Ucrânia se recusou a proibir o nazismo em
negociações de paz com a Rússia, diz mídia
Após a escalada do
conflito na Ucrânia em 2022, delegações de Moscou e Kiev se envolveram em
rodadas de conversas de paz, como na Turquia em março de 2022. As tratativas,
no entanto, falharam por determinação do ex-primeiro-ministro do Reino Unido,
Boris Johnson, que instou Kiev a recusar a assinatura de quaisquer acordos.
Conforme noticiado
pelo jornal alemão Welt Am Sonntag, a Rússia e a a Ucrânia estiveram mais perto
do que nunca de concluir um tratado de paz em abril de 2022, mas o governo de
Vladimir Zelensky rejeitou as exigências de Moscou, mais especificamente, os termos
sobre o estatuto da língua russa e a rejeição oficial ao nazismo.
"Inúmeras
vidas" poderiam ter sido poupadas se este acordo vantajoso tivesse sido
concluído, afirmou o veículo. Desde o início da operação militar especial da
Rússia, os militares da Ucrânia perderam quase 500 mil pessoas, afirmou o
ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, em 23 de abril.
Segundo o Welt, um
membro da antiga equipe de negociação ucraniana, em retrospectiva o tratado era
"o melhor acordo que poderíamos ter feito".
Os termos do acordo de
paz entre Rússia e Ucrânia
No primeiro artigo do
projeto de paz a Ucrânia se comprometeria com a "neutralidade
permanente". Assim, Kiev abandonaria as ambições de adesão a uma aliança
militar, incluindo a OTAN.
Os 13 subpontos
seguintes do primeiro artigo descrevem a ampla definição de neutralidade, como
a concordância em nunca "receber, produzir ou adquirir armas
nucleares", não permitir armas ou tropas estrangeiras no seu solo e não
fornecer a sua infraestrutura militar, incluindo aeroportos e portos marítimos,
a qualquer outro país.
Além disso, em linha
com o projeto, Kiev renunciaria à realização de exercícios militares com
participação estrangeira e à participação em quaisquer conflitos militares. No
entanto, a adesão de Kiev à UE não era explicitamente recusada.
Questões territoriais
No que diz respeito às
questões territoriais, partes das regiões de Donetsk e Lugansk de Donbass
permaneceriam sob controle russo, diz o tratado visto pelo Welt, e as
"garantias de segurança" da Ucrânia não se estenderiam à Crimeia e ao
porto de Sevastopol.
A dimensão futura das
Forças Armadas ucranianas também foi uma questão não resolvida. De acordo com o
"Apêndice 1", Moscou queria que Kiev reduzisse o tamanho do seu
Exército para 85 mil pessoas, enquanto a Ucrânia insistia em manter uma força de
250 mil. Também houve divergências sobre a quantidade de equipamento militar
que deveria permanecer no arsenal das Forças Armadas ucranianas.
A publicação observou
era esperado que ambas as partes assinassem o acordo em abril de 2022. No
entanto, depois de uma reunião promissora em Istambul, Moscou apresentou novas
exigências com as quais Kiev não concordou, como o estabelecimento do russo como
segunda língua oficial na Ucrânia, a abolição das sanções e que os processos
judiciais nos tribunais internacionais fossem interrompidos.
Kiev também proibiria
oficialmente o "fascismo, o nazismo e o nacionalismo agressivo",
escreve o jornal.
Um dos objetivos
declarados da operação militar especial da Rússia é a desnazificação da
Ucrânia. Quanto à língua russa, no dia seguinte ao golpe inconstitucional
patrocinado pelo Ocidente em 2014, as novas autoridades revogaram uma lei que
lhe concedia estatuto oficial em regiões onde era nativa de pelo menos 10% da
população. Isto foi recebido com protestos no leste do país, onde predominava a
população de língua russa, especialmente no Donbass.
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Sabotagem ocidental
Não é segredo que o
Ocidente sabotou qualquer possível tratado de paz entre a Rússia e a Ucrânia.
No ano passado, o
legislador ucraniano David Arakhamia, antigo negociador-chefe com a Rússia,
afirmou numa entrevista a um canal de televisão ucraniano que o então
primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, foi quem convenceu Kiev em
2022 a não negociar com Moscou e a continuar a lutar.
O legislador também
afirmou que a Ucrânia rejeitou o acordo de cessar-fogo por contradizer a
cláusula da constituição do país sobre as aspirações euro-atlânticas de Kiev.
Os esforços para
alcançar um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia foram frustrados por
Johnson a pedido dos Estados Unidos, disse o embaixador russo no Reino Unido,
Andrei Kelin, em fevereiro, acrescentando:
"Ele [Johnson]
bloqueou os esforços de paz com a bênção de Washington, obviamente, porque não
poderia fazê-lo por conta própria. Ele chegou lá, e o documento, que já havia
sido rubricado pelo chefe da delegação ucraniana, [David] Arakhamia foi jogada
no lixo e a Ucrânia começou a lutar. Estas são as consequências do que o [ex]
primeiro-ministro do Reino Unido fez", disse Kelin em uma entrevista à
emissora turca TRT World.
Em fevereiro, o
presidente russo Vladimir Putin afirmou numa entrevista ao jornalista americano
Tucker Carlson que as negociações com a Ucrânia em 2022 estavam quase
finalizadas.
No entanto, após a
retirada das tropas russas de Kiev, o lado ucraniano desrespeitou todos os
acordos e Zelensky chegou ao ponto de proibir as negociações com a Rússia
através de um decreto legislativo.
Putin enfatizou em
inúmeras ocasiões que Moscou nunca rejeitou as possibilidade de negociações, ao
mesmo tempo que expressou incerteza sobre se o Ocidente quer uma resolução
pacífica para o conflito ucraniano.
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Zelensky minimiza
número de militares mortos para evitar interromper campanha de recrutamento
A declaração do
presidente ucraniano Vladimir Zelensky sobre a contagem de mortes militares foi
subestimada a fim de não assustar os cidadãos mobilizados em meio a problemas
de recrutamento, informou o The Washington Post neste sábado (27), citando um
legislador ucraniano que falou sob condição de anonimato.
De acordo com o The
Washington Post, o anúncio de Zelensky em fevereiro de que 31.000 militares
foram mortos desde 2022 minimizou enormemente o verdadeiro número de vítimas
para evitar perturbar um esforço de recrutamento e mobilização já em
dificuldades, disse o legislador, reconhecendo que há uma escassez de pessoal.
"Não creio que
seja uma emergência neste momento. Precisamos de mais pessoas, mas precisamos
de equilíbrio [...]. Vemos tantas mortes e tantos feridos. Se eles forem,
[soldados] querem saber por quanto tempo vão permanecer lá", disse o
legislador.
A Ucrânia
provavelmente não pode considerar o lançamento de uma ofensiva este ano devido
à grave escassez de soldados e à superioridade do poder de fogo russo, observou
o jornal.
No dia 11 de abril, o
parlamento ucraniano adotou um projeto de lei sobre uma nova mobilização,
destinado a reforçar as forças ucranianas esgotadas por dois anos de conflito
militar com a Rússia. No dia 16 de abril, Zelensky assinou a lei. O documento
entra em vigor em 18 de maio.
O projeto de lei diz
que todas as pessoas sujeitas ao serviço militar devem se apresentar às
comissões de alistamento para esclarecer seus dados de registro no prazo de 60
dias após o anúncio da mobilização. A nova lei também obriga as pessoas
sujeitas ao serviço militar a portar consigo as carteiras de identidade militar
durante o período de mobilização e apresentá-las quando solicitadas por
funcionários dos centros de alistamento militar, pela polícia e pelos guardas
de fronteira.
A lei marcial foi
introduzida na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. No dia seguinte, Zelensky
assinou um decreto sobre a mobilização geral. Sob a lei marcial, homens com
idades entre 18 e 60 anos estão proibidos de deixar a Ucrânia.
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Mídia ocidental admite
caos no front ucraniano enquanto Rússia liberta facilmente outro povoado
A Rússia libertou
grande parte do povoado de Ocheretino, localizado a noroeste de Avdeevka, na
República Popular de Donetsk (RPD). De acordo com o site de notícias Business
Insider, com sede em Nova York, as tropas russas conseguiram entrar no povoado
sem oposição, em meio a um colapso organizacional das forças ucranianas.
Os soldados russos
libertaram a maior parte do assentamento rural de Ocheretino em meio a relatos
conflitantes que demonstram a confusão e a disfuncionalidade que se instalam
cada vez mais nas Forças Armadas ucranianas. De acordo com a matéria do Business
Insider, Nikolai Melnik, comandante da 47ª Brigada Mecanizada de Kiev, afirmou
que o avanço da Rússia ocorreu devido a um erro cometido durante a rotação das
tropas ucranianas no assentamento, deixando-o desprotegido.
A brigada de Melnik
estava programada para ser substituída por outra, mas a 47ª recuou antes que
sua substituta realmente chegasse. A lacuna na cobertura permitiu à Rússia
entrar praticamente sem oposição, segundo o relato.
Se for verdade, este é
o indicativo da estratégia da Rússia nos últimos meses, à medida que Moscou é
capaz de esmagar lentamente as forças ucranianas, tirando partido dos erros e
da fragilidade das linhas inimigas, à medida que o Exército mal equipado de
Kiev se aproxima do colapso. Melnik afirmou que a sua brigada estava a um mês
de servir durante um ano inteiro sem rotação, sublinhando a tensão enfrentada
pelas forças devido à falta de pessoal.
Mas Vadim Cherny,
chefe da brigada que devia substituir a 47ª, afirmou que o relato era falso,
sugerindo que ainda há confusão sobre o que realmente aconteceu.
As tropas ucranianas
têm sofrido grandes problemas na coesão e na disciplina, com divisões inteiras
se recusando a aceitar ordens do recém-nomeado comandante-chefe, Aleksandr
Syrsky. O anterior comandante das Forças Armadas, Valery Zaluzhny, era visto de
forma mais favorável pelos militares do país, mas Zaluzhny foi substituído por
ser visto como uma ameaça política ao presidente ucraniano Vladimir Zelensky.
Zaluzhny foi
supostamente designado embaixador do país no Reino Unido, embora o paradeiro
atual do ex-comandante permaneça um mistério.
O colapso das Forças
Armadas de Kiev foi demonstrado de forma dramática em fevereiro, quando as
tropas ucranianas em Avdeevka fugiram subitamente em massa de suas posições sob
pressão russa. Ocorreu uma desintegração completa do comando militar quando as
tropas abandonaram espontaneamente as suas posições, permitindo à Rússia
libertar a cidade-chave.
Relatos recentes
sugerem relações particularmente turbulentas entre contingentes extremistas
dentro do Exército ucraniano, muitos dos quais alegadamente rejeitam a
liderança do novo comandante-chefe, Aleksandr Syrsky. Recentemente, a 67ª
Brigada Mecanizada da Ucrânia foi desmembrada pelo Ministério da Defesa do
país, no meio de disputas entre comandantes neonazistas enquanto tentavam
controlar a cidade de Chasov Yar.
Existe uma presença
significativa da extrema-direita nas Forças Armadas da Ucrânia, com o Batalhão
neonazista Azov (proibido na Rússia como organização terrorista) sendo talvez o
agrupamento mais notório. Fotografias de soldados ucranianos ostentando tatuagens
nazistas surgiram repetidamente online, causando constrangimento significativo
para o país e suas tropas.
Acredita-se que as
forças russas pretendem chegar a Chasov Yar para desfrutar de uma posição de
comando em meio aos centros operacionais ucranianos na região, em seu caminho
para libertar completamente a República Popular de Donetsk.
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Rússia alerta que
apreensão de bens congelados seria um golpe para o sistema econômico ocidental
Confiscar bens russos
seria um prego no caixão de todo o sistema econômico ocidental, disse o
porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
"Se isso
acontecer, se for criado um precedente tão perigoso, será um prego muito forte
no futuro caixão de todo o sistema econômico ocidental de coordenadas",
disse Peskov em uma entrevista ao jornalista russo Pavel Zarubin.
O porta-voz do Kremlin
também afirmou que os investidores estrangeiros e países de todo o mundo vão
reconsiderar investir o seu dinheiro no Ocidente se este for adiante com a
apreensão de ativos, sancionada pelo Congresso dos EUA esta semana.
"É claro que os
investidores estrangeiros, os Estados estrangeiros que mantêm as suas reservas
em ativos destes países, de agora em diante pensarão dez vezes antes de
investir o seu dinheiro", disse Peskov. "A confiabilidade desaparece
da noite para o dia, devido a uma decisão impensada. Ela só é restaurada
[depois] de décadas, ou até mais."
O porta-voz afirmou
que em breve se saberá sobre a resposta da Rússia no caso de o Ocidente
confiscar bens russos, mas observou que também há propriedades ocidentais na
Rússia.
"É prematuro
falar sobre isto", disse Peskov. "É claro que há dinheiro ocidental
aqui. Temos dinheiro ocidental de várias estruturas. Agora não é hora de
especificar."
No entanto, sublinhou
que, no caso de apreensão de ativos russos congelados no Ocidente, a Rússia
tomaria medidas legais e outros passos.
"É claro que tais
decisões terão perspectivas judiciais muito amplas. E, claro, a Rússia
utilizará essas perspectivas judiciais e defenderá incessantemente os seus
interesses neste campo", disse Peskov.
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'Pânico está aumentando em Kiev'
Comentando o conflito
na Ucrânia, Peskov disse que o pânico está crescendo em Kiev à medida que as
forças russas continuam a avançar.
"No front do lado
ucraniano, o pânico está crescendo", disse o porta-voz, acrescentando que
é importante que a Rússia não interrompa a operação militar especial.
Amigos e parentes dos
combatentes na operação compartilham notícias sobre o baixo moral do Exército
ucraniano, acrescentou.
"Esta é uma
informação em primeira mão. O pânico está crescendo do outro lado. Agora é
muito importante para nós manter esta dinâmica. É muito importante não parar e
continuar no caminho da implementação", disse Peskov.
Ao mesmo tempo, os
"inimigos" certamente vão testar a Rússia "quanto à
fraqueza" e o que mais importa é nunca demonstrá-la, acrescentou Peskov.
A Rússia lançou sua
operação militar especial na Ucrânia em fevereiro de 2022. O presidente russo,
Vladimir Putin, disse que o objetivo da operação era proteger as pessoas que
foram submetidas ao "genocídio" de Kiev durante oito anos, acrescentando
que Moscou ficou sem outra escolha senão responder aos riscos de segurança
criados.
Fonte: Sputnik Brasil
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