Trump
e o Irã: a guerra de Netanyahu não tem saída visível
A máxima
de que guerras são fáceis de começar e difíceis de terminar não parece
incomodar Benjamin Netanyahu. Para o primeiro-ministro israelense, o conflito é
tanto um fim quanto um meio, estendendo sua sobrevivência política. Sob pressão
internacional – embora tardia e insuficiente – sobre o massacre em Gaza, ele
lançou o ataque ao Irã . Inicialmente apresentado como
essencial para impedir que Teerã adquirisse uma bomba nuclear em breve, uma
alegação contrária à inteligência dos EUA, é cada vez mais discutido como o caminho para derrubar o regime . O ministro da
Defesa, Israel Katz, disse que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei,
"não pode mais existir".
Donald
Trump geralmente vê o conflito armado como uma armadilha, e não como uma rota
de fuga. Ele disse que os EUA
"mediriam nosso sucesso não apenas pelas batalhas que vencemos, mas também
pelas guerras que encerramos – e talvez o mais importante, pelas guerras em que
nunca entramos". No entanto, seu fracasso em alcançar os acordos de paz dignos
do Nobel que deseja, e as manobras de Netanyahu, parecem tê-lo tornado mais
entusiasmado com a intervenção americana. Israel quer que os destruidores de
bunkers americanos ataquem a instalação nuclear subterrânea de Fordow. Não há garantia de que isso
teria sucesso. As aspirações de Israel de acabar com o regime minam ainda mais
sua pretensão de oferecer o que poderia ser chamado, no termo infamemente usado
para a invasão do Iraque em 2003, de moleza. Não existe um plano ruim para o dia
seguinte; não existe plano algum.
O que o
Sr. Trump e o Sr. Netanyahu têm em comum é que eles consistentemente submetem
os melhores interesses de suas nações aos seus imperativos políticos pessoais,
e que nenhum dos dois se importa com 90 milhões de iranianos. O regime
teocrático brutal é repugnante para muitos , mas centenas
de civis já morreram quando Israel se ofereceu para bombardeá-los para a liberdade , e os horrores
de Gaza sugerem que algo muito pior poderia vir. Muitos iranianos viveram as consequências imprevistas
e indesejadas da
derrubada de um governante odiado em 1979, e muitos mais assistiram às
consequências geradas pela invasão do Iraque pelos EUA. Enquanto isso, civis
israelenses agora enfrentam retaliações iranianas.
A
impunidade de Israel em sua guerra de aniquilação em Gaza o encorajou a adotar
esse caminho perigoso e ilegal. Líderes europeus que se atrasaram em expressar
suas preocupações sobre Gaza, e as silenciaram desde o início dos ataques ao
Irã, deveriam tomar medidas concretas para impedir o
ataque israelense, bem como promover negociações. Inacreditavelmente, o
chanceler alemão, Friedrich Merz, descreveu isso como
"trabalho sujo que Israel está fazendo por todos nós" (ele teria
pedido "moderação" em uma ligação telefônica subsequente com
Netanyahu). Ele pode mudar de ideia se os preços da energia dispararem, esta
região frágil for ainda mais desestabilizada e a falência do Estado forçar os
iranianos a fugir para a Europa.
O
procurador-geral, Richard Hermer, teria alertado que qualquer
envolvimento britânico nesta guerra além do apoio defensivo seria ilegal. Sir
Keir Starmer está certo em pedir a redução da tensão e a negociação para lidar com
a questão nuclear. Trump gosta da ideia de vitórias rápidas, mas sabe que os
altos preços do petróleo e a intervenção afastariam muitos de seus apoiadores.
Até a noite de quinta-feira, o Irã havia evitado atacar bases e ativos americanos,
e seu ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, teria conversado
diversas vezes com Steve Witkoff, enviado especial de Trump. Embora isso esteja
muito longe da "rendição incondicional" exigida por Trump, existem
rotas de fuga para esta crise. Não se deve permitir que Netanyahu as destrua.
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À sombra de novo conflito no Irã, mortes em Gaza se
avolumam
Enquanto
a escalada entre Israel e Irã se intensifica
e desvia para si a atenção internacional, militares israelenses seguem com
sua ofensiva devastadora na Faixa de Gaza e o número de
palestinos mortos, que já supera os 55 mil, segundo autoridades
locais, não para de subir.
Na
terça-feira, ao menos 53 pessoas morreram e cerca de 200
ficaram feridas enquanto
milhares de palestinos se reuniam para receber porções de farinha perto de um
centro de distribuição na cidade de Khan Yunis, no sul do país, segunda
a agência de defesa civil de Gaza, ligada ao governo controlado pelo grupo
Hamas.
No dia
seguinte, tiros e ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 140 pessoas no
território palestino, das quais ao menos 29 estavam aglomeradas em um local de
distribuição de ajuda humanitária, segundo as autoridades de saúde locais.
O
padrão se repetiu nesta quinta-feira, quando já durante a manhã a agência de
defesa civil de Gaza relatou que ao menos 18 palestinos haviam morrido em
ataques israelenses, dos quais 15 também aguardavam a distribuição de ajuda
humanitária.
O
Ministério da Saúde de Gaza relatou que ataques aéreos na quarta-feira sobre
casas no campo de refugiados de Maghazi e em Zeitoun, no centro e no norte de
Gaza, mataram pelo menos 21 pessoas, enquanto outras cinco foram mortas em um
ataque aéreo a um acampamento em Khan Younis, no sul do território palestino.
Outras
14 pessoas foram mortas por tiros israelenses contra multidões de palestinos
que aguardavam caminhões de ajuda ao longo da estrada Salahuddin, no centro de
Gaza, relataram médicos.
Questionadas
sobre o incidente na estrada Salahuddin, as Forças de Defesa de Israel (FDI)
disseram que, apesar das repetidas advertências de que a área era uma zona de
combate ativa, indivíduos se aproximaram das tropas que operavam na área de
Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, de uma maneira que representava uma
ameaça.
As
tropas dispararam tiros de advertência, disseram as FDI, acrescentando que não
tinha conhecimento de feridos. Em relação a outros ataques, os militares
israelenses disseram que estavam "operando para desmantelar as capacidades
militares do Hamas", enquanto tomavam "precauções viáveis para
mitigar os danos civis".
As
autoridades de Israel fecharam a Faixa de Gaza para a entrada de jornalistas,
exceto por visitas supervisionadas que são vigiadas de perto pelos militares, e
os relatos não puderam ser verificados de forma independente.
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Buscar ajuda envolve risco de morrer
Israel
levantou parcialmente há três semanas o bloqueio à entrada de ajuda humanitária
em Gaza, mas de uma maneira que vem recebendo fortes críticas de agências da
ONU e entidades humanitárias.
O país
está canalizando boa parte da ajuda humanitária por meio de uma entidade
recém-criada com o apoio dos EUA e de Israel, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla
em inglês), que usa segurança privada e empresas de logística americanas, e
opera em alguns locais de distribuição protegidos por militares israelenses.
Israel
afirma que a nova estratégia permitiria a entrada de ajuda humanitária sem que
ela acabe nas mãos do Hamas – que, por sua vez, nega ter controle sobre
suprimentos humanitários e acusa Israel de estar usando a fome como uma arma.
Em uma
prévia divulgada na terça-feira, o Ministério da Saúde de Gaza disse que 397
palestinos haviam sido mortos e outros 3 mil ficaram feridos enquanto tentavam
obter suprimentos alimentícios desde que as entregas humanitárias foram
reiniciadas, no final de maio.
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Agência da ONU fala em "crime de guerra"
Philippe
Lazzarini, chefe da agência da ONU para refugiados palestinos, chamou o atual
sistema de distribuição de ajuda humanitária de "uma vergonha e uma mancha
em nossa consciência coletiva", em uma mensagem no X na quarta-feira.
"A
vida dos palestinos tem sido tão desvalorizada. Agora é rotina atirar e matar
pessoas desesperadas e famintas enquanto tentam recolher um pouco de comida de
uma empresa formada por mercenários", escreveu. "Convidar pessoas
famintas para a morte é um crime de guerra. Os responsáveis por esse sistema
devem ser responsabilizados."
O
Programa Mundial de Alimentos da ONU pediu na quarta-feira um aumento
significativo na distribuição de alimentos em Gaza, dizendo que as 9 mil
toneladas métricas que enviou nas últimas quatro semanas para dentro de Gaza
representavam uma "pequena fração" do que era necessário.
"O medo da fome e a necessidade
desesperada de alimentos estão fazendo com que grandes multidões se reúnam
ao longo de rotas de transporte conhecidas, na esperança de interceptar e
acessar suprimentos humanitários durante o transporte", disse o PMA em um
comunicado.
"Qualquer
violência que resulte na morte ou ferimentos de pessoas famintas enquanto
buscam assistência para salvar suas vidas é totalmente inaceitável",
acrescentou.
Episódios
de mortes de palestinos por forças israelenses enquanto buscavam ajuda
humanitária não são uma novidade na guerra em Gaza. Em fevereiro de 2024, pelo
menos 118 morreram e 760 ficaram feridos após militares israelenses abriram
fogo contra uma multidão que tentava obter comida de caminhões de ajuda na
Cidade de Gaza, no que ficou conhecido como "massacre da farinha".
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Desfio de foco internacional
Alguns
moradores em Gaza expressaram preocupação de que os desenvolvimentos mais
recentes da guerra entre Israel e o Hamas, iniciada em outubro de 2023, fossem
ignorados devido ao conflito entre Israel e o Irã.
"Pessoas
estão sendo massacradas em Gaza, dia e noite, mas a atenção se voltou para a
guerra entre o Irã e Israel. Há poucas notícias sobre Gaza atualmente",
disse Adel, um morador da Cidade de Gaza.
"Quem
não morre pelas bombas israelenses morre de fome. As pessoas arriscam suas
vidas todos os dias para conseguir comida, e também são mortas e seu sangue
mancha os sacos de farinha que pensavam ter conquistado", afirmou.
Os
palestinos em Gaza têm acompanhado de perto a guerra aérea de Israel com o
Irã, há muito tempo um dos principais
apoiadores do Hamas.
"Talvez fiquemos felizes em ver Israel sofrer com os foguetes iranianos,
mas, no final das contas, mais um dia nesta guerra custa a vida de dezenas de
pessoas inocentes", disse Shaban Abed, 47 anos, pai de cinco filhos do
norte de Gaza.
"Só
esperamos que uma solução abrangente possa ser alcançada para acabar com a
guerra em Gaza também. Estamos sendo esquecidos."
A
guerra em Gaza foi desencadeada quando militantes liderados pelo Hamas
realizaram um ataque terrorista contra Israel em outubro de 2023, matando 1.200
pessoas e fazendo cerca de 250 reféns, de acordo com aliados israelenses.
A
grande operação militar subsequente de Israel matou quase 55.600 palestinos, de
acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, forçou o deslocamento de quase todos
os residentes do território e causou uma grave crise de fome.
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Como o Irã poderá reagir à entrada dos EUA no conflito em
apoio a Israel?
Acuado
pela perspectiva concreta de os EUA se
juntarem a Israel na intervenção militar ao Irã, o aiatolá Ali Khamenei redobrou a ameaça de revidar com danos irreparáveis
aos americanos.
O envolvimento direto de militares americanos no confronto que há uma semana
abala o Oriente Médio levanta
questões sobre o poder de fogo da retaliação iraniana.
Os
danos irreparáveis aludidos pelo líder supremo poderiam se
refletir diretamente em ataques a bases militares dos EUA operadas em 19
locais do Oriente Médio, onde estão alocadas cerca de 40 mil pessoas. A maioria
está no alcance de 2.000 km de mísseis balísticos Sejil-2, do Irã.
Há
bases permanentes em oito países: Bahrein, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait,
Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Além disso, os EUA têm dois
porta-aviões na região e um terceiro a caminho, o USS Nimitz.
O
presidente Donald Trump avalia os
riscos de se envolver diretamente na campanha militar e automaticamente
arrastar os EUA para uma guerra prolongada como as enfrentadas no Afeganistão e
no Iraque.
No
intuito de minar os riscos políticos para a base eleitoral de Trump, que
rejeita categoricamente a participação do país em conflitos externos,
autoridades americanas confiam que as Forças de Defesa de Israel tenham reduzido bastante a capacidade iraniana de
lançamento de barragens de mísseis.
O
engajamento dos EUA no ataque ao Irã traria benefícios a Israel em seu objetivo
de desmantelar o programa nuclear do regime: acredita-se que somente os
bombardeiros B-2 e bombas destruidoras de bunkers, de fabricação americana, são
capazes de danificar a usina de Fordow, instalada dentro de um complexo
subterrâneo.
De
acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica, é nesta estrutura que o Irã já
enriqueceu urânio a 83,7% — perto dos 90% necessários para obter armas
nucleares.
Outro
trunfo de retaliação do Irã aos EUA passa pelo Estreito de Ormuz, que liga o
Golfo Pérsico ao Oceano Índico e atua como rota de navegação crucial para o
Mediterrâneo e a Europa, por onde passa 20% do petróleo comercializado no
mundo. O regime já avisou que poderia bloquear a passagem se fosse atacado
ou atingir embarcações, como fez em 2019, quando Trump retirou os EUA do acordo
nuclear firmado com o país.
Embora
enfraquecidos, militantes do chamado “Eixo da Resistência” — Hamas, Hezbollah e
houthis — ou da ala radical da Guarda Revolucionária também poderiam ser
acionados para ataques terroristas tendo cidadãos e instituições americanas
como alvos.
Trump
mantém o mistério sobre atacar ou não a República Islâmica por meio da
ambiguidade. “Posso fazer, posso não fazer. Quer dizer, ninguém sabe o que vou
fazer”, transmitiu o presidente americano. Ao menos na retórica, o aiatolá
Khamenei foi mais assertivo.
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Entrada dos EUA ao lado de Israel na guerra seria
'inferno', diz ministro iraniano
O vice‑ministro
das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, afirmou que o envolvimento
dos Estados Unidos ao lado de Israel no conflito no Oriente Médio representaria
"um inferno para toda a região".
"Acreditamos
que essa guerra não é uma guerra americana", disse Khatibzadeh em
entrevista à BBC nesta quinta-feira (19/6).
O
presidente americano Donald Trump aprovou planos
para atacar o Irã, mas ainda não tomou uma decisão final
sobre se atacará o país, segundo reportou a CBS, emissora parceira da BBC nos
Estados Unidos.
Trump
estaria considerando um ataque americano a Fordow, uma instalação
subterrânea de enriquecimento de urânio no Irã.
Segundo
a CBS, Trump foi informado tanto sobre os riscos, quanto sobre os benefícios de
bombardear a instalação nuclear de Fordow.
E o
pensamento dele, de acordo com várias fontes ouvidas pela parceira americana da
BBC, é de que desativar a instalação é necessário.
"Ele
acredita que não há muita escolha", disse uma fonte à CBS. "Concluir
o trabalho significa destruir Fordow."
Quando
questionado se os EUA se juntariam aos ataques israelenses contra o Irã, o
republicano disse: "Posso fazer isso, posso não fazer isso".
O Irã
cancelou negociações com os Estados Unidos no último domingo (15/6),
justificando que precisava responder ao ataque israelense na sexta-feira
anterior.
Khatibzadeh
afirmou que seu país deseja diplomacia, mas que, enquanto o bombardeio
continuar, "ninguém pode negociar".
"Mas
se eles [os Estados Unidos] quiserem entrar nesta guerra, o presidente Trump
será lembrado para sempre como alguém que entrou em uma guerra que não era
sua."
Khatibzadeh
afirmou que Teerã recebeu "mensagens por vias discretas" de
Washington dizendo que os EUA não estão envolvidos no conflito.
Mas ele
também disse que as declarações públicas de Trump são "confusas e
contraditórias" e sugerem envolvimento americano.
O
vice-ministro do Irã culpou Israel por iniciar o conflito "com base em
especulações" de que o Irã estaria produzindo armas nucleares.
Respondendo
aos comentários de Trump de que o conflito poderia ter sido evitado se o Irã
tivesse aceitado o acordo nuclear, Khatibzadeh afirmou que as negociações ainda
estavam em andamento quando Israel "saboteou" o processo com seus
bombardeios.
O vice‑ministro
também foi questionado se o Irã está desenvolvendo armas nucleares.
Mais
cedo, o órgão de controle nuclear das Nações Unidas, a Agência Internacional de
Energia Atômica (Aiea), declarou que o Irã acumulou urânio enriquecido a 60% —
um estágio técnico próximo do grau militar (90%) — o que poderia ser usado para
armas nucleares.
"Isso
é absurdo", diz Khatibzadeh. "Não se pode iniciar uma guerra com base
em especulações ou intenções."
Ele
culpa Israel — que possui ogivas nucleares — por atacar os sítios nucleares
iranianos, e chama o ato de um "passo muito, muito grave".
O
ministro das Relações Exteriores do Irã deve se encontrar com autoridades do
Reino Unido, França e Alemanha, além do chefe da diplomacia da União Europeia,
Kaja Kallas, em Genebra na sexta-feira (20/6), segundo a agência estatal de
notícias iraniana IRNA.
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Israel diz que líder supremo do Irã 'não pode seguir existindo'
Na
manhã desta quinta-feira, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou
que o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, "não pode mais existir"
após um hospital de Israel ter sido atingido por um ataque com mísseis
iranianos.
Em
declarações a jornalistas em Holon, perto de Tel Aviv, Katz disse, segundo a
imprensa local e a agência de notícias AFP: "Khamenei declara abertamente
que quer a destruição de Israel e que ele pessoalmente dá a ordem de atirar nos
hospitais."
"Ele
considera a destruição do Estado de Israel um objetivo... Esse homem não pode
mais existir."
Já o
aiatolá Ali Khamenei disse ao povo iraniano que "se o inimigo perceber que
você tem medo dele, ele não vai te deixar em paz."
Em uma
publicação no X, ele diz: "Continuem firme com o mesmo comportamento que
vocês têm demonstrado até hoje."
O
Hospital Soroka, em Bersheba, no sul de Israel, foi atingido após
o Irã lançar uma onda de mísseis na noite de
quarta-feira (18/6) e manhã de quinta-feira.
O
hospital foi bastante danificado, disse um porta-voz do governo.
O
ministério da Saúde de Israel diz que 271 pessoas ficaram feridas após ataques
na manhã desta quinta-feira, com 71 feridos durante o ataque ao hospital
Soroka.
Isso
inclui um homem na faixa dos 80 anos e duas mulheres na faixa dos 70 anos que
estão em estado grave, duas mulheres na faixa dos 80 anos em estado estável, 42
pessoas em quadro leve e 18 pessoas que ficaram feridas a caminho de abrigos
antiaéreos.
O
principal alvo do ataque com mísseis foi uma
instalação militar próxima ao hospital, e não o próprio hospital, segundo a
imprensa estatal do Irã.
De
acordo com a agência de notícias IRNA, o ataque teve como alvo
um "quartel-general de comando e inteligência (IDF C4i, na sigla em
inglês)" das Forças de Defesa de Israel (IDF) e um ponto de inteligência
do exército no Centro Tecnológico Gav-Yam Negev.
"O
hospital foi exposto apenas à onda de choque e não sofreu danos graves, mas a
infraestrutura militar foi um alvo preciso e direto", diz a reportagem da
rede estatal iraniana.
O
centro de tecnologias avançadas de Gav-Yam Negev fica próximo ao campus da
Universidade Ben Gurion e ao campus da IDF C4i. A imprensa israelense noticiou
anteriormente que um campus das IDF está sendo construído neste local.
Em uma
publicação no X, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse:
"Esta manhã, os tiranos terroristas do Irã lançaram mísseis contra o
Hospital Soroka, em Bersheba, e contra uma população civil no centro do país.
Vamos cobrar o preço integral dos tiranos em Teerã."
O
presidente de Israel, Isaac Herzog, disse sobre o ataque iraniano: "Um
bebê na UTI. Uma mãe ao lado da cama. Um médico correndo entre os leitos. Um
idoso residente em uma casa de repouso. Esses foram alguns dos alvos dos
ataques com mísseis do Irã contra civis israelenses esta manhã."
Ele
disse que "em momentos como este, somos lembrados do que realmente está em
jogo e dos valores que defendemos."
Israel também realizou ataques ao Irã na noite de
quarta-feira.
Segundo
o exército israelense, os alvos eram instalações nucleares, incluindo o reator
de água pesada de Arak e a instalação de Natanz.
A
agência de notícias oficial do Irã afirma que o país denunciou o ataque à
Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), acusando Israel de
"continuar suas agressões e ações contrárias às leis internacionais que
proíbem ataques a instalações nucleares".
A
agência também afirma que não houve vítimas no ataque à usina nuclear de Arak.
Já
Israel disse em nota que "o local abriga componentes e equipamentos
exclusivos usados para desenvolver
armas nucleares, e projetos estão sendo desenvolvidos
lá para permitir a aceleração do programa de
armas nucleares".
Este
não é o primeiro ataque israelense em Natanz.
No
início desta semana, o chefe da agência de vigilância nuclear global disse à
BBC que as centrífugas da usina subterrânea de enriquecimento de urânio do Irã
em Natanz provavelmente foram "severamente danificadas, se não
completamente destruídas" após os ataques israelenses na sexta-feira
passada.
Israel
alegou que o Irã recentemente "tomou medidas para transformar em
arma" seu estoque de urânio enriquecido, que pode ser usado em usinas de
energia ou bombas nucleares.
Israel
diz que seus mais recentes ataques envolveram 40 caças visando dezenas de alvos
militares, incluindo fábricas de matérias-primas, peças usadas para montar
mísseis balísticos e locais para construção de sistemas de defesa aérea e
mísseis iranianos.
No
domingo (15/6), o Irã reiterou que seu programa nuclear é pacífico e instou o
conselho da Aiea, composto por 35 países, a condenar veementemente os ataques
israelenses.
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'Danos irreparáveis'
O líder
supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rejeitou na quarta-feira a exigência de
Trump de rendição incondicional, depois que o presidente dos EUA disse que sua
paciência havia se esgotado.
Khamenei alertou sobre "danos
irreparáveis" se
os EUA participarem dos ataques.
Trump
minimizou as falas de Khamenei, desejando "boa sorte" e se recusando
a revelar seus planos.
"Ninguém
sabe o que vou fazer", disse Trump. "Rendimento incondicional – isso
significa que basta."
A
missão do Irã nas Nações Unidas zombou de Trump em postagens no X: "O Irã
NÃO negocia sob coação, NÃO aceitará a paz sob coação e certamente NÃO com um
belicista decadente que tenta manter sua relevância."
"A
única coisa mais desprezível do que suas mentiras é sua ameaça covarde de
'eliminar' o líder supremo do Irã."
Em
Teerã, há engarrafamentos de iranianos tentando deixar a cidade, que tem
população de 10 milhões de habitantes, buscando refúgio dos ataques
israelenses.
Netanyahu
afirmou em um vídeo na quarta-feira que as forças de seu país estão
"progredindo passo a passo" para eliminar as ameaças representadas
pelas instalações nucleares e pelo arsenal de mísseis balísticos do Irã.
"Controlamos
os céus de Teerã. Estamos atacando com tremenda força o regime dos aiatolás.
Estamos atingindo as instalações nucleares, os mísseis, os quartéis-generais,
os símbolos do regime", disse o premiê israelense.
A TV
estatal do Irã alertou os telespectadores para que ignorem um clipe
"irrelevante" que convoca a população do país a "se
levantar" contra o regime, após um aparente ataque hacker à sua
transmissão via satélite.
"Se
você notar mensagens irrelevantes enquanto assiste TV, é porque o inimigo está
bloqueando nossos sinais de satélite", afirmou a TV estatal.
Hackers
aparentemente invadiram e transmitiram um vídeo que acusava o establishment iraniano
de "fracassar" junto ao seu próprio povo, pedindo aos telespectadores
que "tomassem controle do seu futuro". O vídeo continha vários clipes
de protestos em massa contra o regime iraniano em 2022.
Fonte: The Guardian/g1/BBC News Mundo

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