Pix
Automático passa a funcionar: o que é e quando vale a pena usar?
Meio de
pagamento que está crescendo de forma avassaladora no Brasil e chamando a
atenção de outros países desde que foi lançado, no final de 2020, o Pix ganha
nesta segunda-feira (16/06) uma nova utilidade: o Pix Automático.
A
função, gratuita para o pagador, permite programar pagamentos recorrentes.
A
modalidade promete facilitar pagamentos de serviços como contas de luz e gás,
plataformas de streaming (transmissão digital de vídeo e áudio, sem necessidade
de baixar conteúdo), mensalidades de academias de ginástica e escolas, entre
outros — todos emitidos por pessoa jurídica (PJ).
A
função automática é diferente do Pix Agendado Recorrente, que já existe e tem
um valor fixo. O Pix Automático pode ter valor fixo ou variável.
Além
disso, enquanto no Pix Agendado Recorrente é o pagador quem inicia o processo e
cadastra um pagamento a ser repetido por um período, no Pix Automático quem vai
receber — uma PJ — é que oferece a opção.
Como no
Pix tradicional, para usar o Pix Automático é preciso ter uma chave Pix
vinculada a alguma conta e usar a ferramenta através do aplicativo de uma
instituição financeira.
Em
maio, o Brasil tinha mais de 854 milhões de chaves Pix ativas — incluindo tanto
aquelas vinculadas a pessoas físicas, a maioria (95%), quanto jurídicas.
Segundo
uma projeção da fintech (empresa especializada em tecnologia financeira) EBANX,
somente o Pix Automático deve movimentar pelo menos US$ 30 bilhões no comércio
digital brasileiro nos próximos dois anos.
O EBANX
também estima que, daqui a dois anos, o Pix Automático vai representar 12% do
volume anual financeiro movimentado em todas as modalidades de Pix no comércio
digital.
Em
2024, o Pix foi a forma de pagamento que mais cresceu no Brasil, com aumento de
52% no número de transações, segundo dados do BC (o levantamento não inclui
operações com dinheiro vivo).
No
último trimestre do ano passado, quase metade das transações (47%) foram feitas
com Pix no Brasil (novamente, sem incluir operações com dinheiro vivo).
Afinal,
em que tipo de pagamento o Pix Automático será vantajoso?
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Substituição do débito automático e do cartão de crédito?
O Banco
Central (BC), que criou e administra o Pix, afirma que a nova função vai
facilitar muitas transações que hoje são feitas com débito automático.
Normalmente,
para ativar, cancelar ou alterar a data do débito automático, é preciso entrar
em contato com a empresa que emite o pagamento a ser feito e, às vezes, com o
banco.
Com o
Pix Automático, a própria pessoa consegue gerenciar isso com mais autonomia no
aplicativo do próprio banco — e em qualquer banco, sem necessidade de um
convênio com certas instituições, como acontece no débito automático.
Outra
vantagem do Pix Automático é que ele pode ser ativado e pago a qualquer hora e
dia.
Hoje,
outra possibilidade de fazer pagamentos recorrentes é por meio do cartão de
crédito, que pode ser vinculado a alguma assinatura.
Segundo
o EBANX, o Pix Automático deve crescer justamente entre o percentual
significativo da população brasileira que não tem cartão de crédito.
A
fintech calcula que os pagamentos recorrentes com cartão de crédito movimentam
US$ 50 bilhões por ano no Brasil.
A
migração dessas pessoas para o Pix Automático deve ser responsável por US$ 2
bilhões no primeiro ano da nova modalidade de Pix.
Ou
seja, o EBANX projeta que não será a migração dos cartões de crédito a
principal responsável por movimentar o Pix Automático.
De
acordo com uma pesquisa do Banco Central, em 2024, 51,6% dos brasileiros
declararam usar cartão de crédito para pagar contas e fazer compras; 32,8% o
débito automático; e 76,4% o Pix.
"Quando
o Pix foi lançado em 2020, teve um pilar muito forte de inclusão financeira —
além da digitalização da economia e vários outros benefícios. Agora, a gente
enxerga o Pix Automático como mais um reforço a essa inclusão, que vai permitir
que pessoas comprem e assinem serviços que talvez só poderiam ter acesso se
tivessem cartão de crédito", aponta Sebastian Fantini, diretor de Produto
do EBANX.
Fantini
exemplifica que, com essa nova modalidade, plataformas de streaming, jogos e
SaaS (Software como Serviço) podem aumentar o número de usuários no Brasil.
E como
deve ser o futuro do débito automático e do cartão de crédito para assinaturas
após a chegada do Pix Automático?
Para o
diretor do EBANX — fintech que, aliás, participou de consultas públicas do BC
para o desenvolvimento da modalidade automática —, a concorrência do Pix tende
a provocar inovações e melhorias em outros meios de pagamento.
"A
gente vê muito que a adoção do Pix acaba elevando a régua da indústria de
pagamentos como um todo", diz Fantini, exemplificando que após o Pix as
empresas de cartões estão oferecendo plataformas mais fáceis de usar, programas
de recompensas mais dinâmicos e etc.
Essas
vantagens oferecidas pelos cartões de créditos também ajudam a explicar por que
a fintech não acredita que haverá uma migração massiva para o Pix Automático
desses usuários que têm assinaturas vinculadas aos cartões.
Já o
futuro do débito automático parece mais incerto — ainda mais porque, segundo
Fantini, esse método é mais "nichado", sendo hoje oferecido por
grandes empresas que, geralmente, prestam serviços públicos.
Isso
porque o débito automático é um sistema de pagamento mais antigo, cuja
complexidade operacional traz maiores custos.
Fantini
acredita que a expansão do Pix Automático vai ser impulsionada não só pelos
usuários, mas também por empresas de todos tamanhos que queiram oferecê-lo, por
conta de sua infraestrutura mais moderna e barata.
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Mais detalhes de como funcionará o Pix Automático
Se a
pessoa jurídica (PJ) em questão aderir ao programa, o Pix Automático poderá ser
ativado pelo pagador por meio de um código QR, do "Pix Copia e Cola"
ou de uma notificação via aplicativo do banco.
Ao se
cadastrar na modalidade, é a PJ quem define a periodicidade do pagamento
(semanal, mensal, trimestral...) e se o valor é fixo ou variável.
A PJ e
o pagador também definem de antemão qual vai ser, respectivamente, o valor
mínimo a ser recebido e o valor máximo a ser debitado — o que é especialmente
importante para cobranças variáveis, para o cliente não levar sustos.
O
pagador escolhe ainda se vai acionar ou não a linha de crédito, como o cheque
especial, caso não haja saldo na conta. Nesse caso, aplica-se a cobrança de
juros conforme as regras de cada instituição e do Banco Central.
Mesmo
tendo autorizado, o pagador recebe, antes da cobrança, um lembrete sobre o
pagamento, a data e seu valor.
Caso
discorde de algo, pode cancelar a transação até 23h59 antes do dia da cobrança.
Caso
não haja fundos, o cobrador continuará tentando efetuar o pagamento dentro de
sete dias corridos, no mesmo valor previsto originalmente.
De
acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), se o pagamento não for
efetuado nesse período, o agendamento é cancelado e o débito permanece em
aberto — podendo acarretar em cobrança de juros e multas a depender das regras
previstas no contrato.
O BC
prevê que uma pessoa acione o chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED)
para o Pix Automático em duas situações: em caso de golpe ou de erro do banco
de quem está pagando (por exemplo, um pagamento cuja recorrência foi cancelada
pelo usuário mas mesmo assim foi cobrada).
Na
avaliação da Febraban, o Pix Automático é "tão seguro quanto o Pix atual,
pois seguem os mesmos mecanismos de segurança já implementados".
Fonte:
BBC News Brasil

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