Onde
estão as bases militares dos EUA no Oriente Médio que o Irã identificou como
alvos potenciais?
Os Estados Unidos contam com
considerável força militar no Oriente Médio. São tropas em mais
de uma dezena de países e navios destacados para as águas da região.
Estas
bases abrigam atualmente cerca de 40 mil pessoas, entre militares e civis, sem
falar nos sistemas de defesa aérea, aviões de combate e navios de guerra.
Depois
do ataque dos Estados Unidos a três
instalações nucleares no Irã, as bases americanas no Oriente Médio passaram a
ser alvos em potencial das represálias iranianas.
A
agência estatal iraniana Tasnim afirmou que a Guarda Revolucionária do Irã
(IRGC, nas siglas em inglês) lançou mísseis contra bases
americanas no Catar e no Iraque na segunda-feira (23/6).
A
presença dos Estados Unidos na região chegou a somar mais de 160 mil soldados,
durante as guerras do Iraque (2003-2011) e do Afeganistão (2001-2021). Ela foi
reforçada no ano passado, devido às tensões entre Israel e o Irã e para
responder aos contínuos ataques dos houthis do
Iêmen aos navios comerciais e militares no mar Vermelho.
Mas,
nos últimos dias, antecipando os ataques e para proteger seu pessoal no caso de
uma resposta de Teerã em larga escala, os Estados Unidos solicitaram a saída
voluntária dos dependentes de militares das suas bases regionais.
Ao
todo, os Estados Unidos mantêm instalações militares em pelo menos 19 locais na
região. Mas muitos analistas regionais consideram 10 deles como permanentes:
Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Israel,
Jordânia, Kuwait e Síria.
Segundo
o Conselho de Relações Exteriores (um instituto independente de pesquisas), o
exército americano também emprega grandes bases no Djibouti e na Turquia. Elas
fazem parte de outros comandos regionais, mas prestam frequentemente
contribuições significativas para as operações americanas no Oriente Médio.
As
bases dos Estados Unidos na região estão sob o Comando Central do Exército
americano (Centcom, na sigla em inglês). E apresentamos abaixo as principais
delas.
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Catar
A base
de Al Udeid, no Catar, é a maior de toda a região. Ela abriga um
quartel-general avançado do Comando Central dos Estados Unidos (Centcom) e das
suas forças aéreas.
Al
Udeid foi fundamental para as operações levadas a cabo, no passado, pelo
exército americano no Iraque, Síria e Afeganistão. E ali também está instalado
o 379º Esquadrão Expedicionário Aéreo dos Estados Unidos.
O
presidente americano, Donald Trump, visitou o local no último dia 15 de maio,
durante sua viagem ao Oriente Médio.
Nos
últimos dias, os Estados Unidos haviam retirado dezenas de aeronaves das pistas
de Al Udeid, segundo imagens de satélite. Esta manobra levantou suspeitas de
que elas teriam sido removidas para protegê-las contra eventuais ataques
iranianos, em resposta a uma intervenção americana.
Das
cerca de 40 aeronaves que podiam ser observadas em imagens publicadas pela
empresa especializada Planet Labs no último dia 5 de junho (incluindo aviões de
transporte Hércules C-130 e aeronaves de reconhecimento), havia apenas três
aviões duas semanas depois, segundo a AFP, que analisou as imagens.
No
Catar, estão deslocados cerca de 10 mil soldados americanos.
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Iraque
Os
Estados Unidos chegaram a manter até 160 mil soldados deslocados no Iraque em
mais de 500 bases existentes no país, durante a ocupação que derrubou Saddam
Hussein (1937-2006), entre 2003 e 2011.
Mas,
hoje, existem no Iraque cerca de 2,5 mil militares americanos – e Washington
negocia sua retirada progressiva com o governo local.
Estes
militares fazem parte da coalizão internacional que combate o grupo
jihadista Estado Islâmico. Eles partem
principalmente de duas bases aéreas, em Al Asad e Erbil, no Curdistão
iraquiano.
Estas e
outras bases menores, que continuam abertas no país, foram alvo de ataques de
grupos aliados ao Irã, desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de
2023.
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Bahrein
Este
pequeno reino abriga a sede da Quinta Frota da Marinha dos Estados Unidos. Ela
é responsável pelas forças navais americanas no Golfo Pérsico, no mar Vermelho,
no mar Arábico e na costa da África oriental, em direção sul até o Quênia.
Estas
instalações são conhecidas como Atividade de Apoio Naval de Bahrein. Elas
também abrigam o quartel-general do Comando Central das Forças Navais dos
Estados Unidos.
Cerca
de 9 mil militares americanos estão destacados neste país insular.
Diversos
navios da marinha americana têm como sede o porto de Bahrein. O local conta com
águas muito profundas, que permitem a entrada de navios de grande calado, como
o porta-aviões USS Carl Vinson e outros.
Os
Estados Unidos contam ainda com quatro navios antiminas e dois navios de apoio
logístico no local. E a Guarda Costeira americana também mantêm navios no país,
incluindo seis lanchas de resposta rápida, segundo a agência de notícias AFP.
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Kuwait
O
Kuwait é um dos países que contam com mais bases americanas na região. Uma
delas é o Acampamento Arifjan, sede do quartel-general avançado do CENTCOM do
exército dos Estados Unidos.
Esta
instalação serve de núcleo operacional e logístico para as forças armadas
americanas no Oriente Médio, com grandes reservas de material para abastecer as
diversas operações.
Também
fica no Kuwait a base aérea Ali al-Salem, que abriga a 386º Esquadrão
Expedicionário Aéreo americano, "o principal centro de transporte aéreo e
porta de ligação para o lançamento de potência de combate às forças conjuntas e
de coalizão da região", segundo a AFP.
Além
disso, os Estados Unidos também possuem drones no Kuwait, como os MQ-9 Reapers.
Somente
no Acampamento Arifjan e na base aérea Ali al-Salem, os Estados Unidos possuem
cerca de 13,5 mil militares deslocados, segundo o Departamento de Estado
americano.
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Emirados Árabes Unidos
Nos
Emirados Árabes Unidos, o exército americano conta com a base aérea de Al
Dhafra, um local estratégico dedicado ao reconhecimento, à coleta de
inteligência e ao apoio às operações aéreas de combate.
A base
abriga o 380º Esquadrão Expedicionário Aéreo dos Estados Unidos, composto por
10 conjuntos de aeronaves, incluindo também drones, como os MQ-9 Reapers.
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Síria
Como
ocorre no Iraque, a presença militar americana na Síria também está relacionada
à luta contra o Estado Islâmico. Ela decorre da guerra civil do país, iniciada
em 2011, que acabou ocupando grandes partes do território da Síria e do Iraque.
O
exército dos Estados Unidos mantém cerca de 2 mil militares em várias bases no
país. Eles trabalham com as forças de segurança locais para evitar o
ressurgimento do grupo jihadista.
Em
junho, Washington anunciou a redução, de oito para uma, do número de bases
militares operadas no país e a alteração das suas políticas em relação à Síria,
"já que nenhuma delas funcionou".
Trump
decidiu inesperadamente levantar as sanções americanas contra a Síria, no
último mês de maio. Seu governo se mostrou disposto a dialogar com o novo
líder de facto do país, Ahmed al-Sharaa, cuja milícia
derrubou o ex-presidente sírio Bashar al-Assad, no final do ano passado.
¨ Trump chama ataque do
Irã contra base americana no Catar de 'fraco' e agradece por aviso prévio
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (23) que
o Irã deu uma “resposta muito fraca”
ao bombardeio americano contra instalações nucleares iranianas no fim de
semana. Por outro lado, ele agradeceu a Teerã por ter avisado da ação com
antecedência.
Em uma
rede social, Trump afirmou que o Irã disparou 14 mísseis contra uma base
americana no Catar. Segundo ele, 13 foram interceptados. O último caiu em uma
região que não oferecia riscos, de acordo com o presidente.
"Fico
feliz em informar que nenhum americano foi ferido, e quase nenhum dano foi
causado", publicou na Truth Social.
Mais
cedo, a imprensa internacional informou que o Irã havia entrado em contato com
autoridades dos EUA e do Catar com antecedência para comunicar o ataque.
Trump
confirmou a informação e agradeceu a Teerã pelo aviso. Segundo ele, a
comunicação permitiu que o bombardeio não deixasse vítimas. Ele indicou esperar
que não haja novos atos de hostilidade.
"Talvez
o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei
com entusiasmo que Israel faça o mesmo", escreveu.
Autoridades
do Irã afirmaram sob condição de anonimato que o aviso com antecedência foi
feito para evitar baixas de civis, segundo o jornal The New York Times. Ao
mesmo tempo, o país pode conduzir uma operação que desse uma resposta militar
simbólica aos EUA.
Os
iranianos descreveram isso como uma estratégia semelhante à de 2020, quando o
Irã avisou o Iraque antes de lançar mísseis balísticos contra uma base
americana no país, após o assassinato de seu principal general.
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O ataque
O Irã
lançou mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar, em retaliação aos
bombardeios dos EUA contra instalações nucleares iranianas. A base abriga mais
de 10 mil soldados e é a maior do país no Oriente Médio.
As
Forças Armadas do Irã batizaram a operação de "Anunciação da Vitória"
e afirmaram estar conduzindo uma ação militar com alto poder de destruição. Por
outro lado, as autoridades do Catar afirmaram que o bombardeio não deixou
vítimas.
Explosões
foram ouvidas em Doha, e outros países da região fecharam o espaço aéreo. Bases
dos EUA no Iraque, Bahrein, Kuwait e Síria estão em alerta.
Teerã
prometeu novas retaliações, mas sinalizou disposição para negociar.
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Leia os posts de Trump na íntegra
"O
Irã respondeu oficialmente à nossa aniquilação das instalações nucleares deles
com uma resposta muito fraca, como esperávamos, e que contra-atacamos de forma
muito eficaz. Foram disparados 14 mísseis — 13 foram abatidos, e 1 foi
“liberado”, pois estava seguindo em uma direção não ameaçadora. Fico feliz em
informar que nenhum americano foi ferido, e quase nenhum dano foi causado. Mais
importante ainda, eles colocaram tudo isso para fora do “sistema”, e esperançosamente
não haverá mais ÓDIO. Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o
que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém se ferisse. Talvez o
Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com
entusiasmo que Israel faça o mesmo. Obrigado pela atenção a este assunto!"
"Gostaria
de agradecer ao Altamente Respeitado Emir do Catar por tudo o que tem feito em
busca da paz na região. Sobre o ataque de hoje à base americana no Catar, tenho
o prazer de informar que, além de nenhum americano ter sido morto ou ferido,
também não houve, muito importante, nenhum catariano morto ou ferido."
"PARABÉNS,
MUNDO, É HORA DE PAZ!"
¨ Aviso com
antecedência e mísseis interceptados: os sinais de que o revide do Irã aos EUA
foi ensaiado e simbólico
O Irã avisou o Catar e os Estados Unidos de que atacaria uma base americana em
território catariano com horas de antecedência, nesta segunda-feira (23). As
informações foram confirmadas por autoridades iranianas ao jornal The New York
Times e à agência Reuters.
▶️ Contexto: O Irã lançou mísseis contra a base de Al
Udeid,
que abriga mais de 10 mil soldados no Catar. A unidade é a maior dos Estados
Unidos no Oriente Médio.
- Segundo a mídia
estatal iraniana, o país estava lançando a operação "Anunciação da
Vitória" como resposta aos ataques dos EUA contra instalações
nucleares no fim de semana.
- O Irã afirmou
ainda que o número de mísseis disparados foi equivalente ao de bombas
lançadas pelos EUA contra seu território.
- As Forças
Armadas iranianas disseram que o ataque foi um sucesso, com alto poder
destrutivo.
- Por outro lado,
o Catar declarou que todos os mísseis foram abatidos. Não há registros de
mortos ou feridos.
⚠️ Aviso prévio: Segundo o New
York Times e a Reuters, autoridades iranianas entraram em contato com os EUA e
o Catar para informar sobre o ataque horas antes da operação.
- O aviso aos
americanos foi feito por dois canais diplomáticos distintos.
- Três autoridades
do Irã afirmaram que o governo catariano recebeu detalhes da operação com
antecedência.
- Momentos antes
do ataque, o Catar fechou seu espaço aéreo, enquanto a embaixada dos EUA
no país pediu que cidadãos americanos permanecessem em locais seguros.
- Imagens de
satélite obtidas pelo New York Times mostram que a base dos EUA no Catar
estava praticamente vazia nesta segunda-feira, com apenas uma aeronave em
solo — no início do mês, vários aviões estavam estacionados no local.
- Na semana
passada, o Irã já havia sinalizado que poderia atacar bases dos EUA no
Oriente Médio caso os americanos bombardeassem estruturas iranianas.
🤔 Operação 'ensaiada'? As
informações fornecidas por autoridades iranianas à imprensa internacional
indicam que a ação desta segunda-feira foi "ensaiada" com os próprios
alvos. Veja os motivos a seguir.
- O Irã tenta se
equilibrar entre duas narrativas: uma voltada ao público interno e outra à
comunidade internacional.
- Ao atacar uma
base americana, o regime iraniano mostra para sua população que está
reagindo à ofensiva militar dos EUA e que possui capacidade bélica.
- Por outro lado,
ao comunicar o ataque com antecedência, deixa claro que a operação
teve caráter simbólico.
- O Irã já adotou
estratégias semelhantes no passado. Em 2020, por exemplo, também avisou o
Iraque antes de lançar mísseis contra uma base americana no país.
- Em resumo, o Irã
lançou uma resposta militar com pouco ou nenhum poder de destruição, o que
evita uma escalada no conflito e mantém aberta a possibilidade de uma
solução diplomática.
🗣️ Narrativas: Em meio
ao conflito, EUA e Irã trocam ameaças. Tanto o presidente Donald Trump quanto o
aiatolá Ali Khamenei fizeram discursos prometendo novas retaliações.
- Logo após o
ataque iraniano desta segunda-feira, Khamenei publicou um post no X com a
imagem de uma bandeira dos EUA em chamas.
"Não
fizemos mal a ninguém e não aceitaremos nenhum tipo de agressão, sob nenhuma
circunstância", escreveu o líder iraniano.
Já
Trump disse que a resposta do Irã ao ataque dos EUA foi "muito
fraca". Ele também agradeceu a Teerã por ter avisado sobre a ação com
antecedência.
"Talvez
o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei
com entusiasmo que Israel faça o mesmo", escreveu.
Fonte:
BBC News/g1

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