quarta-feira, 25 de junho de 2025

Onde estão as bases militares dos EUA no Oriente Médio que o Irã identificou como alvos potenciais?

Os Estados Unidos contam com considerável força militar no Oriente Médio. São tropas em mais de uma dezena de países e navios destacados para as águas da região.

Estas bases abrigam atualmente cerca de 40 mil pessoas, entre militares e civis, sem falar nos sistemas de defesa aérea, aviões de combate e navios de guerra.

Depois do ataque dos Estados Unidos a três instalações nucleares no Irã, as bases americanas no Oriente Médio passaram a ser alvos em potencial das represálias iranianas.

A agência estatal iraniana Tasnim afirmou que a Guarda Revolucionária do Irã (IRGC, nas siglas em inglês) lançou mísseis contra bases americanas no Catar e no Iraque na segunda-feira (23/6).

A presença dos Estados Unidos na região chegou a somar mais de 160 mil soldados, durante as guerras do Iraque (2003-2011) e do Afeganistão (2001-2021). Ela foi reforçada no ano passado, devido às tensões entre Israel e o Irã e para responder aos contínuos ataques dos houthis do Iêmen aos navios comerciais e militares no mar Vermelho.

Mas, nos últimos dias, antecipando os ataques e para proteger seu pessoal no caso de uma resposta de Teerã em larga escala, os Estados Unidos solicitaram a saída voluntária dos dependentes de militares das suas bases regionais.

Ao todo, os Estados Unidos mantêm instalações militares em pelo menos 19 locais na região. Mas muitos analistas regionais consideram 10 deles como permanentes: Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait e Síria.

Segundo o Conselho de Relações Exteriores (um instituto independente de pesquisas), o exército americano também emprega grandes bases no Djibouti e na Turquia. Elas fazem parte de outros comandos regionais, mas prestam frequentemente contribuições significativas para as operações americanas no Oriente Médio.

As bases dos Estados Unidos na região estão sob o Comando Central do Exército americano (Centcom, na sigla em inglês). E apresentamos abaixo as principais delas.

<><> Catar

A base de Al Udeid, no Catar, é a maior de toda a região. Ela abriga um quartel-general avançado do Comando Central dos Estados Unidos (Centcom) e das suas forças aéreas.

Al Udeid foi fundamental para as operações levadas a cabo, no passado, pelo exército americano no Iraque, Síria e Afeganistão. E ali também está instalado o 379º Esquadrão Expedicionário Aéreo dos Estados Unidos.

O presidente americano, Donald Trump, visitou o local no último dia 15 de maio, durante sua viagem ao Oriente Médio.

Nos últimos dias, os Estados Unidos haviam retirado dezenas de aeronaves das pistas de Al Udeid, segundo imagens de satélite. Esta manobra levantou suspeitas de que elas teriam sido removidas para protegê-las contra eventuais ataques iranianos, em resposta a uma intervenção americana.

Das cerca de 40 aeronaves que podiam ser observadas em imagens publicadas pela empresa especializada Planet Labs no último dia 5 de junho (incluindo aviões de transporte Hércules C-130 e aeronaves de reconhecimento), havia apenas três aviões duas semanas depois, segundo a AFP, que analisou as imagens.

No Catar, estão deslocados cerca de 10 mil soldados americanos.

<><> Iraque

Os Estados Unidos chegaram a manter até 160 mil soldados deslocados no Iraque em mais de 500 bases existentes no país, durante a ocupação que derrubou Saddam Hussein (1937-2006), entre 2003 e 2011.

Mas, hoje, existem no Iraque cerca de 2,5 mil militares americanos – e Washington negocia sua retirada progressiva com o governo local.

Estes militares fazem parte da coalizão internacional que combate o grupo jihadista Estado Islâmico. Eles partem principalmente de duas bases aéreas, em Al Asad e Erbil, no Curdistão iraquiano.

Estas e outras bases menores, que continuam abertas no país, foram alvo de ataques de grupos aliados ao Irã, desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.

<><> Bahrein

Este pequeno reino abriga a sede da Quinta Frota da Marinha dos Estados Unidos. Ela é responsável pelas forças navais americanas no Golfo Pérsico, no mar Vermelho, no mar Arábico e na costa da África oriental, em direção sul até o Quênia.

Estas instalações são conhecidas como Atividade de Apoio Naval de Bahrein. Elas também abrigam o quartel-general do Comando Central das Forças Navais dos Estados Unidos.

Cerca de 9 mil militares americanos estão destacados neste país insular.

Diversos navios da marinha americana têm como sede o porto de Bahrein. O local conta com águas muito profundas, que permitem a entrada de navios de grande calado, como o porta-aviões USS Carl Vinson e outros.

Os Estados Unidos contam ainda com quatro navios antiminas e dois navios de apoio logístico no local. E a Guarda Costeira americana também mantêm navios no país, incluindo seis lanchas de resposta rápida, segundo a agência de notícias AFP.

<><> Kuwait

O Kuwait é um dos países que contam com mais bases americanas na região. Uma delas é o Acampamento Arifjan, sede do quartel-general avançado do CENTCOM do exército dos Estados Unidos.

Esta instalação serve de núcleo operacional e logístico para as forças armadas americanas no Oriente Médio, com grandes reservas de material para abastecer as diversas operações.

Também fica no Kuwait a base aérea Ali al-Salem, que abriga a 386º Esquadrão Expedicionário Aéreo americano, "o principal centro de transporte aéreo e porta de ligação para o lançamento de potência de combate às forças conjuntas e de coalizão da região", segundo a AFP.

Além disso, os Estados Unidos também possuem drones no Kuwait, como os MQ-9 Reapers.

Somente no Acampamento Arifjan e na base aérea Ali al-Salem, os Estados Unidos possuem cerca de 13,5 mil militares deslocados, segundo o Departamento de Estado americano.

<><> Emirados Árabes Unidos

Nos Emirados Árabes Unidos, o exército americano conta com a base aérea de Al Dhafra, um local estratégico dedicado ao reconhecimento, à coleta de inteligência e ao apoio às operações aéreas de combate.

A base abriga o 380º Esquadrão Expedicionário Aéreo dos Estados Unidos, composto por 10 conjuntos de aeronaves, incluindo também drones, como os MQ-9 Reapers.

<><> Síria

Como ocorre no Iraque, a presença militar americana na Síria também está relacionada à luta contra o Estado Islâmico. Ela decorre da guerra civil do país, iniciada em 2011, que acabou ocupando grandes partes do território da Síria e do Iraque.

O exército dos Estados Unidos mantém cerca de 2 mil militares em várias bases no país. Eles trabalham com as forças de segurança locais para evitar o ressurgimento do grupo jihadista.

Em junho, Washington anunciou a redução, de oito para uma, do número de bases militares operadas no país e a alteração das suas políticas em relação à Síria, "já que nenhuma delas funcionou".

Trump decidiu inesperadamente levantar as sanções americanas contra a Síria, no último mês de maio. Seu governo se mostrou disposto a dialogar com o novo líder de facto do país, Ahmed al-Sharaa, cuja milícia derrubou o ex-presidente sírio Bashar al-Assad, no final do ano passado.

¨      Trump chama ataque do Irã contra base americana no Catar de 'fraco' e agradece por aviso prévio

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, afirmou nesta segunda-feira (23) que o Irã deu uma “resposta muito fraca” ao bombardeio americano contra instalações nucleares iranianas no fim de semana. Por outro lado, ele agradeceu a Teerã por ter avisado da ação com antecedência.

Em uma rede social, Trump afirmou que o Irã disparou 14 mísseis contra uma base americana no Catar. Segundo ele, 13 foram interceptados. O último caiu em uma região que não oferecia riscos, de acordo com o presidente.

"Fico feliz em informar que nenhum americano foi ferido, e quase nenhum dano foi causado", publicou na Truth Social.

Mais cedo, a imprensa internacional informou que o Irã havia entrado em contato com autoridades dos EUA e do Catar com antecedência para comunicar o ataque.

Trump confirmou a informação e agradeceu a Teerã pelo aviso. Segundo ele, a comunicação permitiu que o bombardeio não deixasse vítimas. Ele indicou esperar que não haja novos atos de hostilidade.

"Talvez o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo", escreveu.

Autoridades do Irã afirmaram sob condição de anonimato que o aviso com antecedência foi feito para evitar baixas de civis, segundo o jornal The New York Times. Ao mesmo tempo, o país pode conduzir uma operação que desse uma resposta militar simbólica aos EUA.

Os iranianos descreveram isso como uma estratégia semelhante à de 2020, quando o Irã avisou o Iraque antes de lançar mísseis balísticos contra uma base americana no país, após o assassinato de seu principal general.

<><> O ataque

O Irã lançou mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar, em retaliação aos bombardeios dos EUA contra instalações nucleares iranianas. A base abriga mais de 10 mil soldados e é a maior do país no Oriente Médio.

As Forças Armadas do Irã batizaram a operação de "Anunciação da Vitória" e afirmaram estar conduzindo uma ação militar com alto poder de destruição. Por outro lado, as autoridades do Catar afirmaram que o bombardeio não deixou vítimas.

Explosões foram ouvidas em Doha, e outros países da região fecharam o espaço aéreo. Bases dos EUA no Iraque, Bahrein, Kuwait e Síria estão em alerta.

Teerã prometeu novas retaliações, mas sinalizou disposição para negociar.

>>>> Leia os posts de Trump na íntegra

"O Irã respondeu oficialmente à nossa aniquilação das instalações nucleares deles com uma resposta muito fraca, como esperávamos, e que contra-atacamos de forma muito eficaz. Foram disparados 14 mísseis — 13 foram abatidos, e 1 foi “liberado”, pois estava seguindo em uma direção não ameaçadora. Fico feliz em informar que nenhum americano foi ferido, e quase nenhum dano foi causado. Mais importante ainda, eles colocaram tudo isso para fora do “sistema”, e esperançosamente não haverá mais ÓDIO. Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém se ferisse. Talvez o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo. Obrigado pela atenção a este assunto!"

"Gostaria de agradecer ao Altamente Respeitado Emir do Catar por tudo o que tem feito em busca da paz na região. Sobre o ataque de hoje à base americana no Catar, tenho o prazer de informar que, além de nenhum americano ter sido morto ou ferido, também não houve, muito importante, nenhum catariano morto ou ferido."

"PARABÉNS, MUNDO, É HORA DE PAZ!"

¨      Aviso com antecedência e mísseis interceptados: os sinais de que o revide do Irã aos EUA foi ensaiado e simbólico

Irã avisou o Catar e os Estados Unidos de que atacaria uma base americana em território catariano com horas de antecedência, nesta segunda-feira (23). As informações foram confirmadas por autoridades iranianas ao jornal The New York Times e à agência Reuters.

▶️ Contexto: O Irã lançou mísseis contra a base de Al Udeid, que abriga mais de 10 mil soldados no Catar. A unidade é a maior dos Estados Unidos no Oriente Médio.

  • Segundo a mídia estatal iraniana, o país estava lançando a operação "Anunciação da Vitória" como resposta aos ataques dos EUA contra instalações nucleares no fim de semana.
  • O Irã afirmou ainda que o número de mísseis disparados foi equivalente ao de bombas lançadas pelos EUA contra seu território.
  • As Forças Armadas iranianas disseram que o ataque foi um sucesso, com alto poder destrutivo.
  • Por outro lado, o Catar declarou que todos os mísseis foram abatidos. Não há registros de mortos ou feridos.

⚠️ Aviso prévio: Segundo o New York Times e a Reuters, autoridades iranianas entraram em contato com os EUA e o Catar para informar sobre o ataque horas antes da operação.

  • O aviso aos americanos foi feito por dois canais diplomáticos distintos.
  • Três autoridades do Irã afirmaram que o governo catariano recebeu detalhes da operação com antecedência.
  • Momentos antes do ataque, o Catar fechou seu espaço aéreo, enquanto a embaixada dos EUA no país pediu que cidadãos americanos permanecessem em locais seguros.
  • Imagens de satélite obtidas pelo New York Times mostram que a base dos EUA no Catar estava praticamente vazia nesta segunda-feira, com apenas uma aeronave em solo — no início do mês, vários aviões estavam estacionados no local.
  • Na semana passada, o Irã já havia sinalizado que poderia atacar bases dos EUA no Oriente Médio caso os americanos bombardeassem estruturas iranianas.

🤔 Operação 'ensaiada'? As informações fornecidas por autoridades iranianas à imprensa internacional indicam que a ação desta segunda-feira foi "ensaiada" com os próprios alvos. Veja os motivos a seguir.

  • O Irã tenta se equilibrar entre duas narrativas: uma voltada ao público interno e outra à comunidade internacional.
  • Ao atacar uma base americana, o regime iraniano mostra para sua população que está reagindo à ofensiva militar dos EUA e que possui capacidade bélica.
  • Por outro lado, ao comunicar o ataque com antecedência, deixa claro que a operação teve caráter simbólico.
  • O Irã já adotou estratégias semelhantes no passado. Em 2020, por exemplo, também avisou o Iraque antes de lançar mísseis contra uma base americana no país.
  • Em resumo, o Irã lançou uma resposta militar com pouco ou nenhum poder de destruição, o que evita uma escalada no conflito e mantém aberta a possibilidade de uma solução diplomática.

🗣️ Narrativas: Em meio ao conflito, EUA e Irã trocam ameaças. Tanto o presidente Donald Trump quanto o aiatolá Ali Khamenei fizeram discursos prometendo novas retaliações.

  • Logo após o ataque iraniano desta segunda-feira, Khamenei publicou um post no X com a imagem de uma bandeira dos EUA em chamas.

"Não fizemos mal a ninguém e não aceitaremos nenhum tipo de agressão, sob nenhuma circunstância", escreveu o líder iraniano.

Já Trump disse que a resposta do Irã ao ataque dos EUA foi "muito fraca". Ele também agradeceu a Teerã por ter avisado sobre a ação com antecedência.

"Talvez o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo", escreveu.

 

Fonte: BBC News/g1

 

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