sábado, 21 de junho de 2025

 

Irã-Israel: cartografia da destruição

Em janeiro de 2025, a New Left Review publicou um texto extenso e meticuloso de Tariq Ali: Terras Conquistadas (Conquered Lands). O que ele faz ali não é exatamente uma denúncia – é um mapeamento de guerra. Um mapa sujo, rabiscado a sangue, feito de tratados, pactos e alianças nas costas dos povos que sangram. Cada guerra, cada tratado, cada rearranjo territorial aparece como parte de uma engrenagem que não para de girar. Girando sempre na mesma direção: contra qualquer forma de soberania árabe ou muçulmana que não se ajoelhe diante do mercado, da doutrina estratégica e das armas do Ocidente.

O artigo parte da derrota do Império Otomano e acompanha a sequência de cirurgias imperiais feitas no corpo da região – primeiro por britânicos e franceses, depois por norte-americanos. Um século depois, o corte ainda está aberto. O que se vê hoje, com Gaza transformada em ruína ao vivo, é  simplesmente a consequência mais visível daquilo que foi meticulosamente instalado desde o início do século XX.

Mas antes de Gaza, antes de Oslo, antes mesmo das imagens de 1967 e das fotos em preto e branco da Nakba de 1948, há uma palavra: mapa.

A expressão “Oriente Médio” não é geografia, é uma invenção pusilânime. Nasceu nos gabinetes de oficiais britânicos, franceses e norte-americanos como categoria estratégica para nomear uma zona de vigilância, contenção e, se preciso, aniquilação. Não se trata de uma região com coerência interna, mas de um espaço desenhado conforme os olhos e os interesses imperiais. Um nome funcional, conveniente, neutro apenas na aparência – uma ficção com consequências muito concretas.

Ao final da Primeira Guerra, com o Império Otomano em ruínas, o espólio foi repartido entre cavalheiros com gravata e uniformes militares. O Acordo Sykes-Picot, assinado antes mesmo da paz, já estabelecia a lógica do loteamento: aqui fica com a França, ali com a Grã-Bretanha. O que havia – cidades, tribos, línguas, tradições, convivências – virou obstáculo técnico. Daí em diante, tudo pôde ser desenhado: países, monarquias, minorias convenientes e religiões de estimação.

O Iraque nasceu como um Frankenstein colonial, com xiitas, sunitas e curdos costurados sob um trono emprestado à monarquia hachemita. O Líbano virou uma bomba-relógio sectária criada por engenheiros franceses para manter cristãos maronitas no comando e o resto do povo na fila. A Arábia Saudita foi concebida como peça-chave do tabuleiro – um pacto selado em 1945, a bordo do USS Quincy, entre Roosevelt e Ibn Saud, garantiu à monarquia wahhabita proteção militar em troca de petróleo barato e alinhamento absoluto. Desde então, a dinastia Saud administra repressão, doutrina religiosa e veto político com selo de aprovação ocidental. Os pequenos emirados do Golfo, por sua vez, foram moldados como postos de abastecimento e logística – refinarias cercadas de shopping centers.

Tariq Ali não adorna o diagnóstico e nem usa meio termo. Os países não foram feitos para durar, nem para se desenvolver. Foram feitos para conter. E para conter melhor, deviam ser frágeis, dependentes, fraturados por dentro. Quando algum escapou desse molde – como o Egito de Nasser, o Irã de Mossadegh, a Síria antes da guerra –, o castigo veio rápido: sabotagem, golpe, bombardeio, embargo, guerra por procuração. As poucas tentativas de soberania popular que surgiram na região foram esmagadas com método. O Egito de Nasser, o Irã de Mossadegh, o Iraque do Baath – todos foram neutralizados antes que amadurecessem como alternativa real. O nacionalismo árabe, laico e popular, foi apresentado como ameaça à estabilidade. E eliminado como tal. O que restou no lugar: ditaduras domesticadas, guerras intestinas e Estados vigiados. Um manual de instruções que os impérios seguem à risca, sem pressa e sem remorso.

O século XXI só aperfeiçoou a operação.

Iraque: desmontado com base em um PowerPoint do Pentágono.

Líbia: esmagada por uma coalizão que jurava defender direitos humanos com aviões da OTAN.

Síria: transformada em laboratório para rebeldes terceirizados, drones e jornalistas embedded.

Tudo em nome da democracia, claro. Ou da liberdade. Ou da estabilidade. O nome muda, a lógica não.

É nesse cenário que se encaixa a tensão entre Israel e Irã. Não como uma anomalia, mas como ponto focal de uma arquitetura muito bem montada. De um lado, Israel: potência nuclear não declarada, blindada pelos Estados Unidos, com licença permanente para bombardear qualquer um sob a desculpa de sempre. Do outro, o Irã: um regime clerical, autoritário, cercado por sanções e sabotagens, mas com capilaridade regional suficiente para incomodar quem se julga proprietário da ordem.

Israel diz que o Irã ameaça sua existência. Difícil conter o espanto. O país que de fato tem ogivas, submarinos nucleares e apoio irrestrito de Washington – esse é o que precisa se defender. E o Irã, que tenta manter alianças frágeis com vizinhos semi-destruídos, é o inimigo existencial. É assim que se constrói a moral geopolítica: chamando de segurança aquilo que é supremacia.

Tariq Ali mostra como os EUA, ao invadirem o Iraque, acabaram fortalecendo o Irã ao empoderar a maioria xiita. O que era para ser contenção virou catalisador. Desde então, toda movimentação iraniana na região – no Líbano, no Iêmen, no Iraque – é enquadrada como ameaça. E qualquer reação, mesmo a mais tímida, como provocação intolerável.

E enquanto essa disputa se desenha no campo da intimidação diplomática, Gaza vira o campo de testes. Israel testa armas, testa limites, testa o silêncio das nações e a tolerância da opinião pública. E tem passado em todas as provas. Nenhuma consequência. Nenhum recuo. Nenhuma ruptura. O Egito guarda a fronteira como quem guarda segredo. A Jordânia balbucia lamentos. A Arábia Saudita gerencia interesses. O Qatar se indigna, mas não rompe com nada.

E o Irã? Até outro dia observava, calculava, absorvia ataques e reagia dentro dos limites que lhe restavam. Agora está no centro da guerra. Generais, cientistas e líderes políticos vêm sendo sistematicamente eliminados – em casa e fora. Como em Damasco: explosões cirúrgicas, sabotagens internas, divisão operada com bisturi. As respostas continuam calibradas, quase didáticas – como se avisassem que podem muito, mas ainda não. Porque sabem: o tabuleiro não é apenas militar. É político, econômico, narrativo. E Gaza continua no centro da equação.

A estratégia é simples: manter a região sob tensão, impedir qualquer redistribuição real de poder, garantir que nenhum país árabe ou muçulmano exerça soberania fora dos trilhos. E para isso, vale tudo. Cerco, mentira, fome, massacre. O custo, como sempre, é jogado no colo dos civis.

Ali sugere que, apesar da passividade dos Estados árabes, há uma raiva subterrânea crescendo. As ruas se calaram, mas não esqueceram. Talvez não faltem revoltas – falte escuta. Faltam palavras que escapem dos governos e voltem a pertencer aos povos.

A história contada por Tariq Ali não quer explicar Gaza. Quer mostrar porquê Gaza sempre volta. Porque o mapa desenhado em 1916 nunca foi apagado. Ele apenas mudou de formato. E hoje é sobreposto por outro mapa, feito de satélites, checkpoints, cercas e algoritmos. Mas a lógica segue: controlar, dividir, castigar.

O que se vê em Gaza hoje não é uma tragédia nova. É o resultado de um script que ninguém quis interromper. Um século de devastação cuidadosamente administrada. A modernização da barbárie. A democracia liberal ocidental – tão incensada quanto cúmplice – tem suas digitais cravadas nesse estado de coisas.

Para quem anda espalhando islamofobia e clichês orientalistas nas redes – chamando povos inteiros de bárbaros, rotulando religiões como ameaça ou reduzindo uma região inteira a conflitos com povos bárbaros e fanáticos – recomendo a leitura atenta do texto de Tariq Ali. Não vai limpar o preconceito, mas talvez exponha o constrangimento de opinar com arrogância sobre mapas que não conhece, povos que nunca ouviu, histórias que nunca estudou.

¨      Quais são os aliados do Irã na guerra contra Israel?

Irã passou décadas apoiado pelo seu chamado "eixo da resistência", para neutralizar a influência dos Estados Unidos e de Israel no Oriente Médio e se transformar em uma potência regional.

A aliança inclui grupos como o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; os houthis, no Iêmen; e outros no Iraque e na Síria — a maioria deles, considerados entidades terroristas por alguns países do Ocidente.

O eixo da resistência iraniano se tornou uma dor de cabeça para a inteligência e para os governantes israelenses.

Fora do Oriente Médio, Teerã também se dedicou a firmar alianças com países cujos governantes compartilhavam sua ideologia antiamericana, como o ex-presidente sírio Bashar al-Assad, o presidente russo Vladimir Putin e o presidente Nicolás Maduro, da Venezuela.

Mas a cooperação com estes países sempre foi limitada.

Atualmente, muitos aliados do Irã estão debilitados, enquanto outros caíram ou estão à beira do colapso.

Bashar al-Assad foi obrigado a fugir do país depois de ser derrubado. O Hezbollah — por muito tempo, um dos inimigos mais temidos de Israel — foi reduzido após uma série de ataques israelenses contra suas instalações e seu alto comando.

E o Hamas continua envolvido em uma intensa guerra na Faixa de Gaza, que pode causar a sua erradicação.

Na semana passada, Israel deu início à maior onda de bombardeios aéreos dos últimos anos contra o Irã, com o objetivo declarado de prejudicar o programa nuclear da República Islâmica.

Os ataques provocaram represálias por parte de Teerã e, desde então, os dois países vêm intensificando suas investidas.

A possibilidade de uma guerra em grande escala entre o Irã e Israel preocupa a comunidade internacional. Muitos estimam que este conflito poderá ser devastador.

Israel afirma já ter assumido o controle aéreo de Teerã e muitos moradores da capital iraniana começam a evacuar a cidade em massa.

A BBC analisa as opções disponíveis para o Irã e seus aliados restantes no Oriente Médio e no resto do mundo.

<><> Rússia

Enquanto os grupos apoiados pelo Irã no Oriente Médio se debilitam (como o Hamas e o Hezbollah), o Irã e a Rússia aprofundaram seus laços militares e econômicos nos últimos anos.

Os EUA, o Reino Unido e outros países do Ocidente acusaram o Irã de fornecer drones e mísseis para a Rússia, em apoio à sua invasão da Ucrânia. Mas Teerã defende que o fornecimento de drones ocorreu antes do início da guerra.

Em abril, a Rússia ratificou um acordo de associação estratégica com o Irã, incluindo disposições para que os dois países neutralizem ameaças comuns.

Mas o tratado não cria nenhum tipo de aliança militar entre os dois países. E analistas indicam que este ponto revela os limites da associação entre Moscou e Teerã.

"A assinatura do tratado não significa o estabelecimento de uma aliança militar com o Irã, nem assistência militar mútua", detalhou na época o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Rudenko, em discurso na Duma, a câmara baixa do legislativo russo.

Especialistas calculam que o mais provável, no caso de um conflito mais amplo, é que a Rússia procure mediação através de organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Embora Moscou mantenha boas relações com o Irã, que considera um "aliado" em certas ocasiões, o Kremlin também deseja cuidar dos seus laços com outros países importantes do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e mesmo Israel, com quem Putin mantém relações cordiais.

Apesar da sua aliança com os Estados Unidos, Israel permanece à margem do conflito na Ucrânia até o momento.

<><> China

Em resposta ao ataque israelense, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que seu país está "muito preocupado com os ataques de Israel contra o Irã e profundamente preocupado com possíveis consequências graves destas ações".

Lin destacou que Pequim se opõe a "qualquer violação da soberania, segurança e integridade territorial do Irã", bem como a "ações que intensifiquem as tensões e ampliem o conflito".

A China continua sendo o maior importador de petróleo do Irã, hoje sob sanções dos Estados Unidos.

As sanções limitam o volume de comércio entre os dois países. Por isso, o Irã recebe menos investimentos chineses do que os países do Golfo Pérsico.

Mas esta situação não impediu que Teerã continuasse se esforçando para estreitar seus laços com Pequim.

Em 2023, o Irã passou a fazer parte da Organização de Cooperação de Xangai, para aprofundar os laços econômicos com Pequim. Mas a China é uma potência com interesses globais e evita que conflitos externos prejudiquem seus interesses.

"A China tem muito cuidado ao equilibrar suas relações sem se aproximar muito do Irã, para não prejudicar seus vínculos com os rivais de Teerã", declarou em outubro à BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC) o professor Thomas Juneau, da Escola de Pós-Graduação de Relações Públicas e Internacionais da Universidade de Ottawa, no Canadá.

"A China não quis desempenhar papel importante na política e segurança do Oriente Médio porque deseja se concentrar no lado comercial e não quer ser afetada por estas disputas", destacou ele.

O professor emérito de Ciências Políticas Mansour Farhang, da Faculdade Bennington, de Vermont, nos Estados Unidos, é da mesma opinião.

Para ele, "a China mantém ótimas relações comerciais com todos os países da região. Sua política externa no Oriente Médio é similar à de um empresário ou comerciante."

<><> Coreia do Norte

Pyongyang e Teerã mantêm um histórico de intercâmbio de armas por petróleo que data da Guerra Irã-Iraque (1980-1988), quando a Coreia do Norte enviava armas e mísseis e o Irã enviava petróleo e fertilizantes.

De fato, os especialistas acreditam que o míssil iraniano de médio alcance Shahab-3 seja uma versão desenvolvida por Teerã a partir do míssil norte-coreano No Dong 1, adquirido na década de 1990.

A conexão entre os dois países se mantém até hoje, mas é limitada devido às fortes sanções a que estão submetidos os dois países.

Os analistas indicam que a necessidade política e sua condição de "Estados párias" fizeram com que o Irã e a Coreia do Norte estabelecessem o maior nível de cooperação possível.

<><> Venezuela

Irã e Venezuela mantêm relações formais desde 1960, como fundadores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Mas foi apenas durante os governos de Hugo Chávez (1999-2013) e Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013) que os vínculos entre os dois países cresceram exponencialmente.

Nos anos 2000, Caracas e Teerã estabeleceram uma aliança estratégica e assinaram mais de 180 acordos bilaterais em inúmeras áreas, no valor total de mais de US$ 17 bilhões (cerca de R$ 93,4 bilhões).

Muitos desses acordos ficaram no papel, enquanto outros foram cumpridos parcialmente e, depois, abandonados.

Depois da morte de Chávez, a relação entre os dois países se debilitou, voltando a ganhar força quando os Estados Unidos impuseram sanções petrolíferas à Venezuela, em 2018.

O Irã ajudou a Venezuela, fornecendo os componentes químicos necessários para produzir gasolina, em troca de ouro venezuelano.

Caracas e Teerã também trocaram petróleo pesado venezuelano por petróleo iraniano, mais leve, para ajudar a produção de combustível na Venezuela.

Depois do ataque de Israel ao Irã, na sexta-feira (13/6), o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ratificou seu apoio e solidariedade ao Irã.

"Ratificamos de maneira firme nossa absoluta solidariedade com o povo da República Islâmica do Irã, com o povo palestino, com o povo sírio, com o povo do Líbano, com o povo do Iêmen e com todos os povos muçulmanos e os povos árabes", afirmou Maduro, durante um evento transmitido pela televisão.

Além da retórica, os especialistas acreditam que o apoio da Venezuela ao Irã seja simbólico e de pouca utilidade para a nação islâmica.

<><> Cuba, Nicarágua e Bolívia

Na América Latina, o Irã mantinha antigas relações com Cuba, estabelecidas com base no Movimento de Países Não Alinhados.

Mas os vínculos se estreitaram nos últimos anos, principalmente devido ao estabelecimento de uma estreita cooperação com a Venezuela e seus associados da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba). Eles incluem, além de Cuba, também a Nicarágua e a Bolívia.

Estes países compartilham com Teerã sua forte rejeição aos Estados Unidos. Eles costumam se apoiar mutuamente no campo diplomático, coordenando suas posições no seio de diferentes organizações internacionais.

Segundo Juneau, da mesma forma que acontece com a Venezuela, o apoio destes países ao Irã também é simbólico.

"Os líderes iranianos e destes países adoram se reunir e dar entrevistas coletivas criticando os Estados Unidos", explica ele.

"Eles dizem que são associados em oposição ao colonialismo, ao imperialismo etc., mas, na prática, do ponto de vista militar e de segurança, será que eles podem ajudar o Irã na sua luta atual contra Israel e os Estados Unidos? Acredito que a resposta, em grande parte, é não."

<><> Um dos países "mais isolados do mundo"

Thomas Juneau explica que, na verdade, o Irã tem poucos aliados com quem pode contar.

"Se deixarmos de lado seus associados não estatais, como o Hamas e a milícia libanesa Hezbollah, [o Irã] coopera com um pequeno número de Estados e, em todos os casos, essa cooperação é limitada", declarou ele à BBC News Mundo no final do ano passado.

Enquanto o Hezbollah sofria uma onda de intensos ataques israelenses contra sua infraestrutura de guerra, o professor Mansour Farhang afirmava que o Irã é um dos países "mais isolados do mundo".

"O Irã não tem nenhum Estado associado ou partidário que se identifique com sua posição ideológica ou com sua política expansionista na região", afirmou ele.

Este isolamento do Irã não é novo, embora tenha se exacerbado com as políticas adotadas desde o triunfo da Revolução Islâmica, em 1979. Ele constitui um fenômeno denominado pelos especialistas em relações internacionais como "solidão estratégica".

<><> Solidão estratégica

Em um artigo acadêmico publicado em 2014, Juneau explicava esta "solidão estratégica". Para ele, "o Irã está sozinho no mundo".

"Sua grave solidão estratégica é principalmente o resultado de fatores estruturais inerentes à sua posição no sistema regional e internacional e, em grande parte, independe das ações de quem governa o país."

"Sua postura internacional não impossibilita a cooperação com outros Estados, nem predetermina uma condição de conflito permanente com seus vizinhos. Mas a solidão estratégica explica por que o Irã tem interesses comuns muito limitados com seus vizinhos e é difícil e oneroso atingir a cooperação", prossegue o professor.

Diversos fatores contribuem para o isolamento do Irã, incluindo o fato de que se trata do único Estado etnicamente persa do mundo.

Além disso, embora se estime que existam meia centena de países com população majoritariamente muçulmana, apenas em alguns deles a maior parte dos habitantes é xiita, que é o ramo do Islamismo que inclui o Irã.

O país também é prejudicado pela sua posição geográfica. Seus vizinhos são Estados fortes com grandes ambições, o que causou guerras e rivalidades significativas no passado.

Os recentes combates entre Israel e os aliados do Irã (Hamas e Hezbollah) se originaram quando o grupo palestino atacou o território israelense em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1,2 mil pessoas e tomando outras 251 como reféns.

O conflito deixou a República Islâmica do Irã mais isolada e desprotegida do que nunca.

 

Fonte: Opera Mundi/BBC News Persia


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