado Donald Trump foi concluída em 20 minutos (19h40–20h, horário de Brasília), utilizando 14 bombas GBU-57, conhecidas como “bunker buster“, de 14 toneladas com capacidade de penetração superior a 60 metros em rocha ou 19 metros em concreto armado. Complementaram-se os ataques com 30 mísseis Tomahawk. 125 aeronaves foram usadas, entre bombardeiros furtivos, caças, aviões-tanque, aeronaves de vigilância e equipes de apoio.

<><> Grande arsenal; fracasso maior ainda

Equipada com GPS e detonador magnético, a moderna GBU-57 possui ogiva de 2,7 toneladas, que explode apenas ao detectar cavidades subterrâneas para maximizar danos internos. Em comparação, bombas ianques cedidas às Forças de Ocupação sionistas (BLU-109/GBU-28) e utilizadas na agressão contra o Líbano e Gaza penetram apenas seis metros (10% da capacidade da GBU-57) e pesam um sexto de seu total. O EUA consumiu mais de 50% das 20–25 unidades existentes de GBU-57 nesta ação.

Imagens de satélite revelam crateras visíveis em Fordow, embora estruturas subterrâneas não tenham sido afetadas. Autoridades iranianas afirmam que apenas túneis de acesso foram danificados. Em Natanz, centrífugas sofreram avarias, mas a “Guarda Revolucionária Islâmica” já havia confirmado a evacuação prévia do urânio. Até o momento, não há registros de contaminação radioativa nas regiões atacadas.
Desta forma, pode-se concluir que o som do “martelinho da meia-noite” foi inequivocamente abafado pelas rochas iranianas – tanto quanto será sufocado pelo brado das massas do país.

Os próprios imperialistas desnudaram seu fiasco operacional por meio de declarações contraditórias. Enquanto Trump esbravejou, como falastrão que é, que “Fordow já era” – sugerindo obliteração total sem apresentar provas –, o Pentágono limitou-se a citar “danos severos”. O general Dan Caine, chefe do Estado-Maior do EUA, admitiu: “É cedo para dimensionar impactos”. Um oficial sênior afirmou que nem doze bombas GBU-57 destruiriam Fordow. Eis o retrato do imperialismo ianque: formidável estupidez carniceira, fracasso retumbante.

<><> Contínua violação do direito internacional cria cenário explosivo

A violação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que proíbe agressões a infraestruturas nucleares civis, coroou o atentado terrorista. Mais uma vez, os ianques demonstram que o direito internacional é inócuo e que tratados e organizações que repetem suas ladainhas na suposta Organização das “Nações Unidas” são incapazes de conter a violência irrestrita e genocida dos países imperialistas, em especial da superpotência hegemônica única EUA e de seus cachorrinhos, como Israel.

O Irã avalia e deve retirar-se do tratado, como fez a Coreia do Norte em 2003. As massas iranianas exigem a bomba atômica para dissuadir a única ameaça nuclear real da região: o Estado nazisionista.

Simultaneamente e de forma mais imediata, com a violação da soberania do país, a resistência iraniana e seus aliados regionais – organizações de resistência nacional árabes – passam a ter legitimidade plena para atacar e destruir alvos militares ianques no Oriente Médio, incluindo inúmeras bases ali distribuídas. A própria imprensa do EUA já noticia esses ataques como iminentes.

<><> Resposta iraniana ainda virá; na região e internacionalmente, EUA se isola

O Irã, por ora, manteve sua retaliação militar contra o Estado nazi-sionista. Na 20ª etapa da Operação “Verdadeira Promessa 3”, empregou pela primeira vez mísseis Kheibar Shekan com ogivas múltiplas contra Tel Aviv, causando mais uma onda de destruição no seio da ocupação. No Conselho da ONU, o embaixador iraniano afirmou que o país irá contra-atacar militarmente como achar necessário.

Para além disso, o possível fechamento do Estreito de Ormuz (por onde transita 30% do petróleo global) está em discussão no parlamento iraniano, com aprovação praticamente garantida. Quando implementado, causará danos econômicos mundiais, aprofundando a crise imperialista.

Internacionalmente, Rússia e China condenaram a violação da soberania iraniana pelo EUA, enquanto a acovardada União Europeia balbuciou sobre um “retorno à diplomacia” sem atrever-se a condenar o ataque. O acirramento de disputas interimperialistas torna-se inevitável e iminente nessas condições, independente da pusilanimidade ou hipocrisia de personagens envolvidos.

Na região, o movimento libanês Hezbollah denunciou a ação de Trump como “agressão imperialista”, solidarizando-se integralmente com o Irã e exigindo que a comunidade internacional responsabilize o EUA pelas “consequências catastróficas” do ataque. Movimentos de resistência palestinos (Hamas, Jihad Islâmica Palestina, Brigadas Mujahideen e Comitês Populares da Palestina) classificaram o ataque como violação da soberania iraniana, expressando apoio irrestrito ao Irã. O movimento Ansarallah, iemenita, também condenou o ataque e já vinha prometendo desde antes do ataque sionista entrar na guerra em caso de intervenção ianque.

<><> Os imperialistas vendem as cordas com as quais serão enforcados

A operação de fato demonstrou capacidades técnicas avançadas do EUA. Sobretudo, e exatamente por este motivo, dado o fracasso manifesto, revelou que elas são um tigre de papel – tal como todo o imperialismo e todas as suas armas dispendiosas, que jamais foram capazes de impor derrota às massas organizadas ou mesmo de as assustarem.

A evacuação prévia do urânio e a provável existência de instalações não mapeadas, onde o Irã continuará seu projeto nuclear rumo à possível construção da bomba, atestam essa realidade. Fordow, o principal alvo, não foi atingida em suas estruturas mais profundas. Assim, o ataque não destruiu, com qualquer bom resultado, nem as instalações, nem o material e nem o conhecimento nuclear iranianos.

Com o uso de 50% do estoque de GBU-57, também, Trump acabou por expor as limitações do império mais que suas capacidades. Cada bomba custa US$ 3,5 milhões para produção, além dos US$ 500 milhões já gastos em desenvolvimento. Isso significa que o EUA lançaram, em um espaço de vinte minutos, inutilmente, quase US$ 300 milhões (ou mais de R$ 1,6 bilhões) contra o Irã (US$ 49 milhões em produção, mais metade dos custos de desenvolvimento).

As únicas opções remanescentes para destruir Fordow com ataques aéreos seriam empregar as GBU-57 restantes ou recorrer a bombas nucleares táticas. A primeira alternativa talvez ainda seja insuficiente para acabar com o programa nuclear iraniano; a segunda abriria precedente para o uso dessas armas por potências imperialistas como a Rússia na Ucrânia. Há uma terceira opção, que é a invasão por terra, empreendimento que, se executado, certamente culminará em mais um exemplo histórico, como aquele já assistido na região no Iraque e no Afeganistão, ou ainda mais recentemente em Gaza, de humilhação das tropas reacionárias.

A violação flagrante do TNP, por sua vez, cria um incontornável precedente para enfraquecer o apelo ao direito internacional – cuja suposta existência as massas do Oriente Médio Ampliado sempre desconheceram, pois jamais lhes serviu. Sem a proteção e a legitimação desses dispositivos, que essencialmente só encontraram proveito e efetividade no acobertamento de carnificinas, não haverá mais como esconder que o rei anda nu. Fortalece-se, assim, de um lado, o discurso sino-russo contra a hegemonia do EUA.

Crucialmente, porém, atiça-se com ainda mais violência a chama anti-imperialista global – que, desde 7 de outubro, não cessa de crescer e iluminar a luta dos povos, incendiar toda a pradaria do sistema moribundo. Mohammed Al-Haj Musa, porta-voz da Jihad Islâmica Palestina, declarou recentemente em solidariedade ao Irã: “Apesar de todas as condições adversas, ainda acreditamos – e continuaremos a acreditar – que o fuzil é a única solução legítima e que a resistência em todas as suas formas é o nosso caminho unificador”. O conteúdo desta mensagem está hoje no coração de todas as massas árabes e persas, e das massas de todo o mundo, que se confrontam com a virulência imperialista em seus últimos estertores.

No fim do dia, demonstra-se a olhos vistos que o “martelinho” ianque bateu mais um prego no caixão de sua hegemonia no Oriente Médio Ampliado e cunhou mais uma letra em seu dispendioso epitáfio. Basta um empurrão e o cadáver insepulto não terá como fugir da cova que cavou inadvertidamente para si.

¨      Irã afirma que irá retaliar EUA por agressão

Representantes da “Guarda Revolucionária” iraniana alertaram ao Estados Unidos (EUA) que responderão aos criminosos bombardeios ianques realizados na noite deste sábado (21/06), indicando que qualquer base militar, soldado ou cidadão estadunidense é um possível alvo na retaliação. Em uma nova tentativa de intimidar o povo iraniano, o secretário de defesa ianque Peter Hegseth afirmou que, em caso de retaliação, a guerra voltará a escalar

A declaração de Hegseth se deu após uma reunião emergencial nas dependências do Pentágono, que teve início às 10 horas da manhã deste domingo, horário de Brasília. O representante ianque chegou a afirmar ainda que as instalações nucleares iranianas de Fordow, Natanz e Isfahan. Durante a coletiva de imprensa, Hegseth selecionou a dedo os correspondentes que fariam as perguntas, ignorando a maioria dos questionamentos da maioria dos jornalistas. 

Contudo, os jargões ianques que cantam vitória sobre o programa nuclear iraniano foram desmentidos pela própria imprensa israelense. De acordo com o analista militar sionista Alon Ben-David ao  “Canal 13”, é impossível destruir “o programa nuclear iraniano com bombas”, chegando a afirmar que ataques semelhantes poderiam ocorrer por um ano ininterrupto e a situação não seria alterada.

Segundo Ben-Daviv, “Israel esgotou seus alvos militares” e não possui mais capacidade de aplicar grandes danos às Forças Armadas iranianas, indicando que, embora as bases de enriquecimento de urânio tenham sido de fato atacadas, qualquer material remanescente poderia ser facilmente transportado e enriquecido para outro local.

De acordo com o porta-voz do Ministério da Saúde iraniano, Hosseim Kermanpour, todos os 11 trabalhadores que se feriram próximo aos bombardeios estão sem qualquer sinal de contaminação por radiação, indicando que o programa nuclear iraniano não sofreu grandes impactos, como noticiado pelos representantes do imperialismo estadunidense.

¨      Após atacar base dos EUA, Khamenei afirma que Irã não se ‘submeterá a ninguém’

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, garantiu nesta segunda-feira (23/06) que Teerã não se submeterá à “agressão de ninguém”, sob “nenhuma circunstância”. A declaração publicada em rede social ocorreu pouco depois de o Irã ter disparado mísseis contra a base aérea de Al Udeid dos Estados Unidos, localizada no Catar, além de um reduto norte-americano no Iraque. 

“Não fizemos mal a ninguém. E não aceitaremos nenhum tipo de agressão de ninguém, sob nenhuma circunstância. E não nos submeteremos à agressão de ninguém: essa é a lógica da nação iraniana”, declarou Khamenei.

O Catar confirmou que um total de 19 mísseis foram disparados do Irã, sendo que apenas um deles atingiu a base de Al Udeid.

Segundo o site Axios, o ataque foi uma represália pelo bombardeio norte-americano às principais centrais nucleares do país persa, em Natanz, Fordow e Isfahan, no último fim de semana.

À emissora catari Al Jazeera, o membro do Conselho de Assuntos Globais do Oriente Médio, Omar Rahman, explicou que a ofensiva serviu como uma “demonstração simbólica de força”, para mostrar que podem “projetar esse tipo de poder e força na região”.

“Os iranianos sentiram que, se não houvesse nenhuma resposta, isso enviaria a mensagem errada aos Estados Unidos”, disse.

<><> Trump minimiza ataque

Em rede social, o presidente norte-americano Donald Trump minimizou o lançamento de mísseis iranianos à base de Al Udeid, sugerindo que Washington não responderá a ele. A negativa sobre uma possível represália também foi relatada pela apuração do portal New York Post.

“Tenho o prazer de informar que NENHUM americano foi ferido e quase nenhum dano foi causado. Mais importante ainda, eles tiraram tudo de seu ‘sistema’ e, esperançosamente, não haverá mais ódio”, disse o magnata, classificando a ofensiva como “muito fraca”.

Ainda segundo o mandatário dos EUA, o lançamento de mísseis iranianos não resultou em mortos e nem feridos.

“Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém ficasse ferido. Talvez o Irã possa agora prosseguir para a Paz e Harmonia na Região, e encorajarei Israel a fazer o mesmo”, acrescentou.

¨      China, Coreia do Sul e Indonésia manifestam preocupação com escalada entre Israel e Irã

Governos asiáticos e europeus se manifestaram nesta segunda-feira (23/06) sobre os ataques dos Estados Unidos contra três instalações nucleares iranianas, ocorridos na madrugada do dia anterior.

Entre os países asiáticos, cresce o temor de que o conflito ultrapasse as fronteiras iranianas, com impactos tanto geopolíticos quanto econômicos, especialmente em relação ao fornecimento global de energia.

Após o ataque norte-americano, o Parlamento do Irã emitiu uma resolução que permite ao governo fechar o estreito de Ormuz, a principal rota e por onde transita cerca de um quinto de toda a produção global de petróleo.

A China, que havia condenado ‘veementemente’ o ataque no final de semana, manifestou nesta manhã a preocupação com as consequências econômicas da escalada do conflito.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, alertou que os conflitos entre Israel, Irã e agora os EUA representam uma séria ameaça à economia global, especialmente pelas rotas de comércio no Golfo Pérsico.

“A comunidade internacional deve fazer mais para reduzir as tensões e evitar que a guerra tenha impactos devastadores no desenvolvimento econômico mundial”, declarou. Pequim pediu que as partes “evitem resolutamente o transbordamento da guerra”, afirmou.

<><> Coreia do Sul, Indonésia e Austrália

Na Coreia do Sul, o presidente Lee Jae Myung classificou a situação como “muito urgente” e alertou que os mercados financeiros estão sofrendo com a instabilidade. Lee pediu que sua equipe prepare um orçamento de emergência para mitigar os impactos econômicos, caso a crise se agrave na região.

A Indonésia, maior nação muçulmana do mundo, condenou a escalada dos ataques. O ministro-chefe de Segurança, Budi Gunawan, pediu que todos os envolvidos retornem imediatamente às negociações e informou que a prioridade do governo é evacuar os cidadãos indonésios que estão no Irã. Ele também expressou sua profunda preocupação com o risco de um conflito de grandes proporções no Oriente Médio.

O governo australiano também manifestou a sua preocupação neste sentido, e enfatizou que a prioridade do país é proteger seus cidadãos no Oriente Médio e monitorar atentamente os desdobramentos. A Austrália defende o retorno imediato à mesa de negociações.

<><> Reino Unido, França e Alemanha

Em comunicado conjunto, o Reino Unido, a França e a Alemanha pediram ao Irã que não tome medidas que possam desestabilizar ainda mais a região. O texto afirma que o país “jamais poderá ter uma arma nuclear” e “não pode mais representar uma ameaça à segurança regional”.

Os três países reiteraram seu o apoio “à segurança de Israel”. Eles também prometeram esforços diplomáticos coordenados para evitar que o conflito se intensifique ou se alastre pelo Oriente Médio.

O ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros da França Jean-Noël Barrot, expressou “profunda preocupação” com a escalada militar. Ele alertou para os riscos de desestabilização no Oriente Médio e os impactos globais do conflito.

Barrot também condenou o programa nuclear iraniano, mas se opôs veementemente a qualquer plano de mudança de regime via intervenção militar. “Seria ilusório e perigoso pensar que isso pode ser alcançado por bombas”, declarou. No domingo, ele publicou uma mensagem no X afirmando que a França não teve participação “neste golpes, nem em sua planificação”.

“A França está convencida de que a solução duradoura passar por uma solução negociada no âmbito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares”, salientou.

Já o chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, afirmou que “não há razão para criticar” os ataques dos EUA, reconhecendo os riscos. Em sua avaliação “deixar as coisas como estavam não era uma opção”. O ministro das Relações Exteriores do país, Johann Wadephul, também se manifestou.

Ele reforçou a necessidade de negociações, destacando que elas devem incluir os Estados Unidos. “O Irã precisa negociar diretamente com os americanos, não só com a Europa”, apontou.

 

Fonte: A Nova Democracia/Opera Mundi

 

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