quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Pesquisadores brasileiros criam terapia promissora para câncer de intestino, o 3º mais comum no país

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), instituição vinculada ao Ministério da Educação (MEC), criaram uma terapia promissora para o tratamento do câncer de intestino, o terceiro tipo mais frequente no Brasil.

Os cientistas produziram uma pequena partícula que funciona como guia, levando instruções para o corpo reconhecer e atacar as células cancerígenas.

Um dos autores do estudo, Walison Nunes, explicou que a partícula é como um mapa que mostra exatamente onde está o tumor, a fim de trazer mais assertividade ao tratamento.

"Colocamos, dentro da nanopartícula, um RNA [ácido nucleico que se relaciona com a síntese de proteínas], mensageiro que funciona como 'script', com todas as informações que a célula do corpo necessita para produzir uma proteína. No caso do nosso trabalho, essa proteína é do sistema imunológico, sendo capaz de induzir a morte programada das células tumorais. Ou seja, induzimos o organismo a produzir uma proteína que mata as células cancerígenas", detalhou ele.

A nanopartícula desenvolvida no laboratório da UFMG é baseada na mesma tecnologia empregada pela Pfizer e pela Moderna nas vacinas contra a COVID-19.

O estudo foi publicado em um artigo na revista científica International Journal of Nanomedicine no primeiro semestre deste ano. Segundo Nunes, essa tecnologia pode ser considerada promissora, porque, no caso dos tratamentos tradicionais contra o câncer, a maior dificuldade é fazer com que o medicamento entre, de fato, no tumor.

"As células tumorais formam uma espécie de 'microambiente tumoral hostil', que impede que as terapias e as células imunológicas do organismo consigam combater o tumor de forma efetiva", afirmou.

O novo tratamento criou uma forma de modificar o ambiente ao redor do tumor, tornando-o mais fácil de ser acessado.

De acordo com o pesquisador, a tecnologia "abre caminhos nos vasos sanguíneos" para as nanopartículas e os linfócitos, células de defesa do corpo, chegarem até o tumor e combatê-lo com mais eficiência.

A equipe responsável pela terapia faz testes em pequenos animais por meio de modelo humanizado, ou seja, transplanta as células cancerosas e as células saudáveis de humanos em camundongos.

O tratamento está sendo testado para metástase, a fim de aprimorar o direcionamento das nanopartículas às células que saíram do tumor principal e se espalharam para outros órgãos.

Segundo estimativas do governo federal, mais de 45 mil brasileiros serão acometidos pela doença até 2025, o que representa um risco estimado de 21 casos por 100 mil habitantes.

Os principais fatores de risco para esse tipo de câncer estão associados a sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool e tabaco, além de baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras.

Outros fatores de risco estão associados a condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica e histórico pessoal ou familiar de adenoma ou câncer colorretal.

Os cânceres de cólon e reto apresentam alto potencial para prevenção primária, com o estímulo a hábitos de vida e alimentação saudáveis, e secundária, baseada na realização de exames frequentes para a detecção precoce.

De acordo com o Ministério da Saúde, a maior parte dos tumores de intestino é tratada com quimioterapia e ressecção cirúrgica, esta última quando o paciente precisa usar bolsa para coletar as fezes (bolsa de colostomia), o que impacta a qualidade de vida.

•        Cientistas russos revelam em novo estudo como o hormônio do estresse afeta o sono

Pesquisadores da Universidade Estadual de Saratov (SGU, na sigla em russo) da Rússia desenvolveram um modelo matemático demonstrando como o ritmo da secreção de cortisol afeta a regulação do sono e da vigília.

De acordo com cientistas de Saratov, o estudo abre novas perspectivas para o desenvolvimento de métodos eficazes para tratar insônia e outros distúrbios do sono. O artigo foi publicado no European Physical Journal Special Topics.

O corpo humano segue o padrão de um relógio interno, conhecido como ritmos circadianos, que regulam o sono, a vigília e muitos outros processos fisiológicos. O cortisol, um hormônio sob a ação do qual o corpo se adapta ao estresse, está intimamente relacionado a esses ritmos e tem um impacto significativo no sono humano.

Cientistas da SGU analisaram como os processos de alternância entre sono e vigília se correlacionam com a dinâmica da secreção de cortisol usando modelagem matemática.

O modelo mostrou que, sob certas condições, o aumento da atividade do sistema de cortisol pode levar a uma interrupção na sincronização do relógio interno do corpo e causar dessincronização interna espontânea. Essa condição é caracterizada por distúrbios do sono, fadiga, alterações de apetite e outros sintomas.

Os pesquisadores também mostraram que o corpo tem a capacidade de compensar os distúrbios do sono. Com pequenos desvios dos padrões normais de sono, o corpo é capaz de restaurar o ritmo perturbado em alguns dias. No entanto, com distúrbios prolongados ou significativos, essa capacidade pode ser prejudicada, aponta o estudo.

"Há uma gama significativa de parâmetros dentro dos quais a contribuição do subsistema de cortisol não interrompe a transição normal sono-vigília. Com uma contribuição mais significativa de cortisol, o processo sono-vigília 'se separa' do ritmo circadiano, causando dessincronização interna espontânea", explicou Ksenia Merkulova, graduada do Departamento de Ótica e Biofotônica da SGU.

Os cientistas da SGU também conseguiram demonstrar que os ritmos circadianos e a regulação hormonal estão intimamente interligados e podem compensar e reforçar um ao outro, garantindo a adaptação do corpo às mudanças nas condições ambientais.

Notavelmente, os modelos básicos nos quais os pesquisadores confiaram para criar o modelo unificado foram repetida e completamente testados com base em dados experimentais correspondentes a uma "pessoa saudável típica".

Os especialistas acreditam que as descobertas abrem novas perspectivas para o desenvolvimento de tratamentos eficazes para insônia e outros distúrbios.

"A influência do cortisol no ciclo sono-vigília é extremamente relevante no mundo moderno: estresse frequente, ritmo de vida acelerado, turnos noturnos no trabalho e outras razões que influenciam o ritmo da secreção de cortisol não podem deixar de afetar a qualidade do sono", acrescentou Merkulova.

A universidade relatou que, ao trabalhar com o modelo, cálculos de computador foram realizados no ambiente de software livre GNU Octave. Nesta fase, os cientistas têm a tarefa de estudar o efeito do cortisol no sono, levando em consideração os padrões alimentares de cada um.

O trabalho foi apoiado pela Fundação Nacional Russa e está alinhado com os projetos estratégicos da SGU dentro da estrutura do programa federal russo Prioridade 2030, parte do projeto nacional Ciência e Universidades.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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