Segundo round: como o mundo está se
preparando para o (provável) retorno de Trump?
O mundo aguarda para
saber quem receberá as chaves do Salão Oval da Casa Branca em novembro deste
ano. Para muitos, o retorno de Donald Trump à presidencia está cada vez mais
próximo, e, com ele, uma série de expectativas vem se formando sobre o futuro da
política externa estadunidense.
A próxima eleição
presidencial nos Estados Unidos está sendo encarada como um verdadeiro ponto de
viragem nas relações internacionais, capaz de trazer grandes consequências para
a projeção do poder americano no mundo. Quanto a Trump, suas opiniões de política
externa não mudaram muito desde que ele deixou o cargo de presidente, em 2021,
mas o ambiente em que o mundo hoje se encontra sim. No mais, a primeira
passagem de Trump pela presidência foi marcada por uma série de eventos
importantes.
A título de exemplo,
tivemos o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, a retirada
americana do tratado comercial do Transpacífico, a adoção da guerra comercial
com a China, a visita de Trump à Coreia do Norte e a tentativa — ao menos
inicial — de melhorar as relações com a Rússia por meio da diplomacia
presidencial.
Contudo, hoje vivemos
uma conjuntura internacional bastante diferente e consideravelmente mais
perigosa do que no primeiro mandato de Trump. Dois grandes conflitos estão
atualmente em andamento, entre o Ocidente e Rússia na Ucrânia e entre Israel e
o Hamas em Gaza. Outros conflitos menores também persistem, desde o continente
africano até a América Latina.
Enquanto isso, a ordem
internacional e as organizações multilaterais como a ONU sofrem uma perda de
legitimidade latente, o que aumenta ainda mais a pressão e os olhares sobre os
próximos passos da política externa americana. Todavia, enquanto há guerras
ocorrendo do lado de fora dos Estados Unidos, também há uma guerra acontecendo
dentro do próprio país. Trata-se da guerra cultural entre os defensores dos
valores tradicionais versus os defensores do progressismo, uma briga que vem
corroendo cada vez mais o tecido social já bastante esgarçado dos Estados
Unidos.
Nessa guerra
doméstica, Biden e Trump representam posições diametralmente opostas, com o
republicano apelando ao eleitorado mais conservador/religioso, enquanto o
democrata aposta suas fichas em pautas políticas mais pluralistas e menos
preocupadas com a tradição.
Em paralelo, em seus
múltiplos comícios pelo país Trump tem zombado da condição senil na qual Biden
se encontra, colocando em xeque a capacidade do atual presidente americano de
conduzir os negócios na Casa Branca por mais um mandato.
Já do ponto de vista
de política externa, Trump e Biden também possuem visões distintas quanto à
estratégia internacional de inserção dos Estados Unidos. Trump é mais
isolacionista, Biden mais intervencionista. Logo, diversas nações ao redor do
mundo, sejam elas aliadas ou adversárias dos americanos, buscam preparar-se
para o que pode acontecer em novembro, dado que o resultado das eleições
servirá de bússola para o comportamento esperado da política externa
estadunisense. Afinal, quando a Casa Branca passa por uma transição de
administração, os efeitos sobre o sistema internacional são evidentes, dada a
posição privilegiada dos Estados Unidos e seu poder de influencia em
instituições como a ONU e os órgãos de Bretton Woods. Em muitas chancelarias,
sobretudo no continente europeu, há um sentimento de ansiosa antecipação pelo
resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos justamente por conta da
dependência que a Europa hoje tem da Casa Branca. Se Trump vencer, os europeus
novamente terão dificuldades no relacionamento com a liderança americana em
questões-chave, como combate ao aquecimento global, financiamento da OTAN,
ajuda militar à Ucrânia, conflito em Gaza e outros.
Há, no entanto, alguns
líderes globais que certamente veriam com bons olhos o retorno de Trump à Casa
Branca.
Dentre eles podemos
citar o líder israelense, Benjamin Netanyahu; o premiê húngaro, Viktor Orbán; o
mandatário indiano, Narendra Modi; e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita,
Mohammed bin Salman.
Com essas lideranças
Trump encontra alguns pontos em comum, seja na questão da defesa de valores
tradicionais, seja na retórica mais nacionalista e religiosa.
No caso específico de
Israel e seu conflito em Gaza, por exemplo, há de se esperar que Trump não só
mantenha como aumente seu apoio às iniciativas do governo de Benjamin
Netanyahu, dada a identificação do eleitorado americano evangélico para com
Israel. Quanto à China, a tendência aponta para uma piora das relações entre
Washinton e Pequim, dado que Trump possui uma visão bastante negativa sobre o
aumento do poderio econômico e militar chinês no mundo. Quanto aos aliados
americanos na Europa, esses podem esperar por um tratamento nada sentimental da
parte de Trump, que vê os europeus como aproveitadores, o que não deixa de ser
verdade em certo sentido. Não à toa, há alguns meses Trump chegou inclusive a
dizer que a Rússia poderia fazer o que quisesse com a Europa, caso os membros
europeus da OTAN não aumentassem a sua contribuição financeira para a Aliança
Atlântica. Essa mesma Europa, no entanto, acostumou-se a deixar sua segurança
nas mãos dos americanos desde o final da Segunda Guerra Mundial, o que colocou
o continente numa posição de verdadeira vassalagem perante os Estados Unidos.
Um retrato disso é o fato de que Washington é quem arca com a maior parte da
ajuda militar e financeira à Ucrânia no âmbito da guerra do Ocidente contra a
Rússia. Até por isso que, caso Trump vença as eleições, Zelensky se verá numa
situação muito complicada, pois, ao não apresentar sucessos no front, será
difícil justificar a continuidade da ajuda americana a Kiev. No limite, com
Trump à frente na presidência, é possível dizer que Zelensky e a liderança
ucraniana estarão mais perto de serem levados de volta à mesa de negociação
para buscar uma saída pacífica para o conflito.
A Ucrânia, portanto,
bem como o resto do mundo, se prepara para o resultado das eleições de novembro
nos Estados Unidos. Afinal, Trump pode estar próximo de voltar ao ringue. E seu
"segundo round" promete ser mais impactante do que o primeiro.
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Assessores de Trump
discutem planos para punir países que se afastem do dólar dos EUA, diz mídia
Segundo a agência
norte-americana Bloomberg, os assessores do ex-mandatário dos EUA avaliaram
medidas de restrição para tais iniciativas, que recairiam principalmente sobre
os membros do BRICS.
Os assessores
econômicos do ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) estão
discutindo possíveis medidas para evitar que os países deixem de usar o dólar
dos EUA para diminuir sua dependência da moeda, informou na sexta-feira (26) a
agência norte-americana Bloomberg.
Entre as maneiras
prováveis de influenciar os países que buscam realizar comércio bilateral em
qualquer outra moeda que não seja o dólar estão punições como controles de
exportação, taxas e tarifas de manipulação de moeda, disse a mídia, citando
fontes ligadas ao assunto.
"Odeio quando os
países deixam de usar o dólar", disse Trump em uma entrevista de 11 de
março na emissora norte-americana CNBC, acrescentando que "eu não
permitiria que os países deixassem de usar o dólar porque, quando perdermos
esse padrão, será como perder uma guerra revolucionária", em referência às
colônias inglesas norte-americanas, que em 1775 se rebelaram contra o Império
Britânico. Elas conseguiram a independência em 1783 e formaram os Estados
Unidos da América.
"Isso será um
golpe para o nosso país", previu ele.
Tal plano poderia ser
implementado se Donald Trump vencer Joe Biden na eleição presidencial dos EUA
de novembro de 2023.
Em agosto de 2023, os
países do BRICS se reuniram em uma cúpula e concordaram em se concentrar na
desdolarização e estabelecer laços econômicos em suas moedas nacionais. Eles
poderiam se tornar alvo de tais sanções, escreve a Bloomberg, citando assessores
de Trump.
O BRICS é atualmente
composto por dez países. Em 2011, a África do Sul se juntou aos membros
originais, que integravam o BRIC, na época composto por Brasil, China, Índia e
Rússia. Ele foi formado em 2006.
Em agosto de 2023,
seis novos membros, incluindo a Argentina, foram convidados a entrar, mas a
Argentina recusou. Os cinco novos membros – Arábia Saudita, Egito, Emirados
Árabes Unidos, Etiópia e Irã, integraram plenamente o BRICS em 1º de janeiro de
2024. O agrupamento não é dirigido contra terceiros.
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Biden não combate a
imigração porque quer mais votos, diz soldado da Guarda Nacional
Em condição de
anonimato, soldado diz à Sputnik que o governo de Joe Biden usa o fluxo de
imigrantes que chega ao país pelo Texas para garantir mais votos de eleitores
democratas.
O governo do
presidente dos EUA, Joe Biden, não está fazendo nenhum esforço para impedir o
fluxo de imigrantes que tentam cruzar a fronteira dos EUA com o México porque
quer obter mais votos nas eleições de 2024.
É o que afirmou à
Sputnik, em condição de anonimato, um soldado da Guarda Nacional dos EUA, órgão
responsável por patrulhar a fronteira no estado do Texas.
"O governo dos
EUA não está fazendo nada para acabar com isso [imigração]. Eles querem isso
porque basicamente querem mais eleitores democratas, para que nunca mais
tenhamos um presidente republicano", disse o soldado, que serve na cidade
texana de Eagle Pass.
Ele passou a criticar
estados democratas como Nova York por sua abordagem à imigração, incluindo um
programa que fornece às famílias dos imigrantes cartões de débito para
alimentos e suprimentos para bebês.
"Eles estão dando
a eles um cartão de débito e levando-os para onde quiserem. E o governo
mexicano entregou um kit com uma lista de por onde atravessar [a
fronteira]", afirmou.
O governador do Texas,
Greg Abbott, está em um impasse com o governo federal em torno da questão da
imigração, que ele afirma ter atingido patamares recordes nos últimos meses.
Em janeiro, Abbott
chegou a colocar cercas de arame farpado na fronteira do Texas, desrespeitando
o fato de que esse controle é uma atribuição federal. Posteriormente, as cercas
foram retiradas por ordem judicial, mas Abbott garantiu o apoio de 26 governadores
em sua empreitada contra a imigração.
Abbott prometeu
desafiar os esforços federais que impedem o Texas de proteger a sua fronteira
com o México. Separadamente, os republicanos querem que Biden utilize a ação
executiva para lidar com a crise fronteiriça, em vez de tentar resolver a
questão no Congresso, que está atualmente em um impasse devido a diferenças
partidárias.
Ø Rússia será a grande parceira da Bolívia na produção de lítio,
diz senador boliviano
Chefe da comissão de
relações exteriores do Senado boliviano diz que a Rússia tem vasta experiência
na produção de lítio, e é confiável porque "sempre colaborou e não
dominou, ao contrário de outros países".
A Bolívia precisa de
tecnologias russas na produção de lítio e na descoberta de campos de gás, disse
Felix Ahpi, chefe da comissão de relações internacionais do Senado boliviano, à
Sputnik nesta sexta-feira (26).
A declaração do
senador foi em referência à reunião entre o ministro das Relações Exteriores da
Rússia, Sergei Lavrov, e sua homóloga boliviana, Celinda Sosa Lunda, nesta
sexta-feira, em Moscou. Em coletiva a jornalistas após a reunião, Lunda
expressou esperança na rápida entrada de seu país no BRICS, e Lavrov declarou o
apoio russo à demanda da Bolívia.
"A Rússia tem uma
vasta experiência na produção de lítio e a Bolívia tem esse recurso em
abundância. A Rússia será a nossa grande parceira na produção de lítio e na
descoberta de novos campos de gás que ainda estão no solo", disse o
senador ao comentar a reunião.
"Sempre tivemos
relações amistosas com a Rússia, que remontam aos tempos da União Soviética. A
Rússia sempre colaborou e não dominou, ao contrário de outros países, por isso
o governo boliviano confiará na Rússia no desenvolvimento de projetos conjuntos",
acrescentou Ahpi.
A holding
internacional de mineração de urânio Rosatom Uranium One Group e a empresa
estatal de lítio da Bolívia Yacimientos de Litio de Bolivia (YLB) assinaram um
acordo em 2023 para a construção de um complexo industrial para a extração e
produção de carbonato de lítio no departamento de Potosí, na Bolívia.
Os investimentos no
projeto serão de cerca de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3 bilhões). Está
prevista a construção de um complexo industrial com capacidade de 25 mil
toneladas de carbonato de lítio por ano, com possibilidade de aumento de
capacidade com base nos resultados da exploração geológica.
Na ocasião, o
diretor-geral da Rosatom, Aleksei Likhachev, disse que a estatal russa pretende
atingir os níveis planejados de produção de lítio até 2027, ocupando até 4% do
mercado mundial.
Fonte: Sputnik Brasil
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