DEUS,
PÁTRIA E FARINHA: Nikolas Ferreira não se manifesta desde que o primo foi preso
acusado de tráfico
O
deputado federal de extrema direita, Nikolas Ferreira (PL), despareceu. Assíduo
frequentador das redes sociais, ele não dá um pio desde explodiu a notícia de
que seu primo, Glaycon Ranieri de Oliveira Fernandes, foi detido em flagrante
em Uberlândia (MG) com mais de 30 quilos de maconha, além de 3,82 gramas de
cocaína, no carro em que estava.
Pra
piorar ainda mais a história, Glaycon é filho de Enéas Fernandes (PL), tio de
Nikolas que foi candidato a prefeito de Nova Serrana (MG) em 2024. Meses antes
das eleições, Nikolas destinou cerca de 1,5 milhão de reais em emendas à
cidade. Mesmo com toda a dinheirama do sobrinho, Enéas foi derrotado por Fabio
Avelar (Avante).
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Ironia dos deputados
Seus
colegas, no entanto, fizeram questão de lembrar, pelas redes sociais, as
ligações de Nikolas com seus parentes.
“É essa
a ‘família’ que Nikolas defende? Será que Nikolas sabia que seu primo era
traficante e mesmo assim se envolveu nessa campanha eleitoral?”, afirmou a
deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) em suas redes sociais.
O
conterrâneo e colega na Câmara, André Janones (Avante), afirmou também:
“Ao
contrário do que fazem comigo, não serei baixo nem leviano. É importante
mencionar que, ATÉ O MOMENTO, não existe ainda nenhuma prova cabal que ligue
Nikolas Ferreira ao narcotráfico, porém as investigações seguem e a qualquer
momento novas revelações virão à tona”, escreveu.
Rogério
Correia (PT), em um estilo mais agressivo, ironizou:
“Não há
nenhuma prova de que as emendas de Nikolas tenham financiado o tráfico na
família dele. Deus, Pátria e Farinha!”.
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Ironias com IA
Como
ele não se manifestou até o momento, internautas produziram um vídeo com o uso
de inteligência artificial em que um falso Nikolas comenta o caso.
• Deputados mandaram R$ 277 mi a
prefeituras de parentes via comissões
Deputados
abasteceram prefeituras comandadas por parentes com milhões de reais via
emendas de comissão, mecanismo que ficou conhecido como “novo orçamento
secreto” em razão da falta de transparência. A lista inclui mais de 30
deputados federais que apadrinharam recursos em benefício de cidades
governadas, por exemplo, por pais, irmãos e esposas.
Dados
relativos ao orçamento de 2024 tornados públicos por determinação do Supremo
Tribunal Federal (STF) e analisados pelo Metrópoles indicam que o montante
enviado a esses redutos ultrapassa os R$ 277 milhões em valores empenhados —
dos quais R$ 163 milhões foram efetivamente pagos pelo governo federal.
Entre
os principais padrinhos, está Hugo Motta (Republicanos-PB). O atual presidente
da Câmara dos Deputados mandou mais de R$ 22 milhões via comissões de Saúde e
Turismo da Câmara, dos quais cerca de R$ 5 milhões foram pagos à cidade de
Patos (PB). O município é governado pelo pai dele, Nabor Wanderley
(Republicanos).
Arthur
Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados, por sua vez, patrocinou o
envio de mais de R$ 10 milhões à cidade de Barra de São Miguel (AL), que, à
época, era governada pelo pai dele, Benedito de Lira. Dessa quantia, o
Executivo pagou R$ 2,5 milhões.
Com uma
parcela menor, o deputado federal licenciado e ministro André Fufuca (PP-MA)
também está na lista por constar como apoiador da destinação de recursos à
cidade então governada pelo pai. Alto Alegre do Pindaré (MA) é destino de R$
1,4 milhão, valor que foi empenhado, mas que não chegou a ser pago.
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Emendas
Na peça
orçamentária de 2024, constava a previsão de emendas de três tipos:
individuais, de bancada e de comissão. As últimas são emendas de autoria das
comissões permanentes da Câmara e do Senado Federal de caráter não impositivo,
portanto emendas que o Executivo tem liberdade para decidir se executa ou não.
A falta de transparência, entretanto, reviveu o “orçamento secreto”.
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Emendas de Comissão
• Após o STF sustar as emendas de relator,
no fim de 2022, as emendas de comissão tiveram incremento expressivo.
• Em 2022, eram apenas R$ 329 milhões. Na
peça orçamentária seguinte, o valor autorizado saltou para R$ 6,9 bilhões.
• Em 2024, eram R$ 14,2 bilhões e, em
2025, R$ 11,5 bilhões.
A falta
de critérios de rastreabilidade e transparência na execução de emendas
parlamentares motivou crise entre os poderes. Em uma série de decisões, o
ministro Flávio Dino, do STF, determinou mecanismos para moralizar a execução
dessa fatia do orçamento indicada por parlamentares. A medida, entretanto,
desagradou o Congresso Nacional.
A crise
chegou ao fim no início deste ano, quando Dino homologou o plano de trabalho
firmado entre os três poderes. Entre outras providências, ficou estabelecido
que seria publicizada a relação de parlamentares que apoiaram ou solicitaram
emendas de comissão.
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Outro lado
Em
nota, o Ministério do Esporte afirmou que André Fufuca (PP-MA), quando estava
no cargo de deputado, utilizou a prerrogativa que o cargo lhe confere para
indicar projetos que promovam melhorias nos estados e municípios de sua base de
atuação política.
“A
eleição, por voto direto, de duas pessoas da mesma família não deve ser usada
como argumento para prejudicar a população de um município, negando-lhe acesso
a recursos federais. Vale lembrar que, desde seu primeiro mandato, o então
deputado sempre destinou recursos à cidade, com foco no desenvolvimento e no
bem-estar da população”, destacou.
O
deputado Daniel Barbosa (PP-AL), em nota, afirmou que a destinação prioritária
à cidade de Arapiraca (AL) se fundamenta no “reconhecimento da expressiva
votação recebida na cidade, responsável por mais de 54% dos votos que
garantiram sua eleição para o primeiro mandato na Câmara dos Deputados”.
Do
valor apoiado pelo parlamentar à cidade governada pelo pai, R$ 19,4 milhões
foram empenhados e R$ 11,5 milhões, pagos.
“As
emendas têm como foco principal a ampliação do ensino integral, beneficiando os
estudantes de Arapiraca e de todo Agreste alagoano. Também são contempladas
áreas estratégicas como saúde, com investimentos em hospitais e unidades
básicas, reforçando o atendimento à população local e de municípios vizinhos”,
pontuou.
Cuiabá
e Recife
O
deputado federal Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT) afirmou que a destinação de
emendas à capital mato-grossense, à época governada pelo pai, seguiu a mesma
lógica aplicada aos demais municípios.
“Cuiabá,
além de ser a capital e o município mais populoso do estado com mais de 682 mil
habitantes, conforme o Censo de 2023, tem importantes particularidades quando o
assunto é a composição e recomposição de verbas para a saúde”, frisou.
O
parlamentar informou, ainda, que o valor foi, em sua totalidade, destinado para
a saúde. “A estruturação da atenção básica, aquisição de equipamentos e insumos
foram os principais alvos desses recursos, que se valem de portais de
transparência – como o que você acessou – para garantir a lisura do processo”,
completou.
Já
Pedro Campos (PSB-PE), que apoiou o envio de R$ 3,7 milhões (sendo R$ 866 mil
pagos) à capital Recife (PE), afirmou que foi eleito para representar as
pernambucanas e os pernambucanos na Câmara Federal pela confiança de 172 mil
votos.
“Em
respeito aos mais de 52 mil votos confiados ao parlamentar por cidadãos do
Recife, os quais representam 30% de sua votação, e que esperam do deputado
dedicação e trabalho para contribuir com melhorias para a cidade, o parlamentar
encaminhou recursos à saúde, pavimentação e esportes do município, diante dos
inúmeros projetos e iniciativas presentes na cidade que tornaram possíveis o
envio desses recursos”, frisou.
A
reportagem entrou em contato com os demais deputados citados, mas não houve
retorno até o momento. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
• Vereador bolsonarista de SP tem mandato
cassado pela Justiça Eleitoral
Nesta
sexta-feira (30), a Justiça Eleitoral cassou o mandato do vereador bolsonarista
Rubinho Nunes (União) por ter compartilhado em suas redes sociais um laudo
falso publicado pelo então candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal
(Republicanos), que associava o também candidato Guilherme Boulos (PSOL) ao uso
de cocaína. A decisão é de primeira instância, e Nunes anunciou que irá
recorrer.
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Inelegibilidade de Rubinho Nunes por oito anos
Além da
cassação do mandato, o juiz Antônio Maria Patiño Zorz determinou a
inelegibilidade de Rubinho Nunes por 8 anos.
Defesa
de Rubinho Nunes e posição do Ministério Público Eleitoral
Ao se
defender, Rubinho Nunes afirmou que manteve a publicação no ar por apenas 26
minutos e que não sabia que o laudo era falso. Ele também utilizou o argumento
do Ministério Público Eleitoral, que se posicionou contrário à inelegibilidade.
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Juiz rejeita argumento e condena compartilhamento de fake news
O juiz
considerou insuficiente a argumentação de Rubinho Nunes e afirmou:
"Entendo
que o compartilhamento do laudo falso divulgado por meio de comunicação social,
o Instagram do próprio candidato, encerra em si mesmo conduta ilícita que
ostenta a potencialidade de lesar o bem jurídico protegido, a legitimidade das
eleições."
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Reação de Guilherme Boulos
Ao
tomar conhecimento da decisão da Justiça Eleitoral, Guilherme Boulos, alvo da
fake news, reagiu com ironia:
"Bom
fim de semana a todos!"
• Carla Zambelli, inelegível, anuncia
pré-candidaturas da mãe e do filho
Após
ser condenada a dez anos de prisão pela Primeira do Supremo Tribunal Federal
(STF) por envolvimento em ataques aos sistemas virtuais do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou, em postagem
publicada em rede social, que sua mãe e seu filho serão pré-candidatos nas
eleições de 2026 e 2028.
Alegando
"perseguição política", ela justificou apontando que "é natural
que eu queira garantir que esse legado permaneça vivo e ativo".
"Por
isso, tomei a decisão de transferir oficialmente a titularidade das minhas
redes sociais, como herança, para minha mãe, Rita Zambelli, uma mulher íntegra,
de princípios sólidos, que carrega os mesmos valores que sempre defendi. Ela,
inclusive, é a minha pré-candidata a deputada federal no próximo ano,
justamente para dar continuidade a essa luta que é de toda a nossa família e de
milhões de brasileiros que se recusam a se curvar diante do
autoritarismo", postou a parlamentar.
Ela
também projetou outro integrante da família no processo eleitoral. "Da
mesma forma, meu filho, João Zambelli, também dará seguimento a esse legado, em
2028, como pré-candidato à vereança de São Paulo, assegurando que minha luta
não seja esquecida, caso, de fato, eu venha a ser calada pelo sistema",
afirmou.
"Se
pensam que nos calarão, saibam: não vão. Nosso compromisso com Deus, com a
Pátria, com a Família e com a Liberdade não será interrompido", afirmou
ainda Zambelli. Confira abaixo a postagem.
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Condenação e inelegibilidade
Além de
perder o mandato, Carla Zambelli deve ficar inelegível por oito anos. A
inelegibilidade passará a valer a partir da publicação da decisão da Primeira
Turma do STF e não depende do trânsito em julgado da condenação.
A
contagem do período em que Zambelli fica inelegível começa a correr depois de
cumprida a pena. Assim, a deputada pode permanecer por pelo menos 18 anos sem
poder se candidatar.
O
cumprimento da pena pode ser determinado após o julgamento dos embargos de
declaração, recurso que a defesa da deputada já anunciou que vai utilizar no
Supremo.
Fonte:
Fórum

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